Sobre ciência e conhecimento alicerçados no método e no contexto social

Ailza de Freitas Oliveira

Doutoranda em Educação (PPGE/UFPB), docente de Artes Cênicas (PMJP-PB)

Fernando Antonio Abath Luna Cardoso Cananéa

Doutor em Educação (PPGE/UFPB), docente universitário (Profartes/UFPB)

Sobre ciência e conhecimento, com embasamento no método, contexto social e percurso vivenciado em algumas leituras, subdividimos este texto em seis etapas com base em alguns autores clássicos que tratam das fases do conhecimento, contextualizando-as. No entanto, antes de adentrarmos as seis etapas aqui descritas, optamos por registrar nossa percepção de que, como seres humanos, somos condicionados historicamente, situados em tempos e espaços que auxiliam de forma direta na formação do que somos, acreditamos e fazemos.

Uma vez que “já destacamos que o homem jamais é capaz de agir com total conhecimento de todos os elementos de sua práxis, mas o limite entre verdadeiro e falso é fluido, social e historicamente condicionado, cheio de transições” (Lukács, 2010, p. 41), vamos traçar uma trilha de conjecturas entre as existentes nesse percurso teórico em que estamos imersos, com seis ramificações antagonicamente distintas e complementares, bem como, necessariamente, perante seu traçado histórico, sequenciadas. Essas seis ramificações são: primeiro, refletiremos sobre saber, conhecimento científico e método; segundo, discutiremos conceitos de iluminismo, de razão e de método na modernidade; terceiro, trataremos as abordagens empírico-analíticas do conhecimento, refletindo sobre positivismo e empirismo, em que as regras do método e o conhecimento objetivo são pautados; quarto, versaremos sobre as abordagens fenomenológico-hermenêuticas, quando surge a fenomenologia da percepção, verdade e método e metodologias das ciências sociais; quinto, as abordagens crítico-dialéticas são problematizadas pelo materialismo histórico-dialético, pontuando sobre a economia política e a ontologia do ser social na evolução do conhecimento científico; sexto, trataremos das abordagens da complexidade.

Nossa caminhada se inicia pelas noções gerais das questões da epistemologia, história e filosofia das ciências, diferenciando saber de conhecimento científico, traçando considerações sobre o método e sobre a formação do espírito científico, que repousa na inquietação movimentada dos contextos.

Porque é somente analisando as estruturas econômicas e sociais nas quais são produzidas as ciências, sem relegar ao esquecimento o papel fundamental dos sistemas de ideias, que podemos postular uma maneira menos unilateral e sectária de construir uma história das ciências. Porque o processo de produção de conhecimentos consiste na transformação de uma matéria-prima determinada em outro produto intelectual que é um novo conhecimento científico. Essa transformação é efetuada por determinados instrumentos de trabalho (conceitos, teorias e métodos) em determinadas condições sócio-econômico-culturais de produção (Japiassu, 1981, p. 66).

O par constituinte das duas trindades referidas – instrumentos de trabalho e condições determinadas – nos remetem ao entrelaço dessas realidades; assim, conceitos, métodos e teorias interdependem de realidades sociais, econômicas e culturais dos sujeitos, vão tecendo a história e a filosofia das ciências e apontando as diferenças entre saber e conhecimento. O método conduz à verdade científica e por isso precisa estar em sintonia com o sujeito pesquisador; este deve desenvolvê-lo de forma direcionada, conduzida e acostumar-se com o treinamento desse método, percebendo-o para além da forma adequada de intervir sobre um conteúdo especifico.

Uma vez conhecido o objeto de pesquisa, o método selecionado pelo sujeito, quando utilizado de forma adequada, é a possibilidade científica de obtenção da verdade, não atingindo a neutralização da subjetividade, mas “em um constante intercâmbio entre o momento propriamente empírico e o teorizador” (Grespan, 2011, p. 295). No entanto, o distanciamento do pesquisador, tornando-o neutro, como apregoado no século XIX, é algo discutível a partir do século XX. Por isso, decidimos nos colocar neste registro, cientes de que a seleção do tema a ser pesquisado, o método empregado, a condução de coleta e análise dos dados, tais etapas da pesquisa estão encharcadas do olhar ativo do pesquisador que direciona cada movimento, decidindo como e por onde trilhar na pesquisa. “Uma ciência propriamente dita apresenta dois aspectos distintos, porém, complementares: o das respostas e o das pesquisas. A presença da história revela-se mais nitidamente no segundo do que no primeiro aspecto” (Japiassu, 1981, p. 52). Esse movimento entre pesquisar para responder nos faz concordar que “o homem movido pelo espírito científico deseja saber, mas para, imediatamente, melhor questionar” (Bachelard, 1996, p. 21). Dessa forma, o questionamento, a dúvida, o desejo por continuar a conhecer e o alimentar do instinto formador se fazem vitais. Referindo-nos aos três teóricos, podemos afirmar que quanto mais pesquisamos mais aprendemos e mais desejamos aprender.

Na segunda ramificação de nossa trilha, discutiremos conceitos de iluminismo, de razão e de método na modernidade. Percebemos que “iluminismo é a saída do homem de sua menoridade de que ele próprio é culpado” (Kant, 1783, p. 1). Ele aponta o homem como praticante voluntário da dependência decorrente da necessidade de receber ordens, mandados, normas e da preguiça de pensar autonomamente, decidir de forma imperativa. Para Kant, recaímos no comodismo, deixando para terceiros o esforço de pensar e ordenar nossas atitudes. “Um homem, para a sua pessoa, e mesmo então só por algum tempo, pode, no que lhe incumbe saber, adiar a ilustração; mas renunciar a ela, quer seja pra si, quer ainda mais para a descendência, significa lesar e calcar aos pés o sagrado direito da humanidade” (1783, p. 5). Aprender, conhecer e evoluir são ações inerentes ao ser humano.

Complementarmente, as regras são um dos exemplos do método, para Descartes (1978, p. 40); devem ser poucas, mas rigorosamente observadas, como preceitos compostos de lógica. Assim, o autor lança quatro regras fundamentais: a verdade só deve ser afirmada sobre algo em que a dúvida não possa aparecer; indica dividir minuciosamente a dificuldade para examiná-la e resolvê-la; sugere ordenar o pensamento para conhecer os assuntos por sequência de dificuldades, do mais simples aos mais complexos, gradativamente; manda realizar enumerações e revisões rigorosas com exatidão, exaurindo as possibilidades possíveis para cada caso.

Rouanet (1993) fala sobre o mal-estar na modernidade. Assim, referindo-nos aos três teóricos, podemos afirmar que, para sairmos da menor idade culpada, é preciso alcançar métodos com regras que nos tirem da barbárie e conduzam para além do iluminismo.

Seguidamente, em nossa terceira ramificação, discutiremos as abordagens empírico-analíticas do conhecimento, refletindo sobre o positivismo e o empirismo, em que as regras do método e o conhecimento objetivo são pautados. Assim, acreditamos que “o objeto de toda ciência é fazer descobertas, e toda descoberta desconcerta mais ou menos as opiniões aceitas” (Durkheim, 1999, p. XI), uma vez que nossa curiosidade e procura pelo conhecimento, para Popper, é “o resultado da existência de uma linguagem humana que nos capacita não só a descrever estados de coisas como também a argumentar a respeito da verdade de nossas descrições, quer dizer, a criticá-las” (1975, p. 240). O que Bacon (1988) descreveu no Novum Organum como verdadeiras indicações, associado às ideias dos demais autores, nos orienta para a importância do método com regras para atingir objetividade no conhecimento.

Posteriormente, em nossa quarta ramificação, trataremos das abordagens fenomenológico-hermenêuticas, quando surgem a fenomenologia da percepção, verdade e método e metodologias das ciências sociais, compreendendo a fenomenologia como “o estudo das essências [...], uma filosofia que repõe as essências na existência” (Merleau-Ponty, 2006, p. 1). Para esse autor, a percepção é ideia central, assim como, para Weber (2001, p. 400), a Sociologia é uma ciência que, por intermédio da interpretação, pretende entender a ação social, sendo esta última vista como algo que orienta o desenvolvimento comportamental de outros a partir do que sugere o sentido. Complementando a tríade de autores desse módulo, Gadamer (2012, p. 499) diz que “a linguagem é o meio em que se realizam o acordo dos interlocutores e o entendimento sobre a coisa em questão”. Referindo-nos aos três teóricos, podemos afirmar que a percepção do fato social é refutada e/ou afirmada pela/na linguagem.

Na quinta etapa de estudo, as abordagens crítico-dialéticas são problematizadas pelo materialismo histórico-dialético, pontuando a economia política e a ontologia do ser social na evolução do conhecimento científico; assim, para Pinto (1979, p. 28), o saber é uma fase do desenvolvimento em que surge a autoconsciência, uma vez que “o saber no homem se transmite pela educação e por isso é uma transmissão de caráter social” (Pinto, 1979, p. 28). Dessa forma, percebemos que “o ser humano é também um ser fundamentalmente histórico-social, na medida em que seu passado constitui, sob forma do seu próprio passado, um momento importante do seu ser e atuar presentes” (Lukács, 2010, p. 109). Contexto é passo fundamental no conhecimento; assim,

para a consciência – e a consciência filosófica considera que o pensamento que concebe constitui o homem real e, por conseguinte, o mundo só é real quando concebido – para a consciência, portanto, o movimento das categorias surge como ato de produção real (Marx, 1977, p. 219).

A realidade é fruto de algo existente, e o conhecimento é um aspecto do real. Referindo-nos aos três teóricos, podemos afirmar que o “interesse da ciência cada vez mais exige a aprofundada e verídica compreensão do trabalho de estudo da realidade” (Pinto, 1979, p. 7), sendo a realidade referência para o conhecimento.

Por último, trataremos agora das abordagens da complexidade e a expansão do presente, dilatando-o para qualificar o futuro, contraindo-o; apareceu no debate pautado em Santos (2012) por intermédio das sociologias das ausências e emergências, assim como a consciência do conhecimento do conhecimento e de sua contextualização na história social. “É pela sua irrealidade que o conhecimento tem acesso à realidade, mas essa irrealidade deve organizar-se e é através dessa organização ‘real’ que o conhecimento entra em correspondência com a realidade” (Morin, 1999, p. 260). Por isso, “a necessidade fundamental, se queremos conhecer melhor, de ligar o conhecimento do mundo (físico, biológico, social) ao conhecimento do conhecimento” (Morin, 1999, p. 260), pois “a meio caminho entre o diletante e o profissional aparece a figura fugidia do intelectual” (Burke, 2012, p. 293). Para o trio de teóricos, a linguagem, ao traduzir a realidade, transforma o conhecimento do conhecimento.

O misto de ideias dos autores nos conduzem a perceber “a necessidade de se fazer uma história das ciências na qual as forças científicas estejam vinculadas ao contexto social” (Japiassu, 1981, p. 54). Para que isso ocorra, “Parece que o melhor método será começar pelo real e pelo concreto, que são a condição prévia e efetiva” (Marx, 1977, p. 218) na construção do conhecimento, uma vez que, “em matéria de método, aliás, jamais se pode fazer senão o provisório, pois os métodos mudam à medida que a ciência avança” (Durkheim, 1999, p. XVI) e vice-versa.

Dessa forma, fosse melhor admitirmos a hipótese de trabalho segundo a qual pontua Japiassu (1981, p. 64), em que a ciência, além de ser uma produção intelectual, é também um conjunto de práticas inseparável das outras, em interdeterminação, no interior de determinado todo social. E enxergarmos, em sintonia com Weber (2001, p. 404), como significado de compreensão, a interpretação apreensiva do sentido, ou seja, o sentido com conexão, em que “o modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral” (Marx, 1977, p. 24). O conhecimento deixa de ser algo isolado e passa a ser validado, como afirma Japiassu (1981, p. 62), preocupado numa análise em que o saber está inserido em contextos socioculturais, enraizado no espaço e no tempo em condições de produção reais.

Refletindo a propósito das considerações de Descartes sobre “bom senso ou a razão” (1978, p. 13), o autor pontua a relatividade presente na noção de bom senso, ao exemplificar que todos nós temos porções proporcionais aos nossos conhecimentos e vivências, o que torna o bom senso algo múltiplo. Ou seja, “não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é o seu ser social que, inversamente, determina a sua consciência” (Marx, 1977, p. 24), porque “é função da linguagem fazer as essências existirem em uma separação que, na verdade, é apenas aparente, já que através da linguagem as essências ainda repousam na vida antepredicativa da consciência” (Merleau-Ponty, 2006, p. 12), e a consciência é composta do conhecimento, das vivências e da multiplicidade do ser social.

Para Pinto (1979, p. 8), os trabalhadores científicos são “movidos por ideias universais, por princípios metódicos, por regras de procedimento e de avaliação”, e estas são características da categoria abstrata do conhecimento. Assim, percebemos, em sintonia com Marx (1977, p. 218), que a síntese de várias determinações de unidade da diversidade concretiza o concreto, movidos por método, profundidade, existência, verdade, operatividade; por isso “o conhecimento do real é luz que sempre projeta algumas sombras” (Bachelard, 1996, p. 17). Dessa forma, para que essas sombras sejam iluminadas, “é preciso descartar sistematicamente todas as pré-noções” (Durkheim, 1999, p. 32). E a maneira científica de fazê-la é pelo método.
O método se faz de regras para Descartes (1978, p. 30). Nas máximas do método, percebemos o imperativo por decisão. Pautando-se na razão, a firmeza e a resolutividade são necessárias nos atos. Na aplicação do método não cabem indecisões nem hesitações, mas opiniões verdadeiras e corretas, conforme a razão. “A história das ciências não é uma história empírica, mas a história das ligações racionais do saber, toda ciência produzindo a cada momento de sua história, suas próprias normas de verdade” (Japiassu, 1981, p. 66). Compreendemos que as normas de verdade da linguagem repousam na ideia de que “onde há conhecimento, a verdade da fala precisa ser construída a partir da verdade das palavras, como a partir de seus elementos” (Gadamer, 2012, p. 532). A verdade, a realidade e a linguagem podem ser relativas por serem temporais, mas são sempre verdades, para que de fato seja conhecimento.

No entanto, a hipótese de trabalho que me parece mais justa e adequada consiste em reconhecer que a ciência não pode ser concebida apenas como uma produção intelectual de teorias, mas também, e ao mesmo tempo, como um fenômeno de civilização, como uma prática social indissociável das demais práticas humanas (Japiassu, 1981, p. 64).

A ciência é contexto em sintonia com o método; “o que distingue o saber da ciência é que na primeira dessas etapas falta a intenção de organizar metodicamente o conhecimento, de proceder à descoberta da verdade de acordo com um projeto e critérios metódicos” (Pinto, 1979, p. 29). Método como primordial no conhecimento científico, uma vez que “o conhecimento seria impossível num universo totalmente determinista ou totalmente aleatório” (Morin, 1999, p. 267). Conhecimento é fruto de processo e organização. “Somente o meio da linguagem, por sua referência ao todo dos entes, pode mediar a essência histórico-finita do homem consigo mesmo e com o mundo” (Gadamer, 2012, p. 590). Construímos a partir dessa conceituação que “o conhecimento resulta sempre da existência do ser vivo no mundo” (Pinto, 1979, p. 21). É uma via de mão-dupla, o homem no mundo que o constrói e o mundo que constrói o homem, via conhecimento.

O fato de que o ser próprio daquele que conhece também entre em jogo no ato de conhecer marca certamente o limite do “método”, mas não o da ciência. O que o instrumental do “método” não consegue alcançar deve e pode realmente ser alcançado por uma disciplina do perguntar e do investigar que garante a verdade (Gadamer, 2012, p. 631).

Outro exemplo dessa imersão no mundo, modificando-o e modificando-se está relacionado ao fato de pensar estar diretamente implicado em existir, que se tornou, para Descartes, o primeiro princípio filosófico que ele procurava. “Penso, logo existo” (1978, p. 66-67) nos fez perceber que “a razão enquanto resultado histórico de um processo natural vai mudando de qualidade com a marcha progressiva de sua formação” (Pinto, 1979, p. 105). Mudam os métodos, os contextos, a linguagem, o real e o conhecimento. Pinto (1979, p. 13) diz ser finalidade da pesquisa cientifica que a consciência seja dotada de ideias novas, com conteúdos representativos que antes eram ignorados da realidade exterior. Para o autor,

Sendo processo, é histórico e progressivo, por essência. O conhecimento científico de cada momento constitui a premissa do conhecimento científico do momento seguinte. Sendo metódico, é adquirido voluntariamente e em função de regras para a exploração da realidade objetiva, física e social que condicionam a natureza dos resultados obtidos (Pinto, 1979, p. 31).

Processual e metódico, o conhecimento é corporificado pela linguagem em sintonia com a realidade. Pra Morin (1999, p. 255), “nossa única realidade imediata é a representação da realidade, e a nossa única realidade concebível é a nossa concepção da realidade”, concepção esta mediada, conforme já afirmamos, pelos contextos, em fronteiras definidas por Burke (2012, p. 256), como “zonas de contato” onde o conhecimento nos leva a descobertas novas, pois as zonas de contato validam o conhecimento a partir do seu local de produção; nelas, “compreender e interpretar estão imbricados de modo indissolúvel” (Gadamer, 2012, p. 516). E essa validade é referenciada, conforme pontua Burke, pela “comunidade do saber” (2012, p. 248), em oposição aos modos de produção da não existência.

Para Santos (2002), existem cinco modos de produção da não existência: monocultura do saber; monocultura do tempo linear; monocultura da naturalização das diferenças; escala dominante; e escala dos critérios de produtividade capitalista. Esses modos de produção invalidam a existência, ou seja, invisibilizam o conhecimento situado, também por intermédio da linguagem.

Por exemplo, comunidades que não dominam a linguagem escrita limitam-se no registro de seu conhecimento, e, segundo Gadamer (2012, p. 503), “na escrita a linguagem alcança sua verdadeira espiritualidade, pois, frente à tradição escrita, a consciência compreensiva alcançou sua plena soberania”, soberania do registro autoral com reflexão, grifado no texto cunhado na linguagem de códigos da escrita. “Em suma, é preciso desafiar a razão indolente” (Santos, 2002, p. 781) no anotar, falar, historiar.

Já mostramos que só da correta colaboração de experiência cotidiana prática e conquista científica da realidade pode decorrer uma aproximação legítima da verdadeira constituição do ser, mas que os dois componentes também podem assumir funções que bloqueiam o progresso, sem falar dos elementos puramente ideológicos, que podem se tornar estímulo ou obstáculo para essa colaboração, segundo os interesses das classes sociais (Lukács, 2010, p. 41).

O estado provisório do saber nos enquadra pelos autores embebidos do “narcisismo intelectual” como exemplares de “operária da cidadela erudita” (Bachelard, 1996, p. 101). No entanto, longe da vaidade que move algumas intelectualidades e perto do desejo de continuar a aprender, percebemos que concordamos com a afirmativa de Descartes, ao apontar que “o pouco que aprendi até o presente quase nada é em comparação com aquilo que ignoro e espero ainda poder aprender” (Descartes, 1978, p. 120), nos vários espaços de aprendizagens que trilharemos, tecendo outros textos coletivos como este e somando a nossa realidade, linguagens novas, oriundas desse caminhar contínuo e perseverante.

Referências

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Publicado em 03 de dezembro de 2019

Como citar este artigo (ABNT)

OLIVEIRA, Ailza de Freitas; CANANÉA, Fernando Antonio Abath Luna Cardoso. Sobre ciência e conhecimento alicerçados no método e no contexto social. Revista Educação Pública, v. 19, nº 32, 3 de dezembro de 2019. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/19/32/sobre-ciencia-e-conhecimento-alicercados-no-metodo-e-no-contexto-social

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