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O Palacete do Mimi em simbologia e significado
Prof. Dr. Eduardo Marques da Silva
Refiro-me ao erro de darem ouvidos aos aduladores, que povoam todas as cortes. É que os homens são de tal modo acessíveis à lisonja e tão facilmente se deixam por ela enganar que só com dificuldade se defendem dessa praga; e quando procuram fazê-lo, correm o risco de cair no desprezo. O melhor escudo contra a lisonja consiste em levar os homens a compreender que não nos ofendem quando nos dizem a verdade.
Maquiavel, O príncipe
Por saber importante pelas circunstâncias, meticuloso na abordagem, valorizado também pelas transformações por que passava o Município de São Gonçalo durante grande parte do século XX, principalmente entre 1917 e 1965, o presente trabalho propõe a reconstrução in memoriam do Palacete do Mimi, em São Gonçalo: imagem, espelho, emblema do esplendor e glamour da “Manchester fluminense”.
Uma vez reconstruído, permitirá que se faça funcionar um museu aberto. O município não possui espaços desse tipo e por isso defendemos aqui algo mais definitivo. Área para eventos culturais é o que não faltará; poderá ser usada para o lazer adulto e infantil, com instalações para atividades de educação física, sem falar que também constitui um excelente ponto de encontro de grupos folclóricos com o propósito de festas e festivais da população. Esse espaço, hoje entregue ao abandono, poderá abrigar também as festas comemorativas da cidade; solenidades de grande e pequeno porte em suas datas históricas; visitação turística e vários outros.
A área do extinto Palacete do Mimi, na verdade, foi um magnífico complexo arquitetônico, todo ele de beleza intimista. Antes de tudo, entregá-lo recuperado in memoriam à comunidade gonçalense será um grande presente ao bom gosto e à sensibilidade dos que apreciam o belo, principalmente no que tange ao que apresentava de histórico e artístico seu conjunto arquitetônico. Com o palacete resgatado, São Gonçalo ganhará, além de tudo, um presente visual estampado em sua imponente e privilegiada localização geográfica. Somos testemunhas dos olhares saudosos daqueles que viveram e compartilharam as festas naquela área. Todos são desejosos de ver preservada a memória histórica passada e encerrada em suas paredes que já não existem mais, mas que são vistas como verdadeiros escombros tristonhos de seu passado de esplendor.
O Palacete do Mimi simbólico representava e exprimia esplêndido período de crescimento e riqueza daquele município. Encerrava e simbolizava toda uma época de ostentação e suntuosidade da sociedade que viveu seus momentos de latente desenvolvimento, marcado por um crescimento econômico fenomenal para o período, tanto no campo agrícola quanto no industrial em todos os três modelos conhecidos até então: manufatureiro, maquinofatureiro e manomecânico (Sampson, 1996; Galbraith, 1967; Amin, 1977).
Como afirmam Becker e Egler (1998, p. 111), “no início do século XX, o Rio de Janeiro representou o melhor exemplo de crescimento industrial vinculado ao capital mercantil. Concentrava cerca de 30% da produção das indústrias brasileiras”.
Situado no 42o distrito, na Estrada do Boqueirão Pequeno na divisa do Galo Branco e Estrela do Norte, em uma destacada elevação, sua construção teve início quando o país vivia os estertores da primeira participação numa guerra de proporções mundiais (1917), e foi concluído em 1925, sendo considerado uma construção de caráter eclético (neorrenascentista e neoclássico). Obra realizada por Ernesto Primo, um comerciante de Niterói de nacionalidade italiana, simbolizou o retrato do apogeu econômico do município, um dos pontos de encontro da elite do Estado do Rio de Janeiro e palco de fatos históricos marcantes para o município e o estado.
Sua construção era caracterizada pela tendência forte ao equilíbrio das proporções em que os espaços no frontispício foram modulados, com arcadas e vãos dispostos em espaços calculados, um misto de frieza e calor no aspecto, frontões e pórticos sustentados por colunas coríntias na fachada. Sabemos que, da última década do século XIX em diante, muitos prédios foram reformados e as fachadas mudaram, mas a construção do Palacete garantia a lembrança de um híbrido na sua construção requintada, possuindo inclusive abóbada em bronze, o que para a época era um sinal de ostentação e riqueza. No aspecto externo, o palacete apresentava acrotérios, florões, guirlandas; platibandas e ornamentos decorativos que sobressaíam.
Suas paredes abrigavam um verdadeiro ecletismo arquitetônico que ia do mármore de Carrara, cristais franceses, azulejos portugueses, vitrais franceses, obras de arte, veludo italiano, corrimão dourado a ouro, móveis com madeira de lei até piscina aquecida. A construção destoava do cenário gonçalense e por isso mesmo se destacava, deslumbrando todos que a conhecessem. Havia mais 15 casas ao fundo, compondo o complexo arquitetônico. Todo esse conjunto foi testemunha de eventos memoráveis ao longo de sua existência de grande glamour.
Embora o estilo neoclássico tenha perdido espaço, pelo emprego simultâneo de vários outros no começo do século XX, as mudanças arquitetônicas no palacete representam um pacto da modernidade com as características clássicas anteriores.
Na época, uma grande renovação urbanística instalava-se na capital; construíam-se avenidas e ruas. Mesmo assim, a fisionomia do Rio Janeiro perdurou até que a especulação imobiliária veio determinar modificações completas na sua paisagem, pontilhando-a de arranha-céus (Cunha, 1970, p. 169). Porém, em sua híbrida arquitetura, o palacete apresentava-se emblemático da grandeza e requinte de uma emergente elite social gonçalense que despontava nos cenários estadual e nacional.
São Gonçalo, devido à grande facilidade de comunicação com a capital da província no Império e cidades vizinhas, foi rota importante na forte economia de abastecimento que alimentava o Rio de Janeiro no século XIX.
Graças às atividades pioneiras do Barão de Mauá, houve na cidade, no fim do Império, a duplicação de estabelecimentos comerciais e grande aumento de capitais em circulação, tanto que ao se fundar a República a contribuição ao Tesouro Nacional foi de grande importância para as bases do progresso do Brasil no século XX (Cunha, 1970, p. 87).
Essa rota seria presenteada, no futuro, com o desembocar dos trilhos da linha férrea do Brasil em direção ao interior. Refiro-me à rota Itaboraí-Porto das Caixas, local que ganhou esse nome por causa do açúcar que chegava à região em caixotes. Foram construídos importantes portos e entrepostos comerciais em suas margens, alguns secos (Alcântara era um), outros considerados molhados (geralmente à beira de rios como o Imboassu), principalmente na fase do comércio das tropas e tropeiros, épocas do açúcar e do café, sucessivamente. Portos secos eram as cidades que serviam de entrepostos comerciais à beira das estradas; os molhados, geralmente ficavam à margem dos rios ou do mar.
São Gonçalo destacava-se entre os municípios de maior índice de progresso e muito contribuía para o desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro. Desde o Império alimentou a capital com gêneros alimentícios. No passado, sua importância foi decisiva para a vida da “Cidade Maravilhosa”.
No século XX, São Gonçalo experimentou, ao mesmo tempo, um verdadeiro boom de desenvolvimento/crescimento econômico. Por conta disso, a pesca despontou em suas áreas. As indústrias pesqueiras estavam entre as mais importantes do Brasil na produção de enlatados. Entre elas, destacava-se a Indústria de Conservas Coqueiro; seus enlatados eram vendidos para diversas partes do país. Para comprovar a força desse boom, no início dos anos 1990 a Coqueiro foi adquirida pela Indústria de Farinha Quaker (Braga, 1998, p. 124).
Até a Segunda Guerra Mundial, foi o maior mercado de exportação de cítricos. Abastecia a capital com produção de rosas, exportava abacaxi e laranja seleta, considerada a melhor do mercado. Seu crescimento e sua riqueza eram tantos que em 1924 construíu-se o primeiro pavilhão para separar laranjas com fins de embarque para a Europa e Argentina, financiado exclusivamente pelos fruticultores da região em suas terras. A agricultura de abastecimento era o seu forte.
Até 1930, os produtos principais eram caju, banana, abacaxi, pitanga, laranja e goiaba. Nesse mesmo ano foi fundada a primeira cooperativa de fruticultores do município, mostrando uma força organizativa raramente experimentada por outro município que margeava a capital na ocasião.
Foi fundada a União dos Varejistas de São Gonçalo, pelo Decreto nº 230, de maio de 1930, considerada de utilidade pública e sediada na R. Coronel Moreira César, 143. O Palacete do Mimi era uma das grandes cristalizações de todo esse crescimento, em sua suntuosa e ostentatória arquitetura. Seus proprietários certamente partilharam esse momento de esplendor econômico vivido pelo município.
O palacete teve como donos Ernesto Primo, João Eiras, Ângelo Conde, General Argolo, Teófilo Baden, Joaquim de Oliveira e Emir Porto, o famoso Mimi, na década de cinquenta, que lhe deu a definitiva nomenclatura. Mimi foi o sétimo proprietário, inaugurando lá um cassino que movimentava bastante a região. Tratava-se de figura bastante influente e bem relacionada com a sociedade gonçalense, tanto da elite quanto as camadas mais populares (Mack, 1995; Marques, 2000).
Para a elite, promovia concorridos desfiles,como o de Fabiana Bangu, reunindo socialites.Era um dos sócios daCasa Pinto, tradicional loja de presentes na esquina das Ruas Visconde do Uruguai com Coronel Gomes Machado, em Niterói (Ariela, 2000). Para as camadas mais populares, promovia festas – dentre elas, a mais famosa era a do Arraial do Dia de Santana, comemorado de 26 a 29 de julho (Ariela, 2000), que abria suas portas para a participação de todos.
O palacete era muito iluminado; suas luzes, algo de especial para a população da cidade, seduziam a todos. Lá as festas eram grandes bailes com famosas orquestras, em que as pessoas, de todas as classes, dançavam diante de um enorme espelho de cristal todo trabalhado em art nouveau.
O palacete foi local da primeira reunião com artistas do Estado do Rio de Janeiro e paulistas pertencentes ao Movimento Modernista. Participaram dessa reunião Tarsila do Amaral, Villa-Lobos, Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Di Cavalcanti, entre outros. Sua importância seguramente foi ímpar nos cenários estadual e nacional.
Entre 1930 e 1940, o município experimentou um arranco industrial importante, sendo alavancado a uma condição invejável no cenário estadual.
Sobre isso, Josephson afirma:
Como podemos observar, o país como um todo experimenta um verdadeiro boom industrial nos anos posteriores até 1945: Getúlio Vargas, progresso, propulsor, com a implantação da siderurgia e a exploração do petróleo... Os milagres nos países desenvolvidos ou subdesenvolvidos não são fruto de esforços isolados, de genialidade improvisadora; nada têm com os milagres religiosos tão sobrenaturais como inexplicáveis e aliciantes (...) Tornaram possível uma evolução mais acelerada, um progresso racional, metódico e constante, uma produção organizada e dirigida, capaz de levar todo o povo – e não uma classe – ao gozo de um bem-estar permanente (1975, p. 25).
Foi tão importante que deflagrou um grande processo de imigração. O município oferecia grandes oportunidades de emprego e excelente qualidade de vida. Sua população quase triplicou (Josephson, 1975). A cultura de abastecimento proliferou e se multiplicou de forma notável. A região passou a produzir couve, alface, agrião, pimentão, repolho, nabo, maxixe e outros produtos. Destacaram-se verduras e flores.
Na época, havia riqueza, uma sociedade extremamente próspera e forte, enraizada e mais identificada com o município. O Palacete do Mimi despontava como um catalisador daqueles que vivenciavam o mundo urbano de um município próximo à capital fluminense. São Gonçalo, nessa época (maio de 1940), chegou a apresentar produtos na então tradicional Exposição Avícola de Petrópolis; seus criadores foram premiados com o primeiro lugar num concurso de amplitude nacional (Braga, 1998).
De 1940 a 1950, seu parque industrial era o mais importante do Estado do Rio de Janeiro, daí ter sido chamado de “Manchester fluminense”. Possuindo mais de 70 fábricas, distribuídas em várias especialidades, como metalurgia e transformação de materiais não-metálicos (cimento, cerâmica, químicos, farmacêutico, de papel e alimentos), cresceu uma forte burguesia do setor (Marx; Engels, 1934), com caráter patrimonialista forte, contido em sua herança cultural, definindo suas identidades.
O fenômeno é um pouco anterior, mas explodiu a partir de 1950;
com a valorização, as terras atraíram antigos proprietários e novos interessados, entre estes grileiros que delas procuravam se apossar através de títulos falsos. Esse processo se intensificou a partir da Segunda Guerra e principalmente no início da década de 1950, quando a especulação imobiliária atingiu as áreas mais próximas à cidade do Rio de Janeiro. Enquanto algumas áreas, como Duque de Caxias, passaram a abrigar parte do proletariado urbano, cada vez mais empurrado para a periferia daquela cidade, grande número de trabalhadores rurais expulsos de suas terras também migravam para o Rio outras foram utilizadas (O’Dwyer, 1982, p. 3; Gorender, 1982; Smara, 1983).
Em 1947 aconteceu o histórico casamento de Francisco Nancy e Virgínia Maria de Oliveira, genuínos representantes da elite gonçalense (Mack, 1995; Marques, 2000). A noiva era filha de Joaquim de Oliveira, um dos donos do palacete. Foi uma festa capaz de convergir atenções de todos, transformando-se num grande acontecimento social, tendo inclusive o bufê da Confeitaria Colombo.
Em 1956, São Gonçalo tinha crescido tanto que já era o sexto município do estado em arrecadação de impostos de vendas e consignações. Sua indústria tinha como principais produtos: cimento, louças, fósforos, soda cáustica, papel, vidro, cloro, aço laminado, conservas de peixe, parafusos e rebites, dentre outros. Sua pujança se refletia nas construções e na conseqüente expansão urbanística, segundo Braga (1998, p. 124), Becker e Egler (1998, p. 171). Estes afirmam:
o nível mais elevado do crescimento vegetativo brasileiro ocorreu nas décadas de 1950 a 1960 (2,9% ao ano), devido à queda do nível de mortalidade associada à industrialização.
Enquanto as casas se multiplicavam, assim como as construções mais complexas e modernas, o palacete imponentemente se destacava e capitalizava atenções e emoções nos olhares vitrificados dos transeuntes. Com o cassino, era o divertimento de toda a sociedade abastada da região.
Em 1951, o palacete foi definitivamente fechado. Sua decadência começou a se delinear quando o presidente Eurico Gaspar Dutra proibiu o jogo em todo o Brasil. A última festa realizada lá foi em 1970: o famoso churrasco comemorativo da posse do governador do Estado do Rio de Janeiro Geremias de Mattos Fontes, ex-prefeito do município de São Gonçalo.
Assim, após 82 anos da sua inauguração, sobraram, entre os escombros, apenas sonhos de esplendor, glamour e riqueza. Não podemos ficar impassíveis ao processo de corrosão e esquecimento que carcome e condena ao abandono pérolas de nossa memória histórica municipal como o Palacete do Mimi. Sabemos que ele representou uma pagina importante da história da municipalidade. Se antes era ponto de encontro da rica sociedade gonçalense e da fluminense em geral até bem pouco tempo, suas ruínas ficaram até hoje latentes na memória de sua população.
A vontade de ter de volta o “palacete in memória” fez a população cantá-lo no enredo do carnaval gonçalense de 1996. Virou símbolo do Instituto Histórico e Geográfico de São Gonçalo (IHGSG), objetivando pesquisar aspectos socioculturais da cidade em seus pontos mais importantes. Foi motivo de livro do escritor Ismael de Souza Gomes, militar aposentado, cujo título era exatamente O palacete de Mimi.
Após Emir Porto, o Mimi, sabemos que o referido palacete foi vendido para 10 médicos, que pretendiam transformá-lo em casa de repouso. Contudo, com a morte de dois deles, os demais desistiram de tocar o projeto. Daí surgiu um novo proprietário, João Márcio Filizolla,engenheiro, que pretendeu fazer dele um museu, projeto que não foi à frente também. A Construtora Mecor tinha então como projeto derrubar as ruínas e erguer um prédio de dozeandares, porém foi letra morta, não saiu do papel. Sabe-se hoje que, por meio do vereador Alfredo Ferreira, vendeu-se o terreno para um grupo imobiliário mineiro.
Waldir, morador do local, um homem de 70 anos que vive há 18 “com uma foice na mão” defendendo o local de viciados, desordeiros e outros que tentariam invadir o palacetee sua área, quase morreu e teve que conviver cotidianamente sob a lei do silêncio.
Constatamos que o palacete chegou a ser área entregue à violência e ao descaso, longe da glória e do glamour de tempos anteriores. Então por que não recuperá-lo in memória, ao menos em monumento, museu, memorial que sirva de point referencial e capitalizador de festividades tradicionais da municipalidade? Isso somente já seria um grande referencial e uma razão fortissima para impulsionar os movimentos artístico-culturais que são múltiplos no município. Não seria então algo importante realmente para a efetiva preservação da cultura do município de São Gonçalo? Não vale a pena o esforço da recuperação desse bem?
Reconstruí-lo, recuperá-lo é principalmente resgatar o transcorrer da história gonçalense de 1917 a 1970, quando surgia e se destacava como arquitetura símbolo, verdadeiramente emblemático da grandeza e da pujança da economia da região.
O hoje extinto por completo Palacete do Mimi foi sem sombra de dúvida mais que um retrato, foi um emblema do que fomos capazes de produzir de riqueza e, principalmente, do que podíamos fazer no futuro; sem exagero algum, sua preservação seria um sério e significatgivo desafio, e sua permanência entre nós seria o resplandecer do simbólico de uma época glamurosa, como vimos no semblante das pessoas que tivemos oportunidade de entrevistar. Representou para a terra do Amarantes um passado de esplendor inigualável, mas, esquecidos hoje infelizmente, glamour e riquezas consideráveis. Sua reconstrução talvez se tivesse sido aproveitada na ocasião em que era possível, quando estava em seus escombros; com certeza se constituiria hoje em um convite ao prazer visual e ao bom gosto.
Suntuoso, representaria uma amostra de toda a grandeza e do enriquecimento conseguidos durante aquela época no município, assim como também refletiria os sonhos, os ideais e a memória daqueles que enriqueciam e enriqueceram vivendo num município que, no início, era apenas uma rota comercial na economia de abastecimento da capital imperial e republicana rumando para o interior de um Brasil que se integrava cada vez mais.
Símbolo de uma terra de trabalho e conquistas que no início, sem grande importância política para a capital, começava a se destacar economicamente nas suas trilhas e trilhos comerciais, tanto no cenário estadual quanto nacional. São Gonçalo tinha no palacete uma referência pétrea, significativa da sua fase de esplendor industrial de retorno até hoje desejado.
No período de 1917 e 1960, mais fortemente, o palacete simbolizou a grandeza e o orgulho da municipalidade gonçalense, estampa física no seio da cidade de sua própria riqueza. Sua reconstrução representa a conquista de um verdadeiro cartão postal de época, de um povo, de uma cidade, principalmente pela beleza. Algo tão requintado que merece ser reconstruído.
Para destacar a relevância do que falamos, afirmamos que o Palacete do Mimi não foi somente um marco para a história municipal, mas da grandeza em nível estadual e de um estado que já foi capital nacional.
Hoje, o palácio se encontra em situação de lembrança para muitos; destaca-se não só pela lembrança de um brilho inconfundível, inegável, de beleza, quando composto pelas narrativas daqueles que conheceram, conjugado a um passado inequivocamente importante; ele acaba fazendo de sua posição geográfica algo realmente destacado, lembrado, desejado por quem ouve suas histórias de festas suntuosas. É verdadeiramente difícil entender que São Gonçalo tenha permitido relegar a uma triste história do esquecimento tão bela pagina de sua história municipal.
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Publicado em 11 de março de 2014
Publicado em 11 de março de 2014
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