O aquecimento global: teorias e atores

André Luiz Rodrigues Mendes

Especialista de Geografia Física e das Populações (UCAM), graduado em História (UERJ) professor da rede estadual e particular do Rio de Janeiro

A preocupação básica deste estudo é refletir sobre as causas do aquecimento global, a partir das hipóteses que tratam da atuação do homem como agente responsável pelo processo. Analisaremos essas hipóteses com as devidas explicações. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica considerando-as, procurando enfatizar a importância da ação humana no processo. Conclui-se que essa participação não é a causa principal do processo e sim a sua amplificadora, tendo em vista que os verdadeiros causadores dessa elevação da temperatura são os crescimentos econômico, populacional e social.

Nessa perspectiva, construíram-se questões que norteiam este trabalho:

  • As ações humanas realmente são as principais causadoras do aquecimento global?
  • O que devemos fazer para minimizar os efeitos do aquecimento?
  • Qual a participação da mídia, dos cientistas e dos países capitalistas na reprodução ou não de cada teoria?

Quando se fala em aquecimento global, pensa-se que é ocasionado por uma ação humana predatória do meio ambiente. Daí a importância de estudar suas causas e de entender a real participação do ser humano nesse processo.

Vários autores conceituam o aquecimento global como sendo uma consequência da eliminação de gases tóxicos oriundos da queima de combustíveis fósseis e/ou das queimadas. Segundo Flannery (2007, p. 165-166),

A causa da mudança são dois exemplos de poluição causada pelos seres humanos – substâncias destruidoras do ozônio e gases do efeito estufa, os clorofluorocarbonos (CFCs) destroem o ozônio e o ozônio absorve a radiação ultravioleta, emitindo calor no processo. Com menos calor produzido na estratosfera, essa camada da atmosfera esfriou e encolheu. Enquanto isso, na troposfera, níveis cada vez maiores de gases do efeito estufa estão aprisionando mais calor, fazendo-a expandir. Entre esses dois efeitos, a tropopausa está subindo rapidamente.

Outros discordam e apontam o aquecimento global como sendo um período sazonal da Terra, que será seguido de um período de glaciação. Nesse caso, o ser humano teria papel de apenas agravar ou não os efeitos da elevação de temperatura.

Para Molion, “o aquecimento seria causado pela radiação solar. O Sol tem períodos de atividade máxima e mínima se alternando a cada 50 anos (ciclo de Gleisberg). Essa variação de energia emitida é que aqueceria ou esfriaria o planeta Terra”.

Desenvolvimento

Existem duas teorias sobre o aquecimento global: uma que demonstra que o homem seria o responsável pelo aquecimento; outra, que o aquecimento seria um fenômeno natural e independente da vontade humana; nesta última, o homem seria apenas um agente potencializador das altas temperaturas.

O aquecimento global é causado pela atividade humana (queima de combustíveis fósseis – carvão, petróleo e gás –, queima das florestas tropicais etc.). Por isso, os governos devem tomar medidas urgentes para salvar o mundo da catástrofe, evitando a eliminação de gases como dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e clorofluorcarbonetos, que além de tóxicos, impedem a radiação solar, potencializando o efeito estufa. Para Ayoade (2002), a capacidade atmosférica à radiação infravermelha em relação a sua transparência à radiação de ondas curtas é geralmente chamada de efeito estufa.

As principais consequências do aquecimento global vão desde desastres ambientais à inundação de áreas costeiras, com a elevação do nível dos mares decorrente do derretimento de geleiras, à desertificação de determinadas áreas provenientes da influência no equilíbrio climático (regime de chuvas e secas), afetando plantações e florestas, e o aumento da propagação de doenças contagiosas (epidemias) provenientes das ondas de calor.

[caption id="attachment_38666" align="aligncenter" width="491"]Fonte: www.google.com.br.  Acesso em 4 nov. 2014. Fonte: www.google.com.br. Acesso em 4 nov. 2014.[/caption]

Segundo Wilson Frances (1997), “o efeito estufa é talvez a mais global das várias ameaças à biodiversidade do planeta. Diferente de outras causadas pelo desenvolvimento humano, ele tem potencial para impactar todos os ecossistemas”.

O aquecimento global é real, mas trata-se de atividade solar e parte de um ciclo de aquecimento e esfriamento das temperaturas na Terra. Neste caso, não há nada que os governos possam fazer a respeito, pois, para Molion, o aquecimento se dá pela ocorrência do ciclo de Gleisberg; portanto, os humanos não podem ser responsabilizados, pois produzem menos CO2 do que oceanos, vegetações e o solo; esse autor alega ainda que o clima global já mudou várias vezes; que o nível do mar não está aumentando, que o gelo do planeta não está derretendo; por isso tudo, conclui que o aquecimento não é causado pelos homens e sim pelo fato de ser um período de elevação de temperaturas. E o mais grave: cita ainda que foram descobertas fraudes nos relatórios sobre mudanças climáticas (IPCC) (ver o documentário The Great Global Warming Swindle (2007), com consultoria de Luiz Carlos Molion, do Instituto de Ciências Atmosféricas da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), disponível em http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-sao-os-principais-argumentos-contra-a-teoria-do-aquecimento-global).

Conclui-se que o aquecimento global tanto é necessário para a manutenção da vida em nosso planeta quanto é um fenômeno natural de alternância de ciclos de elevação e de resfriamento, embora as temperaturas estejam sendo potencializadas por atividades antrópicas, como ocupação de áreas verdes, que são devastadas para a construção de casas de concreto; a interferência do homem no ciclo da água, diminuindo a umidade do ar, proporcionando redução dos agentes absorvedores de CO2 e aumentando a quantidade das chamadas ilhas de calor.

Ilha de calor é a designação dada à distribuição espacial e temporal do campo de temperatura, dai a origem do nome ilha de calor. Há um contraste térmico entre a área mais urbanizada e a menos urbanizada ou periférica, que inclusive pode ser área agrícola. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_de_calor. Acesso em 4 nov. 2014.

[caption id="attachment_38667" align="aligncenter" width="350"]Fonte: www.google.com.br.  Acesso em 4 nov. 2014. Fonte: www.google.com.br. Acesso em 4 nov. 2014.[/caption]

Entretanto, uma parcela da sociedade teima em transformar a realidade, como alguns cientistas; segundo Oliveira e Ferraz (s/d, p. 5), “a ciência, nem sempre praticada por cientistas éticos e cordatos, aparece como porta-voz da verdade definitiva e não como sujeitos de processos de investigação, debate, argumentação e controvérsias”.

Além dos pesquisadores, a mídia contribui para esse processo porque está interessada em matérias apocalípticas que promovem venda de jornais. Segundo Krentz (1995),

não é certo qual o efeito líquido que o aquecimento do globo terrestre terá sobre uma certa região. Esperam-se modificações marcantes dos esquemas de precipitações pluviais, o que levará à desorganização da agricultura, do comércio e da economia mundial. A expansão térmica do oceano, provocada pelo aquecimento do globo, e o descongelamento parcial da massa de gelo continental provavelmente provocarão elevação do nível dos mares. As áreas costeiras e continentais baixas, onde vive grande parte da população do globo, sofrerão severas repercussões de natureza social, econômica e ambiental.

Ou quando não divulga fatos relatados como o que diz Conti (2005), que informa que o vapor d’água é responsável por consideráveis 60% do efeito estufa. Logo, é pertinente deduzir que, com o aumento da temperatura, eleva-se também a evaporação e, consequentemente, há acréscimo na concentração do vapor de água na atmosfera, que, dessa forma, tornar-se-á um dado positivo.

Existe ainda outro personagem, que tem participação dúbia nesse processo: os países desenvolvidos. São os principais poluidores por gases do efeito estufa; por isso não assinam protocolos de emissão de gases, porém compram dos países em desenvolvimento as chamadas “unidades de redução”, que permitem que o país possa continuar emitindo CO2 sem sofrer sanções.

Conclusão

Pode-se concluir que a temperatura mundial tem apresentado elevação natural; porém, quando ocorrem crescimentos populacional, social e econômico, a ação antrópica contribui para a elevação da temperatura porque:

  • Altera a função ecológica: diminuindo a umidade relativa do ar, diminuindo a redução da poluição atmosférica e da absorção dos gases tóxicos, aumentando as ilhas de calor, reduzindo a velocidade dos ventos e afetando o processo de evaporação/transpiração;
  • Ocupa áreas impróprias ou que outrora possuíram áreas verdes: causando desmatamento e/ou reduzindo, com isso, o sombreamento;
  • Promove crescimento urbano desorganizado e de maneira irracional.

Muitos são os atores envolvidos nesse processo, cada um possui um interesse específico para defender uma ou outra teoria, mas há sempre um interesse, geralmente econômico, por trás de toda decisão final.

Referências

ARAÚJO, A. C. P. Como comercializar os créditos de carbono. São Paulo: Trevisan Editora Universitária, 2007.

AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. 8ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

CONTI, J. B. On global climatic changes. Revista do Departamento de Geografia, nº 16, p. 70-75, 2005.

FILIZOLA, Roberto. Geografia – Coleção Vitória Regia Ensino Médio. 2ª ed. São Paulo: Ibep, 2005.

JOKURA, Tiago. Quais são os principais argumentos contra a teoria do aquecimento global? Disponível em: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-sao-os-principais-argumentos-contra-a-teoria-do-aquecimento-global.

KRENZ, Jerrold H. Balanço de energia da Terra e o aquecimento do globo terrestre. In: TIPLER, Paul. Física, v. 2. 3ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 1995. p. 244 -247.

MOLION, L. C. B. Considerações sobre o aquecimento global antropogênico. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 29, p. 7-18, 2008.

MOLION, L. C. B.Mitos do aquecimento global. Revista Plenarium, v. V, p. 48-65, 2008.

MOLION, L. C. B.(consultor) The Great Global Warming Swindle (documentário). 2007.

OLIVEIRA, Sinval Martins de; FERRAZ, Caio Mário Leal Ferraz. O efeito estufa e o aquecimento global na mídia e na escola: uma abordagem conceitual.

Publicado em 27 de janeiro de 2015

Novidades por e-mail

Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing

Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário

Deixe seu comentário

Este artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.