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A Pedagogia UniRio na EaD do Estado do Rio de Janeiro
Leila L de Medeiros
Professora assistente da UniRio, doutoranda do PPGE/UFRJ e coordenadora do Lipead (2010-2012)
Leonardo V. de Castro
Professor assistente da UniRio, doutorando do PPGE/UFRJ e atual coordenador do Lipead
Introdução
Elaborar um registro de cunho historiográfico de fatos recentes remete às discussões e resistências ainda enfrentadas por quem se dedica à história do tempo presente. Em muitos estudos, os fatos ocorrem no período de vida do historiador, o que pode ser visto como um limitante ao distanciamento do observador ou, na visão de Chartier (apud Monteiro, 2011, p. 6-7), como forma de superar o anacronismo, uma vez que o historiador
é contemporâneo de seu objeto e divide com os que fazem a história, seus atores, as mesmas categorias e referências. Assim, a falta de distância, ao invés de um inconveniente, pode ser um instrumento de auxílio importante para um maior entendimento da realidade estudada, de maneira a superar a descontinuidade fundamental que ordinariamente separa o instrumental intelectual, afetivo e psíquico do historiador daqueles que fazem a história.
Relatar uma história ainda tão viva e complexa como a do Curso de Licenciatura em Pedagogia – atual Lipead – é um risco que pretendemos correr por algumas convicções. Em primeiro lugar, a necessidade de refletirmos sobre as conquistas, as perdas, as tensões e possibilidades das ações desencadeadas ao longo dessa década para poder seguir adiante e tentar responder à questão: o que aprendemos com todo esse esforço? Em segundo lugar, por acreditarmos que só conseguiremos trilhar caminho mais coerente em direção ao forte desejo coletivo – presente desde o início do curso – de interiorizar a formação de professores no nosso estado com qualidade caso repensemos os papéis dos sujeitos e instituições em todo esse processo.
Ambos estivemos envolvidos com esse curso, de lugares diferenciados e em momentos diversos, ao longo da última década, o que auxilia no entendimento da complexidade da situação, mas dificulta o deslocamento (Bakhtin, 2010) necessário para que consigamos ter uma visão ampla da situação. Como todo desafio, é um exercício interessante, intenso e, para nós, estimulante por nos permitir debruçar sobre essa criação de coletivos docentes mutantes e, no nosso ponto de vista, um marco, mesmo que jovem, da educação brasileira. Como os pioneiros de 1932, os que deram início a essa caminhada tinham noção de sua singularidade e de seu alcance; esperamos que este relato esteja à altura dessa generosa e firme convicção.
Para nos auxiliar no relato, realizamos entrevistas semiestruturadas – estabelecemos apenas os objetivos para essas entrevistas, não havendo perguntas previamente elaboradas – com dois professores que entendemos terem desempenhado papéis importantes nesse processo: Denise Sardinha Mendes Soares de Araújo, a primeira coordenadora do curso e que estava à frente da Cead/UniRio durante os quatro anos que antecederam o início do curso, e Carlos Eduardo Bielschowsky, presidente da Fundação Cecierj e fundador do Consórcio Cederj, ao qual está vinculado o curso.
Aos dois, nossos sinceros agradecimentos.
A opção UniRio
A partir das reformas educacionais impulsionadas pela promulgação da LDB (Lei nº 9.394/96), o governo do Estado do Rio de Janeiro, na gestão de Anthony William Matheus de Oliveira (1998 a 2002), instituiu, no âmbito da Secretaria de Ciência e Tecnologia, o projeto Cederj, em 1999. Tomou como base para essa criação um antigo projeto do falecido senador Darcy Ribeiro, cuja ideia básica era aproveitar a reconhecida excelência do ensino das universidades públicas sediadas no Estado do Rio de Janeiro e formar um consórcio entre elas para levar ao interior do estado um ensino superior público de qualidade. Nesse sentido, o principal objetivo do consórcio é:
contribuir para a interiorização do ensino superior público, gratuito e de qualidade no Estado do Rio de Janeiro por meio da oferta de cursos de graduação a distância, na modalidade semipresencial, garantindo a qualidade destes no que diz respeito ao processo de avaliação de aprendizagem (www.cederj.rj.gov.br).
Esse consórcio, financiado pelo Governo do Estado, assumiu a função de agência produtora e distribuidora de material didático, articuladora das condições político-pedagógicas de sustentação dos polos nos municípios onde se instala, além de secundariamente oferecer cursos de formação continuada pela Diretoria de extensão. No processo de consolidação jurídica da instituição, fundiu-se ao Centro de Ciências do Estado do Rio de Janeiro, dando origem à Fundação Cecierj.
Em relação à formação de professores, devido às disposições transitórias da Lei, que "obrigava" os professores com formação de nível médio a buscar a formação em nível superior, ameaçando-os inclusive com perda de direitos, a gestão do governo do Estado do Rio de Janeiro, naquele momento, entendeu que esta deveria ser a prioridade do consórcio. Isso pode ser confirmado na entrevista realizada com o presidente da Fundação Cecierj, que esteve a frente do projeto nesse início.
Havia uma pressão enorme das prefeituras e também uma pressão sobre nós que achávamos que tínhamos a obrigação de dar uma oportunidade a essas pessoas, além da nossa percepção de que essa fosse, de fato, uma das tarefas mais importantes desse consórcio que estava se montando.
Essa necessidade, e mais a pressão do governo para que resultados aparecessem dentro do "calendário eleitoral", exigiram muitos esforços para a montagem dessa verdadeira engenharia política, que foi custosa, pois envolvia interesses em disputa entre o governo do estado e as prefeituras e mesmo dentro do próprio grupo que ocupava o Governo do Estado. E por que a Pedagogia ficou sob a responsabilidade da UniRio? Afinal, dos cursos de Pedagogia das universidades consorciadas, o da UniRio era o mais novo. O processo de criação do próprio consórcio explica, de certa maneira, essa escolha. Já era do conhecimento geral que o curso presencial foi o primeiro a optar pela formação de professores para os anos iniciais do Ensino Fundamental na graduação. Isso com certeza foi considerado, mas alguns detalhes também influenciaram na escolha:
montamos uma comissão que, mais tarde, viria a ser a comissão de estratégias acadêmicas (atual CEA). Na verdade, eram professores das universidades interessados em fazer educação a distancia. Dentro desse grupo sondamos onde a universidade era melhor, e contamos muito com o interesse da universidade por cada curso e em atender a essa demanda social. É óbvio que nós olhamos também a competência da instituição para isso; por exemplo, a Física da UFRJ é conceito 7 na Capes. E nós tínhamos o entendimento de que a Pedagogia da UniRio estava num bom momento, e mais uma coisa: tinha uma boa relação com a Uerj, a outra instituição escolhida como responsável pelo curso de Pedagogia.
Nesse contexto, a UniRio abraça também a causa da interiorização do Ensino Superior público e, mais intensamente ainda, a formação de professores dos municípios do interior do estado. Na divisão dos polos, por exemplo, as escolhas recaíram sobre os polos mais distantes, sem polo no Rio nem no Grande Rio, pelo entendimento de que a necessidade era interiorizar de fato a formação de professores em nível superior.
A parceria UniRio-Uerj
Uma entrevista com a professora doutora Denise Sardinha Mendes Soares de Araújo, da UniRio, também ajuda na construção desse registro. Com ampla experiência em Educação a Distância – EaD –, ela foi responsável pela criação da Coordenação de Educação a Distância na UniRio (Cead), pelo planejamento, formação de docentes e implantação do curso de Pedagogia nessa modalidade. Foi a primeira coordenadora do curso e até hoje atua como coordenadora da Disciplina Corpo e Movimento.
À época da constituição do Cederj, a UniRio, por meio da Cead, já desenvolvia ações de ensino, extensão e pesquisa em EaD. Além de sediar encontros sobre a modalidade, já era oferecida, na graduação, a disciplina EaD. Essa expertise recomendaria sua participação no consórcio Cederj desde o primeiro momento. Ainda assim, implantar um curso de licenciatura na modalidade, no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, constituía um grande desafio institucional. Segundo a professora Denise,
foi muito difícil viabilizar o curso, pois tive que ir a todos os centros, colegiados superiores, para divulgar a ideia de mais um curso superior na UniRio sem a comunidade acadêmica conhecer a EaD, sem termos profissionais da área... Foi um processo árduo de convencimento, primeiro com meus pares na Escola de Educação e depois nos outros colegiados.
Na ocasião, a organização de universidades públicas em consórcio, valendo-se do compartilhamento de recursos e da distribuição de responsabilidades, viabilizou a oferta de cursos de graduação a distância no estado do Rio de Janeiro. A ideia de que, desde o início, a UniRio viu na parceria a oportunidade de promover a interiorização da oferta de educação superior de qualidade também é reiterada pela fala da Professora Denise, ao relatar que
as universidades ficaram responsáveis pela a elaboração do PPP do curso, o acompanhamento e a diplomação dos alunos; a confecção das provas de vestibular, a formação dos docentes em EaD, a implantação pedagógica de todo o curso, incluindo a criação da equipe, em conjunto com a Uerj, parceira da UniRio nesse curso, para elaborar o projeto do material didático; a seleção dos tutores, o sistema de avaliação dos alunos, segundo parâmetros já decididos no consórcio; a seleção de docentes conteudistas e a escolha dos polos em que gostariam de atuar. Vale lembrar que, como coordenadora, solicitei, juntamente com o corpo docente das disciplinas do primeiro período, que ficássemos com os polos dos municípios mais distantes e com menos recursos. Começamos com seis polos, a maioria do norte do estado.
Ao Cederj cabiam as responsabilidades de negociação com prefeitos dos municípios para a criação dos polos; o fomento às universidades com bolsas para os docentes, tutores e equipes de apoio; a provisão de infraestrutura e equipamentos; o apoio para a confecção do material didático, incluindo oferta de cursos e equipe para auxiliar no desenho do material didático; diagramação, impressão e distribuição do material, além da organização da logística do vestibular e para aplicação das provas regulares.
Em 28 de junho de 2002 foi registrada na Ata da 212ª sessão do Conselho de Ensino e Pesquisa da UniRio a aprovação da oferta do curso. No segundo semestre de 2003 iniciou-se a oferta do curso, então voltado para a formação de professores para os anos iniciais do Ensino Fundamental. A professora Denise chama a atenção para o fato de que, para distingui-lo do curso noturno presencial também oferecido pela Escola de Educação e para evitar qualquer discriminação pela menção à modalidade EaD, o curso passou a ser identificado pela sigla Paief – Pedagogia para os anos iniciais do Ensino Fundamental, tendo como marca o compromisso com a formação em serviço dos professores das redes públicas.
O curso nasceu como uma ação em parceria com a Uerj; essa também era uma inovação que o consórcio pretendia introduzir para otimizar os recursos, como esclarece o professor Bielschowsky:
O conceito era esse. Na época em que a gente criou o Cederj, eu tentei juntar dois, ou no máximo três, entendendo que um era pouco, dois era bom, três era demais e quatro poderia ser explosivo por conta das concepções curriculares (...). O plano era casar dois cursos com competência reconhecida cujos professores tivessem uma boa relação, o que era o caso da Uerj e da UniRio.
Além do esforço interno necessário à implantação do curso na UniRio, a contribuição dos professores envolvidos nessa construção estendeu-se também ao próprio modelo pedagógico do consórcio, como reconhece o professor:
As duas universidades, a Uerj e a UniRio, seguiram trajetórias muito juntas e boas no início; alguns dos seus professores começaram a discutir, numa das comissões que foram criadas, como iria se estruturar o tempo dos alunos e outros aspectos do modelo pedagógico que, depois de pronto, foi remetido para o Conselho de Pró-Reitores e depois para a aprovação das universidades. Esses professores, portanto, auxiliaram na construção do modelo do consórcio.
Outro esforço de inovação desse período no curso foi a criação da disciplina Fundamentos da Educação, que uniu especialistas de Filosofia da Educação, História da Educação, Psicologia da Educação e Sociologia da Educação das duas universidades, o que, na concepção do professor, era um modelo interessante que não deveria ter sido abandonado, pois atende a uma das características da Educação a Distância, que é a interdisciplinaridade:
Os professores de História da Educação, por exemplo, por vezes se juntavam contra o pessoal da Filosofia por entenderem que a História deveria vir primeiro, e os filósofos entendiam que a Filosofia precede tudo; enfim, eram discussões intensas e profundas, que contribuíram para uma sinergia muito grande entre as equipes da UniRio e da Uerj. E assim foram criados os Fundamentos da Educação I, II III e IV, que era um modelo que poderia ter sido aprofundado, afinal a Educação a Distância deve ser interdisciplinar.
Apesar desse bom entendimento, mesmo que repleto de idas e vindas, a unidade em torno do curso teve fim. Como toda boa epopeia, esta teve também seus heróis dos dois lados e, no caso da UniRio, a professora digna de homenagens, segundo o professor Bielschowsky, é a professora Denise Sardinha, que, ainda segundo ele, "merece uma medalha" pelas inúmeras dificuldades enfrentadas nas negociações de soluções comuns das duas instituições para o curso. Ele ressalta que a professora Denise "fazia de tudo para manter o curso junto, até que houve um momento que não conseguiu mais e houve a cisão".
Nesse momento terminou, na Pedagogia, uma das novidades que é sustentada até hoje pelo consórcio, a gestão partilhada dos cursos. Na própria UniRio dois outros cursos se mantêm assim: o de Matemática, em parceria com a UFF, e o de Turismo, em parceria com a UFRRJ.
Reforma curricular e novas tensões
Face à Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006, o currículo do curso de Pedagogia sofreu alterações. Em lugar da habilitação em magistério dos anos iniciais, cinco ênfases compreendendo: a docência na Educação Infantil; nos anos iniciais do Ensino Fundamental; na formação de professores no Ensino Médio e a atuação em EJA; na gestão; e na educação em espaços não formais constituem, atualmente, um curso com duração mais longa, no qual ingressam estudantes com Ensino Médio completo e devidamente aprovados por um dos sistemas oficiais de acesso ao Ensino Superior.
O professor Bielschowsky considera que esse processo de alteração do perfil do curso ocorreu de forma precipitada e que as instituições deveriam ter mais tempo para amadurecer e formular as novas proposta pedagógicas a serem implementadas.
Não se faz uma coisa dessas em um ano. (...) Foi um processo que veio atropelado. As instituições devem ter mais tempo para operacionalizar essas alterações, por exemplo, daqui a três anos todos os cursos devem estar dentro da nova deliberação.
Sem dúvida constitui, hoje, um curso de operacionalização bastante complexa. Com quase quatro mil alunos matriculados, formou, ao longo dos dez anos de funcionamento ininterrupto, mais de mil alunos. Ainda que a modalidade EaD possa suscitar polêmicas, o curso tem desempenhado papel significativo no cenário da formação docente de nível superior pública nacional – o que de modo algum significa que todos os desafios tenham sido vencidos ou que não haja ainda muito o que alcançar em termos de qualidade da formação oferecida.
Um dos grandes desafios da EaD é ainda a tutoria e, com ela, a mediação, a garantia e mesmo a intensificação da interatividade que o estágio atual das tecnologias de informação e comunicação – as TIC – possibilita. Segundo a professora Denise Sardinha, no modelo originalmente proposto
a mediação se faria principalmente pelo material didático impresso, uma vez que essa população não tinha experiência e vivência com PCs, por tutores presenciais nos polos e os tutores a distância nas universidades, por telefone (0800) e pela plataforma Cederj, desenvolvida com essa finalidade. Visitas e atividades presenciais também constituem oportunidades de interação professor-aluno.
A tutoria constitui um dos pontos de tensão na EaD. Não há consenso quanto à atuação da tutoria nem mesmo quanto à sua posição na estrutura da EaD no Brasil – e em nosso curso não é diferente. Mais do que um tira-dúvidas, o tutor tem sido um parceiro na docência na EaD, e seu trabalho pode fazer diferença nos resultados alcançados pelos alunos. Uma das exigências do futuro da EaD nas instituições públicas de ensino passa pelo enfrentamento dessas questões.
Na metodologia de tutoria desenvolvida pelo Cederj, é prevista a atuação de dois tipos de tutores: os presenciais, que ajudam os estudantes a se apropriarem das estratégias de estudo e que tiram dúvidas quanto ao conteúdo, promovendo atividades de estudo dirigido, orientam pesquisas e auxiliam os alunos a superar as dificuldades típicas da modalidade, e os tutores a distância, que, em colaboração com os coordenadores de disciplina, oferecem atendimento remoto aos estudantes e participam intensamente do planejamento e da execução de atividades de docência do curso.
Para a tutoria, exige-se formação do tutor nas áreas de conhecimento em que pretenda atuar. Dessa forma, fica caracterizada uma atuação fortemente identificada com a docência, embora não se tenha ainda estabelecido para os tutores uma posição na instituição que corresponda adequadamente a esse novo perfil docente.
O próprio professor Bielschowsky concorda com algumas dessas críticas ao modelo de atendimento as alunos e defende mudanças principalmente na tutoria a distância:
nosso modelo de tutoria a distancia precisa ser repensado sob o ponto de vista de uma relação mais próxima do tutor com cada um dos alunos. Nesse ponto a gente ainda tem muito para andar.
Quanto à validade do projeto, embora constatando que muito ainda pode ser melhorado, acreditamos que todo o esforço já empreendido se justifica. Questionada sobre a validade do projeto, a professora Denise Sardinha responde:
Como costumo dizer, se há um projeto que já me fez sentir que valeu a pena minha vida profissional, foi este. Mesmo já tendo escrito alguns livros, tendo me doutorado, trabalhado em duas universidades federais, participado de bancas, escrito inúmeros artigos, apresentado vários trabalhos em congresso, implementado setores, planejado congressos, realizados diferentes visitas e viagens nacionais e internacionais e técnicas, esse projeto foi o que mais valeu a pena, pois fiz algo de concreto para a democratização do ensino superior em algumas carreiras no Estado do Rio de Janeiro.
O professor Bielschowsky, por sua vez, defende a continuação do curso e relaciona os motivos que o levam a essa posição:
Existem 4 razões para a continuação do curso:
1) Os alunos o curso de Pedagogia EaD da UniRio têm um resultado na avaliação do Enade melhor que os alunos do presencial;
2) Existe uma demanda forte, indicada pela relação candidato/vaga dos últimos vestibulares, que mostra que as pessoas querem fazer esse curso;
3) É muito importante formar bem professores que vão tratar as nossas crianças;
4) Eu não acho que um curso a distância separa as pessoas, e os alunos desse curso passam nos concursos públicos.
Nesse sentido, cabe uma tarefa importante ao corpo docente da Licenciatura em Pedagogia da UniRio: repensar o curso considerando toda essa trajetória, com seus acertos e erros, suas idas e vidas. Para isso, temos que considerar também um aspecto fundamental desse processo, pois, como salienta o professor Bielschowsky, "a UniRio sempre foi extremamente generosa e parceira ao longo de todo o processo". No nosso entendimento, tal característica não deve se perder, e é nesse sentido que pretendemos realizar a análise final.
Final
Entendemos que duas características desse processo histórico emergem da narrativa dos dois colegas que gentilmente conversaram conosco: a generosidade e a ousadia, esta podendo ser tomada também como sinônimo de pioneirismo, como ensinaram os professores signatários do Manifesto de 1932. Isso não deve, no entanto, nos levar à acomodação; pelo contrário, pois proceder a uma análise crítica do que foi realizado nesses dez anos nos ajuda a projetar o futuro do curso. Como a professora Denise Sardinha afirma, já sabemos que é possível fazer EaD. Mas não podemos abrir mão de buscar uma educação com cada vez mais qualidade. E uma educação de qualidade, em qualquer modalidade, precisa antes de tudo de uma profunda reflexão, fruto do diálogo entre todos que participam dela.
Nesse sentido, já estamos nos movimentando em direção a um novo projeto político-pedagógico, incorporando a esse processo as aprendizagens realizadas ao longo desses anos, mas também buscando inovações necessárias para o melhor atendimento às novas demandas dos municípios onde atuamos. Para isso, já realizamos duas rodadas de discussões preliminares, uma nos polos e outra na UniRio, sempre de forma participativa, como recomenda a legislação e ensinaram mestres como Danilo Gandim e outros colegas.
Essa é uma nova sinergia que estamos criando com o objetivo de ampliar nossa presença junto às secretarias de educação dos municípios, por exemplo, mediante interlocuções que possam trazer contribuições para a melhoria da qualidade do trabalho desenvolvido nessas redes. Além disso, mesmo reconhecendo a inviabilidade de estruturar um curso único com a Uerj, nada nos impede de ter os colegas daquela universidade como parceiros de reflexões que possam auxiliar nessa iniciativa; afinal, o acúmulo de nossas experiências pode representar o salto de qualidade que a educação do nosso estado necessita para alavancar as transformações que nos levarão a uma sociedade mais justa e fraterna.
Referências
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 5ª ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
GANDIM, D. Temas para um projeto político-pedagógico. Petrópolis: Vozes, 1999.
MONTEIRO, A. M. Tempo presente no ensino de história: mediações culturais no currículo. In: Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH. São Paulo, julho de 2011.
Publicado em 13 de maio de 2014
Publicado em 13 de maio de 2014
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