Entre práticas e teorias: Subprojeto Letras/Português sob o olhar dos residentes do Programa de Residência Pedagógica da UFPI
Maria Vilani Soares
Doutora e mestre em Linguística, especialista em Língua Portuguesa, docente orientadora do Programa de Residência Pedagógica da UFPI/Capes, professora associada (UFPI/CCE/DMTE), coordenadora do projeto de extensão Laboratório de Produção Textual (PREXC/UFPI), coordenadora do Pibic/Nert – Núcleo de Estudos em Refacção Textual (UFPI)
Considerando as postulações de Nóvoa (2009), de que a formação docente deve acontecer no exercício da profissão, uma vez que muitas aprendizagens só ocorrem na prática cotidiana de sala de aula, não havendo como concebê-las apenas pelo viés teórico, é que percebemos o quão distantes estão as instituições de ensino superior (IES) e as escolas.
Quando a aprendizagem da profissão se dá no seu exercício, o desejo de encontrar soluções para casos concretos mobiliza saberes teóricos que são imprescindíveis para sua resolução; assim, a articulação entre saberes de natureza diversas acontece inevitavelmente.
Em nossas práticas cotidianas com os residentes, percebemos que, quando na regência, eles necessitam tomar decisões, resolver imprevisíveis problemas da prática; enfim, articular conhecimentos e habilidades para atingir os objetivos propostos. Desse modo, não se pode deixar de relevar o estágio de regência como experiência fundamental para uma formação de futuros professores com qualidade. O acadêmico, na condição de residente pedagógico, passa por todo um processo de formação planejada, com objetivos claros e que possibilitam que essa articulação seja feita. O residente vive a profissão em situações reais, compartilha os problemas e os projetos pedagógicos da escola-campo e, assim, tem a oportunidade de ver a teoria apreendida em seu espaço institucional ser ressignificada, reestruturada, repensada, reavaliada numa conexão com a prática, além de desenvolver importantes habilidades de um professor reflexivo.
Refletindo sobre as práticas correntes do estágio curricular dos cursos de licenciatura, percebemos que há grande distanciamento entre os conhecimentos teóricos presentes nos discursos acadêmicos e a ação deles realizadas nas escolas. O cotidiano da escola distancia-se das aulas e do currículo dos cursos de licenciatura que normalmente é planejado e desenvolvido nas universidades. Há um abismo entre as questões ditas “acadêmicas”, estudadas nas universidades e aquelas concernentes à prática dos estagiários vivenciadas nas escolas. Na maioria das vezes, essas práticas configuram-se como experiências frustrantes para os estagiários, quando eles se colocam face a face com seu aluno, com os problemas da profissão docente e que não sabem solucionar.
A residência pedagógica (RP) cria uma “ponte” que transpõe esse abismo, gerando possibilidades, iniciativas inovadoras e bem-sucedidas em forma de propostas pedagógicas e metodologias, gerando aproximações entre a prática da docência e os fundamentos teóricos que a embasam.
Este estudo tem como objetivo retratar como foi concebido e concretizado o Subprojeto de Letras/Português em Teresina/PI no segundo semestre de 2018 e no primeiro semestre de 2019 no PRP, considerando como a relação entre a teoria e prática docente está posta nessa experiência e quais fundamentos e metodologias caracterizam tal iniciativa.
Para isso foi realizada análise documental dos relatórios de seis residentes, das três escolas-campo, de modo a conhecer suas avaliações e pontos de vista acerca do PRP. Embasamos nossas análises em autores que postulam a importância da articulação entre práticas e teorias para a formação inicial de professores: Nóvoa (2009); Calderano (2012); Duarte Jr. (1990); Libâneo (2009) e Imbernón (2010).
Como resultado, verificamos que a experiência foi bem-sucedida na aproximação entre a universidade e escola; essa articulação foi favorecida por um trabalho conjunto e plural entre todos os atores que fazem o PRP da UFPI e houve receptividade positiva e colaborativa dos que atuam nas escolas-campo.
Esperamos que o estudo desta iniciativa possa servir de base para a formulação de experiências inovadoras na formação inicial de professores da Educação Básica.
Caracterização do Subprojeto Letras/Português
O PRP foi implementado em 2018 na UFPI conforme Edital nº 06/2018 pela professora doutora Antônia Dalva França Carvalho, coordenadora institucional do Programa de Residência Pedagógica, uma parceria da UFPI com a Capes, apresentando como um de seus objetivos exercitar de forma ativa a relação entre teoria e prática profissional docente, a partir da coleta de dados e diagnóstico sobre o ensino e aprendizagem escolar entre outras didáticas e metodologias.
O objetivo basilar do Subprojeto Letras/Português é promover a formação docente de nossos acadêmicos com base no desenvolvimento de projetos e ações que fortaleçam o campo da teoria, da prática e da reflexão crítica do saber/fazer docente. Vale ressaltar que, nesse universo educacional, o licenciando de Letras/Português precisa estar atento a vários fatores – como contexto social dos estudantes, ambiente escolar, objetivos e metodologias de ensino adequados ao material didático a ser utilizado – que necessitam ser identificados e abordados com bastante precisão, uma vez que se tornam indispensáveis tanto para um ensino de qualidade quanto para uma aprendizagem significativa. Para tanto, é importante que o residente seja capaz de reconhecer as necessidades dos estudantes, suas dificuldades e anseios, permitindo que eles desenvolvam seu potencial.
Ações e diálogos foram desenvolvidos mediante a inserção dos residentes de Letras/Português em atividades concretizadas no ambiente escolar. Os residentes, juntamente com a preceptora, incorporaram práticas metodológicas diversificadas a fim de minorar problemas de repetência, evasão e falta de motivação dos alunos. A colaboração seria contribuir para elevar os índices de desenvolvimento educacional (Ideb) das escolas-campo, bem como o aperfeiçoamento da Língua Portuguesa com base na comunicação oral, na escrita, na leitura, em estudos literários e linguísticos, a partir das orientações postuladas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Na UFPI, no Núcleo de Desenvolvimento Profissional (formado por bolsistas e voluntários da residência pedagógica, preceptoras, docente orientadora e coordenadora institucional), foram realizadas atividades para estudar referenciais teóricos educacionais contemporâneos, pesquisar a formação docente e o processo de ensino-aprendizagem. O Núcleo é responsável pelos trabalhos de socialização dos impactos e resultados gerados em todas as ações do Subprojeto, sempre de modo articulado aos outros subprojetos e ao projeto institucional, com base em uma reflexão plural e crítica das ações e atividades elaboradas.
Nas escolas-campo desenvolvemos atividades de monitoria (intra e extraclasse); de ensino experimental e de ações complementares como oficinas de reforço; oficinas de Francês para iniciantes; palestras sobre Direitos Humanos; cursinhos de redação para o Ensino Médio (Mandando Bem na Redação); oficinas sobre gêneros textuais e sobre o processo de produção de textos: da escrita à reescrita; curso de extensão sobre produção científica, concursos literários de poesias e paródias e o grande evento de extensão para residentes de todas as licenciaturas e interessados, intitulado Desenvolvendo Habilidades para Ingressar na Carreira Docente com Sucesso, que reuniu uma média de 195 participantes. Vale ressaltar que todas essas atividades estavam integradas aos conteúdos programáticos e aos projetos pedagógicos de forma interdisciplinar, previamente elaborados e discutidos de forma colaborativa com os atores que compõem o cenário da residência pedagógica (RP).
Nas escolas-campo, os residentes acompanharam o planejamento escolar junto com as preceptoras, sempre a partir do estudo detalhado e coletivo do projeto pedagógico. Para a significativa ação diagnóstica da escola-campo, criamos docente orientadora e preceptoras o “protocolo observacional”, que foi aplicado aos gestores e coordenadores das escolas-campo, observando três dimensões: a pedagógica; a estrutural; e a psicossocial, a fim de melhor orientar os residentes quanto aos aspectos observacionais e diagnósticos.
Tiveram grande repercussão as atividades voltadas para a Redação cobrada no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) com enfoque nos estudantes que estavam cursando o Ensino Médio e mais especificamente o 3º ano. Tal ação valorizou os saberes prévios do indivíduo e suas realidades culturais na construção de novos saberes, além de ser relacionada ao desenvolvimento de um olhar crítico, que facilita o desenvolvimento da comunidade na qual o educando está inserido.
A cada semana, residentes, preceptoras e docente orientadora se reuniam na UFPI para refletir conjuntamente sobre as propostas curriculares da área de Português, valorizando as que auxiliaram o desenvolvimento de práticas pedagógicas exitosas no espaço escolar.
Os residentes planejaram atividades de intervenção e execução da regência de classe, juntamente com as preceptoras. Como o residente terá que cumprir carga horária de 100h/a de regência de classe na escola-campo (Ensino Fundamental e Ensino Médio), no primeiro momento eles atuaram nas séries conforme o que a escola-campo dispunha. No segundo momento acontecerá o rodízio, dando oportunidade, aos que ficaram no Ensino Fundamental, de ir para o Ensino Médio e vice-versa.
Os residentes são orientados pelas preceptoras e docente orientadora a fazer registros fotográficos das atividades desenvolvidas e de todas as ações de que tomem parte, principalmente nas escolas, com vistas à produção de relatórios mensais que serão motivo de análise e servirão para acompanhamento e avaliação das ações do Subprojeto, com reflexões sobre as ações desenvolvidas, os pontos negativos e positivos, ou seja, a avaliação dos participantes sobre o desenvolvimento do Subprojeto.
Programa de Residência Pedagógica: sob o olhar dos residentes do Subprojeto Letras/Português
A possibilidade de ter contato com a prática profissional e discuti-la durante o período do PRP, de modo a construir bases teóricas que embasem uma ação futura, é um dos pontos altos oportunizados aos residentes da UFPI. A prática profissional é o eixo norteador do PRP, segundo o projeto pedagógico.
Calderano (2012), sobre a articulação entre o observado na prática e a construção da teoria, escreve que o que anima e dá sentido ao Estágio é a relação entre os estudos teóricos e a ação prática cotidiana. Essa relação, segundo o autor, deve ser contínua, possível e necessária. Para que o conhecimento prático enseje questionamentos, problematizações, teorizações e investigações, o preceptor é fundamental, já que sua função nas escolas-campo é acompanhar de modo sistemático e organizado um grupo reduzido de residentes em suas práticas. Para Calderano (2012, p. 251), é importante “analisar o que acontece, como, por quê, onde, com quem e quando acontecem determinadas situações buscando um novo sentido diante do que está sendo observado e apreendido no processo junto à realidade observada”.
Assim é que este estudo, após caracterização do Subprojeto Letras/Português, busca analisar as avaliações e os pontos de vista acerca do PRP dos 6 residentes escolhidos, sendo dois de cada escola-campo. Nesta seção, duas categorias serão expostas mais detidamente, considerando os depoimentos dos residentes a partir dos relatórios fotográficos mensais: (1) Contribuição da RP na percepção dos residentes; (2) Avaliações dos residentes acerca da PRP.
Contribuição da RP na percepção dos residentes
Tanto a imersão nas escolas quanto as reuniões semanais de preceptoria e os documentos que o residente produz ao longo do PRP, como diários de campo, protocolo observacional, plano de ação pedagógica e relatório mensal, articulam as experiências de formação e fazem com que ele percorra um processo de pesquisa e problematização importante para sua formação. Essas quatro estratégias, de maneira dialógica e complementar, desenvolvem no residente a habilidade de olhar de maneira investigativa para a prática, buscando saídas.
Durante o período de preceptoria, os residentes reúnem-se com os professores preceptores semanalmente na universidade para discutir, junto à docente orientadora, as experiências vividas e a elaboração de um plano de ação pedagógico. O grupo de cada preceptoria é composto por dez residentes que realizam a imersão no mesmo período, na mesma escola. Além disso, a imersão nas escolas dá aos residentes a possibilidade de observar a rotina delas e enfrentar muitas questões que permeiam o cotidiano dos docentes e que muitas vezes desestruturam profissionais recém-formados quando do seu ingresso nas escolas.
Os conflitos e questões abstrusas vivenciados pelos alunos no período da residência são discutidos e refletidos coletivamente, de forma que o grupo se apoie para a busca de alternativas para essas experiências, contando sempre com a orientação próxima do professor preceptor. Tal pressuposto fica claro no depoimento dos residentes Maycon e Rômulo, quando enfatizam o trabalho em equipe na resolução das dúvidas, sempre de forma coletiva.
A residência possibilita à equipe o aprendizado de conceitos, técnicas e metodologias relativas ao ensino, além de favorecer o crescimento dos residentes como profissionais, proporcionando aos alunos um apoio na solução de dúvidas relacionadas aos assuntos estudados em sala de aula, sempre de forma coletiva (Maykon).
A RP contribui para a elaboração de projetos e reflexão quanto à prática em sala de aula, sempre em equipe e de forma colaborativa. As atividades da residência pedagógica nas oficinas desenvolvem competências específicas para a obtenção de uma boa nota na redação do Enem (Rômulo).
Nos trechos dos depoimentos e exemplos dados pelo residente Jhonnatas é possível verificar a similaridade da concepção de formação do RP com as ideias de Imbernón (2010), para quem a formação do professor deve partir de problemas reais de cada contexto, uma vez que não há problemas genéricos vivenciados na educação. O residente Jhonnatas ressalta o dinamismo acentuado das atividades de residência pedagógica, uma vez que são voltadas para um cotidiano real, contando com o engajamento de toda a equipe na superação das dificuldades, o que a aproxima de Imbernón (2010).
A residência favorece atividades mais dinâmicas em um cotidiano real de aula da Educação Básica pública com todos os seus desafios, demandas e engajamentos da equipe na superação das adversidades (Jhonnatas).
A residente Amanda traz seu foco para o trabalho dinâmico do residente em sala de aula, a fim de melhorar o desempenho dos alunos em situações de risco de reprovação e/ou evasão escolar; a residente Mayra enfoca o trabalho planejado e criativo do residente no auxílio aos alunos em suas dificuldades.
A RP contribui diretamente para a melhoria da aprendizagem de alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental em situação de risco de reprovação e/ou evasão escolar, tentando ajudar esses alunos em seu desenvolvimento, contribuindo para sua formação, a partir do trabalho mais dinâmico do professor residente em sala de aula, e onde há uma troca de conhecimentos e aprendizagens (Amanda).
A RP contribui muito, pois, além de auxiliar os alunos em suas dificuldades em sala de aula, faz com que eles aprendam mais, a partir do trabalho planejado e criativo do residente, pois este aprende e troca informações e experiência com os alunos e professores, melhorando a qualidade do ensino, sempre visando melhorar o desempenho dos alunos, para que eles aprendam sempre com mais facilidade (Mayra).
A residente Wanessa ressalta as vantagens de ser residente, reforçando o aprendizado e o crescimento intelectual e psicossocial do residente.
A RP beneficia toda a equipe com o aprendizado de conhecimentos relativos ao ensino, levando ao crescimento intelectual e psicossocial dos residentes (Wanessa).
Avaliações dos residentes acerca do PRP
Considerando que o objetivo principal da Educação seja transformar a realidade e por decorrência as relações sociais, cabe a nós, professores, buscar conhecer a realidade em que vive o nosso aluno. A realidade, entretanto, não é algo estático, acabado, imutável; é construída pelo homem e está em constante processo de construção, pois, como postula Duarte Jr. (1990, p. 12), “o homem é o construtor do mundo e o edificador da realidade. Esta é construída, forjada no encontro incessante entre os homens e o mundo em que vivem”. A modificação da realidade ocorre, pois, a partir da mudança do pensamento e em função da ação; portanto, ela ocorre no pensar e no agir. Pensamento e ação influenciam-se reciprocamente na apreensão e construção da realidade.
O residente Maycon, ao avaliar o PRP em sua formação, enfatiza a importância de se autoconhecer professor, a partir da atuação prática dentro da sala de aula.
A residência pedagógica vem como uma oportunidade de nos conhecermos como professores e nos vermos atuantes dentro da sala de aula (Maycon).
Os residentes Jhonnatas e Mayra veem na RP uma experiência enriquecedora e de grande importância no processo de formação docente, pelo fato de poder pôr em prática os conhecimentos teóricos aprendidos na universidade.
A residência pedagógica é uma experiência enriquecedora em nosso processo de formação, pois nos permite colocar em prática na sala de aula todos os conhecimentos teóricos aprendidos UFPI (Jhonnatas).
A RP é uma experiência muito importante no nosso processo de formação, permitindo que nossos conhecimentos teóricos em relação à prática docente sejam vistos nas escolas em questão (Mayra).
Para Libâneo (2004), o conhecimento dos condicionantes sociais constitui-se em ponto de apoio pedagógico para a ação docente. Segundo o autor, o professor precisa estar disponível para aprender com a realidade dos alunos, extrair deles, informações sobre a vida cotidiana, de forma que confrontem seus ensinamentos a partir disso. Faz-se relevante que o professor, na condição de orientador do processo de ensino, deve ter clareza dos conhecimentos que o aluno possui, a fim de capacitá-lo, segundo a residente Amanda, para os desafios futuros e assim melhorar a qualidade do ensino.
A RP é um projeto bastante importante, além de ser uma experiência única, pois nos proporciona ter contato com a realidade de ensino das escolas públicas, tentando, de certa forma, nos capacitar para os desafios futuros para assim podermos melhorar o ensino (Amanda).
A equipe participante da RP, juntamente com a docente orientadora e a preceptora, fazem um excelente trabalho, muito organizado e com a participação de todos, buscando reflexão sobre todas as ações realizadas nas escolas-campo (Rômulo).
Desempenho excelente de residentes e supervisora, há uma parceria comprometida na construção de todo o planejamento escolar, em respeito aos envolvidos e para um melhor funcionamento do trabalho a ser executado (Wanessa).
Um dos propósitos discutidos em nosso núcleo de formação está associado à ideia de conceber a formação docente com base em questões conflituosas da prática que passam a ser objeto de análise e investigação para os envolvidos no contexto educacional, sejam eles residentes, preceptores das escolas-campo ou docente orientadora da universidade. Tal propósito pode ser percebido na avaliação dos residentes Rômulo e Wanessa. No caso do PRP, as questões são amplamente discutidas pelos residentes nas reuniões de preceptoria e tratadas nas ações de contrapartida que a UFPI oferece para as escolas parceiras.
Considerações finais
No PRP as preceptoras, a docente orientadora e a coordenadora institucional da UFPI, cientes da atribuição de trabalhar conjuntamente na orientação dos residentes, apontando aspectos em que podem melhorar a qualidade da ação pedagógica nas devolutivas da prática, reforçam o papel formador das escolas-campo e dos professores experientes e acrescentam qualidade ao processo formativo dos acadêmicos residentes. Com esse modelo, o Programa oferece aos futuros professores o privilégio de formá-los em contexto real, articulando teoria e prática na reflexão de suas ações educativas.
No Programa de Residência Pedagógica, algumas estratégias adotadas desafiam o olhar do residente para além dos aspectos teóricos e práticos considerados de forma estanque. Todas as metodologias e estratégias até então experienciadas nas escolas incitam os residentes a articular vivências e a dialogar com a teoria, de modo a produzir um conhecimento que resolva uma situação-problema ou que lance novas possibilidades de atuação e busca de saberes capazes de trazer melhorias ao ensino e à aprendizagem dos alunos. Nesse sentido, todas essas estratégias atingem seu objetivo de articular um trabalho em equipe de forma colaborativa, aliando a teoria à prática na formação profissional docente.
Desse modo, acreditamos que a RP possa ser uma experiência-modelo e inclusive servir de base para a formulação de políticas públicas de formação de professores. Como consequência da formação continuada desenvolvida nas escolas e das discussões dos casos, das problemáticas investigadas e superadas, sugerimos a parceria das universidades na elaboração do projeto político-pedagógico das escolas. Esse, sem dúvida, seria outro imenso ganho do Programa de Residência Pedagógica que se refletiria na melhoria das ações pedagógicas propostas nas escolas e, consequentemente, na aprendizagem dos alunos.
Referências
CALDERANO, M. da A. O estágio curricular e os cursos de formação de professores: desafios de uma proposta orgânica. In: ______. (Org.). Estágio curricular: concepções, reflexões teórico-práticas e proposições. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2012.
DUARTE JUNIOR, J. F. O que é realidade. São Paulo: Brasiliense, 1990.
IMBERNÓN, F. Formação continuada de professores. Porto Alegre: Artmed, 2010.
LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5ª ed. Goiânia: Alternativa, 2004.
NÓVOA, A. Imagens do futuro presente. Lisboa: Educa, 2009.
Publicado em 12 de novembro de 2019
Como citar este artigo (ABNT)
SOARES, Maria Vilani. Entre práticas e teorias: subprojeto letras/português sob o olhar dos residentes do Programa de Residência Pedagógica da UFPI. Revista Educação Pública, v. 19, nº 29, 12 de novembro de 2019. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/19/29/entre-praticas-e-teorias-subprojeto-letrasportugues-sob-o-olhar-dos-residentes-do-programa-de-residencia-pedagogica-da-ufpi
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