Tempo de educar

Ivone Boechat

A família, a escola e a igreja são instituições que têm a responsabilidade de educar sistematicamente para a adaptação do ser humano na sociedade. Esse processo dá sustentabilidade e orienta a fazer escolhas; todavia, forças quase imbatíveis lutam noite e dia para derrubar todo argumento e os recursos educacionais, com a intenção declarada de corroer os fundamentos do que é bom, justo, moral.

O educador está vivendo uma era exaustiva de informações, numa guerra desigual, porque os valores fundamentais para uma vida harmoniosa são apedrejados ao vivo e em cores, em tempo real, integral. E ainda há famílias, no pouco tempo ficam em casa, que se ligam inescrupulosamente em coisas bizarras, com alto poder de destruição. É cansativo ficar na defesa da moralidade quando sobram pouquíssimas parcerias e referências.

Qual é o político confiável? Aquele que “rouba, mas faz?” Isso se escuta como se fosse coisa normal, aceitável... Ou é aquele que se defende dizendo: “não somos nós somente que roubamos, outros roubam também...” Os eleitores, por falta de opção, votam naquele com a ficha mais ou menos limpa. E assim vai... Como ensinar a votar? A caravana da mentira se expande, contamina e os partidos brincam do jogo das cadeiras, ouvindo a sirene da polícia, até vagar uma cadeira e aí um senta por cima do outro... Algumas vezes na cadeia.

Os responsáveis pela divulgação das religiões devem parar um pouco também e meditar sobre essa zoeira no rádio e na TV. Como fica a criança? O que o jovem está pensando de tudo isso? Desse barulho todo? Sim, muitos pensam que para anunciar as boas novas têm que usar uma aparelhagem eletrônica no volume máximo a ponto de causar surdez. O Evangelho não pode gerar confusão. Está todo mundo com sede de ouvir a Palavra e suas grandes lições com clareza, boa dicção, equilíbrio – e isso é um clamor universal, deve ser atendido por todas as denominações. Deixem as doutrinas para serem ensinadas nos templos, cada qual com a sua... Dentro do recinto. Preguem ao público a síntese do Evangelho: perdão, paz, união, fé, salvação, solidariedade. Esse é o verdadeiro milagre que deve ser proclamado com muita harmonia.

Famílias devem analisar a educação catastrófica que estão implantando nos lares. Sem disciplina é impossível educar, e o que se vê são famílias sem o mínimo de disciplina. Geralmente não têm organização nem ensinam a colaboração mínima tão necessária, tendo em vista os horários absurdos de trabalho dos pais e avós aposentados (trabalhando). A luta é incessante. Para sobreviver e sustentar os filhos e netos numa escola particular, pagar o plano de saúde e transporte, ninguém tem direito ao descanso na velhice!!!

É tempo de reflexão! Todos devem parar e contemplar o tamanho do desafio da educação. Pode-se mudar muita coisa! Então, tudo que estiver ao alcance para mudar para melhor não pode deixar ninguém tímido, com medo de incomodar, com receio de se queimar.

Mãos à obra, educador! O que está deixando transparecer é que o educador está prestes a cruzar os braços. Aí, sim, tudo estará perdido.

Publicado em 13 de janeiro de 2015

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