A leitura e a escrita na promoção da cidadania: uma experiência da Biblioteca do IFRO/RO no Abrigo de Menores de Ji-Paraná

Cleuza Diogo Antunes

Mestranda em Educação Escolar (UNIR), bibliotecária do IFRO/Ji-Paraná

Lívia Catarina Matoso dos Santos Telles

Mestranda em Educação Escolar (UNIR), assistente de alunos do IFRO/Ji-Paraná

Jussara Santos Pimenta

Professora do Programa de Mestrado em Educação Escolar (UNIR)

Introdução

Este relato é resultado do projeto Leitura Cidadã, do qual participaram também Dioneia Foschiani Helbel, Letícia Alves Fonseca, Regiani Leal Dalla Martha Couto, Luís Ribeiro Medeiros, Telma Cristina Martins dos Santos e Maria Cristiana de Freitas Costa (do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – IFRO) e Marlene Silva Modesto Deguchi (da Universidade Federal de Rondônia). O artigo tem o intuito de compartilhar as ações desenvolvidas pela biblioteca do IFRO no campus Ji-Paraná junto ao Abrigo Municipal de Crianças e Adolescentes da cidade.

O Estado de Rondônia está situado na Amazônia Brasileira, e a cidade de Ji-Paraná é a segunda maior do estado, localizada às margens da BR-364; possui cerca de 130 mil habitantes. Assim como outras cidades da região,sedia um campus da Universidade Federal de Rondônia, dispõe de quatro faculdades particulares que oferecem cursos de graduação e pós-graduação e um campus do IFRO, que oferece cursos técnicos, de graduação e pós-graduação latu sensu e stricto sensu.

O IFRO é uma instituição federal de Ensino Superior e Técnica. Possui nove campi no estado; sua reitoria localiza-se na capital, Porto Velho. Está fundamentado nos pilares de ensino, pesquisa e extensão e tem como um dos objetivos estimular e apoiar processos educativos que levem à emancipação do cidadão na perspectiva do desenvolvimento socioeconômico local e regional (IFRO, 2015). Sua biblioteca, com o propósito de cumprir sua função social, propôs ao Abrigo Municipal a execução do projeto Leitura Cidadã, com o objetivo de promover ações de estímulo à leitura para fortalecer “as relações de confiança externas, apoio extrafamiliar, autonomia e autoestima, competências sociais como criatividade, persistência, humor e comunicação” capazes de contribuir para que crianças vulneráveis superem a situação vivenciada (Nóbrega, 2005, p. 86).

O abrigo de Ji-Paraná é uma instituição mantida pela Prefeitura Municipal e possui uma equipe multidisciplinar formada por pedagogas, psicóloga, assistente social e cuidadores, funcionando como um lar provisório para crianças em situação de vulnerabilidade. Os abrigos são uma medida de proteção provisória e excepcional para crianças que se encontram em situação de risco, tais como abandono, maus-tratos, negligência e pobreza, dentre outros, e têm impacto significativo sobre o desenvolvimento de crianças e adolescentes (Siqueira; Dell’Aglio, 2006). Nóbrega define vulnerabilidade de crianças como a “probabilidade de apresentarem resultados desenvolvimentais negativos devido à exposição a fatores de risco graves, tais como [...] situações de pobreza, condições psicopatológicas dos pais e situações de disfunção familiar” (2005, p. 76). Essas crianças permanecem no Abrigo até que a justiça entenda que o ambiente familiar é seguro para recebê-las de volta ou serem encaminhadas para adoção. No início do projeto, a instituição acolhia 12 crianças e adolescentes, chegando a 23 nos meses seguintes.

Em reunião, a coordenadora do Abrigo expôs as dificuldades de aprendizagem, leitura e convívio social das crianças, explicando que muitas delas sofreram violência e não receberam dos pais o devido estímulo à leitura. Sobre a condição vivida por essas crianças, Rapoport e Sarmento (2009, p. 4) fazem referências a Vygotsky, cujos estudos revelam que o desenvolvimento e a aprendizagem são definidos pelas relações que os indivíduos estabelecem como o meio social:

crianças que se desenvolvem em ambientes desfavoráveis, que presenciam e sofrem práticas violentas em família, com pouco estímulo por parte dos pais, tendem a ter seu desenvolvimento prejudicado e a ser influenciadas pelas mediações negativas que o meio no qual estão inseridas as submete.

Tal realidade foi confirmada no decorrer das visitas, quando identificamos que as crianças e adolescentes apresentavam dificuldades de interação social, demonstrando timidez e impulsividade, agitação, insegurança, fazendo provocações e brincadeiras depreciativas, inclusive com uma adolescente com deficiência.

Leitura para a cidadania

Em sua crítica ao conceito de cidadania, Tonet (2005) menciona os estudos de Freire, Gadotti, Arroyo, Nosella, Frigotto e Libâneo, que defendem a educação para a cidadania como meio de formar cidadãos críticos capazes de intervir de forma ativa na sociedade. Tonet (2005) aponta que, na perspectiva desses autores, a cidadania é vista como um meio de alcançar a liberdade, pois pressupõe o pleno gozo dos direitos civis, políticos e sociais de todos os indivíduos. No entanto, para ele esse é um equívoco teórico e político, pois, de seu ponto de vista, em um sistema capitalista a cidadania limita a liberdade, já que persiste a presença de uma classe dominante e outra dominada.

Yunes (1995) concorda com os pensadores mencionados por Tonet (2005), defendendo que a educação por meio da leitura permite ao indivíduo o acesso à mais cara moeda do século – a informação –, que dá ao sujeito mais rapidez e clareza ao fazer escolhas. Sobre a relação da leitura com a cidadania, ela sugere que “descobrir o serviço que a leitura presta, a capacidade que ela tem de fortalecer a cidadania, é um começo” (Yunes, 1995, p. 187).

Yunes conceitua que “o ato de ler é um ato de sensibilidade e de inteligência, de compreensão e de comunhão com o mundo; lendo expandimos o estar no mundo, alcançamos esferas do conhecimento antes não experimentadas e [...] ampliamos a condição humana” (1995, p. 185). As características da leitura elencadas pela autora são consideradas como constituintes de uma educação cidadã. Embora consideremos pertinente e fundamentada a crítica de Tonet, para essa proposta concordamos com Yunes ao defender a leitura como elemento transformador do sujeito e, consequentemente, da sociedade, podendo intervir positivamente na realidade de crianças vulneráveis.

Sob essa perspectiva, apresentamos ao Abrigo o projeto desafiando as crianças e adolescentes a participar das atividades e produzir ao final de 2014 uma coletânea de textos para ser distribuída aos familiares e autoridades locais. Concordamos com Nóbrega (2005), que, em estudo realizado com crianças vulneráveis em Portugal, constatou que os cuidados recebidos por esses meninos e meninas fora da família poderão se constituir em oportunidade singular, além de potencializar o sucesso escolar dos envolvidos.

As visitas foram divididas em dois turnos, já que os menores do Ensino Fundamental estudavam pela manhã e os do Ensino Médio estudavam à tarde. A equipe de professores de Língua Portuguesa ficou encarregada de trabalhar leitura, produção textual e questões relacionadas à promoção da cidadania com os adolescentes. A equipe formada pela bibliotecária, pedagogas, demais professoras e estudantes bolsistas ficou responsável por trabalhar leitura, hora do conto e produção textual com as crianças.

Contando e lendo histórias

A leitura é dialógica; dialoga com o autor, com o outro, com o meio, com as experiências do leitor e com ele mesmo, transformando-o em outra pessoa e intervindo no seu meio social (Yunes, 2012). Constitui elemento necessário para a formação da cidadania, visto que desperta no indivíduo a criticidade e a capacidade de relacionar o texto com o contexto em que vive. Juntas, a contação de histórias e a leitura permitem integrar o que se lê ao Eu, às experiências já vividas, instigando o leitor a expressar sua visão de mundo a partir do que ele concebe e de si mesmo.

Sendo assim, o ato de contar histórias e realizar leituras deve ser considerado um processo interativo, pois os diferentes conhecimentos do leitor interagem, a todo momento, com os oferecidos pelo texto ou pelo contexto. Para Silva (2009), esse processo é fundamental no desenvolvimento de habilidades sociais, proporcionando ao indivíduo melhor entendimento de seu meio e de seus pares e na construção de sua identidade.

Partindo da concepção de que a leitura está interligada àquilo que o sujeito conhece e vivencia, tivemos diferentes momentos, que denominamos “Hora do Conto”. Esses momentos foram muito apreciados pelos menores, permitindo não só que aprendessem com as histórias, mas proporcionando descontração e despertando a curiosidade para os livros.

Bamberger (1991 apud Pacheco, 2006) considera o desenho como um importante componente para o desenvolvimento do senso estético e a criatividade das crianças e afirma que o interesse pelo livro aumenta quando a criança desenha suas cenas. Sendo assim, depois das histórias, os menores recebiam papel e lápis de cor para desenhar e pintar cenas da história contada. Essas atividades precediam os momentos de leitura, quando o grupo era colocado em contato com livros de literatura infantil e juvenil especialmente selecionados para o projeto. O resultado de um ambiente familiar desfavorável à leitura foi percebido na primeira reação das crianças aos momentos de leitura. Eles folhearam rapidamente os livros e não se detiveram nos textos. Diante disso, passamos a realizar leitura compartilhada, lendo partes das histórias com elas, dando oportunidade a elas de ler também.

O interesse pela leitura aumentou gradativamente, tornando esses momentos agradáveis e participativos. Aos poucos, os que tinham mais facilidade foram aceitando a participação dos colegas que tinham dificuldade para ler, interagindo de forma amigável, mostrando que a leitura possibilita a construção de novas relações. Cançado (2010, p. 17) considera que “somente com educação, com muitos livros e muitas leituras, ocorre o processo de construção cidadã”. Essa constatação ficou evidenciada no decorrer dos meses, pois as crianças aumentaram sua participação e passaram a emitir conceitos e opiniões sobre as histórias e livros trabalhados, mostrando indícios de que a autonomia e a autoestima foram despertadas.

Atividades para exercitar a cidadania

Crianças e adolescentes foram levados pela equipe do projeto ao campus do IFRO para visitar uma exposição de trabalhos artísticos realizados pelos alunos. Ficaram entusiasmados diante dos trabalhos tridimensionais em tela e gesso expostos na galeria. A visita teve o objetivo de promover momentos em que crianças e adolescentes do Abrigo pudessem conhecer a instituição e buscou instigar a possibilidade de eles participarem desse universo de aprendizagem e conhecimento, em uma perspectiva cidadã, entendendo que a cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo, tendo participação nos diversos setores da sociedade, entre estes, a escola (Dallari, 1998, p. 14).

No mesmo dia, tiveram a oportunidade de conhecer os principais espaços do campus, como a biblioteca e os laboratórios de Química, Florestas e Informática, onde puderam interagir, presenciar demonstrações de pesquisas e receber orientações sobre os cursos técnicos das áreas mencionadas. E (os nomes dos participantes serão representados pelas iniciais dos seus nomes), uma das meninas de 12 anos, agradeceu a oportunidade dizendo: “Tia C., esse foi o melhor dia do ano”. Essa fala demonstra que E. gostou da visita e ficou entusiasmada com a instituição visitada, já que as escolas que conhece não possuem uma estrutura diversificada como a do IFRO.

Os adolescentes visitaram o campus em outra oportunidade, para uma oficina na qual um aluno de cada curso técnico discorreu sobre a forma de ingresso na instituição, suas expectativas em relação ao curso e que tipo de profissional é formado. O menino M. foi enfático em sua afirmativa: “Eu quero vir estudar aqui quando terminar o 9º ano”. Nesse momento, M. revela estar fazendo planos de continuar estudando, acreditando que a escola pode ser um bom lugar para estar, criando uma imagem de que por meio da escola e do conhecimento poderá ser uma pessoa com oportunidade de um futuro promissor.

Despertando escritores

Para que a produção textual seja eficaz, faz-se necessário que o produtor esteja em contato com textos coesos e coerentes. Nosso trabalho teve como objetivo desenvolver a prática textual por meio da estruturação de textos, coesão e coerência textuais, parágrafo, tópico frasal e desenvolvimento. Assim, podemos compreender que a leitura é um importante veículo para um melhor desenvolvimento da escrita. As produções de texto com os adolescentes do Abrigo aconteceram ao longo do período do projeto. Os professores de Língua Portuguesa introduziram a leitura e a escrita por meio de música, trechos de filmes e releituras de textos da literatura brasileira ao longo dos meses, ou seja, com textos curtos. A partir das leituras de textos curtos devem surgir as produções textuais. Geraldi (2006, p. 64) revela que “o texto deve servir de pretexto para a prática de produção de textos orais ou escritos”.

Um dos adolescentes, A., se destacou dos demais ao afirmar: “gosto muito de escrever e sonho um dia escrever um livro”. Ele foi um dos que mais se empolgou com a coletânea de textos e aguardou com expectativa o resultado final das produções. Podemos identificar em sua fala os efeitos da leitura mencionados por Silva (2009) como uma rica experiência que pode modificar aqueles que a vivenciam, pois a interação entre o leitor e o texto contribui para a construção e reconstrução dos conceitos do leitor.

As crianças do Ensino Fundamental também produziram textos a partir das histórias contadas ao longo dos meses. Em depoimento à equipe, o menino D., de 6 anos, ao ser perguntado como se sentiu ao participar da elaboração da coletânea de textos, respondeu: “feliz, porque consegui fazer um texto bom e outras pessoas vão ler ele”. Sua fala demonstra o sentimento de realização e autoestima decorrentes das atividades realizadas. Foi selecionado um texto de cada uma das crianças e adolescentes para compor a coletânea que foi impressa em uma gráfica local.

Considerações finais

As ações do projeto permitem inferir que o contexto familiar dos menores, que é de exposição a violência, omissão dos pais, dependência química e abuso, entre outros, não foi favorável à apropriação do gosto pela leitura, entendida de forma que o indivíduo exerça com autonomia a cidadania e se desenvolva de forma integral.

No entanto, a motivação recebida por meio das atividades do Projeto resultou em crescente interesse pela leitura e escrita, confirmando a posição de Yunes (2016) sobre a leitura como processo dialógico de transformação pessoal. Aos poucos percebemos que as crianças foram se apropriando das leituras e passaram a interagir com os textos, demonstrando pela escrita uma melhora significativa na autoestima e na autonomia pessoal. Foi possível verificar nas reescritas os múltiplos olhares sobre os textos trabalhados, pois cada um elaborou o texto a partir de suas vivências, de sua realidade e de seus sonhos para o futuro. Isso reafirma que a leitura é um processo de invenção e produção de significados. A superação paulatina da timidez, do medo de escrever e de participar das atividades demonstrou que as atividades de leitura e escrita contribuíram para a emancipação pessoal do grupo.

Ao final do Projeto, os menores viveram a experiência de ser autores de uma coletânea literária, para a qual cada um dos que já sabiam escrever produziu um texto. Receber o livro impresso gerou um sentimento de realização pessoal e autoestima visível entre eles, sentimentos esses que irão contribuir para formar sua criticidade.

A autonomia de meninos e meninas foi fortalecida ao compartilhar com suas famílias o resultado de seus esforços, demonstrando a realização pessoal ao ver seus nomes no sumário do livro. Os relatos finais demonstraram que o contato com o IFRO intensificou em alguns e despertou em outros o desejo de continuar estudando e se preparando para ter uma profissão no futuro, o que acentua a contribuição para a formação cidadã.

Referências

CANÇADO, Dinorá Couto. Leitura, cidadania e transformação social. 51f. Monografia (Especialização) – Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2010. Disponível em: http://www.secretariadegoverno.gov.br/arquivos/monografias/Dinora%20couto%20cancado.pdf. Acesso em: 24 set. 2016.

DALLARI, Dalmo. Direitos humanos e cidadania. São Paulo: Moderna, 1998.

GERALDI, João Wanderley. Unidades básicas do ensino do Português. 3ª ed. São Paulo: Ática, 2003.

NÓBREGA, Maria Manuela Pessanha de Brito e. Vulnerabilidade e resiliência no desenvolvimento dos indivíduos: influência da qualidade dos contextos de socialização no desenvolvimento de crianças. 335f. Dissertação (Doutorado em Psicologia). Universidade do Porto, Portugal, 2005. Disponível em: http://hdl.handle.net/10216/20555. Acesso em: 01 out. 2016.

PACHECO, Raquel. Alternativas de incentivo à leitura: relato de experiência. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 11, nº 2, p. 345-352, ago./dez. 2006.

RAPOPORT, Andrea; SARMENTO, Dirléia Farfa. Desenvolvimento e aprendizagem infantil: implicações no primeiro ano a partir da perspectiva vygotskiana. In: RAPOPORT, Andrea et al. (Orgs). A criança de seis anos no Ensino Fundamental. Porto Alegre: Mediação, 2009.

SILVA, Sheila Siqueira da. A leitura como ferramenta para o exercício da cidadania: da leitura para aferição às práticas emancipatórias e criativas. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva). Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso. Cuiabá, 2009. Disponível em: bento.ifrs.edu.br/site/mídias/arquivos/20100611100471sheila_siqueira_da_silva_.pdf. Acesso em: 30 set. 2016.

SIQUEIRA, Aline Cardoso; DELL’AGLIO, Débora Dalbosco. O impacto da institucionalização na infância e na adolescência: uma revisão de literatura. Psicologia e Sociedade, Belo Horizonte, v. 18, nº 1, p. 71-80, jan./mar. 2006. Disponível em: http:www.scielo.br. Acesso em: 25 set. 2016.

TONET, Ivo. Educação, cidadania e emancipação humana. Ijuí: Unijuí, 2005.

YUNES, Eliana. Pelo avesso: a leitura e o leitor. Letras, Curitiba, nº 44, p. 185-196, 1995. Disponível em: http://social.stoa.usp.br/articles/0037/3051/Leitura_e_leitorYUNES.pdf. Acesso em: 17 dez. 2016.

______. Eliana Yunes no programa Sem Censura. Entrevista. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=17a643BPHzE. Acesso em: 17 dez. 2016.

Publicado em 13 de junho de 2017

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