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Metodologia de ensino da Literatura - grito negro: literatura africana na escola pública
Renimeri Jacintho Vieira
Graduada em Letras, professora da rede estadual do Rio de Janeiro
Cristiane Brasileiro
Doutora em Letras pela PUC-Rio, coordenadora geral da área de Linguagens & Códigos da Fundação Cecierj; orientadora dos TFC da área de Metodologia do Ensino de Literatura da Especialização em Ensino de Leitura e Produção Textual
Introdução
O presente trabalho tem como objetivo geral a realização de uma análise da recepção, numa escola pública do Ensino Médio, do poema Grito negro, do autor moçambicano José Craveirinha. Com essa proposta, esperamos lançar uma luz sobre o impacto, em sala de aula, das reformas curriculares e da legislação, que tornou obrigatória a inserção da discussão sobre a cultura africana na própria cultura escolar, que assim recupera e altera a temática da identidade nacional. Realizamos, para isso, uma pesquisa-ação com tratamento qualitativo dos dados coletados, e chegamos a conclusões que confirmam a importância e a eficácia de iniciativas similares.
Este artigo tem como ponto de partida perceber o impacto das reformas curriculares do Ensino Básico sobre o ensino da Literatura Africana. Faremos isso através da análise dos traços da realidade social encontrados no poema Grito negro, do autor moçambicano José Craveirinha, articulada à análise da recepção desse mesmo texto pelos alunos do 1° ano do Ensino Médio de uma escola da Rede Estadual de Ensino. Sendo assim, o objetivo central desta investigação é realizar uma observação mais detalhada a respeito do trabalho de leitura do poema Grito negro e da recepção deste junto aos alunos da Rede Estadual de Ensino.
É necessário perceber que esta pesquisa surgiu a partir do desejo de refletir sobre o tipo de abordagem metodológica que seria mais propícia à apresentação da literatura africana em sala de aula na atualidade, visto que no mundo contemporâneo é preciso que as práticas pedagógicas acompanhem todo o desenvolvimento da sociedade, e a exigência de trabalhar com esse novo corpus literário é relativamente recente. Sendo assim, esta investigação tem como objeto de estudo a análise do texto de Craveirinha, buscando articular essa leitura ao que preconiza a Lei 10.639/2003, que trata da cultura e da história afrodescendente ao propor a inserção deste assunto no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
Sendo assim, numa primeira parte deste artigo, traçaremos uma discussão a respeito da repercussão das reformas curriculares propostas na atualidade, em especial o estudo conjunto da Literatura Brasileira e da Literatura Africana nas escolas brasileiras.
É interessante, também, ressaltar que este assunto torna-se relevante pois enfoca um tema atual, que aborda uma preocupação na área acadêmica e pedagógica, ou seja: por um lado, temos a necessidade de o professor ampliar seus conhecimentos a fim de cumprir as determinações da legislação em vigor e além desta questão; de outro lado, temos a perspectiva real de levar ao aluno das escolas públicas a relacionar a sua própria realidade ao cenário descrito no poema Grito negro, no qual seu autor,o autor moçambicano José Craveirinha, denuncia as condições de vida do negro de seu país. Logo, temos como enfoque o estudo e a análise de uma linguagem plurissignificativa, isto é, uma linguagem figurada encontrada no poema que poderá ampliar o repertório cultural do aluno e suas habilidades de interpretação de texto.
Metodologia
Para realizar a pesquisa em questão, escolhemos o método de coleta de dados baseado na pesquisa-ação, com tratamento preponderantemente qualitativo. Em relação à pesquisa ação, faremos uma série de atividades em uma turma do Ensino Médio a partir da análise minuciosa do poema Grito negro através de um olhar crítico a respeito do preconceito racial existente em todo o mundo. Este texto será devidamente analisado pelo público discente, com objetivo de levar os alunos a reconhecerem a miscigenação que compõe a formação de povos colonizados. Em relação à pesquisa qualitativa, faremos uma leitura minuciosa de textos africanos com o objetivo de levantar dados sobre a tradição e os costumes de África e, especialmente, demonstrar que existem certas dificuldades na leitura e na interpretação destes. Esta abordagem torna-se necessária em função da preocupação existente nas reformas curriculares do Ensino Básico, que incluíram a Literatura Africana, mas também na produção de artigos que valorizem a cultura moçambicana.
O objetivo central desta pesquisa, portanto, é de explorar mais detidamente o impacto das reformas curriculares que estabeleceram o trabalho consciente e obrigatório com a Literatura Africana e afrodescendente. Lidando diretamente com a turma, busquei verificar até que ponto esse referencial literário que visa o mundo contemporâneo, enquanto recurso pedagógico, contribui para que um grupo de adolescentes produzisse novos conceitos sobre o ser negro dentro e fora de nossa comunidade escolar. Aliando pesquisa e intervenção, então, fizemos deste momento de produção do artigo que constitui o TFC do curso de especialização em Ensino de Leitura e Produção Textual da UFRRJ, um espaço de contribuição para o processo de formação acadêmica de nós, professores, permitindo assim a fomentação de metodologias que propiciem a efetiva inclusão, no currículo e na prática escolar, desse referencial cultural de base africana.
Exposição e análise dos dados
Na primeira etapa da pesquisa (fase ante facto), fiz uma observação participante, envolvendo o poema em questão, a partir da qual foi possível diagnosticar as visões e práticas que meus alunos de uma turma do 1º ano do ensino médio, que com a leitura do poema em questão parecem ter tido uma oportunidade importante para reconhecer e discutir uma realidade de preconceitos e conflitos étnicos na qual eles também, certamente, estão imersos. Por outro lado, percebo que mesmo nós, docentes, reconhecemos que temos dificuldades para diferenciar manifestações racistas de simples brincadeiras, o tal chamado bullying, e tão pouco sabemos lidar com os embates étnico-raciais presentes no cotidiano escolar, e nesse contexto a introdução desse tipo de literatura pode propiciar um espaço precioso para levantar e trabalhar mais atentamente essas questões.
Na fase facto desta pesquisa, nós professores fomos convidados a nos aproximarmos da Literatura Africana e da nossa formação afrodescendente na expectativa de que, coletivamente, conseguíssemos elaborar metodologias que durassem todo o ano letivo e que fossem capazes de promover sempre a inserção desse referencial literário em sala de aula. Uma vez em contato com essa literatura, então, percebemos muitas fragilidades conceituais em nossa formação, o que nos levou a resistir a participar dos momentos de intervenção junto aos nossos alunos, por temermos passar informações preconceituosas e erradas sobre os povos africanos e seus descendentes. Por outro lado, nossos alunos, também, evidenciaram grande desconhecimento sobre o mundo africano, mas mostraram-se interessados em aproximar-se desses conteúdos, sempre buscando questionar aquilo que não entendiam e participar das atividades propostas.
Por fim, foi possível verificar que o uso de literatura africana e afrodescendente, nas várias situações em que nos mostram o nosso negro na nossa atual sociedade, contribui de fato para que alunos e nós professores produzíssemos novos conceitos – ressignificados positivamente – sobre o ser negro no nosso país e também sobre a atuação do mesmo em todo o mundo. Sendo assim, diante das perguntas acerca desse tema, surgiram várias discussões e debates a respeito da eliminação da discriminação racial, desde a época do colonialismo até os nossos dias atuais, incluindo-se aí uma atenção especial ao ensino da História da África.
Com essa experiência já mais avançada, então, foi possível entendermos que a inclusão da cultura africana dentro do ensino voltado para os alunos brasileiros é a única maneira de romper com a estrutura eurocêntrica que caracteriza ainda hoje a nossa formação escolar. Com a lei sancionada, de fato tornou-se obrigatória a introdução de aulas que abordassem a história da cultura africana e as manifestações culturais desses povos, com foco especial nas últimas séries do Ensino Fundamental e em todo o Ensino Médio. Apesar disso, no entanto, a grande maioria dos livros didáticos utilizados nesses séries ainda não reserva para a África um espaço adequado - por isso, certamente, os alunos ainda continuam, em grande parte, repetindo estereótipos sobre a África e sua cultura.
Para concretizarmos mais nossa análise, trazemos para este artigo a leitura mesma do poema Grito negro, para localizarmos com mais clareza a força do seu apelo antirracista e da temática que ele levanta e movimenta na sua própria composição.
Grito negro
Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
E fazes-me tua mina,
Patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão
Para te servir eternamente como força motriz
Mas eternamente não,
Patrão.
Eu sou carvão
E tenho que arder, sim
E queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão
Tenho que arder na exploração
Arder até às cinzas da maldição
Arder vivo como alcatrão, meu irmão
Até não ser mais a tua mina,
Patrão.
Eu sou carvão
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu serei o teu carvão, patrão!
Ao analisarmos o poema em questão, podemos partir de uma interpretação do primeiro verso do poema: “Eu sou carvão”. Na interpretação desse verso, vemos a expressão do eu-lírico em termos de um sentimento de exploração sofrida em relação ao patrão do mesmo, de quem ele é aparentemente um escravo ou empregado.
A recepção, a partir do primeiro verso do poema, é observada na dificuldade do aluno da 1ª série do Ensino Médio de recitar em voz alta o verso “Eu sou carvão!”. Então, observei o medo de meu aluno de se assumir um afrodescendente perante a turma naquele momento. Visto que, considerando o silêncio da turma após a leitura, deixou claro que a cor negra em nossa cultura representa algo muito negativo, feio. Então, o poema nos fez refletir sobre as condições em que os negros chegaram até aqui e em outros países. Na aula com o professor da disciplina de História, foi passado um vídeo o qual mostra sobre o mundo na África e que do outro lado do Atlântico, existe um povo com suas raízes, seus costumes, suas tradições e suas cores que, ao chegarem aqui no nosso país, tornaram-se escravos com seus trabalhos não remunerados. Passou-se a ser essa atividade de ação do negro como mão de obra escrava. Assim, vemos que a comparação feita pelo poema, do trabalhador oprimido com o “carvão”, possibilitou denunciar as condições de vida a que eram submetidos os negros em Moçambique antes do processo de independência. Nesse sentido, é especialmente interessante notar que José Craveirinha usa a língua portuguesa, inicialmente imposta a eles, para denunciar e sensibilizar a sociedade para uma nova postura social. Após a análise e a interpretação do poema Grito negro, os alunos puderam, também, perceber que, tratando de problemas existentes na sociedade, a literatura tem o seu papel de provocar no ser humano suas emoções e suas reflexões. Sendo assim, a partir dos estudos feitos pelos alunos da turma, eles passaram a ter uma visão menos preconceituosa e mais crítica sobre a cultura africana, que contribuiu imensamente para a formação cultural e social do povo brasileiro.
Voltando à análise dos versos do poema Grito Negro, devemos lembrar que nos poemas, geralmente, utiliza-se uma linguagem plurissignificativa, isto é, uma linguagem figurada, em que as palavras apresentam mais de um sentido. Então, é percebido quando o eu-lírico do poema, por exemplo, chama a si mesmo de carvão e se compara a uma mina. Meus alunos, depois de várias pesquisas qualitativas sobre o tema, perceberam que o sentido conotativo das palavras em questão era que carvão representa a força de trabalho do negro (a força motriz) e a mina representa o próprio negro, ou seja, o lugar de onde é extraído a riqueza do patrão. Logo, os sentidos das palavras analisadas “carvão” e “mina” estão entrelaçados e prol da representação da exploração do homem pelo homem, ou mais especificamente da exploração do homem negro pelo homem branco.
Eu sou carvão
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu serei o teu carvão, patrão!
Sendo assim, vemos que se estabelecem com mais força o diálogo da poesia brasileira com a produção literária dos países africanos (em especial Moçambique), inclusive porque fazem uso da língua portuguesa, visto que a poesia em particular mostra que seus intelectuais faziam em termos de cultura e qual o vínculo dos escritores com o ser negro. Dentro desse sentido mais amplo, vemos que José Craveirinha, através de sua obra, mostra a questão da negritude, que então exerce um forte papel de mobilizador para que os negros pudessem ganhar confiança em suas próprias forças e partissem, naquele primeiro momento, para recuperar a sua própria cultura, como uma arma principal a ser utilizada.
Por outro lado, podemos observar o momento em que os africanos viram a necessidade de resgatar a sua própria identidade através de nossa literatura. Podemos, também, notar na literatura africana a presença de vários poetas brasileiros, em especial João Cabral de Melo Neto, que foi de certa forma um dos motivadores do poeta moçambicanos José Craveirinha, que afirmou sua admiração pelo poeta brasileiro e pernambucano, por causa do explicitante trato estético especial que dava à palavra. , enfim, o poeta Craveirinha cita o poema “Catar feijão” o qual revela uma relação com o negro.
Pudemos, também, analisar os sotaques musicais presentes no poema de José Craveirinha, como um dos elementos fundamentais de afirmação identitária moçambicana e da expressão presente a partir dos sentimentos do eu-lírico. No poema Grito negro em seus versos, explora as sonoridades e os ritmos africanos, como parte da recriação da língua e da cultura do colonizador.
Vimos, assim, que a poesia e a música, no poema, encontram-se enlaçadas, ou seja, a poesia adquire características que ultrapassam o signo gráfico, o significado da linguagem, o espaço no papel e esta performance irrompe no domínio do som. Já a música, por sua vez, toma emprestados elementos da poesia, lançando mão da propriedade do poema. É, assim, encontrado o ritmo, que é um dos elementos reconhecidamente musicais que é retomados pela poesia africana.
Destacamos, ainda, que no poema Grito negro, Craveirinha dá voz a um eu-lírico que, metafórica e metonimicamente, se representa como “carvão”. “Carvão”, assim, no poema, representa todos os colonizados negros que sonham com a liberdade de um povo. Então, o negro era aquela figura que se esfalfa no trabalho sendo a total riqueza do patrão. Nesse sentido, o eu-lírico tem a consciência de sua posição de explorado; acredita, no entanto, que a partir do seu Grito negro, possa enfim ser ouvido por muitos e conquistar a liberdade.
Nesse sentido, destacamos com cuidado especial o verso “Mas eternamente não”, no qual a introdução da conjunção “mas”, dá ao eu-lírico a sensação de valorização, respeito e dignidade para aquela vida atormentada.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão
Para te servir eternamente como força motriz
Mas eternamente não,
Patrão!
(Xigubo, p. 13 – grifos nossos)
Nesse trecho, como podemos constatar, o grito do eu-lírico possui um tom bem contundente, e funciona como algo impulsionador da transformação social. Para Hampâté Bâ (In: Ki Zerbo, 1982, p. 185) tal fato se liga a este outro: “Se a fala é força, é porque ela cria uma ligação de vaivém que gera movimento e ritmo, e, portanto, vida e ação”.
Segundo ainda o próprio poeta José Craveirinha, em entrevista a Omar Thomaz e Rita Chaves, a poesia para ele sempre foi “um instrumento, uma ferramenta de reivindicação”, funcionando inclusive como um refúgio para as “dores pessoais”. Por isso, os poemas do poeta “têm sempre uma dimensão social, sociopolítica”.
Não por acaso, os alunos puderam observar, nas aula em que o poema em questão foi trabalhado, que a língua portuguesa é utilizada como “arma” contra o colonizador, o próprio dominador do negro no país de onde se originou Craveirinha. Nesse sentido, para os poetas africanos, tal qual afirmou Luandino Vieira (In Mata, 2009), o idioma português pode servir como um grandioso troféu conquistado ao colonizador, para com ele escrever a sua história até então silenciada.
Registramos, ainda, como um dado a mais do contexto em que se deu a recepção do poema em questão, que no programa Globo Repórter, da TV Globo, exibido no dia 02/08/13, foi passado um documentário sobre o povo e a cultura de Moçambique. Aproveitando o ensejo, então, em sala de aula repassei o programa para a minha turma do 1º ano do Ensino Médio, e a partir dele fizemos uma mesa redonda sobre o seguinte tema: “Quem é o negro na nossa brasileira?” A partir desse estímulo inicial, meus alunos apresentaram várias experiências que lhes pareciam significativas para mostrar o ponto de vista que tinham sobre o assunto: “Um dia, professora, eu estava na rua quando vi um menino escurinho vendendo balas, e logo após veio uma senhora dizendo pra não comprar as balas que o menino estava vendendo, porque ele, o menino, era preto. Saí dali para não me aborrecer com ela, pois achei aquilo um absurdo” disse minha aluna. Outros alunos, que são considerados brancos, pensaram muito na hipótese de terem, também, o “pé na senzala” como diz o povo de nosso país. Pensamos, a partir daí, nas dificuldades de se assumir como negro, na situação em que o colonizador impôs a todos a sua cultura, condenando as culturas dos povos dominados e serem vistas como menores e atrasadas. Debatemos muito, ainda, sobre a importância do negro no mundo profissional e em outros cantos do planeta. Mostrei para eles a minha importância como professora negra contendo o nível superior, numa situação que mostra um tipo de efetiva ascensão social que, felizmente, é cada vez mais frequente hoje em dia. Portanto, a partir das discussões geradas pela leitura do poema africano, meus alunos perceberam que, no mundo, todos nós somos seres humanos, e que cada um pode ser, de acordo com o seu interesse, algo muito importante.
Já com outra turma, do 3º ano do ensino médio, fiquei atenta ao conteúdo bimestral que previa o trabalho com os gêneros literários conto e romance, abordando como tema central o índio e o negro de nossa nacionalidade. Nesse contexto, tive o prazer de voltar a exibir o programa do Globo Repórter do dia 02/08/13, para poder, então, falar com a turma sobre a cultura de Moçambique através da exibição do poema Grito negro.
Sendo assim, a partir do impacto da leitura do poema em questão, os alunos dessa outra turma também puderam aproveitar o documentário sobre Moçambique e observar as belezas do país, mesmo que ele seja considerado um dos muito pobres do planeta. Logo após, foram desafiados a produzir um texto dissertativo-argumentativo, no qual iriam tecer argumentos e pontos de vista: uma carta para o leitor, que deveria falar sobre a participação do negro na nossa sociedade. Vendo o documentário, foi interessante notar, ainda, que os alunos adoraram as vestimentas coloridas de um povo que “canta e seus males espanta” tirando do documentário a sensação de um povo que, apesar de todos os tormentos, ainda consegue ser feliz. A partir dessa experiência, ressignificaram o sentido de ser negro, que passou a ser visto na perspectiva de uma cultura própria e forte, com sua própria história, que como as demais pode ser fonte de reconhecimento e mesmo de orgulho.
Considerações finais
Finalizamos a nossa pesquisa, neste ponto de nossa exposição, com a constatação de que o trabalho de leitura do poema em questão contribuiu muito para suscitar debates em torno da construção de uma nação verdadeiramente democrática, em que todos tenham seus direitos garantidos e sua identidade respeitada.
Nesse sentido, entendemos que as políticas públicas para essa área têm como meta o direito do negro se reconhecer na cultura nacional, expressar visões de um mundo próprio e manifestar seus pensamentos (não só individualmente , como também, de forma coletiva).
Pensando assim, para alcançar tais objetivos, que esta tarefa não seja só do professor, mas sim de toda a comunidade escolar. Sendo assim, falar sobre a cultura africana e a importância do negro na nossa sociedade não poderia mais ser apenas um único projeto, mas sim uma série de ações que percorressem, de fato, todos os dias do ano letivo.
Referências
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ROSA, Maria Cristina– Os professores de Artes e a inclusão: o caso da Lei 10.639/03. Ceart/Udesc.
CHAGAS, Michelle Cardoso. Mulemba. Rio de Janeiro: UFRJ, v. 1, nº 7, p. 132-145, jul./dez. 2012.
SANTOS, Rubens Pereira dos. Revista África e Africanidades, ano 2, nº 6, ago.2009.
MARTINI, Luis Francisco Martorano. Eletrônica v. 4, nº 2, p. 155-166, nov. 2011.
SOLA, Cláudia Beck. Pensando a cultura africana nas séries escolares iniciais no Brasil. Revista Eletrônica.
G1.com.br/globo repórter – Moçambique. 02 ago. 2013.
Publicado em 28 de janeiro de 2014
Como citar este artigo (ABNT)
VIEIRA, Renimeri Jacintho; BRASILEIRO, Cristiane. Metodologia de ensino da Literatura - grito negro: literatura africana na escola pública. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 14, nº 4, 28 de janeiro de 2014. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/14/4/metodologia-de-ensino-da-literatura-grito-negro-literatura-africana-na-escola-publica
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