Formação continuada de professores para a integração dos tablets no ensino da Matemática

Amanda Gabriele Rauber

Univates

Marli Teresinha Quartieri

Univates

Maria Madalena Dullius

Univates

>Adriana Belmonte Bergmann

Univates

Introdução

Este trabalho tem o objetivo de socializar os resultados de uma pesquisa-ação que buscou investigar as contribuições de um curso de formação continuada para professoras dos anos iniciais do Ensino Fundamental, com foco na integração de tablets na prática pedagógica da Matemática. O planejamento visou à exploração e à problematização de atividades utilizando aplicativos disponíveis nos tablets, além de momentos de discussão a respeito da viabilidade de tais propostas na prática pedagógica das participantes. Os encontros foram filmados e, posteriormente, transcritos e analisados. No decorrer do curso, foram perceptíveis a motivação e o interesse das docentes em explorar as atividades propostas. Os momentos de discussão permitiram observar que elas passaram, aos poucos, a utilizar os tablets em sua prática pedagógica por se sentirem mais seguras tanto em relação à elaboração de atividades utilizando os recursos tecnológicos como em relação aos conteúdos matemáticos.

Nos dias de hoje, vivemos em uma sociedade em contínua transformação, impulsionada pelo desenvolvimento tecnológico.A evolução dos dispositivos móveis, como ostablets, permite a portabilidade e a instantaneidade de informação e comunicação. Tais características garantem a popularização dos dispositivos, que atualmente são mais vendidos que os computadores. Essa crescente popularização também possibilita a oferta de aplicativos de Matemática com objetivos educacionais (Artigue, 2013). Essa difusão atinge vários setores da sociedade, entre eles a escola, pois tanto alunos quanto professores utilizam esses recursos em seu cotidiano. Porém integrá-los à prática docente para proporcionar um ensino que promova a aprendizagem não é uma tarefa simples. Diante disso, é importante que o professor esteja preparado para desenvolver conhecimentos necessários à integração entre tecnologia e aprendizagem.

Assim, este estudo visa socializar resultados de um grupo de pesquisa cujo propósito foi integrar as tecnologias, especialmente os tablets, nos processos de ensino e aprendizagem da Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O trabalho faz parte de uma pesquisa apoiada pelo Edital Universal 14/13 do CNPq, que possui como objetivo geral investigar as implicações da integração dos recursos tecnológicos nos processos de ensino e aprendizagem da Matemática e da Física na Educação Básica e disseminar os resultados com a intenção de contribuir para inovações no ensino.

Quadro teórico

Integrar recursos tecnológicos ao ensino, segundo Artigue (2013),cria novas possibilidades, mas também desafios e responsabilidades. Moran (2013) também defende que essas tecnologias trazem desafios complexos à educação por descentralizarem o processo de gestão do conhecimento. De acordo com Saboia et al. (2013, p. 5), o tablet permite acesso a diversas fontes de informação, é leve e de fácil manipulação e uma conexão à internet favorece a agilidade na comunicação e no download de arquivos.

Existem alguns indicativos de que esses dispositivos promovem a colaboração e a interação entre alunos na sala de aula graças à sua portabilidade e à conectividade (Barcelos; Batista, 2013). No entanto, os autores destacam que é necessária uma análise mais profunda para poder determinar as potencialidades e eventuais limitações do uso pedagógico do tablet, e sua utilização geralmente requer estratégias adequadas para que os aplicativos possam colaborar com os objetivos almejados. Sabe-se que tal tarefa não é simples, pois os professores precisam desenvolver habilidades diferentes para enfrentar esse novo desafio em sua prática.

Nesse sentido, é necessário que o professor reflita sobre sua prática com o intuito de averiguar se sua metodologia é apropriada à aprendizagem dos alunos. Essa mudança de hábito é difícil de ser alcançada, pois é preciso colocar o pensamento em ação para então melhorar a prática pedagógica. Ademais, constata-se que a formação inicial não é suficiente, ou seja, o docente necessita de constante atualização por meio de formação continuada. Em conformidade com essa ideia, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) destacam que os professores precisam continuar buscando aperfeiçoamento após a formação inicial.

Além de uma formação inicial consistente, é preciso considerar um investimento educativo contínuo e sistemático para que o professor se desenvolva como profissional de Educação. O conteúdo e a metodologia para essa formação precisam ser revistos para que haja possibilidade de melhoria do ensino. A formação não pode ser tratada como um acúmulo de cursos e técnicas, mas sim como um processo reflexivo e crítico sobre a prática educativa. Investir no desenvolvimento profissional dos professores é também intervir em suas reais condições de trabalho (Brasil, 1997, p. 25).

Os professores precisam ser preparados, tanto técnica quanto pedagogicamente, para que sejam capazes de integrar as tecnologias a suas práticas e, dessa forma, desenvolver um ensino eficaz e útil ao cotidiano dos estudantes. Entretanto, a integração efetiva somente ocorrerá quando o docente vivenciar o processo e a tecnologia representar para ele um meio importante à aprendizagem.

Cumpre ressaltar as diferenças entre integração e inserção. Quanto a esta, acredita-se que já ocorra na maioria das escolas: colocam-se os recursos tecnológicos, como o computador e o tablet, no ambiente escolar para que os professores os utilizem; no entanto, a ação não contempla uma aprendizagem diferente das anteriores e, além disso, transforma-os em instrumentos estranhos à prática pedagógica (Bittar et al., 2008).

A integração acontece quando se utilizam os recursos tecnológicos como ferramentas auxiliares na melhoria dos processos de ensino e aprendizagem. Bittar et al. (2008) pontuam que ela pode proporcionar a formação continuada de professores por meio da união de tais recursos com a prática pedagógica e os conhecimentos de conteúdos.

Diante desse contexto, planejou-se um curso de formação continuada para professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental com foco na utilização dos recursos tecnológicos, especialmente os tablets, para o ensino da Matemática.

Metodologia

O estudo foi desenvolvido com base na pesquisa-ação, que, de acordo com Moreira (2011), possui como objetivo principal melhorar a prática, considerando os resultados e os processos concomitantemente. Ela é definida pelo autor como uma forma de pesquisa coletiva e autorreflexiva que busca ampliar a produtividade e o entendimento de práticas sociais ou educativas, compreendendo a relação entre tais práticas e as situações em que acontecem.

A coleta de dados ocorreu por meio de respostas das professoras aos questionamentos realizados durante os encontros da formação continuada, além das suas percepções em relação às atividades e aplicativos explorados. Durante as aulas, buscou-se constantemente envolvê-las mediante atividades e tarefas que permitissem reflexão, debate e sugestões. A cada encontro, realizaram-se discussões, que foram gravadas e posteriormente transcritas, a fim de analisar a viabilidade e as potencialidades das ações propostas, bem como os avanços obtidos pelas participantes em relação ao trabalho com o tablet e a utilização de aplicativos em suas práticas pedagógicas.

O curso ofertado teve como objetivo assessorar as professoras dos anos iniciais na utilização de tablets em suas práticas pedagógicas, por meio da exploração de aplicativos sobre conteúdos matemáticos, além de discutir a integração de tais ferramentas nos processos de ensino e aprendizagem. Participaram do curso 15 docentes, com frequência mensal, num total de quarenta horas de formação, totalizando dez encontros, sendo oito presenciais e dois a distância.

Durante os encontros presenciais, foram disponibilizadas atividades utilizando aplicativos para tablets referentes aos conteúdos de sequência numérica, operações matemáticas, frações, números decimais e Geometria. Inicialmente, as participantes desenvolveram as atividades propostas, seguidas de discussões, com o objetivo de debater a viabilidade de sua utilização nos anos iniciais, bem como incentivar sua aplicação nas práticas pedagógicas. Além disso, foram proporcionados momentos para que elaborassem atividades a partir de aplicativos sugeridos pela equipe proponente do curso de formação continuada.

Para os dois encontros a distância, solicitou-se que, em suas salas de aula, as professoras explorassem um ou mais aplicativos apresentados durante o curso. Além disso, partindo dessas experiências, que elaborassem um relatório destacando aspectos positivos e a melhorar em relação à utilização dos recursos tecnológicos.

Na sequência, apresentam-se algumas atividades exploradas com dois aplicativos. Salienta-se que o propósito foi desenvolvê-las com o uso do aplicativo.


Figura 1: Telas das atividades do aplicativo Simply Fractions Lite.
Fonte: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.SimplyLearningAid.SimplyFracLite.

Simply Fractions Lite

O download deste aplicativo para tablets pode ser realizado pelo link.

O aplicativo Simply Fractions Lite tem como objetivo explorar conceitos de frações de diferentes maneiras. As três atividades (Figura 1) liberadas são:

  1. Shade-a-fraction: o objetivo é pintar o desenho de acordo com a fração solicitada;
  2. Build-a-fraction: na primeira fase dessa atividade, deve-se selecionar qual fração equivale a cada parte do desenho representado. Na segunda, representar uma fração por meio de desenho, arrastando o número de partes necessárias para formar a fração solicitada;
  3. Lineup: o objetivo desta atividade é ligar a fração correspondente ao seu desenho.

Algumas atividades sugeridas às professoras após a utilização do aplicativo foram:

  1. Ao jogar a atividade Shade-a-fraction, desenhar as cinco primeiras figuras e verificar se há mais de uma forma de pintar a fração solicitada. Se houver, pintar outra forma para cada uma das cinco figuras conforme mostra o exemplo do Quadro 1.

Quadro 1: Atividade 1 – Aplicativo Simply Fractions Lite

  1. Completar o Quadro 2, escrevendo as seguintes frações: a que corresponde a uma parte em que o inteiro foi dividido, a que representa a parte pintada e a que falta para completar o inteiro.

Quadro 2: Atividade 2 – Aplicativo Simply Fractions Lite

Farrapos matemáticos

O download deste aplicativo para tablets pode ser realizado pelo link.

O aplicativo Farrapos Matemáticos tem como objetivo identificar números pares, ímpares, múltiplos de 3, múltiplos de 5 e primos. O jogador precisa controlar um cavaleiro para cima e para baixo a fim de capturar os números solicitados (Figura 2).

 


Figura 2 – Tela do jogo “Farrapos Matemáticos”
Fonte: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.mathduel2playersgame.mathgame

A seguir estão algumas das atividades propostas às professoras com base nesse aplicativo.

  1. Completar o Quadro 3 com alguns números capturados corretamente durante o jogo.

Quadro 3: Atividade 1 – Aplicativo Farrapos Matemáticos

Pares

Ímpares

Múltiplos de 5

Múltiplos de 3

Primos

Fonte: Autores

  1. Escolher três números pares e três ímpares que foram anotados no quadro anterior e, usando palitos de picolé, pegar as quantidades indicadas por cada número, um de cada vez, organizando esses palitos de dois a dois. O que foi possível perceber em cada conjunto de números ao realizar os agrupamentos?
  2. Em dado nível do jogo Farrapos Matemáticos, os seguintes números foram apresentados: 12, 5 e 35, e a solicitação foi capturar os ímpares. Ana, ao capturar 12 e 35, acertou e marcou pontuação no jogo? Justificar a resposta.
  3. No jogo Farrapos Matemáticos, Joana capturou os números 3, 6, 12, 18, 27, 21, 54 e 72, obtendo pontos com todos eles. Qual foi a solicitação para a captura nessa etapa do jogo?
  4. No nível do jogo Farrapos Matemáticos que indica que os números deveriam ser somente os primos, Carla capturou 9, 11, 5, 8, 3 e 19. Considerando que cada número capturado corretamente valia um ponto, quantos pontos Carla marcou nessa etapa do jogo? Justificar.
  5. Em certo nível, foram solicitados “números múltiplos de 5” e dadas as seguintes opções: 30, 52, 60, 43, 78, 75, 50, 10, 5 e 9. Quais desses números deveriam ser capturados para pontuar no jogo?

Discussão

No primeiro encontro, procurou-se identificar as motivações das professoras quanto à busca de formação continuada e familiaridade com o uso de tecnologias nas aulas. No excerto que segue, uma docente relata o que a levou a participar do curso:

Quanto ao uso dos tablets, assim, eu tenho os pequenos, eu vejo lá na escola que muitos têm tablet, e a gente acaba trazendo pelo “dia do brinquedo”, usando ele como ferramenta do “dia do brinquedo”. E talvez possa usar isso com outro objetivo também, porque isso acaba sendo um brinquedo, mas tem várias utilidades. Eu não sou tão velha, mas eu não sou do tempo de usar tablet. Então, assim, é diferente para nós professores também; é uma discussão nova que a gente precisa estar se atualizando. E lá na escola a gente tem uma sala interativa, que tem esse uso assim, que já está se adequando, mas a gente acaba, às vezes, deixando de lado até pela nossa falta de conhecimento (P3).

A professora evidenciou a facilidade de acesso aos tablets, já que muitas crianças já o possuíam. Entretanto, para torná-lo um aliado do docente nos processos de ensino e de aprendizagem, é essencial que exista um suporte pedagógico que oriente sobre como lidar com tais tecnologias.
Na sequência, destaca-se a enunciação de uma professora por meio da qual expõe a realidade de algumas escolas quanto à estrutura física.

Lá na escola, a gente tem o período da informática, mas eu não acompanho para saber certo o que é desenvolvido. Mas eu, assim, não uso muito a tecnologia em sala de aula, ainda, talvez, não conseguiria englobar bem. Algumas coisas sim, mas o computador normal para alguns slides, mas nada que tenha a ver com softwares (P2).

Segundo P2, a escola possuía o laboratório de informática, mas geralmente estava restrito às aulas de Informática ministradas pelo professor responsável, constituindo-se, de certo modo, um entrave à utilização pelos demais. O episódio reporta a Bittar (2006) quando afirma que muitas escolas já estão devidamente equipadas, mas as tecnologias, normalmente não possuem ligação específica com os conteúdos de outras disciplinas e, assim sendo, as potencialidades da informática não são aproveitadas para a aprendizagem do aluno.

Ainda de acordo com Bittar (2006), não basta apenas levar os alunos ao laboratório de Informática; é essencial que o docente possua objetivos claros e viáveis para que não ocorra uma utilização superficial e desvinculada dos processos de aprendizagem do aluno. A respeito disso, as professoras participantes foram bastante questionadas em relação aos aplicativos utilizados e às atividades propostas para a exploração do conteúdo pela utilização do tablet.

Eu acho que vai ser um sucesso na sala, eles irão adorar. [...] Eles fizeram um texto citando os jogos e o que jogam é “jogo de tiro”, não é jogo lógico, com esse propósito. [...] É um incentivo nosso, como professores (P4).

Legal! A questão do jogo como algo educativo e não jogar pelo jogar (P8).

Certamente os alunos apreciam e dominam o uso das tecnologias, mas é preciso que o docente as utilize adequadamente transformando-as em ferramentas pedagógicas. Moran (2013, p. 4) alerta que, “na medida em que entram na sala de aula, o seu uso não pode ser só complementar”. Por isso, é necessário repensar as metodologias de ensino, posicionando o professor como um mediador que organiza processos de aprendizagem abertos e colaborativos.

Durante o planejamento dos encontros, buscou-se uma sequência didática de forma que a escolha do aplicativo e as atividades propostas atendessem aos objetivos do curso e tivessem ligação específica com algum conteúdo. Nesse sentido, as participantes demonstraram maiores dificuldades nos conteúdos de Geometria e frações. Uma das professoras revelou que necessitava de orientações sobre como explorar os conteúdos a partir da utilização dos recursos tecnológicos: “É isso que eu vim buscar: ideias. Porque aí tu pensa mais. Tem um conteúdo, o que eu posso fazer?” (P8).

Nessa perspectiva, objetivou-se contribuir para a melhoria do conhecimento pedagógico do professor por meio da revisão de conceitos relacionados a Geometria e frações. Ademais, buscou-se evidenciar as possibilidades pedagógicas de exploração de tais conteúdos com os alunos tanto antes quanto após a utilização do tablet.

No decorrer dos encontros, proporcionaram-se às professoras momentos para que elaborassem atividades mediante o uso de determinado aplicativo.  Na oportunidade, apresentaram como sugestão algumas que elas já desenvolviam com os alunos na sala de aula, mas adaptá-las ao uso dos aplicativos. Dessa forma, cada participante contribuía com as demais, efetivando a troca de experiências para a consolidação da formação.

Dessa forma, as docentes participantes demonstraram que assimilaram conhecimentos necessários para realizar a integração da tecnologia em suas aulas, percebendo que nem sempre esse recurso podia atender aos seus objetivos. Bittar (2006) alerta que “um software deve ser escolhido em função dos objetivos do professor, e não o contrário”. Nesse sentido, evidencia-se que os tablets ainda possuíam certas limitações quanto ao seu uso pedagógico.

É preciso conhecer as ferramentas que tu vai usar, independente do que tu tá usando, mas saber as limitações que ela tem, o que aprendemos aqui no curso: o que me permite trabalhar e o que não me permite. Além do que, me permite trazer a questão da prática para a sala de aula, para estar ajudando aquilo que vai estar complementando, vão estar assimilando (os alunos), [...] porque só conteúdo por conteúdo não vai adiantar também (P7).

No depoimento de P7, observa-se o que Palis (2010) destaca sobre a relação entre o conhecimento da tecnologia e o conteúdo. Segundo a autora, é possível compreender as representações de conceitos usando tecnologia, percebendo como uma ferramenta tecnológica pode ajudar a lidar com as limitações dos alunos e então desenvolver táticas pedagógicas que utilizam os recursos tecnológicos para ensinar conteúdos.

Como limitações para a adoção das tecnologias na prática, as docentes apontaram a falta de tempo tanto para ingressar em cursos de formação quanto para preparar aulas. Em relação à falta de tempo, uma das participantes comentou que, em paralelo a esse curso, também participava de outra formação e que por isso sentia-se cansada, mas acreditava que o resultado seria positivo: “isso me preocupou um pouco, mas acho que cresci como professora” (P7).

Por sua vez, P6 afirmou que

às vezes, a gente não tem tempo de sentar e procurar jogos diferentes ou ter tempo de explorar esse jogo para poder aplicar, [...] simplesmente pegar um jogo e jogar [...] e se tu não explorar e vir as possibilidades, não tem por que usar. E a dificuldade maior que acho é essa, o tempo que nós temos de planejamento é pequeno.

Nessa perspectiva, a falta de tempo pode ser um elemento complicador para a integração dos recursos tecnológicos à prática pedagógica do professor, pois a longa carga horária semanal que a maioria enfrenta não permite uma apropriação efetiva das tecnologias e limita o profissional quanto à utilização com os alunos (Leite; Ribeiro, 2012).

Apesar das dificuldades manifestadas no decorrer da formação, acredita-se que é possível a integração de tablets na prática pedagógica. Conforme Bittar (2006), é fundamental aos formadores tomar para si a responsabilidade de formar os professores para torná-los aptos a utilizar, em todas as suas dimensões, a tecnologia com seus alunos.

Considerações finais

Posto isso, conclui-se que a formação continuada de professores pode ser um meio para a integração dos recursos tecnológicos nas aulas de Matemática. Todavia, isso só será possível se esses profissionais se tornarem partes ativas de seu percurso de formação, e os debates estiverem voltados a seus anseios e limitações. Além disso, é necessário proporcionar conhecimento tecnológico, pedagógico e de conteúdo a fim de diminuir a insegurança dos docentes ao integrar as tecnologias em sua prática pedagógica.

Ao longo da formação, observou-se a motivação das participantes ao explorar as atividades. As discussões produtivas demonstraram que elas passaram a se sentir mais seguras utilizando os tablets em suas aulas. Além disso, ao possibilitar a problematização de conteúdos matemáticos, os encontros evidenciaram certas dificuldades das professoras, especialmente em Geometria e frações. Elas declararam conhecer os conceitos de tais conteúdos, mas não saber como explorá-los de maneira adequada com os alunos, motivo pelo qual foram revisados, explorando as potencialidades e limitações pedagógicas do tablet em cada tópico.

Portanto, é possível inferir que a experiência vivenciada pelas professoras participantes do curso de formação continuada foi significativa, especialmente por dois motivos: pela aprendizagem e aquisição de novos conteúdos e como meio motivacional para que elas pudessem integrar os aplicativos computacionais em sua prática pedagógica.

Referências

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BARCELOS, G. T.; BATISTA, S. C. F. Uso de aplicativos em tablets no estudo de sistemas lineares: percepção de licenciandos em Matemática. Revista Nuevas Ideas en Informática Educativa, Porto Alegre, v. 9, p. 168-175, 2013.

BITTAR, M. Possibilidades e dificuldades da incorporação do uso de softwares na aprendizagem da Matemática. Um estudo de caso: o software Aplusix. Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática, 3, 2006. Anais... Águas de Lindoia, 2006.

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BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Ensino Médio. Brasília: SMT/MEC, 1997.

LEITE, W. S. S.; RIBEIRO, N. C. A. A inclusão das TIC na educação brasileira: problemas e desafios. Revista Internacional de Investigación en Educación, Bogotá, v. 5, nº 10, p. 173-187, jul./dez. 2012.

MORAN, José Manuel. Tablets para todos conseguirão mudar a escola?Novas tecnologias e mediação pedagógica. 21ª ed. São Paulo: Papirus, 2013.
MOREIRA, M. A. Metodologia de pesquisa em ensino. São Paulo: Livraria de Física, 2011.

PALIS, G. R. O conhecimento tecnológico, pedagógico e do conteúdo do professor de Matemática. Educação Matemática Pesquisa, São Paulo, v. 12, nº 3, p. 432-451, 2010.

SABOIA, J.; VARGAS, P. L.; VIVA, M. A. A. O uso dos aplicativos móveis no processo de ensino e aprendizagem no meio virtual. Revista Cesuca: conhecimento sem fronteiras, Cachoeirinha, v. 1, nº 1, p. 1-13, jul. 2013.

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Publicado em 21 de março de 2017

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