O perfil da Escola Municipal Maria José de Miranda Burity, em Cabedelo-PB
Linesanio de Sousa Lourenço
Licenciando em Educação Física (Unopar), professor de jiu-jitsu e MMA
Deinne Airles da Silva
Mestranda no Programa de Pós-Graduação Regional em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFPB), discente da Especialização em Agroecologia (UEPB), bacharela em Ciências Biológicas (UEPB) e técnica agrícola com habilitação em Agroindústria (UFPB)
O presente trabalho descreve o perfil do projeto político-pedagógico (PPP) da Escola Municipal Maria José de Miranda Burity, localizada na zona urbana do município de Cabedelo-PB. A escola foi construída em 1960 e recebeu o nome de Escola Nossa Senhora de Nazaré. Em 1972, o Poder Executivo municipal, pelo Decreto n° 326/72, legalizou a criação da Escola, que passou a denominar-se Escola Municipal Maria José de Miranda Burity.
No ano de 2010, possuía uma clientela de 469 alunos atendidos por 1 gestora, 1 vice-gestor, 2 supervisoras, 25 professores, 5 secretários e 10 auxiliares.
Essa escola atende à clientela desde a infância até jovens e adultos, com a oferta das seguintes etapas de ensino da Educação Básica: Educação Infantil (Pré-Escolar); Ensino Fundamental I (série inicial, 4º ano e 5° ano); Ensino Fundamental II (6° ao 9° anos) e Programa “Acelera” (6° ao 9° ano do Ensino Fundamental II e 1° ao 3° ano do Ensino Médio). Essa escola também participa do programa Rede Vencer, do Instituto Ayrton Senna.
O PPP da escola tem por função dar identidade à unidade de ensino, além de possibilitar que o aluno seja capaz de atuar nos processos sociais e criar alternativas com potencial para enfrentar os desafios que emergem do mundo atual.
Esse documento define os pressupostos, as finalidades educativas e as diretrizes gerais da proposta pedagógica da instituição. Procura responder questões do tipo: “Que escola queremos construir?”; “Que conhecimentos os alunos precisarão ter para, de fato, exercer sua cidadania numa sociedade tão cheia de conflitos e desigualdade?”. O documento é utilizado e construído de forma coletiva e todos tem acesso a ele. É empregado nas reuniões pedagógicas e nos planejamentos da unidade escolar.
O PPP é um documento no qual estão registradas todas as ações e projetos que uma determinada comunidade escolar busca para seu ano letivo, sendo auxiliada de forma política e pedagógica pelos professores, coordenação escolar, alunos e familiares. Para isso, constroem atividades pedagógicas que auxiliam no processo de ensino-aprendizagem (VAGULA et al., 2014).
Segundo a Secretaria da Educação da Bahia (2014, p. 1), o PPP “é fruto da interação entre os objetivos e as prioridades fixadas pela coletividade, a qual estabelece, através da reflexão, as ações necessárias à construção de uma nova realidade”.
“O projeto precisa ser conhecido, discutido e reformulado sempre em concordância com as políticas públicas educacionais vigentes, sem perder a análise crítica da realidade que se manifesta a nível micro, mas que é reflexo da realidade globalizada” (PICOLI; CARVALHO, 2007, p. 4).
A pedagogia empregada é eclética, mescla o tradicional, o construtivismo e o sociointeracionismo. Na Pedagogia Tradicional, “o treino é intensivo, a repetição e a memorização são as formas pelas quais o professor, aqui considerado detentor do saber, transmite os conteúdos a seus alunos, que são agentes passivos desse processo” (SANTOS; CARDOZO, 2014, p. 3).
O Construtivismo constitui-se pela interação do indivíduo com o meio físico, social, ambiental, com o mundo das relações sociais. Essa teoria cognitiva defende que nada está pronto e acabado, ou seja, o conhecimento não é algo terminado, acabado, formado (SANTOS, 2007).
O sociointeracionismo é uma teoria cognitiva difundida por Vygotsky, o qual aborda em suas pesquisas a importância da linguagem no desenvolvimento cognitivo do indivíduo (FOSSILE, 2010).
Em suma, a escola segue a ideia de escolha que está presente no termo “eclético”. Há uma conotação eletiva, como a de alguém que elege certas ideias como próprias, evitando assim a rigidez de uma só opinião, o que torna o ensino cansativo e estressante tanto para os alunos como para o professor.
A escola tem os seguintes objetivos definidos: fazer a criança, o adolescente e o jovem aprenderem de forma significativa, pois a equipe escolar percebeu que a única forma de não fazê-los tão somente pessoas cognitivamente aptas a viver em sociedade, seria não desvincular nenhuma etapa de suas vidas; tirar os educandos da ociosidade, pois há a crença de que dificilmente um educando que não participa das atividades escolares será um adulto ativo em sociedade.
Portanto, dá-se maior importância à criação de um espaço onde a emoção caminhe junto com a inteligência.
O planejamento escolar da Maria José de Miranda Burity engloba dois aspectos: interno, em que contempla os processos administrativos, a participação da comunidade escolar nos projetos pedagógicos; e externo, ligado à função social da escola, na forma como produz, divulga e socializa o conhecimento. “O planejamento escolar não pode ser conduzido de forma autoritária e centralizadora, uma vez que se pretende instituir uma cultura mais democrática e participativa nos processos desenvolvidos na escola” (VASCONCELOS, 2011, apud DENES et al., 2013, p. 1), ou seja, a descentralização da instituição de ensino baseada na participação da comunidade contribui para que todos conheçam as reais necessidades e os interesses da escola e dos educandos.
A prática da avaliação é realizada de forma contínua, flexível, contextualizada, reflexiva, crítica, coerente com seus objetivos educacionais e de critérios bem definidos, a fim de que seja processual e favorecedora da pedagogia integral.
A proposta educacional praticada é a do conteúdo cumulativo. Desse modo, a avaliação é diagnóstica e a recuperação, quando necessária, é paralela, seguindo os princípios da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).
A avaliação se faz no intuito de revelar as potencialidades do educando, procurando favorecer o diálogo entre ele e o educador, primando pelo refazer do saber diariamente. Também se trabalha o erro de forma construtiva; o processo de ensino-aprendizagem é continuamente repensado e refeito via reuniões sistemáticas, das quais participam os setores administrativo, pedagógico, o de serviços, e abertas à comunidade, visando possibilitar integração, unidade de ação e linguagem única.
A aprendizagem não ocorre de uma hora para outra. Ela é fruto do trabalho sério e constante que acontece ao longo do ano letivo, efetuado pelos professores, equipe técnica e administrativa. A Secretaria de Educação da Prefeitura de Cabedelo colabora com a formação e capacitação da equipe escolar por meio de reuniões pedagógicas.
Mensalmente são feitos levantamentos de dados relevantes ao aprendizado e à freqüência dos alunos para que se analise como se está trabalhando e a qualidade daquilo que é feito. Em consequência, ainda se encontram profissionais com ideias tradicionalistas, resistentes às mudanças. Esforços no sentido da quebra dessas barreiras são desenvolvidos, intervindo sutilmente a cada dificuldade que venha a ser encontrada.
Os dados levantados obedecem à frequência de avaliação, realizada anual, mensal e bimestralmente. De posse desses dados é possível diagnosticar tanto o aprendizado do aluno como o desempenho do ensino ministrado.
O aluno que é efetivamente acompanhado por seus pais ou responsáveis responde muito mais satisfatoriamente no seu desempenho. Ao fim de cada bimestre, os alunos são avaliados por seus professores e por coordenadores da Secretaria de Educação do município. Os resultados obtidos são repassados ao Instituto Ayrton Senna por meio do programa Rede Vencer, o qual realiza uma prova no final de cada semestre e tem como objetivo avaliar e preparar alunos para a Prova Brasil, promovida todos os anos pelo MEC.
A Secretaria de Educação disponibiliza uma equipe de Educação Inclusiva, formada por pedagogas, arte-educador, psicóloga, assistente social e fonoaudióloga, procurando atender e inserir as crianças com necessidades educacionais especiais.
O foco é atender os alunos da Educação Infantil e Fundamental I que, por motivos de deficiência física, intelectual, condutas típicas, altas habilidades/superdotação e por outros motivos, de caráter social/familiar, possam estar se comprometendo em seu desempenho escolar.
A Coordenadoria de Educação Inclusiva desenvolve um trabalho não só com os alunos, mas também com todo o corpo docente (do Pré, 1 ano e 5 anos), equipe técnica e equipe de apoio; realizou projetos com o objetivo de trabalhar o respeito e a aceitação à diversidade por meio de sensibilizações, oficinas e palestras, no intuito de conscientizar e levar à reflexão todos aqueles que fazem a Escola Miranda Burity, buscando minimizar as desigualdades existentes entre alunos e promover a inclusão educacional de forma abrangente, aceitando o aluno como ele é.
A equipe de Educação Inclusiva busca identificar os alunos com necessidades educativas especiais para em seguida prestar atendimentos internos e, se preciso for, encaminhá-los para atendimentos externos nas instituições especializadas, como Funad, Policlínica de Cabedelo, hospitais da capital e outras instituições parceiras.
A equipe inicialmente realiza observações criteriosas com os alunos; com as professoras, troca ideias e informações sobre a turma; em seguida é feito trabalho de avaliação multidisciplinar para identificar os alunos que apresentam dificuldades no processo de aprendizagem. Com esses alunos é feita toda uma estimulação mediante recursos lúdicos, na tentativa de o aluno reconhecer que tem potencialidade para aprender.
A escola está em processo de adequação das instalações para atender alunos portadores de necessidades especiais. Em suma, assume o compromisso de conscientizar, transformar socioculturalmente a comunidade, concordando com o fato de que a educação é prioridade.
Referências bibliográficas
DENES, L. K.; MÜHLBEIER, M. M.; MOKAN, S. R. P. P. Gestão escolar: A importância do planejamento participativo para uma gestão democrática. Disponível em: http://www.ijui.com/artigos/46582-gestao-escolar-a-importancia-do-planejamento-participativo-para-uma-gestao-democratica.html. Acesso em: 12 nov. 2014.
FOSSILE, D. K. Construtivismo versus sociointeracionismo: uma introdução às teorias cognitivas. Revista Alpha. Patos de Minas, Unipam, v. 11, p. 105-117, ago. 2010.
PICOLI, E. S. A.; CARVALHO, E. J. G. Projeto Político-Pedagógico: uma construção “coletiva”? III Encontro de Pesquisa em Educação, I Jornada de Gestão Escolar e XV Semana de Pedagogia - Pedagogia 35 anos: História e Memória. UEM, Maringá – PR, 2008.Pedagogia 35 anos: História e Memória.
SANTOS, F. M. Significações de construtivismo na perspectiva de professores “construtivistas” e sua relação com práticas avaliativas. Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação. Universidade Católica de Brasília, 2007.
SANTOS, S. R. S. V.; CARDOZO, L. G. S. Superando a pedagogia da transmissão. Disponível em: http://pt.slideshare.net/superluciana1/ad1-ead-37970102. Acesso em: 09 nov. 2014.
VAGULA, E.; BARBOSA, A. C. A.; BARUFFI, M. M.; MONTAGNINI, R. C. Didática. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional, 2014.
Publicado em 07 de abril de 2015
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