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Formação continuada: entre as práticas e os saberes docentes

Alci Barbosa

Licenciada em Pedagogia (Faculdade de Belford Roxo)

Marcelo Gomes da Silva

Doutorando em Educação (UFF), professor da Faculdade de Belford Roxo

O presente artigo objetiva refletir sobre a formação continuada considerando o intenso debate em torno da temática e as diversas reflexões resultantes de diferentes visões que têm conduzido sua prática, de acordo com as novas perspectivas expressas na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que revelam importantes valores no sentido de qualificar o trabalho docente visando melhores níveis de aprendizado.

A proposta é investigar a questão da prática e do saber docente, problematizando esse processo de formação continuada (MARTINIANO, 2010, p. 6), dentro do contexto da vida escolar por meio de entrevistas com professores do Centro Educacional Alfer e análise bibliográfica.

A intenção em realizar esse estudo justifica-se, inicialmente, pelo desejo de aprofundar conhecimentos e saberes no campo da educação, o que colabora para o melhor desempenho das funções no cotidiano escolar. Além disso, é fundamental para todo o corpo docente de uma instituição escolar a formação continuada, visto que é necessário estar sempre se atualizando.

A inquietação para realizar este trabalho surgiu a partir da minha própria prática. Ao fazer parte de uma instituição escolar sem experiência alguma, vi a necessidade de cursar Pedagogia. A partir do ingresso no curso superior comecei a entender a formação continuada. Após várias leituras, percebi a importância da formação continuada e como ela é fundamental ao profissional da Educação.

Não há dúvida da importância da graduação em Pedagogia, porém é imprescindível que a formação não fique restrita ao período de duração do curso, ou seja, três anos e meio ou quatro anos. É preciso que, junto aos conhecimentos adquiridos nesse período, ocorra continuidade na formação.

“A formação se dá durante toda a vida, sem ter princípio, meio ou fim” (ALVES; GARCIA, apud FERREIRA, 1999). “Não falo de um conhecimento específico, pronto e acabado, mas de conhecimentos múltiplos em permanente processo de atualização, visto que nunca estarão definitivamente prontos” (ABDULMASSIH, 2004), pois a formação continuada dá à noção de troca de conhecimentos, o que significa que ninguém é proprietário do conhecimento, visto que somos responsáveis por uma teia em que cada fio é um conectivo de sabedoria.

A importância da formação continuada será analisada a partir do sentido de qualificar o trabalho docente, já que busca melhores níveis de aprendizado. Nesse sentido, solicita reflexões constantes diante das transformações ocorridas nas demandas educacionais e das realidades observadas.

A formação continuada não deve existir somente como exigência ou “cumprimento da LDB”. Seu emprego e eficiência não devem estar limitados apenas aos cursos práticos das novas propostas teóricas e metodológicas, pois, em muitos casos, não possui significado para o cotidiano dos professores. Mais do que um curso de capacitação para a prática pedagógica, essa formação deve estar diretamente relacionada às novas abordagens e propostas educacionais, mas de forma significativa e contextualizada com o trabalho docente, ou seja, pensando a realidade diversa dos professores.

A partir das discussões sobre a formação continuada, este trabalho tem como objetivo refletir sobre a importância da prática pedagógica do professor, sugerindo repensar a formação continuada e atentando para o que se considera seu foco principal, oferecer condições de melhorar a prática docente, tornando-a mais competente no que se diz respeito à concretização de sua principal missão: a aprendizagem significativa e a construção do conhecimento.

O artigo desenvolve-se em três momentos. Primeiramente procuro realizar uma retrospectiva na história da formação continuada. Em seguida, analiso a prática docente a partir de entrevistas direcionadas a alguns professores em exercício, entendendo que na prática o professor deve estar apto a refletir sobre as questões que envolvem a ação educativa, inclusive sobre o que entende a respeito da formação continuada.

As professoras foram escolhidas a partir de dois vieses. Primeiramente, a viabilidade do seu local de trabalho, já que trabalham na mesma instituição que eu, o Centro Educacional Alfer. A segunda se deu no sentido de incorporar docentes de diferentes níveis de ensino (da Educação Infantil ao Ensino Fundamental), visando a conhecer os diferentes momentos em que se encontra a formação das docentes (algumas no início da graduação e outras já formadas).

As entrevistas foram aplicadas com a intenção de perceber o que professores em atividade que estão cursando licenciatura em Pedagogia pensam sobre sua formação e o que pretendem fazer em relação aos estudos quando concluírem seu curso. Foram colhidos depoimentos de três professoras que trabalham na mesma instituição, com o intuito de adquirir informação de cada uma sobre seu curso e o que pretende fazer posteriormente.

Por fim, apresento a formação como um propósito, um saber contínuo, pois a formação continuada para profissionais da Educação ocorre para atender exigências do mercado profissional, necessidades dos docentes e da sociedade em geral no que tange à Educação.

Algumas considerações sobre a formação continuada na História da Educação

As ações para formação continuada de professores no Brasil intensificaram-se a partir da década de 1980 (BRASIL, 1999). No entanto, só na década de 1990 a formação continuada passou a ser considerada uma das estratégias fundamentais para o processo de construção de um novo perfil profissional do professor (NÓVOA, 1991; ESTRELA, 1997; GATTI, 1997; VEIGA, 1998).

Essas ações se fortaleceram quando, a aprovação na LDB (Lei nº 9.394/96) coloca em vigor o Art. 62, que diz que

a formação de docentes para atuar na Educação Básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida como formação mínima para o exercício do magistério na Educação Infantil e nos 5 (cinco) primeiros anos do Ensino Fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade Normal (redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013).

Portanto, elevou-se a formação do professor ao nível superior, estabelecendo sua constituição a partir de faculdades, universidades e institutos superiores de educação, por meio de licenciaturas e dos cursos normais superiores (LDB nº 9.394/96).

Os formuladores de políticas públicas esforçaram-se em produzir um grande número de novas regulações para o setor, dentre as quais destaca-se a Resolução CNE nº 01/99, que, com base no Art. 62 da LDB, recria os institutos superiores de educação, acompanhados dos cursos normais superiores, ambos com estatuto de locais privilegiados para a formação de professores: para a Educação Infantil e anos iniciais da Educação Básica, o curso normal superior; para os demais, o instituto superior de educação (BRASIL, 1999).

Analisando a prática e o saber docente, Severino (2000) afirma:

o saber aparece, portanto, como instrumento para o fazer técnico-produtivo, como mediação do poder e como ferramenta da própria criação de símbolos, voltando-se sobre si mesmo, ou seja, é sempre um processo de intencionalização. Assim, é graças a essa intencionalização que nossa atividade técnica deixa de ser mecânica e passa a se dar em razão de uma projetividade, o trabalho ganhando sentido (SEVERINO, 2000, p. 36).

No entanto, o ato educativo versa em uma ação, uma prática social pensada. A ação pedagógica deve ter uma correspondente filosófica, pois se isso não ocorrer a Educação será processada sob a forma do senso comum e baseada em conceitos e valores que a sociedade propõe a partir de uma estrutura cristalizada e duradoura. Por isso é cada vez maior a necessidade de atentarmos para a qualidade da formação do profissional de Educação contemporâneo.

A formação do professor é caracterizada por duas categorias que entrelaçam o técnico e o prático; essa articulação é manifestada no contexto educacional. O professor em exercício deve estar apto a refletir sobre as questões que envolvem a ação educativa. Estabelecer relações possíveis entre os fins e os valores deve se efetivar na formação do professor, no momento em que as finalidades apresentadas pela sociedade relativas ao trabalho docente são expressas nos padrões definidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, os quais direcionam o ideal de ser humano a ser construído pela escola, ou seja, não se pode abrir mão de configurar este perfil profissional já na sua formação inicial.

Visto que a formação do professor está condicionada às relações que se processam na sociedade, ela é concebida como processo dialético e está sujeita a constantes mudanças que visam alcançar níveis qualitativos que atendam ao ideal de ser humano que se espera educar. Ela é ainda influenciada por fatores externos que se expressam na organização social; por isso, na sociedade capitalista, em que o individual se sobrepõe ao coletivo e a competição supera a solidariedade, o desafio que se apresenta na formação do professor é conceber uma profissão em que os valores humanos colocados em primeiro plano.

O que torna moderno na profissão docente está diretamente relacionado ao seu rompimento com a dimensão tecnicista, que por décadas interferiu na proposta de formação na área da educação e à sua vinculação constante às novas experiências e propostas atuais (MARTINIANO, 2010 p. 20).

A profissão docente é influenciada pelos valores teóricos que se expressam no processo de formação. Esses valores têm a função de direcionar o olhar do professor na perspectiva participativa, dialógica e reflexiva, com o intuito de repensar a formação inicial e contínua a partir da análise das práticas pedagógicas.

Pimenta (1999) desenvolve sua pesquisa a partir da prática com alunos de licenciatura e destaca a importância da mobilização dos saberes da experiência para a construção da identidade profissional do professor. Nesse sentido, são identificados três tipos de saberes da docência:

  • da experiência, aprendido pelo professor desde quando aluno, com os professores significativos etc., assim como o que é produzido na prática, num processo de reflexão e troca com os colegas;
  • do conhecimento, que abrange a revisão da função da escola na transmissão dos conhecimentos e as suas especialidades num contexto contemporâneo; e
  • dos saberes pedagógicos, que abrange a questão do conhecimento juntamente com o saber da experiência e dos conteúdos específicos e que será construído a partir das necessidades pedagógicas reais.

Dessa forma, Pimenta (1999) ressalta o valor dos diferentes saberes, considerando a prática social como objetivo central, permitindo, assim, um sentido dos saberes na formação dos professores, com base na ideia de que a profissão vai sendo construída à medida que o professor articula o conhecimento teórico-acadêmico, a cultura escolar e a reflexão sobre a prática docente.

Nesse sentido, a formação continuada tem um propósito, como apontado por Aguiar (2006, p. 2):

há, entretanto, aqueles professores que insistem em lutar e persistem na profissão por compromisso ou por acreditarem que, quem sabe, um dia, este país muda. São esses que enchem os auditórios quando alguém tem algo a dizer sobre educação, como também são esses professores que procuram cursos de especialização, aperfeiçoamento ou mesmo mestrado, o que pode ser indicativo do compromisso político e ético com a melhoria da qualidade da educação.

Segundo a autora, esses professores é que fazem a diferença, pois, seguindo esse pensamento, estamos perto do futuro que desejamos, pois dar continuidade à formação dos docentes nas escolas, seu local de trabalho, implica permanente acompanhamento deles para complementar e melhorar a formação já obtida e para o aprofundamento de estudos da prática cotidiana do contexto real no desempenho profissional, ou seja, a instituição escolar, e no dia a dia dos professores, assim vem a importância da criação de espaço para o estudo, análise e socialização da formação continuada entre os próprios docentes.

“No âmbito da formação continuada, observa-se uma diversidade significativa; designação, capacitação, aperfeiçoamento, reciclagem, treinamento, seminários entre outras possíveis nomeações” (DUARTE, 2012, p. 1). Devido às mudanças na educação, temos necessidade de acompanhar e estar sempre atentos, pois com a capacitação adquirimos condições para desempenhar bem a profissão, o educador retorna ao que seguramente sabia fazer, obtendo conhecimento próprio, construído no seu fazer diário.

Aperfeiçoamento é outro termo utilizado para expressar a formação dos educadores, um aperfeiçoamento a partir da introdução e apresentação de novos conceitos e novas metodologias para ser reproduzido na prática pelo professor pelas políticas públicas, considerando as diferentes interferências na construção do saber profissional.

Hoje, reciclar dá a ideia de reutilizar algo que foi descartado, ou seja, propondo novas técnicas, metodologias diferentes, para modificar a ação pedagógica, sem discutir com os profissionais da Educação a sua prática atual para alcançar um resultado melhor. Com treinamento, o educador obtém o domínio de técnicas e do método para o desenvolvimento e experiências em sala de aula que podem ser repassados aos outros professores, e com os encontros, que podem ocorrer em palestras, cursos, debates e outros.

Após um levantamento sobre as discussões em torno da formação continuada, optei por realizar uma pesquisa de campo entrevistando três professoras que trabalham comigo, com o intuito de adquirir informações de cada uma sobre a formação continuada e fazer comparações do que elas falam com o que os autores e eu defendemos sobre o tema.

A formação continuada na visão dos próprios professores

Para desenvolver esta pesquisa, foi elaborado um questionário que buscava levantar dados sobre a formação continuada e a identidade profissional dos professores. Após selecionar três professores que trabalham na instituição em que atuo, foram distribuídos os questionários, que continham as seguintes questões:

  • “O que você entende por formação continuada?”;
  • “Como você percebe esse processo de formação que está vivenciando?”;
  • “O que você pretende fazer após terminar a graduação?”;
  • “Você acha que a formação melhora o cotidiano e o ensino escolar? Por quê?”.

Com base nas respostas das professoras, tentou-se perceber possíveis padrões de entendimento, o que remete a um discurso hegemônico em relação ao termo “formação continuada”; do mesmo modo, reflete as possíveis heterogeneidades das concepções entre os professores. As sínteses das respostas podem ser observadas no quadro abaixo:

Quadro 1: Síntese das entrevistas com as professoras

Pergunta 1:
O que você entende por formação continuada?

Pergunta 2: Como você percebe esse processo de formação que está vivenciando?

Pergunta 3:
O que você pretende fazer após terminar a graduação?

Pergunta 4: Você acha que a formação melhora o cotidiano e o ensino escolar? Por quê?

Profª. 1

Uma atualização. É preciso estar sempre se capacitando para melhorar como profissional.

Enriquecendo meu trabalho.

Novos cursos, para melhorar a atuação como professor.

Sim, adquirindo novos conhecimentos e novas técnicas.

Profª. 2

Atualização, melhorando o
ensino-aprendizagem.

Novos saberes que ampliam a visão.

Faculdade de Letras.

Sim, todo conhecimento adquirido tem aplicabilidade.

Profª. 3

Aperfeiçoamento para a formação profissional.

Oportunidade para ampliar os meios de saberes.

Pós-graduação ou mestrado.

Sim, adquirir novos conhecimentos, novas formas de ensinar e aprender.

O quadro remete a uma percepção sobre a importância da formação continuada por parte das professoras, o que dialoga com o que os autores utilizados apontam sobre o tema. Percebe-se que, para essas professoras, a procura por uma formação continuada começou devido à cobrança da instituição em que elas trabalham, mas, de acordo com a resposta, nota-se o entusiasmo, a motivação e a inovação no seu cotidiano escolar, devido à busca pela continuidade na sua formação. Ou seja, uma cobrança que se transformou em aperfeiçoamento profissional.

Quando questionadas sobre formação continuada, afirmaram que se trata de uma necessidade da própria profissão, como também de conhecimento para se manterem atualizadas, com aperfeiçoamento, o que dialoga com a descrição de Severino (2000, p. 35), quando diz que “o conhecimento individual se dá num âmbito coletivo que se torna complexo e constitui a cultura e que o universo do saber se constrói e reconstrói”.

No entanto a formação deve ser entendida como processo que busca a ampliação do conhecimento, novas perspectivas, novos olhares, e está sujeita a constantes mudanças que visem alcançar níveis qualitativos que atendam ao ideal de ser humano que se espera formar, pois aproxima a realidade do que é ideal, e o que é expresso nos cursos de formação, nos estágios supervisionados deve oferecer oportunidades de articulação entre o saber e o fazer, para que a profissão docente seja construída em uma perspectiva dialógica e contextualizada.

Além de oferecer condições para aprimorar sua prática pedagógica pela realidade que lhe é apresentada no cotidiano da sala de aula, a formação continuada para os docentes, numa perspectiva histórica, é um processo em construção desde tempos remotos da vida. Ser educador é primeiro educar-se, pois o processo educativo não se fecha, é contínuo.

Isto permite reconhecer que cada conhecimento construído pelos professores com seus alunos vai implicar novas relações com outros conhecimentos, novos saberes, perguntas, dúvidas e novas construções, em um processo permanente em que a formação de professores em serviço é entendida como "formação contínua" no cotidiano profissional deles; melhorar a formação já obtida significa aprofundamento de estudos da prática cotidiana do contexto real no desempenho profissional, ou seja, a instituição escolar.

Segundo Freitas (2002), a continuidade da formação profissional deve ser um processo permanente de desenvolvimento e deve ser vista como proposta mais ampla, na qual o ser humano, produzindo a si, também se produz em interação com o coletivo. Outra questão a ser abordada foi o processo de formação que elas estão vivenciando: enriquece o trabalho e dá oportunidade de novos saberes.

Nesse aspecto o perfil do profissional de Educação é direcionado segundo valores estabelecidos no momento histórico vivenciado no seu local de trabalho pelos atores no contexto social, merecendo ser redimensionado para atender as necessidades que se expressam no processo produtivo, em que as relações de trabalho em constante transformação exigem novos aprendizados do sujeito, possibilidade de resgate do papel político dos professores, mediante o reconhecimento e a valorização dos seus “saberes de experiência”.

As professoras, quando questionadas se a formação melhora o cotidiano escolar, responderam afirmativamente, pois consideram importante essa relação com a aquisição de novos conhecimentos.

A relação entre o técnico e o prático constitui-se na contribuição que o professor vê se aprimorar para exercer a docência em níveis qualitativos e, assim, constata-se na formação do professor a deficiência, nos currículos de disciplinas ligadas a relações interpessoais, tendo em vista que esse profissional desenvolverá relações com outros sujeitos em diversos espaços socioculturais.

É importante também refletir sobre o processo de formação de professores, ampliar o olhar multidimensional envolvido na construção profissional, visto que inúmeros fatores internos e externos são relevantes na consideração que se deve fazer dessa profissão.

Os professores, no cotidiano escolar, com o tempo e as diversas situações sociais, políticas e econômicas, caem na monotonia em suas práticas, sendo necessário transformá-las, construir novas relações de espaço e tempo, pessoas e conhecimentos.

Fica claro que a formação continuada é a base do profissional da Educação, o que pode ser percebido nas entrevistas das professoras e no levantamento bibliográfico. Ou seja, o conhecimento se dá em um longo processo que não tem fim, frente às novas demandas que vão surgindo no cotidiano escolar; por isso é necessário estar sempre em processo de atualização, pois o professor, ao entrar em sala de aula, vivencia trocas de conhecimento entre ele e seus alunos. Alunos esses que, com as tecnologias, as pesquisas e a internet, tornam-se mais questionadores. Por isso, o professor tem que estar atento a essas mudanças e, para que isso aconteça, é preciso ter formação contínua de qualidade.

No entanto, todas essas afirmações significam que o processo de formação continuada deve propor aos professores situações que possibilitem a troca dos saberes, por meio de projetos articulados com uma reflexão concreta. Por isso, são indicadas como metodologia para formação as seguintes maneiras: o estudo compartilhado; o planejamento e o desenvolvimento de ações oportunas; estratégias de reflexão da prática; e análise de situações didáticas; entre outros.

Considerações finais

A atitude do professor mediador perante seu cargo deve estar centrada em todas as coisas que envolvem seus alunos, na atenção, interesse e suas demandas. Um professor não deve estagnar, ficar imóvel diante das transformações que se apresentam no dia a dia. Precisamos trazer para a sala de aula um novo sentido para a aprendizagem e, partindo desses pressupostos, o aluno vai construindo o seu conhecimento, a sua autonomia, sendo necessário que ele esteja inserido em um ambiente onde sinta-se bem.
Segundo Demo (1996, p. 273),

para encarar as competências modernas, inovadoras e humanizadoras, [o educador] deve impreterivelmente saber reconstruir conhecimentos e colocá-los a serviço da cidadania. Assim, professor será quem, sabendo reconstruir conhecimento com qualidade formal e política, orienta o aluno no mesmo caminho. A diferença entre professor e aluno, em termos didáticos, é apenas fase de desenvolvimento, já que ambos fazem estritamente a mesma coisa. (...) Nesse sentido, o professor não será mais profissional de ensino, mas da educação, pois o primeiro tende a ser instrução, treinamento, domesticação, enquanto a segunda busca a ambiência emancipatória.

A partir desta pesquisa e dos resultados analisados, buscou-se compreender as perspectivas dos saberes docentes sobre a formação continuada, ou seja, o perfil do profissional que se deseja formar. Encontrei nas respostas das professoras entrevistadas pensamentos semelhantes, já que elas relataram achar fundamental para a prática pedagógica acompanhar a evolução do conhecimento.

O professor em exercício deve levar em consideração todos os aspectos relativos ao desenvolvimento humano, pois o conhecimento da realidade favorece a contextualização do processo de ensino-aprendizagem. Pensar na formação do professor é idealizar um perfil desejado a ele, e ela não termina na graduação, pois é preciso ter o interesse de adquirir novos conhecimentos com o intuito de aperfeiçoar sua prática pedagógica; esse contexto de desenvolvimento, o professor estabelece de acordo com o que é exigido na sociedade do conhecimento, em que a construção profissional é vista como um processo contínuo, que persiste por toda a vida, pela possibilidade de construir saberes constantemente, sem parar.

Nesse sentido, um professor motivado e com oportunidades vai construindo vínculos com a escola, com seus alunos. Então podemos deixar claro que, sendo a formação continuada uma necessidade do professor em sua vida profissional, é também uma exigência da sociedade contemporânea. Dessa forma, ela não pode ser apenas um curso, mas algo permanente.

Referências

ABDULMASSIH, Marília Beatriz Ferreira. Supervisão educacional nas escolas municipais: uma experiência no município de Ituiutaba-MG. Dissertação (Mestrado em Educação). Uberaba: UNIUBE, 2004.

AGUIAR, Maria da Conceição Carrilho de. Implicações da formação continuada para a construção da identidade profissional. 29ª Reunião da ANPEd, 2006.

ALVES, Nilda; GARCIA, Regina L. (orgs.). O fazer e o pensar dos supervisores e orientadores educacionais. São Paulo: Loyola, 2001.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n° 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.

BRASIL. MEC. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Referenciais para a formação de professores. Brasília: SEF/MEC, 1999.

DEMO, Pedro. Formação permanente de professores: educar pela pesquisa. In: MENEZES, L. C. (org.). Professores: formação e profissão. Campinas: Autores
Associados, 1996.

DUARTE, Joaquina Roger Gonçalves. Uma experiência de formação continuada de professores: a formação de rede. 35ª Reunião da ANPEd, 2012.

ESTRELA, M. T. Viver e construir a profissão docente. Porto: Porto, 1997.

FREITAS, Helena Costa Lopes de. Formação de Professores no Brasil: 10 anos de embate entre projetos de formação. Revista Educação e Sociedade, v. 23, n. 80, set. 2002.

GATTI, B. Formação de professores e carreira: problemas e movimentos de renovação. Campinas: Autores Associados, 1997.

MARTINIANO, Fernanda Batista. A importância da formação continuada para os professores do ensino fundamental. Monografia (Pós-Graduação Lato Sensu). Rio de Janeiro: UCAM, 2010.

NÓVOA. António. Formação contínua de professores: realidades e perspectivas. Aveiro: Universidade de Aveiro, 1991.

PIMENTA, S.G. Formação de professores: identidade e saberes da docência. In: PIMENTA, S.G. (org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 1999.
SEVERINO, Antonio Joaquim.Metodologia do trabalho cientifico. São Paulo: Cortez; 2000.

VEIGA, I. P. Caminhos da profissionalização do magistério. Campinas: Papelivros, 1998.

Publicado em 26 de agosto de 2014

Publicado em 26 de agosto de 2014

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