O afeto como instrumento primordial na atuação do educador físico com crianças e jovens de comunidades carentes

Marcelo Bittencourt Jardim

Educador físico, psicomotricista, especialista em Psicomotricidade (IBMR)

Este trabalho investiga a história da comunidade carente onde o programa social com atividades coletivas e individuais está inserido e o desenvolvimento da Psicomotricidade Relacional na atuação profissional do educador físico. O trabalho engloba, ainda, o discurso de autores sobre a Psicomotricidade Relacional nas comunidades e o aspecto positivo dos programas sociais implantados nessas comunidades carentes, por meio de revisão bibliográfica. Também foi abordada a área de intervenção da Psicomotricidade na vida dessas crianças desfavorecidas: a educação, a reeducação, a parte psicomotora e psicoafetiva dessas crianças. Observamos a importância do afeto e do movimento na formação do educando, que faz toda a diferença para uma mudança de conduta, de atitudes e de interesse nas aulas. O trabalho aponta o lado afetivo positivo do educador físico como possibilidade de acesso às crianças problemáticas, tímidas, deficientes e pouco sociáveis, que sofrem com o descaso social e pela falta de uma família minimamente estruturada. Demonstraremos que a família pode influenciar positiva e negativamente na formação desses jovens que passam por problemas sociais e afetivos e que a intervenção do educador é fundamental na formação dos mesmos, enaltecendo que o afeto é importante para dar segurança, demonstração de carinho, cuidado, atenção e crescimento pessoal (amadurecimento na vida) para esses jovens. Este trabalho, assim, pretende mostrar a importância que a Psicomotricidade Relacional exerce na vida e no dia a dia das crianças que residem em comunidades carentes e que o educador é uma figura muito influenciadora, positiva ou negativamente, na vida dessas crianças, que o movimento e o afeto são aspectos básicos fundamentais para a formação do sujeito.

A escola tem papel de importância muito grande na formação do sujeito, principalmente nos segmentos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, porém pela minha prática profissional tenho observado que a instituição “Escola” está perdendo força ao longo dos anos.

Sou educador físico de um programa social em um lugar de risco, onde há predominância do tráfico, da prostituição e da ociosidade, conhecido por nós como comunidade carente. Exerço a função de coordenador de núcleo do Ministério do Esporte do Governo Federal e vivencio essa realidade nas “favelas” onde desenvolvo meu trabalho, atuando com crianças e adolescentes na faixa etária entre cinco e dezoito anos.

Este estudo surgiu da minha percepção em relação ao papel que exerço na vida dessas crianças e jovens dentro da comunidade e da escola e do quanto a ciência da Psicomotricidade pode servir como instrumento mediador e formador do sujeito em seu aspecto biopsicossocial. Pretendo, pelo relato de experiência e revisão bibliográfica, enfatizar a importância da atuação especializada como diferencial na qualidade de vida desses jovens.

Vejo que a escola está sendo uma das últimas opções de escolha dos jovens da periferia por vários fatores: pela falta de incentivo à educação pelo Estado, pela má formação dos profissionais irresponsáveis e “acomodados”, pela falta de estrutura das escolas, pela forma como esses jovens estão sendo efetivados a cada ano letivo (aprovação automática) e, por fim, pelo Estado, que não se importa com essa situação.

Utilizo as iniciais do nome das crianças citadas para manter sigilo.

Os jovens não estão sendo atraídos mais pela educação; já acompanhei de perto meninos com 14 anos que não sabiam ler, mas estavam frequentando a escola e sua série normalmente. Um deles, DM, dizia: “Vou quando eu quero para escola, sei que vou passar direto mesmo, não posso repetir”. DM tem 14 anos, estuda em um CIEP em uma comunidade carente de Niterói e é meu aluno no programa social. Outro depoimento é de AG, uma criança de 11 anos, que cursa e está matriculada na terceira série (quarto ano) em uma escola municipal, também de uma comunidade carente em Niterói e minha aluna no programa social, que relatou: “Tenho dificuldade na escrita e não sei ler, mesmo assim estou sendo aprovada”.

O aluno é considerado infrequente, com faltas acima de 50%, mas na prática esse percentual é ultrapassado. Essa porcentagem é permitida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº 9.394/96), em vários artigos:

Art. 5/III- Zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola. Art. 12/VII - Informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica. Art. 24/V (a- avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b- possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c- possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado; d- aproveitamento de estudos concluídos com êxito; e- obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos).

eleições.uol.com.br - Acesso em 11 set. 2011.

Em um debate promovido pelo portal UOLe pelo Folha de S. Paulo em 17 de agosto de 2010, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, considerado pela Época um dos 100 brasileiros mais influentes, voltou a defender o sistema de “aprovação automática” na rede pública. Segundo Alckmin, “Não está errado, porque o aluno está na escola para aprender e não para ser reprovado. A escola é para ensinar”. Sem reprovação, o déficit escolar diminui, surgindo assim vagas nas escolas sem necessidade de criar um número maior de estabelecimentos de ensino; isso vai acarretar economia para o Estado.

Ao mesmo tempo que o Estado economiza, há enorme prejuízo no futuro dessas crianças e das famílias que não têm condições financeiras de arcar com mensalidades no ensino privado. Na cidade do Rio de Janeiro, a aprovação automática foi afastada no final de 2007, mas existem escolas que ainda fazem esse efeito maléfico no estado, mas não são divulgadas.

Este trabalho pretende mostrar a realidade da educação na periferia, o objetivo dos programas sociais nas favelas, a população descrita e a importância do afeto como instrumento primordial na atuação do educador físico e o seu papel na vida dessas crianças e jovens no processo ensino-aprendizagem; mostraremos possíveis caminhos para termos êxito nos locais de vulnerabilidade e risco social.

A atuação do educador físico com crianças e jovens de comunidades carentes

Na minha prática profissional, procuro dar atenção a essas crianças e jovens que precisam de carinho e amor, pois vejo nelas a marca de tristezas, sofrimentos e abandonos pelos pais e pelo Estado.

Agrego valor a elas objetivando aumentar sua autoestima, com reconhecimento de seu potencial e sua crença no futuro; partindo do ensino de princípios morais e éticos, como o respeito ao próximo e a honra a suas famílias, por mais dificuldades que elas possam enfrentar no dia a dia.

Desenvolvo atividades físicas e educacionais baseadas no objetivo geral da Psicomotricidade, como a descoberta do corpo e a capacidade do seu movimento, a descoberta dos outros e do meio ambiente, como por exemplo, “Do eu” (meu mundo), “mundo dos objetos” e o “mundo dos outros”. A Psicomotricidade, que é a ciência cujo objeto de estudo é o homem e o seu movimento, está fundamentada em três aspectos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. A Psicomotricidade oportuniza ao educando crescimento e grande significação em sua vida (SBP, 2003).

A inatividade motora das crianças é cada vez maior, levando a uma espécie de analfabetismo motor, ocasionado por sedentarismo, fatores nutricionais, “correria do dia a dia” e pela tecnologia que está avançando (vídeogames, computadores e sites de relacionamento), assim como por escolas que estão dando mais ênfase ao estudo do que à prática de atividades físicas.

Todos esses fatores estão deixando as crianças sem uma verdadeira infância e impondo a elas uma vida adulta cada vez mais precoce. As atividades de movimento levam o educando a entender a sua movimentação; quanto maior a variedade de propostas, maior é o interesse da criança em aprender e a praticar uma atividade física.

Abordaremos neste estudo os elementos que compõem o conhecimento do corpo e que são desenvolvidos na organização motora de base. São eles: imagem corporal (o sentimento que a criança tem do seu corpo); conhecimento do corpo (o conhecimento intelectual que a criança ou o indivíduo têm do seu corpo e de cada função); esquema corporal (a união das relações anteriores com os dados do mundo exterior) (MENDES; FONSECA, 1988).

As atividades psicomotoras devem desenvolver o corpo todo, ter desenvolvimento global “geral” e múltiplas experiências, “vivências ao decorrer da vida”, que a criança tem por seu próprio corpo e movimento. As práticas psicomotoras podem desenvolver-se em contextos de ação diferenciados, em função da origem, história e caracterização do sujeito nas suas dificuldades e possibilidades e do contexto de intervenção pelo educador físico.

Procuro desenvolver na prática atividades de iniciação esportiva como atividades coletivas: futebol, basquetebol, voleibol e handebol; atividades individuais, como atletismo, jogos de memórias, jogos de botão, damas, xadrez; abordaremos as atividades desenvolvidas na atuação de cultura e reforço escolar com disciplinas de Matemática e Português baseadas em atividades com estafetas e circuitos por meio de aulas lúdicas e centradas no desenvolvimento psicomotor da criança, como: lateralidade, percepção de tempo e percepção de espaço, ritmo, equilíbrio, percepção óculo-pedal e percepção óculo-manual, percepção visual, atenção, cognição e concentração.

Desenvolvendo na criança também os estágios da aprendizagem motora e suas características, como cognição, a criança efetua os movimentos com erros grosseiros, só que ela não consegue visualizar seu erro nem corrigi-lo. No associativo, a criança efetua o movimento com erros grosseiros, visualiza o seu erro, mas não consegue corrigi-lo. No autônomo, que é o terceiro estágio da aprendizagem motora pelo indivíduo, o indivíduo efetua os movimentos com erros grosseiros, visualiza seu erro, onde errou e consegue corrigi-lo, mas esse estágio não entra pela idade das crianças. E suas valências físicas e a flexibilidade (que é a capacidade das articulações moverem-se com grande amplitude de movimento), e a socialização entre os alunos e o professor.

Daremos destaque ao papel do professor no desenvolvimento do indivíduo, porque somos espelhos para essas crianças e jovens; com nossas ações e condutas podemos formar indivíduos sem limites e desinteressados ou formar indivíduos com limites, interessados e com potencial para o convívio social. Devemos ter a sensibilidade de ver com rapidez e destreza as situações e dificuldades de cada sujeito para intervir como profissionais humanizados.

Ao longo de minha experiência desenvolvendo trabalhos em comunidades carentes, percebi que o afeto é o aspecto primordial para ter êxito. Cada abraço que efetuo nas crianças exerce uma mudança de comportamento; percebo em seus olhos e em seus sorrisos a esperança em uma vida melhor, sem criminalidade e sem violência e, ainda, que a comunidade necessita de investimento na educação e em sua infraestrutura.

Os programas sociais nas periferias

A sociedade contemporânea passa por um momento contraditório: ao mesmo tempo que observamos o avanço da tecnologia, da ciência, do aumento da expectativa de vida e da melhoria da qualidade de vida, entre outros indicadores, nas comunidades a realidade é diferente. Por exemplo, a economia não tem o mesmo vigor, a saúde não tem a mesma qualidade, problemas sérios na habitação e poucas perspectivas de trabalho. Muitos dos moradores das comunidades são atendidos pelos programas Bolsa Família e de moradias populares, programas que, na prática, geram a dependência do cidadão em relação ao governo. Observa-se também o contraste social vivido por uma significativa parcela da população em constante contato com indicadores sociais que colocam em risco o bom desenvolvimento do ser humano (TOMAZI, 1993).

Convém destacar que as desigualdades sociais não são obras do acaso, mas construções sociais, resultado de um conjunto de relações que abarcam as estruturas econômicas, políticas e educacionais, entre outras. Do ponto de vista econômico, percebemos a exploração demasiada do trabalho e do trabalho infantil e a concentração de renda. Do ponto de vista educacional, observamos um afastamento vertiginoso da população mais carente das instituições do estado e do município, acarretando com isso grande índice de analfabetismo, mesmo com os alunos frequentando as escolas, além de uma grande falta de interesse deles em continuar os estudos depois de completados (TOMAZI, 1993).

O crescente estado de miséria, as disparidades sociais, a extrema concentração de renda, os salários aviltantes, o desemprego em massa, a fome absoluta que agride o povo mais carente, a desinformação, o analfabetismo, a violência, entre outros, são formas de expressão da gravidade a que chegaram as desigualdades sociais no Brasil (MERLEAU-PONTY, 2006). Segundo Carvalho (2004, p. 1),

os programas sociais nascem do desejo de mudar uma realidade, os projetos são pontes entre o desejo e a realidade. São ações estruturantes e intencionais de um grupo ou organização social que partem da reflexão e do diagnóstico sobre determinada problemática e buscam contribuir de alguma medida para outro mundo possível, com menos criminalidade, menos desordem, e possibilitar mais oportunidades àqueles que são excluídos da sociedade.

Os programas sociais mostram as iniciativas governamentais que priorizam o fenômeno esportivo como potencializador e mediador de elementos educativos que podem favorecer uma reflexão crítica sobre os diferentes contextos de riscos sociais, bem como minimizar o tempo de exposição de crianças e jovens aos efeitos nocivos da violência, da ociosidade, dos desajustes familiares, do tráfico de drogas, da prostituição, das carências alimentares, da falta de afeto, entre outros elementos que convergem para a destruição da dignidade humana, como os riscos sociais que são todas as situações que expõem a vida das crianças e adolescentes ao perigo constante (BRASIL, 2005).

Diante da miséria não podemos cruzar os braços fatalistamente, esvaziando nossa responsabilidade no discurso cínico e “morno” dessa maneira, que fala da impossibilidade de mudar porque a realidade é mesmo assim. O discurso da acomodação e da falta de caráter de muitos políticos, o discurso da exaltação do silêncio imposto de que resulta a imobilidade dos silenciados, o discurso do elogio da adaptação tornada como fado ou sina é um discurso negador da humanização de cuja responsabilidade não podemos nos eximir (FREIRE, 1996, p. 76).

O fundamento de um programa social tem como foco o esporte como meio de inclusão social e socialização entre os alunos beneficiados e suas famílias, realizando eventos de integração na comunidade, desenvolvendo o respeito mútuo, a cooperação e a solidariedade, permitindo que crianças e adolescentes participem de atividades educacionais, esportivas, lúdicas e recreativas para ocupar o tempo ocioso.

O programa social tem como um dos princípios fundamentais a universalização da prática esportiva e a inclusão social, tendo no esporte educacional um meio para contribuir no desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, a partir da perspectiva de inclusão para o desenvolvimento das atividades, abrir novas oportunidades para a formação e o exercício pleno da cidadania, para a valorização da vida (BRASIL, 2005).

A inclusão pelo esporte tem como foco a relação social com o corpo e com as diferenças, que podem ser físicas, sociais, religiosas e materiais, desenvolvendo os temas transversais em palestras, passeios e nas aulas, pois historicamente a Educação Física e o próprio esporte veiculam a ideia de corpo saudável que estimula a noção de eficiência, privilegiando a integridade física, funcional do corpo, uma mistura de etnias e de estrutura social, respeitando as regras, entre outros valores vivenciados no cotidiano da prática esportiva, para a convivência harmoniosa e o fortalecimento da autodeterminação e autoestima de um povo (BRASIL, 2005).

Segundo Porto (2006), a inclusão é um dos possíveis caminhos que a sociedade tem para vir a mudar alguns conceitos e valores sobre os seres humanos na sua relação estreita com o outro e com o mundo; ao observarmos outra pessoa somos capazes de identificar e enumerar várias diferenças físicas, motoras, sensitivas, afetivas, emocionais, sociais e cognitivas existentes entre nós, bem como o modo como nos relacionamos com nós mesmos, com os outros e com o ambiente.

Valorizar as capacidades do ser humano individualmente, respeitar os direitos e os deveres de todos sem exceção, aceitar as limitações inspirando-se na ética da diferença, criar condições e possibilidades reais para que todos possam participar e se envolver em todas as situações, mudar os sistemas já criados e institucionalizados são alguns pressupostos da inclusão social e da educação nos programas sociais (LE BRETON, 2006).

A educação na comunidade carente

Pela falta de investimento na educação por parte do Estado, as comunidades carentes acabam padecendo e vivendo uma realidade precária no ensino. Isso acarreta baixa autoestima de crianças e jovens na aprendizagem e na vida pessoal, pois as escolas estão sempre entrando em greve ou “paralisações” por aumento dos salários dos professores.

Muitas escolas são mal administradas pelos seus diretores e coordenadores, que pensam no seu próprio benefício. Um exemplo disso são os profissionais que, ao invés de dar boa qualidade de alimento na hora do almoço e do lanche, dão o “resto” para as crianças e jovens, enquanto alimentos são distribuídos entres os próprios funcionários ao invés de serem distribuídos para os alunos que precisam e têm direito. Excluem-se as crianças e jovens que, por sua vez, não têm, às vezes, o que comer ou estão indo à escola para fazer suas refeições diárias pela falta de alimentos em sua casa. Esses servidores acabam monopolizando os melhores alimentos e ainda tomam posse, levando para seus lares.

Essa é a realidade de muitas comunidades carentes e de escolas do estado e do município, o que, infelizmente não é abordado. Com isso, essas escolas acabam comprometendo toda a sua estrutura educacional, gerando alunos sem limites, desinteressados pelas aulas, e muitas dessas crianças ficam ociosas e à mercê do tráfico de drogas.

Quando falta água nas escolas estaduais e municipais os alunos são dispensados das aulas, e isso cria um impacto e um bloqueio muito grande na vida dessas crianças, principalmente na parte intelectual e afetiva, gerando uma visão deturpada de que o estudo e a instituição escola não são um lugar de aprimoramento, não servem para um bom desenvolvimento em suas vidas, para um bom crescimento intelectual para o futuro.

Outro fator é que essas crianças e jovens têm o exemplo negativo de seus familiares. Em muitos casos, seus pais, mães e irmãos não almejam um futuro profissional que inclua o estudo depois da sua formação básica escolar, pois essas pessoas passaram pelas mesmas situações adversas. Assim, esses indivíduos acabam presenciando pessoas ociosas que vivem ao seu redor e, com isso, elas ficam à mercê da criminalidade e de más companhias (amizades), comprometendo totalmente seu futuro.

Segundo Oliveira (2009), os educadores físicos têm a obrigação de desenvolver e ensinar a justiça, a moral, a ética, a cooperação e a solidariedade. E estimular o conhecimento de outras disciplinas escolares por meio de atividades lúdicas e recreativas, ministrando aulas com temas transversais na própria aula de Educação Física nas escolas e passeios que despertem o interesse dos alunos, pois o motivo principal do desinteresse das crianças e jovens das comunidades está relacionado com o fato de a escola estadual ou municipal não estar atraindo o jovem com didáticas novas e sem profissionais que estejam realmente interessados em educar e preparar os jovens para possíveis dificuldades que irão encontrar e enfrentar em suas vidas, seja a vitória e a derrota/sucesso e o fracasso.

Esses indivíduos estão ingressando para o mundo do tráfico de drogas cada vez mais cedo, e com isso estão traçando caminhos prejudiciais para suas vidas. Um caminho é a prisão, conhecida por nós como “cadeia”, de dezoito anos de idade em diante; tendo menor idade, esses jovens vão para internatos de crianças infratoras, como o Degase.

O outro caminho é a morte, falecimento pelo confronto com a polícia ou entre o próprio tráfico, guerras de “facções” para dominar a localidade, “a comunidade”, e, também, confronto com os milicianos que estão tomando posse das comunidades nos lugares dos traficantes, fingindo pacificar o lugar com uma doutrina firme, “uma lei” sem tráfico de drogas, “bocas de fumo” e sem furto na comunidade, cobrando possíveis taxas da população para fazer a proteção do lugar.

Muitas comunidades padecem pela falta de interesse dos próprios moradores e das próprias crianças e jovens, acomodando-se com a realidade em que vivem. Nos raros casos em que são atendidos pelos governantes, parte significativa desses moradores acaba não dando valor aos trabalhos implantados, que dão oportunidades de estudo, de terem uma alimentação gratuita nas escolas, programas sociais para a prática de atividades físicas e aprendizado de modalidades coletivas e individuais, assim como programas de cultura, como cinemas e teatros gratuitos para entretenimento. Tem favelas que acabam perdendo essas oportunidades e ficam à mercê do tráfico; um exemplo disso são as comunidades que não querem as UPPs – unidades de polícia pacificadora (MELLO; PERES, 2009).

Na maioria das vezes, crianças e jovens mais desfavorecidos das favelas são alvos de brincadeiras que os deixam constrangidos e abalados emocionalmente, levando-os a se ausentar até do programa social em que estão inseridos. Como exemplo, um relato do aluno GM sobre agressão verbal que fizera ao seu colega mais pobre: “pelo menos tenho comida em casa! Não venho aqui para o projeto só para comer! Pelo menos tenho roupa nova! Não ando sujo e com a roupa rasgada, seu mendigo!”. O papel do educador físico é intervir com afeto nesse momento para tentar resolver essa situação.

Os educadores físicos têm uma parcela positiva na vida dessas crianças e jovens, pois, depois de seus familiares, os educadores são as pessoas mais próximas delas, via programas sociais e de aulas de Educação Física nas escolas do estado e município. Com isso, os professores podem ser fator de grande valia e referência para formação do educando, intervindo na vida desses indivíduos, mostrando que eles podem trilhar o caminho do estudo, almejar um bom emprego, construir futuramente família com valores e de ter uma vida melhor.

O perfil da população descrita

A população descrita é composta por 33 crianças e jovens do sexo feminino e 84 crianças e jovens do sexo masculino. Ao todo são 117 crianças cadastradas e ativas no programa social, com idades entre cinco a dezoito anos.

Na parte da manhã, 58 crianças são atendidas no primeiro horário, das 9h às 11h, divididas por bandeiras, pelas idades e alturas. A bandeira A é composta por 28 crianças com idades entre cinco e sete anos, e a bandeira B é composta por 30 crianças com idades entre dez e quatorze anos.

Durante a tarde, 59 crianças são atendidas no segundo horário, das 13h às 15h, e são divididas por bandeiras, pelas idades e alturas, a bandeira A é composta por 25 crianças, com idades entre oito e doze anos; a bandeira B é composta por 34 jovens com idades entre quatorze e dezoito anos.

Essas crianças e jovens são beneficiados, três vezes na semana, às quartas, quintas e sextas-feiras. Ao término das aulas, no período diurno e à tarde, essas crianças recebem reforço alimentar que, no papel, é composto por suco da fruta, sanduíche com frios ou biscoito recheado e fruta. O lanche é gratuito, e as crianças que recebem estão inscritas e participando do programa. Na verdade, muitas vezes as frutas são podres, o suco de fruta é substituído por suco industrializado e de preço baixo, o pão e os frios estão mofados.

Além disso, são todos moradores de comunidades e residem em seis favelas: nos morros da Maminha, da Nova Brasília, do Marítimo, do Castro, da Cova da Onça e da Hortinha. Essas comunidades estão localizadas no bairro de Tenente Jardim, na cidade de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro; todos são beneficiados do programa social, cadastrado pelo Ministério do Esporte do Governo Federal. São crianças e jovens que cursam e estão matriculados em escolas das redes estaduais e municipais de ensino em Niterói e São Gonçalo e padecem do descaso social pelo Estado a qual suas famílias estão inseridas.

Uma parte da população apresenta problemas familiares e outra é formada de famílias minimamente estruturadas, de pais divorciados; uma grande parte dessas crianças tem pais, irmãos e parentes detentos em presídios do Rio de Janeiro; “estão cumprindo pena em regime prisional”, como a Penitenciária Laércio da Costa Pellegrino, conhecida como presídio de Bangu I e unidades do complexo de Gericinó.

A família é uma importante instituição e um pilar na formação do indivíduo no caráter e nas construções de valores morais, éticos e afetivos. É onde se pode e se deve encontrar espaço para conversas, questionamentos, desabafos, diálogo, na busca da superação de circunstâncias, problemas, conflitos de convivência entre irmãos, pais e na elaboração cotidiana do respeito mútuo.

Com esses problemas familiares, o encargo de educar as crianças e prover os recursos materiais e alimentícios fica subordinado, muitas vezes, às mães, que abraçam essa responsabilidade sozinhas, pois seus cônjuges estão encarcerados em penitenciárias ou envolvidos com o tráfico. Quando não conseguem sozinhas, os avós ajudam na criação das crianças e financeiramente, pois as mães vão para o trabalho e não têm condições de contratar empregadas domésticas para cuidar de seus filhos, mas muitas vezes elas deixam as crianças em programas sociais como se fossem creches.

Muitas crianças e jovens ficam à mercê da ociosidade e do tráfico de drogas. Muitas dessas drogas já estão fazendo parte, cada vez mais cedo, da vida dessas crianças; são drogas como maconha, cocaína, crack e, agora, óxi, uma droga devastadora que mata o usuário mais rapidamente.

Sabemos que a educação pode influenciar muito o educando, mas as “favelas” foram criadas por pessoas de poder aquisitivo baixo e por indivíduos de outros estados e cidades que vêm para os grandes centros do Brasil, como Rio de Janeiro e São Paulo em busca de uma oportunidade melhor de emprego para poder sustentar suas famílias, mas são poucos os que conseguem ascensão financeira, e com isso são obrigados a procurar um lugar mais barato para morar e para pagar aluguel. Por causa disso, começaram a surgir as favelas; muitos indivíduos trazem consigo suas culturas e famílias, que, por sua vez, se agregam nesses locais. Existem periferias que são praticamente congregadas por enormes números de familiares.

Nas comunidades carentes eles impõem suas próprias culturas, criando um conjunto de atividades e modos de se portar, de agir, de costumes, de tradições e acabam instruindo e influenciando toda uma localidade. É o meio no qual o indivíduo se adapta e transforma a realidade do lugar; eles criam um novo linguajar, um novo estilo de se vestir e andar estimando sempre uma marca de roupa e de calçado, que é abraçada pela comunidade. Parece que é uma cidade dentro de outra cidade. Um exemplo disso é o morro da Rocinha, conhecida como a maior favela da America Latina, situada em São Conrado, um dos bairros mais nobres do Rio de Janeiro.

Uma crescente parte da população se veste com a mesma marca de roupa, grife, escuta as mesmas músicas, o funk e o funk proibido, que é uma música que exalta o tráfico, as letras são obscenas, falam de prostituição, drogas, armas, difamam a policia e agridem verbalmente os policiais, chamando-os de “vermes”. Existem alguns costumes de higiene e da educação muito ruins, de jogar lixo no chão em todos os lugares e ambientes, que acabam influenciando e dominando os padrões sociais dessas crianças e jovens.

Algumas meninas das comunidades sempre andam com o mesmo tipo de roupa, com o short muito curto e blusas acima da cicatriz umbilical, se envolvem em relacionamentos com idades bem baixas e têm relações sexuais prematuramente, chegando a ser possíveis mães muito novas. Isso, dentro do contexto familiar e na própria comunidade, aparenta ser um status, e quando acontece a gravidez acabam desistindo dos estudos para cuidar dos filhos; isso acontece na maioria das vezes por terem presenciado esses acontecimentos com pessoas muito próximas, como parentes e às vezes suas próprias mães.

Uma extensa parte dos meninos das periferias utilizam roupas de grifes, bermudas e bonés. Eles deixam os bonés sempre com a aba reta sem dobras, e usam praticamente as mesmas camisas que os outros rapazes andam, sempre da mesma marca ou então a marca que a facção criminosa costuma usar na comunidade, como se fosse uma camisa de time de futebol, para indicar qual facção manda na localidade. Uns usam a cor vermelha, outros a cor azul e branca. Eles adotam sempre uma marca de roupa e uma cor para se comunicar e para se indicar; vestem roupas das marcas HBS, Adidas, Cyclone e Nike e usam o mesmo tipo de sandálias, Kenner.

Esses rapazes se envolvem bem novos em relacionamentos e acabam sendo pais prematuramente, pois na comunidade essa prática aparenta status de pegador, de homem requisitado por ficar com várias meninas, e com isso acabam desistindo dos estudos e arrumando um trabalho para começar a cuidar de uma família. Essa é uma realidade que influencia muito os jovens das periferias, pois isso acontece ou aconteceu com pessoas próximas, como parentes, por vezes com seus próprios pais, e esses jovens já começam a criar responsabilidades de serem provedores de uma família.

Alguns jovens gostam de se comportar e falar como traficantes (falando as “gírias dos bandidos”), porque aparentemente impõem respeito no seu grupo social e de amizades e gostam de se vestir como se fossem traficantes, pois veem neles o poder e o medo que as pessoas das periferias sentem e por que se submetem.

Os traficantes parecem jogadores famosos de clubes de futebol da Série A, da primeira divisão do Campeonato Carioca. Essas crianças veem os “bandidos” como fossem ídolos, pessoas importantes, famosas e bem-sucedidas. Os traficantes, para as crianças das comunidades, são vistos como autoridade maior, e os policiais são vistos como a sociedade olha para os traficantes: como a escória. Ou seja, os traficantes, para as crianças, são como os “policiais”; os policiais, para as crianças, são como “bandidos”.

Esses adolescentes ficam deslumbrados por esse poder e respeito, pois nas periferias esse poder atrai as meninas, e eles observam esses criminosos com motocicletas, roupas e tênis de marcas, cordões e anéis de ouro, rádios e celulares de preços elevados, o que aparentemente oferece um tipo de “poder” ali onde esses marginais estão inseridos e pelo dinheiro fácil. Muitos ganham até mais que seus próprios pais; com isso muitos ingressam nesse caminho sem volta e acabam falecendo antes de completar seus dezoitos anos de idade.

Muitas favelas padecem na penúria, pela falta de infraestrutura, e têm uma educação que não é muito valorizada pelo município e pelo estado. Um dos motivos apontados pelos moradores é a desatenção da classe política, que não é capaz de cumprir suas promessas depois de ser eleita pelos habitantes das comunidades, que são esquecidos.

Muitos são preconceituosos em relação à classe social. Os que residem em casas que ficam nas proximidades do asfalto, nas ruas das comunidades, são intitulados “playboys”, pessoas que possuem poder aquisitivo superior aos demais, e essas crianças e jovens estudam em escolas privadas. Os que moram em morros, “favelas”, são vistos como pobres pela própria comunidade, e muitos deles estudam em escolas municipais e estaduais.

Por isso, muitas comunidades vivem e continuam padecendo da falta de informação e de apoio, na pobreza e no mundo que acham que é o certo para eles. Uma criança de 15 anos, meu aluno no programa social, morador do morro da Maminha, em Niterói, expressou: “Porque vou ajudar? Não me ajudam em nada! Aqui no morro, professor, ninguém ajuda ninguém!”.

A importância do educador físico na comunidade carente

O educador físico tem que ensinar às crianças o que é a qualidade de vida. E que a educação engloba os processos de ensinar e aprender. Tentando apagar a marca que o papel do professor nas escolas e nos programas sociais é de acomodação e de fazer com que as crianças e adolescentes participem e pratiquem as atividades físicas e educacionais de qualquer jeito.

Não basta levar essas crianças para quadras, campos, pátios, ruas e dar uma bola para que corram atrás. É preciso que esses jovens saibam o porquê e para que estão correndo atrás de uma bola, a sua importância e o objetivo que eles estão exercendo e desenvolvendo durante a prática de atividades físicas e dos jogos. Nesse ponto entra a educação e a intervenção desse educador.

Temos que contribuir para o aprendizado dessas crianças e jovens com o seu crescimento psicomotor, intelectual e afetivo. Nós, educadores físicos, temos que mediar o conhecimento, fazendo deles seres críticos, pensantes, e educamos com a ajuda da sociedade. Tentamos, pelos movimentos, jogos e atividades em grupo, fazer com que os alunos se integrem, interajam uns com os outros de forma saudável, para que todos esses processos ocorram de forma qualitativa para esses alunos não somente nos olharem como professores, mas também como amigo, companheiro, conselheiro, uma pessoa em quem eles possam confiar e se espelhar como cidadão para um futuro melhor.

Às vezes somos coniventes com a realidade do ensino precário na educação e da Educação Física que é oferecida nas instituições estaduais, municipais e privadas, e isso pode acarretar um perigo muito grande na formação do educando.

Não é possível desenvolver toda a parte motora, psicomotora da criança e do adolescente somente na escola. Mesmo porque o tempo de aula é curto e as aulas são escassas; o importante é desenvolver a consciência e mostrar a importância na integra para esses indivíduos praticarem atividades físicas não só na escola, mas na vida.

Muitas crianças e jovens se formam nas escolas, mas acabam não dando continuidade às atividades físicas; muitos se tornam jovens e adultos sedentários, apresentando no futuro consequências maléficas à saúde.

O educando precisa ser desenvolvido e visto como um ser único; cada vez mais a população está sedentária e doente, e o governo acaba tendo que investir mais em doenças ao invés de incentivar a população a cuidar precocemente da saúde. Isso vai muito além do que a mídia e os veículos de comunicação mostram. A iniciativa de mostrar essa realidade tem que partir do próprio educador físico.

Uma questão muito preocupante é o fato de ter aumentado tanto o número de crianças hipertensas, obesas e doentes. Isso significa que os próprios educadores e professores se entregam ao comodismo de não ensinar conteúdos teóricos e de conhecimentos empíricos. O educador físico tem que contribuir para construção de uma nova forma de pensar no papel da Educação Física.

A Educação Física é uma das áreas do conhecimento humano ligadas ao estudo e a atividades de aperfeiçoamento, condicionamento físico, qualidade de vida, atividades educacionais, manutenção e reabilitação da saúde do corpo e mente do ser humano, além de ser fundamental no desenvolvimento do sujeito como um todo.

Tem um amplo objetivo de prevenção e cura de determinadas enfermidades num contexto terapêutico e é fundamental na formação básica da criança, principalmente nas comunidades carentes, devido à sua atuação no contexto psicossocial, no conhecimento corporal da criança, que é o conhecimento do próprio corpo, em suas possibilidades de ação, intervenção social e suas limitações.

Psicomotricidade Relacional: possíveis caminhos a percorrer

A Psicomotricidade Relacional tem como objetivo desenvolver, aperfeiçoar e aprimorar os conceitos relacionados da globalidade humana. É muito importante para as crianças das comunidades carentes, pois busca superar o dualismo cartesiano corpo/mente, enfatizando a importância da comunicação corporal, não apenas pela compreensão da organicidade de suas manifestações, mas pelas relações psicofísicas e socioemocionais do sujeito. Preza a precaução, com perspectiva qualitativa, dando ênfase à saúde e não à doença (VIEIRA; BATISTA; LAPIERRE, 2005).

É uma prática que permite que a criança consiga a expressão e superação de conflitos relacionais, interferindo de forma esclerótica (dura), preventiva e terapeuticamente sobre o processo de desenvolvimento cognitivo, psicomotor e socioemocional, na medida em que estão diretamente vinculados a fatores psicoafetivos relacionais, para então proporcionar os meios de decodificação das nuances expressas nas relações, levando em consideração seu desenvolvimento psicomotor e sócio-histórico, com a finalidade de ajudar e atender às necessidades de crianças e jovens em formação nos aspectos psíquicos, motores e emocionais que, em conjunto, influem diretamente na construção e desenvolvimento da personalidade do sujeito (VIEIRA; BATISTA; LAPIERRE, 2005).

No âmbito da comunidade carente, pode-se dizer que o principal objetivo da Psicomotricidade Relacional é promover o desenvolvimento integral das crianças, envolvendo aspectos importantes como: cognitivo, social, psicoafetivo e psicomotor, porque a educação está passando por um período de mudança; diversos teóricos têm declarado e assumido o fato de que não é mais possível que a escola se restrinja à transmissão dos saberes socialmente elaborados.

É necessário que a instituição escolar, independente da classe social que atenda, seja particular ou pública, venha a ter uma preocupação também com a formação de valores em seus educandos.

Nesse sentido, a Psicomotricidade Relacional, a aprendizagem e o desenvolvimento se produzem pelas formas de relação afetiva com o outro, abordando de acordo com as possibilidades e limites de cada sujeito; pretende requerer a expressão de professores e crianças em sua plenitude, recriando uma escola em que se abre o espaço para vivências de aspectos afetivos, que permeiam o crescimento da personalidade e a evolução na inserção social (LE BOULCH, 1988).

A Psicomotricidade Relacional na comunidade carente enfatiza a comunicação humana, a socialização, os comportamentos afetivos e emocionais indispensáveis à conquista do conhecimento e ao bem-estar pessoal e social, influenciando diretamente também no comportamento dessas crianças com suas famílias, conquistando bons relacionamentos entre amigos, com seus parentes e, principalmente, com seus pais, com função de prevenção e intervenção na vida dessas crianças e jovens que vivem em situação de risco social.

Conclusão

Após fazer breve narrativa da história e do perfil da população da comunidade carente em que me encontro inserido, destaco a educação, o papel do educador físico na comunidade, os programas sociais como forma de inclusão social, mostrando as iniciativas governamentais que priorizam o fenômeno esportivo como potencializador de elementos educativos, que podem favorecer uma reflexão crítica sobre os diferentes contextos de riscos sociais, levando a essas crianças uma qualidade de vida melhor, praticando atividades físicas e educacionais, minimizando o envolvimento com o tráfico de drogas, a prostituição e a ociosidade. O desenvolvimento da Psicomotricidade Relacional é seu principal aspecto e objetivo de trabalho, o afeto, em questão de dar afeto à criança, foi constatado no discurso de diversos autores, a importância desse trabalho em comunidades desfavorecidas socialmente e, principalmente, com crianças e jovens que estão em formação escolar.

Quanto ao aspecto da intervenção na área da Psicomotricidade Relacional, foi verificado que há basicamente dois aspectos de atuação para o educador físico nessas áreas de conflito: a educação e a reeducação, tanto no aspecto psicomotor como psicoafetivo da criança.

Referências

BRASIL, Resolução nº 5: Políticas Nacionais do Esporte. Diário Oficial da União, Brasília, nº 157, 2005.

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LE BOULCH. Educação psicomotora: a psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.

LE BRETON, David. A sociologia do corpo. Petrópolis: Vozes, 2006.

MENDES, N.; FONSECA, V. Escola, escola, quem és tu? Perspectivas psicomotoras do desenvolvimento humano. 4ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.

MELO, Victor Andrade; PERES, Fabio de Farias. Espaço, lazer e política: desigualdades na distribuição de equipamentos culturais na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Disponível em http://grupoanima.org/wp-content/uploads/idac_livro_colombia_2004.pdf. Acesso em 13 out. 2009.

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OLIVEIRA, A. A. B.; PERIM, G. L. Fundamentos pedagógicos do Programa Segundo Tempo: da reflexão á prática. Maringá: Editora UEM, 2009.

PORTO, Eliane Rozante. Educação Inclusiva na Educação Física Escolar. In:
CAPISTRANO, Naire; PONTES, Gilvana (orgs.). Caderno Didático 4 – Educação inclusiva no ensino de arte e educação física.  Natal: UFRN/Paideia/MEC, 2006.

SBP. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE. Disponível em: www.psicomotricidade.com.br. Acesso em: 11 set. 2011.

TOMAZI, Nelson D. Iniciação à Sociologia. São Paulo: Atual, 1993.

VIEIRA, L.; BATISTA, M.I.B.; LAPIERRE, A. Psicomotricidade Relacional: a teoria de uma prática. Curitiba: Filosofart/Ciar, 2005.

Sites pesquisados

http://eleições.uol.com.br/2010/são-paulo/. Acesso em 11 set. 2011.

http://pt.shvoong.com/social-sciences/education/. Acesso em 11 set. 2011.

http://www.soeconomia.com.br/index/. Acesso em 11 set. 2011.

Publicado em 10 de fevereiro de 2015

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