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Muito além do que somos

Armando Correa de Siqueira Neto

Psicólogo e professor

Qual é o nosso verdadeiro tamanho em relação ao desenvolvimento humano? Será que somos potencialmente maiores e bem pouco se enxerga a respeito? Não ver o prêmio futuro pode causar desânimo e até oposição frente ao exigido e essencial exercício do crescimento que se tem no presente? Nada é de graça! Isso pode nos levar a perceber tal possibilidade de avanço para que o estímulo resultante nos impulsione em direção a um nível evolutivo sem precedentes, superando as lentas passadas com as quais temos caminhado pela estrada da vida.

Para tratar sobre o processo evolutivo, é prudente lançar mão da teoria darwinista encontrada no livro A origem das espécies, a qual atribui ao tempo, ao acaso e à seleção natural o resultado daquilo que hoje somos. A valiosa aptidão que se adquire faculta ao ser humano (e às outras espécies) a possibilidade de manter-se vivo e transmitir tais informações à sua descendência. No entanto, esbarra-se em uma delicada e complexa questão: como foi possível ter-se dado a gênese de tudo que conhecemos sem levar em conta um criador com a necessária capacidade de planejar e concretizar?

Alguns pontos permanecem obscuros sem a devida análise, tais como as capacidades de desenvolvimento preexistentes (semelhantes aos típicos softwares da informática): desenvolvimento do apego pelo convívio; aquisição da linguagem; aprendizagem do saber e formação da inteligência; constituição do jeito ético de ser; eclosão das muitas consciências; noção e sentimento espiritual, por exemplo.

Infelizmente, as discussões são travadas em planos distintos e isolados, com rara chance de conciliação. Vê-se orgulho, teimosia, fanatismo e cegueira obstruir o acesso ao merecido conhecimento. Tal sapiência é capaz, a propósito dessa reflexão, de promover maior consciência e melhor desempenho na escalada rumo à maturidade pessoal, que hoje é pobremente encontrada no convívio social.

Não obstante, é possível detectar algumas movimentações em prol de novas e interessantes perspectivas. Vinte anos atrás, o professor Phillip Johnson, da Universidade da Califórnia, reuniu alguns estudiosos de diferentes áreas para que se debatesse tão polêmico assunto. Dentre alguns aspectos lá refletidos, destacou-se que havia uma lacuna não preenchida por Charles Darwin. O fato é que, acerca da primeira vida primitiva, segundo o que se concluiu, não seria possível à seleção natural atuar antes da existência da primeira célula viva. A seleção natural só atua sobre organismos capazes de se reproduzir. Então, o que causou, inteligentemente, o início da vida? A tal indagação, respondeu-se com o que se denominou “Teoria do Design Inteligente”, condição anterior à existência. Assim, é possível atribuir, de modo mais equilibrado, à maneira de cada lado na ferrenha contenda, uma nova e mais justa explicação (ainda que temporária, pois sabemos muito pouco ainda a respeito de muita coisa) para a origem das espécies e sua evolução. Vale a pena, ainda, lembrar a afirmação de Darwin, de que não lhe parece existir qualquer incompatibilidade entre a aceitação da teoria evolucionista e a crença em Deus. Será que há um esboço, ao menos, de harmonização entre as partes concorrentes?

Cabe, pois, ponderar exaustivamente acerca de tal proposta, repensando o que somos verdadeiramente no aqui e agora, na condição de seres carecedores de considerável consciência e desenvolvimento. Mas cumpre salientar o gigantesco potencial a ser extraído por meio do necessário e pertinente exercício. Há muito mais dentro de nós do que se pode perceber, mas cabe a cada um se conhecer por meio da autoavaliação e tirar as próprias conclusões com o passar do tempo.

Publicado em 11 de março de 2014

Publicado em 11 de março de 2014

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