A Educação Ambiental como ferramenta contra a crise ambiental planetária
Deinne Airles
Mestranda no Programa de Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFPB), discente da Especialização em Agroecologia (UEPB), bacharela em Ciências Biológicas (UFPB), técnica agrícola com habilitação em Agroindústria (UFPB)
A crise ambiental planetária inicia-se na década de 1960, depois que o homem utilizou de forma intensa e irracional os recursos naturais. A crise ecológica passou a ser reconhecida a partir do momento em que a degradação ambiental atingiu índices alarmantes e tomou-se consciência de que a preservação de um ambiente sadio está intimamente ligada à preservação da própria espécie humana (GUERRA, 2009, p. 180).
Nessa época foi iniciada uma onda de debates teóricos e políticos sobre a irracionalidade econômica e a desvalorização da natureza. A alternativa teórica encontrada por estudiosos para solucionar as problemáticas ambientais foi via estratégias do ecodesenvolvimento.
O ecodesenvolvimento surgiu na Eco-72, na Suécia. Foi criado por Maurice Strong e desenvolvido por Ignacy Sachs. Eles conceituaram como sendo um estilo de desenvolvimento em que uma ecorregião que apresenta características e problemas peculiares precisa ter seus problemas resolvidos levando em consideração os dados ecológicos, culturais, as necessidades imediatas e de longo prazo (SACHS, 1986 apud Alves et al., 2001). Esse termo, de acordo com Gadotti (2000, p. 1), tinha como base sete princípios:
a satisfação das necessidades básicas da população; a solidariedade com as gerações futuras; a participação da população envolvida; a preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral; a elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito a outras culturas; programas de educação.
Já na década de 1970 houve a crise do petróleo nos países do Oriente Médio, os quais exportavam este recurso natural não renovável para diversos países. Ao mesmo tempo que ocorria a crise ambiental mundial, os países do Terceiro Mundo, principalmente da América Latina, eram acometidos por uma crise econômica. Então, ao invés de difundir e implantar os ideais do ecodesenvolvimento, eles priorizaram suas recuperações econômicas por meio dos planos e estratégias neoliberais. Esse fato enfraqueceu o ecodesenvolvimento e fez com que desaparecesse ao longo dos anos.
Somente na Eco-92, no Rio de Janeiro, novo termo e novo conceito foram divulgados: desenvolvimento sustentável, cujo “objetivo é conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação do ambiente, de modo a satisfazer as necessidades humanas atuais e futuras” (DIAS; TOSTES, 2010, p. 1) e de usar racionalmente os recursos naturais.
Nesse contexto de início da crise ambiental até os dias atuais, as pessoas passaram a crer que muitos recursos naturais não são infinitos. Graças a isso, os indivíduos passaram a refletir sobre diversas áreas, incluindo seu modo de vida, poluição, política, economia, educação, cidadania etc. Todas associadas ao meio ambiente.
Porém de nada adianta ter uma população mundial consciente, se não está sensível às problemáticas ambientais locais e globais.
Justamente nesse ponto tem-se a Educação Ambiental (EA), a qual serve para sensibilizar, conscientizar e mobilizar as pessoas em prol do bem-estar da coletividade. A EA envolve mudanças de valores sociais e uso de habilidades e aptidões dos indivíduos e da sociedade como um todo para viver melhor com qualidade de vida, por meio da preservação de áreas verdes e uso racional (conservação) da natureza.
O consumismo exagerado, poluições intensas nas zonas urbanas e rurais, preconceitos de todos os tipos, exploração dos trabalhadores pelo sistema econômico vigente, descumprimento da legislação que trata da EA como obrigatória no currículo escolar, entre outros obstáculos, contribuem para atrapalhar as ações da EA em todos os âmbitos da sociedade.
Mas os educadores ambientais e profissionais militantes do movimento ambientalista não devem desanimar, pois aos poucos a EA vai ocupando seu espaço e concretizando seus ideais: agir como instrumento potencializador de mudanças sociais, ambientais, econômicas e culturais. Mas para isso a EA terá um longo caminho e enfrentará inúmeros desafios, principalmente no que diz respeito a harmonizar a relação homem-meio ambiente, e somente dessa forma a coletividade se transformará em uma sociedade emancipada e a cidadania reinará em todas as gerações futuras.
Referências
ALVES, J. B.; DENARDIN, V. F.; SILVA, C. L. Aproximações entre os principais indicadores de sustentabilidade e as alternativas ao desenvolvimento propostas por E. Leff.
Revista de Desenvolvimento Econômico, Salvador, ano 13, nº 24, p. 59-71, 2011.
DIAS, G. V.; TOSTES, J. G. R. Desenvolvimento sustentável: do ecodesenvolvimento ao capitalismo verde. Revista da Sociedade Brasileira de Geografia, v. 2, p. 1-20, 2010.
GUERRA, S. A crise ambiental na sociedade de risco. Revista Eletrônica Lex Humana, nº 2, p. 177-215, 2009.
LEFF, E. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Trad. Lúcia Mathilde Endlich Orth. Petrópolis: Vozes, 2005.
Publicado em 02 de dezembro de 2014
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