Projeto Casa escola ecologicamente inteligente: robótica educacional
Douglas Ferreira Pires Barroso e Jorge Luiz São Paulo dos Santos
Escola Estadual de Ensino Fundamental Visconde de Mauá (RJ)
Dentro dos paradigmas da modernidade, o racionalismo antropocêntrico tem se tornado um problema de gravíssima relevância para o equilíbrio do planeta. Buscar formas alternativas de consumo, de produção e de relação ser humano/natureza, tornou-se uma necessidade imperativa contemporânea. Para tanto, a Escola Estadual Visconde de Mauá preparou um projeto político-pedagógico intitulado “Agenda 21 é Fundamental” e, a partir dele, o “Casa-escola ecologicamente inteligente” para orientar os alunos na preparação de projetos de pesquisa.
Com a participação nas oficinas teórico-práticas, desenvolve-se no aluno a capacidade de criação de projetos de intervenção. Essas oficinas transformaram-se num grande polo de incentivo à pesquisa acadêmica para os alunos, resultando num fórum para descoberta de soluções (geralmente são selecionados três alunos com as melhores propostas para as exposições) viáveis para a diminuição do impacto ambiental; elas foram apresentadas, num primeiro momento, com base nas discussões nas palestras e, num segundo momento, por meio de um trabalho de campo no próprio local do objeto de estudo. A intervenção iniciada rendeu bons frutos, visto que o envolvimento dos alunos acabou por acelerar as discussões e elaborações de projetos de cunho ambiental. Os alunos, na sua maioria, surpreenderam-se com as soluções apresentadas; o papel dos professores foi dar suporte e possibilidade de execução concreta para o florescimento de novas ideias e soluções.
Lixeira interativa em PVC – uma inovação
O objetivo era desconstruir a visão antropocêntrica mostrando a problemática do lixo e suas terríveis consequências, quando é depositado nas mais diversas localidades sem o menor critério (inclusive no oceano), interferindo na fauna e na flora, causando gravíssimos problemas ambientais (veja as fotos a seguir). Nesse sentido, foi montada a Lixeira Reativa para mostrar à população circundante as interferências reais no meio ambiente, por meio de imagens de impacto fixadas na lixeira (seguindo a lógica das imagens nos maços de cigarro, onde há uma foto na embalagem mostrando seus malefícios).
Incrementou-se, ainda, com discussões sobre o projeto, com fórum e palestras sobre as implicações das ações da humanidade no meio ambiente, com a participação ativa dos alunos e comunidade escolar, além da escolha do espaço de montagem para divulgação.
Numa parte do processo de discussão, descobriu-se, pelo manejo do PVC, sua alta flexibilidade para a execução das ideias que estavam surgindo, possibilitando inclusive precisão maior; isto, por si só, já representa inovação, pois permite trabalhar com robótica sem necessidade de materiais caros como Lego, por exemplo.
Dessa forma, pelo conhecimento de toda a problemática ambiental, os alunos passam a observar o que acontece fora da escola, relacionando o conhecimento que adquirem com as necessidades ambientais do entorno ou mais além, na descoberta de novas técnicas e materiais para execução, partindo do já existente para criar novas soluções ou adaptações.
Conclusões
Ao ensinar os estudantes a entender que a própria natureza se encarrega de mostrar que está viva e tem seu tempo, acabamos descobrindo o imenso valor do trabalho conjunto. O aluno tem que estar capacitado para realizar uma análise crítica, com participação ativa e responsável, pois cada um de nós pode contribuir com uma parcela de conhecimento e atitudes para atenuar os danos que estão sendo causados ao nosso planeta, já há muito tempo. Mas a problemática principal ainda é a relação com a rotina da grade curricular da escola, que às vezes impede maior flexibilidade em relação à participação dos alunos nas diversas oficinas desenvolvidas, principalmente porque ainda se considera que o aluno está ou pode ficar sem o conteúdo programático quando, na realidade, Educação Ambiental deve ter um espaço no âmbito escolar para o seu pleno desenvolvimento.
Acreditamos que a intervenção iniciada dará bons frutos no futuro próximo, visto que o envolvimento dos alunos acabou por acelerar as discussões e elaborações de projetos de cunho ambiental. A maioria dos alunos se surpreendeu com as soluções que apresentaram; o papel dos professores foi dar suporte e possibilidade de execução concreta para o desenvolvimento dos projetos.
Referências
ACSELRAD, Henri; MELLO, Cecília Campello do Amaral; BEZERRA, Gustavo das Neves (orgs.). Cidade, ambiente e política: problematizando a Agenda 21 Local. Rio de Janeiro: Garamond, 2006.
BORDENAVE, Juan. E. Diaz. O que é participação? São Paulo: Brasiliense, 1989.
BRASIL. Formando com-vida: construindo Agenda 21 na escola. Brasília:
MEC/Coordenação Geral de Educação Ambiental, 2004.
BRASIL. Manual de educação para o consumo sustentável. Brasília: Consumers International/MMA/MEC/IDEC, 2005.
BROSE, Markus. Metodologia participativa: uma introdução a 29 instrumentos. Porto Alegre: Tomo, 2001.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2006.
MINGUILLO, Miguel. Método Zopp: planejamento de projeto orientado por objetivos. Florianópolis: Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, s/d. Disponível em: http://www.rceee.org.br.
NOGUEIRA, Nilo Ribeiro. Pedagogia dos projetos. Etapas, papéis e atores. São Paulo: Érica, 2005.
Imagens dos trabalhos e de sua preparação
[gallery link="file" ids="38985,39007,39005,39006,39004,39003,39001,39002,38994,38996,38995,38998,38997,39000,38999,38993,38992,38991,38990,38988,38989,38986,38987,38984,38983,38981,38982,38979,38980,38978,38977,38975"]
Publicado em 07 de abril de 2015
Novidades por e-mail
Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing
Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário
Deixe seu comentárioEste artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.