A visão dos intérpretes de libras sobre a inclusão de alunos surdos em eventos de divulgação científica na escola
Adriana Oliveira Bernardes
UENF (Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro)
Introdução
O trabalho de divulgação científica no Brasil vem sendo realizado por várias instituições, como museus e centros de ciências, entre outros. Sabemos que tais instituições são consideradas de educação não formal, ao contrário de escolas e universidades, que oferecem a chamada educação formal. Ainda que haja essa separação, a divulgação científica também ocorre dentro das escolas; algumas vezes, constituem-se como experiências únicas na área científica para centenas de pessoas que pertencem às comunidades escolares. Palestras, feiras de ciências e oficinas, entre outras atividades – algumas delas em parceria com as universidades e centros de ciência – que visem à divulgação científica podem contribuir de modo geral para o desenvolvimento da comunidade e para uma formação cidadã dos indivíduos. No contexto escolar, participam de tais atividades também alunos com deficiência, que devem participar de forma a serem contemplados em suas especificidades, para as quais as atividades programadas deverão almejar suas participações ativas, primordiais tanto para seu sucesso como o de qualquer outro indivíduo.
A divulgação científica vem sendo realizada fortemente no Brasil apenas a partir da década de 1980, ainda que tenha se iniciado no século XIX. Segundo Moreira e Massarani (2002, p. 44), “no Brasil dos séculos XVI, XVII e XVIII, em uma colônia portuguesa de exploração, atividades científicas ou mesmo de difusão das ideias modernas eram praticamente inexistentes”.
Nos dias atuais, a divulgação de ciência é importante, não só entre os cientistas, mas também entre o público em geral. Sabemos, por exemplo, que o ensino de ciências nas escolas possui inúmeras deficiências, que são comprovadas tanto em exames externos como internos aos quais os alunos são submetidos; por isso, um trabalho de divulgação seria importante como forma de contribuir para a motivação de alunos e professores.
Em relação à necessidade de divulgação científica, concordamos que
a ciência precisa ser divulgada, tanto entre os pares quanto entre os leigos interessados. Os objetivos da divulgação científica variam conforme o público a que se destina. A ideia de tornar pública a produção científica esbarra na própria limitação da linguagem necessária para atingir o público geral (Ferrari et al., 2005, p. 2).
É importante que uma formação cidadã dos indivíduos propicie uma visão crítica da ciência e seus benefícios, para que eles não tenham uma visão ingênua dela, percebendo, que ela traz ao homem importantes subsídios para seu desenvolvimento, mas pode trazer também dezenas de problemas que em determinado momento poderão transformar-se em problemas sociais.
Sobre o conceito de divulgação científica, consideramos que
é a veiculação em termos simples da ciência como processo, dos princípios nela estabelecidos, das metodologias que emprega. Durante muito tempo, a divulgação se limitou a contar ao público os encantos e os aspectos interessantes e revolucionários da ciência. Aos poucos, passou a refletir também a intensidade dos problemas sociais implícitos nessa atividade. Para muitos divulgadores, a popularização da ciência perdeu sentido como relato dos progressos científicos, porque o cidadão se acha hoje cercado desse tipo de informação (Reis, 2002, p. 7).
Reis menciona um fator importantíssimo a ser considerado quando discutimos trabalhos de divulgação científica, com o excesso de informação ao qual o individuo está exposto diariamente: simples relatos do progresso científico perdem sentido; são necessários o entendimento dos contextos nos quais a ciência se desenvolve e as reflexões sobre como esse progresso se dá, como auxilia ou não em nossa vida em sociedade; nesse caso, estaríamos indo além de trabalho com simples informação e atuando fortemente para a formação cidadã do indivíduo.
No início da década de 1980, iniciou-se um processo de utilização das mídias para divulgar o conhecimento científico junto à população; sobre essa questão, Moreira e Massarani afirmam que,
a partir dos anos 80, novas atividades de divulgação começaram a surgir, principalmente nas páginas de jornais diários, nas quais seções de ciência foram criadas. Apareceram também as primeiras tentativas de produzir programas de TV voltados para a ciência, tais como Nossa Ciência, criado em 1979 e transmitido pelo canal governamental de educação. Esse programa seria interrompido depois de dez emissões (2002, p. 60).
Sobre como se deu a divulgação científica nas três últimas décadas, podemos considerar que “têm sido um período particularmente rico em experiências de divulgação científica, embora o país ainda esteja longe de ter uma atividade ampla, abrangente e de qualidade nesse domínio” (Moreira; Massarani, 2002, p. 59).
Devemos considerar que, nas últimas três décadas, a divulgação científica tenha se dado de forma mais efetiva, porém ainda não vivenciamos uma situação na qual o trabalho realizado colabore para uma transformação social que contribua para uma participação cidadã dos indivíduos na sociedade.
Instituições científicas, como universidades, museus e centros de ciência, entre outros, utilizam seus laboratórios e instalações e contam com pessoal especializado, que pode atuar de maneira positiva com ações de divulgação científica junto à população, porém em pequenas cidades nem sempre existem instituições. Dessa maneira, o trabalho de divulgação muitas vezes resume-se ao que é realizado pelas escolas, trabalho que deve ser incentivado e principalmente reconhecido.
A importância de tais atividades na escola na qual está inserido o aluno surdo vai além de propiciar sua inclusão, proporcionando a ele uma formação cidadã. A forma como se dá a divulgação científica poderá favorecer ou não a diversidade de pessoas da sociedade para qual é realizada. A linguagem a ser utilizada deve possibilitar a compreensão de todos e atender a um público diverso presente em nossa sociedade, cuja representatividade se encontra nas escolas.
É importante mencionar que, no caso do aluno surdo, temos outra questão fundamental a ser considerada, que é o fato de ele ter a língua portuguesa como segunda língua e a Libras (Língua Brasileira de Sinais) como sua primeira língua. Assim, além de uma linguagem de fácil entendimento, é necessário considerar o que pode ser uma barreira na comunicação, que é a falta de bilinguismo nas escolas.
Outro fator importante no caso do aluno surdo é a necessidade de utilização do que chamamos pedagogia visual; segundo Lacerda et al. (2009, p. 186), “é relevante pensar em uma pedagogia que atenda as necessidades dos alunos surdos que se encontram imersos no mundo visual e apreendem, a partir dele, a maior parte das informações para a construção de seu conhecimento”.
Ainda para Lacerda et al. (2009), um elemento imagético – como uma maquete, um desenho, mapa, gráfico, fotografia, vídeos ou o trecho de um filme – pode ser compreendido.
A utilização de recursos que colaborem com o aprendizado do aluno com necessidades especiais de maneira geral é algo que se almeja na escola inclusiva, levando em conta que a inclusão pressupõe uma educação de qualidade, como afirma Mantoan (2003).
A Declaração de Salamanca afirma que
escolas inclusivas devem reconhecer e responder às necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recurso e parceria com as comunidades. Na verdade, deveria existir uma continuidade de serviços e apoio proporcional ao contínuo de necessidades especiais encontradas dentro da escola (Declaração de Salamanca, 1994, p. 5).
A LDBEN (1996), promulgada quatro anos após Salamanca, dispõe sobre a importância de uma formação cidadã para os alunos; ela deve propiciar o entendimento científico, proporcionando ao estudante uma plena inserção na sociedade. Após a LDBEN, as leis nº 5.626/05 e a de nº 7611/11 dispõem sobre o ensino para pessoas que são público-alvo da Educação Especial. Em relação ao surdo, ressaltam a importância de recursos que possibilitem seu aprendizado e permanência na escola, bem como a presença do intérprete de Libras em sala de aula.
Segundo Bueno (2002, p. 230), ”a democratização do conhecimento é, certamente, uma etapa fundamental do processo de resgate da cidadania em nosso país”; vem daí a importância de se refletir sobre os vários contextos do aprendizado do aluno surdo na escola ou de qualquer outro aluno que apresente necessidades educativas especiais.
Em relação ao que é esperado da alfabetização científica na perspectiva da inclusão social, podemos considerar que
há, todavia, uma outra dimensão em termos de exigências: propiciar aos homens e mulheres uma alfabetização científica na perspectiva da inclusão social. Há uma continuada necessidade de fazermos com que a ciência possa ser não apenas medianamente entendida por todos, mas, e principalmente, facilitadora do estar fazendo parte do mundo (Chassot, 2003, p. 5).
Então, quando pensamos em alfabetização científica da população, acreditamos que sua principal função é beneficiar a população, propiciando que ela viva melhor, porque entende melhor o mundo à sua volta. Trabalhos de divulgação científica que são realizados nas escolas na forma de palestras, feiras científicas e oficinas, entre outros, com a participação de todos os alunos da comunidade escolar, são importantes; as atividades devem ser elaboradas levando em conta suas especificidades.
Em uma escola com alunos surdos, é importante a presença de intérpretes e de atividades inclusivas que facilitem sua participação, que pode ser favorecida, por exemplo, com a utilização de imagens e vídeos.
Segundo Lacerda et al. (2014, p. 186), “é relevante pensar as necessidades dos alunos surdos que se encontram imersos no mundo visual e apreendem a partir dele a maior parte da informações para a construção do conhecimento”. Devemos então considerar que tais recursos são importantes para o desenvolvimento do aluno surdo, já que atende suas especificidades, mas é importante também considerar que esse aluno deve ser estimulado a ser ativo em seu processo de aprendizagem e que conviva num ambiente dialógico criado pelo professor em sala de aula que possibilite a ele se desenvolver plenamente como qualquer outro aluno; para isso é fundamental que o bilinguismo seja estimulado na escola.
Em relação ao desenvolvimento do aluno surdo,
nesse universo que desejamos inclusivo, todos os alunos que constituem o público-alvo da Educação Especial devem ser incitados a indagar, dialogar e debater. Todos, respeitando-se as suas especificidades, devem ser contemplados e participar ativamente, tornando-se sujeitos ativos, que indaguem, informem e se formem como sujeitos capazes de exercer suas potencialidades, desde que oferecidas condições para tal (Bernardes; Kelman, 2017, p. 5).
Todo esse cuidado dentro da escola para que o aluno seja incluído reforçará a importância explicitada por Delors (2005), de aprender a viver junto como um dos pilares da educação do século XXI.
Apesar disso, devemos considerar que alguns aspectos, como o desenvolvimento científico-tecnológico, ainda são uma realidade muito dissociada das pessoas surdas (Sassaki, 1997); vem daí a importância de um trabalho mais efetivo.
Esclarecendo sobre o trabalho de divulgação científica, Esperança aborda tais questões:
Quando falamos de DC temos em mente que é apenas a simples transposição do que está sendo realizados nos laboratórios, as mais recentes pesquisas e o que há de mais inovador em ciências; entretanto, a divulgação científica vai além dessa prática limitada. Trabalhar DC apenas por essa perspectiva exclui o enorme campo científico que é produzido dentro da escola. E esse campo merece valor, devendo ser praticado pelos profissionais que lidam diretamente com os agentes construtores do saber. Para este século, é importante resgatar a escola como referência do saber, mas não como um saber fechado teórico e restrito, e sim como um espaço onde a diversidade cultural e o conjunto de informações do mundo que nos cerca possam ser somados à construção e divulgação da ciência (Esperança, 2014, p. 2).
Vivenciamos um momento em que é necessário, para o desenvolvimento do trabalho de divulgação científica, que a escola seja tida como um lugar importante na vida do aluno para obtenção e construção do conhecimento. É importante então que a DC não esteja apenas associada à transcrição do trabalho realizado pelos cientistas para o público em geral, mas também associada a outros conhecimentos que são comuns as escolas e que trazem reflexões ao espaço escolar.
Objetivos
Conhecer a visão dos intérpretes de Libras da participação dos alunos surdos em eventos divulgação científica realizados em colégio público estadual do Rio de Janeiro.
Metodologia
Este trabalho foi realizado em colégio da rede pública estadual, localizado na cidade de Nova Friburgo, Rio de Janeiro, que oferece Ensino Fundamental e Ensino Médio nos turnos matutino, vespertino e noturno e NEJA (Educação de Jovens e Adultos) no turno da noite.
O colégio conta com aproximadamente 200 alunos no Ensino Médio no turno matutino e 150 no turno da noite. Na época em que foi realizada a pesquisa, o colégio possuía sete alunos surdos matriculados no Ensino Médio e três no Ensino Fundamental; eles contavam com três intérpretes, que se dividiam no atendimento nas salas de aula.
Foi realizada pesquisa qualitativa com o grupo de intérpretes que trabalham na escola a partir de seu envolvimento com as atividades de divulgação científica realizadas pela escola.
O estudo buscou entender a visão dos intérpretes de Libras a respeito do trabalho realizado na escola, não utilizando pesquisa quantitativa e sim qualitativa, pela análise das respostas dos intérpretes ao questionário.
Sabemos que a pesquisa qualitativa
não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria (Silveira; Córdoba, 2009, p. 31).
No nosso caso, buscávamos entender os benefícios, para o aluno surdo, das atividades realizadas, por meio da visão do intérprete que atuava em tais eventos.
Os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificam os valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos, pois os dados analisados são não métricos (suscitados e de interação) e se valem de diferentes abordagens (Silveira; Córdoba, 2009, p. 31).
Podemos considerar também que, “partindo de questões amplas que vão se aclarando no decorrer da investigação, o estudo qualitativo pode, no entanto, ser conduzido através de diferentes caminhos” (Godoy, 2005, p. 2).
Um dos caminhos é o estudo de caso, que será realizado neste trabalho. Godoy (2005) afirma que o propósito fundamental do estudo de caso é analisar intensivamente uma dada unidade social. O trabalho foi realizado a partir das respostas dos intérpretes ao questionário apresentado abaixo:
As perguntas foram as relacionadas no Quadro 1.
Quadro 1: Questionário respondido pelos intérpretes de Libras
1. Qual sua percepção do entendimento dos conceitos científicos de alunos surdos em eventos como feiras de ciências, palestras cientificas e eventos de ciência em geral? |
2. No geral, eles gostam de participar? |
3. Alguma vez você já presenciou atividades nesses eventos elaboradas considerando as especificidades do surdo? |
4. No geral essas atividades os incentivam ao estudo da ciência? Como? |
5. Quando ele se apresenta sendo protagonista, quais são suas impressões sobre a visão das pessoas do que ele está fazendo? E qual a visão dele sobre estar apresentando trabalho nesses eventos? |
Realizamos então, para obtenção de resultados, uma análise de conteúdo, que, segundo Bardin (2009), é um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens.
Neste trabalho utilizamos o método para compreender a visão dos intérpretes sobre o trabalho realizado na escola com os alunos surdos, no que tange aos eventos de divulgação científica.
Em relação à pergunta 1 – “Qual sua percepção do entendimento dos conceitos científicos de alunos surdos em eventos como feiras de ciências, palestras científicas e eventos de ciência em geral?”,segundo os intérpretes, os alunos surdos se interessam quando há recursos visuais ou quando é apresentado um projeto prático. Isso fica explicitado nestas respostas:
Quando há uma maquete, um vídeo explicativo ou um projeto prático que demonstre o que está sendo falado, é muito proveitoso para eles, sim, mas quando a proposta é apenas de uma apresentação oral há dificuldades, porque aí depende do que eles já sabem sobre o assunto, o que é normalmente pouco.
Nesse tipo de evento, os surdos têm um entendimento melhor porque há muitos recursos visuais, como por exemplo slides... maquetes... etc.
Em relação à pergunta 2: “No geral eles gostam de participar?”, os intérpretes afirmam que depende de como são preparados para as apresentações; na escola em questão existe um projeto que estimula a participação deles, mas nem sempre gostam, pois veem a comunicação como um problema para interação com os ouvintes. Isso pode ser percebido na fala da intérprete quando afirma que:
Na maioria das vezes eles consideram que a comunicação é uma barreira e sentem vergonha.
Porém nem todos os intérpretes compartilham essa ideia, achando que alguns alunos ficam curiosos; isso pode ser explicitado na fala de um dos intérpretes:
Os surdos normalmente gostam de participar das atividades, porque estimulam sua curiosidade, fazendo com que o interesse pelas aulas de Física, Química e Biologia aumente.
Gostam, sim, porque é uma coisa diferente, além da teoria e da sala de aula.
Em relação à pergunta 3, “Alguma vez você já presenciou atividades nestes eventos elaboradas considerando as especificidades do surdo?”, os intérpretes afirmam que sim, que normalmente há recursos visuais e é disponibilizado um intérprete para o evento. Isso fica explicitado quando um deles afirma que,
além de recursos visuais, é providenciado um intérprete para incluir o aluno. E também é dada ao aluno a oportunidade de participar e se apresentar.
Em relação à pergunta 4, “No geral essas atividades os incentivam ao estudo da ciência? Como?”, os intérpretes afirmam que há estímulo à área científica. Isso é explicitado quando eles afirmam que
Sabemos isso porque as perguntas aumentam à medida que eles participam do evento. Aguça a curiosidade deles.
Em relação à pergunta 5, “Quando ele se apresenta sendo protagonista, quais são suas impressões sobre a visão das pessoas do que ele está fazendo? E qual a visão dele sobre estar apresentando trabalho nesses eventos?”, os intérpretes afirmam que a apresentação dos alunos em tais eventos é algo que mostra a importância da Libras para a comunicação entre surdos e ouvintes, pois nesses momentos eles interpretam o aluno surdo para os ouvintes.
Quando o aluno faz apresentações, as pessoas ficam comovidas e impressionadas com o esforço deles para superar suas dificuldades. E eles, por sua vez, se sentem valorizados. Isso aumenta sua autoestima e sua autoconfiança.
Conclusão
Primeiramente, é importante que se ressalte a importância da escola nas atividades de divulgação científica, que em cidades de pequeno porte, na maioria das vezes serão a única oportunidade do aluno de participar de um processo de alfabetização científica.
Outro ponto importante é perceber que uma escola inclusiva deve trabalhar de maneira a proporcionar uma educação de qualidade a todos os alunos no contexto escolar, incluindo as especificidades dos alunos.
Consideramos que a visão dos intérpretes sobre o trabalho é favorável, mostrando a importância das atividades realizadas. Percebemos neste caso a importância de obter a visão de tais profissionais; consideramos que a pesquisa traz uma aproximação dos problemas vivenciados por pessoas surdas e as pessoas da comunidade escolar de maneira geral.
Os resultados mostram que os intérpretes acreditam que feiras científicas, observações do céu, palestras e oficinas sejam importantes para o aprendizado do aluno surdo, principalmente quando são utilizados recursos visuais, que são favoráveis ao seu aprendizado, como as apresentações de slides, exposições de imagens e experimentos, ressaltando a importância da utilização de recursos imagéticos.
Discutimos neste trabalho a questão do aluno surdo diante atividades de divulgação de ciência desenvolvidas em colégio estadual do Rio de Janeiro. O trabalho foi realizado com a obtenção de dados junto a intérpretes de Libras que interpretam em tais eventos. A ideia era obter a percepção deles sobre como os alunos surdos aproveitavam tais atividades, a fim de contribuir para uma melhoria no desenvolvimento do aluno na escola, o que apenas será obtido a partir do momento em que conheçamos em detalhes suas particularidades para aprender, além de integrá-lo a todas as atividades desenvolvidas na escola – entre outras, as de divulgação científica.
Referências
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.
BERNARDES, Adriana O.; KELMAN, Celeste A. A percepção dos intérpretes de Libras sobre o ensino de Física: um estudo de caso. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 17, nº 14, 2017.
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Publicado em 06 de fevereiro de 2018
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