Construção do conhecimento acadêmico na profissão: dilemas e desafios

Edenar Souza Monteiro

Doutora em Educação, professora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino da Universidade de Cuiabá (UNIC/IFMT)

Gregório Vittori Frigeri

Mestrando do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino (UNIC/IFMT)

Léia Laura Souza Mendes

Mestranda do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino (UNIC/IFMT)

Rafael de Almeida

Mestrando do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino (UNIC/IFMT)

Os primeiros passos na profissão são os mais desafiadores, e as teorias e conhecimentos acadêmicos servem como suporte para entender melhor o que está se passando na prática. No entanto, cabem questionamentos pertinentes ao assunto: os professores apresentam formação acadêmica capaz de lhes oferecer esse embasamento e a reflexão de forma eficaz? Como se define o percurso desses professores que, ao se depararem com situações diárias desafiadoras, sentem-se perdidos e desmotivados?

Este artigo, elaborado com base em pesquisas narrativas, busca conhecer a contribuição da academia para o percurso docente, enfocando dilemas e desafios de professores que experienciam a profissão nos anos iniciais da Educação Básica. Para esse objetivo, foram explanadas as origens da profissão docente e seus percalços, dialogando com a experiência dos professores que participaram da pesquisa. O instrumento de coleta de dados foi a Pesquisa Narrativa de Formação, que se ancorou em Souza (2006), que aponta que elas oportunizam compreender o processo e percurso de formação do sujeito.

O uso da investigação narrativa como opção metodológica possibilita ao sujeito pesquisado a organização de ideias via relato escrito ou oral, reconstruir e dar uma visão pessoal às suas experiências de vida de modo reflexivo, promovendo a compreensão de sua própria prática. Os sujeitos, ao escreverem ou relatarem suas experiências de vida e/ou profissionais, permitem revelar saberes construídos nas experiências vividas, que são fundamentais para sua formação. Esses sujeitos, ao se expressarem, podem nos possibilitar a compreensão de sua visão de mundo, de educação, de ensino, de aprendizagem, e, por conseguinte, de sua ação pedagógica, que está imbricada na sua prática. A Investigação narrativa permite observar que falar de si, escrever sobre si e refletir sobre si são elementos importantes para compreender quem são como docentes e o que fazem sendo docentes (Souza, 2006).

Os sujeitos deste estudo foram 10 professores, egressos do curso de Pedagogia UNIC/Cuiabá, que já atuam na Educação Básica da rede pública municipal. Para a definição desses sujeitos, deu-se prioridade àqueles que exercem a profissão em sala de aula regular. A coleta de dados ocorreu via entrevista narrativa, quando os sujeitos foram levados a expor sua experiência no início de carreira; os desafios frente à prática docente; e as dificuldades apresentadas por eles.

Este artigo é resultado de pesquisa de iniciação científica com financiamento da Funadesp que deu a oportunidade de sua realização. O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Ensino da Universidade de Cuiabá, via Plataforma Brasil. Conforme parecer, o projeto foi aprovado pelo mesmo Comitê em 26 de setembro de 2017.

Origem da docência

Na Antiguidade, os primeiros a repassar conhecimento de forma empírica foram os filósofos que viviam na Grécia Antiga, que buscavam explicações sobre a existência e debruçavam-se sobre estudos e observações acerca da vida, sendo considerados mestres da retórica e da oratória, exercendo grande influência sobre seus seguidores.

Séculos mais tarde, já no Brasil, no período colonial, os jesuítas dominavam a educação e catequizavam os índios, ensinando-lhes sua cultura como instrumento de controle e dominação. Havia as escolas com o método jesuítico para os filhos dos nobres e a educação era pautada no ratio studiorum que era o plano e organização de estudos da Companhia de Jesus. Portanto, inicialmente a educação e a docência no Brasil estavam pautadas na Igreja, pois esta detinha grande influência sobre a educação e determinava o que deveria ser estudado. Nesse processo, os docentes eram leigos e religiosos que se dedicavam à atividade docente; como aponta Nóvoa (1995),

a função docente desenvolveu-se de forma subsidiária e não especializada, constituindo uma ocupação secundária de religiosos ou leigos das mais diversas origens. A gênese da profissão de professor tem lugar no seio de algumas congregações religiosas, que se transformaram em verdadeiras congregações docentes. Ao longo dos séculos XVII e XVIII, os jesuítas e os oratorianos, por exemplo, foram progressivamente configurando um corpo de saberes e técnicas e um conjunto de normas e valores específicos da profissão docente (Nóvoa, 1995, p. 15-16).

Durante um período de 210 anos, a educação estava configurada assim. No século XVIII, a educação jesuítica entrou em decadência. O Marquês de Pombal expulsou os jesuítas do Brasil, pois acreditava que eles estavam se fortalecendo, acumulando riquezas e diminuindo o poder da Coroa Portuguesa. Nessa manobra, a educação passou por mudanças drásticas, sendo agora considerada autoritária, enciclopédica e disciplinar pelo Estado, ocasionando um ensino de má qualidade por 10 anos; as aulas eram ministradas por professores mal preparados e sob controle estatal.

As tentativas de formação de professores ocorreram em 1820, com a criação da primeira instituição de formação de professores do Brasil pelo método Lancaster, criado por  Joseph Lancaster, cujo objetivo era ensinar a um maior número de alunos, usando poucos recursos, em pouco tempo e com qualidade. Contudo, Lancaster amparou seu método no ensino oral da repetição e memorização e nessa metodologia não se esperava que os alunos tivessem originalidade ou estímulo intelectual na atividade pedagógica, mas disciplina mental e física.

Foram muitas formas e tentativas de formar professores e modelos da profissão, como a criação de Escolas Normais, porém só eram admitidos homens. Nessa época, o prestígio da docência era pequeno e associado a baixos salários; então, a partir do surgimento da indústria, houve desfalque na educação, pois os homens vão para as fábricas e a mulher então, passa a frequentar a Escola Normal, que passou a se chamar Habilitação para o Magistério, tornando-se um curso de nível médio, frequentado exclusivamente por mulheres. O cenário continuava, infelizmente, de pouco prestígio e remuneração, pois as mulheres não tinham reconhecimento no campo social e se submeteram a uma remuneração baixa, porém ao longo dos anos muitas lutas foram travadas em prol da valorização da profissão e de melhores condições salariais e de trabalho; os desafios se estendem até os dias atuais, com a busca por situações melhores no campo educacional e a valorização do docente.

A história da docência é marcada por muitos desafios e são enfrentados até os dias atuais. Embora tenha se destacado nos últimos anos, com o intuito de se aproximar do que é estabelecido pela recomendação OIT/Unesco em 1996, a educação não atingiu os padrões mínimos necessários para que a docência como responsabilidade pública atenda aos milhões de estudantes.

No Brasil, houve também tentativas de valorização por parte do governo, destacando-se mais recentemente a lei que instituiu um piso salarial e o decreto da Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, liderada pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior); infelizmente, essas mudanças não foram suficientes para mudar o quadro da educação brasileira, e as avaliações internacionais mostram que o rendimento escolar continua baixo e que os problemas permanecem grandes.

Gatti e Barreto (2009, p. 8), especialistas em educação e pesquisadoras da Fundação Carlos Chagas, afirmam:

Tais desafios se tornam mais que urgentes porque, sem professores valorizados e continuamente qualificados, o direito a uma educação de qualidade para todos não será uma realidade em nosso país, o que pode retardar a consecução de metas de qualidade na educação que são imprescindíveis para o desenvolvimento do país (Gatti; Barreto, 2009, p. 8).

Portanto, a educação e a docência são a base para que o país se desenvolva, e as políticas devem priorizá-las, pois, de acordo com Tardif (2007), os professores constituem, em razão do seu número e da função que desempenham, um dos mais importantes grupos ocupacionais e uma das principais peças da economia das sociedades modernas, o que nos leva a constatar que o professor é o principal agente transformador da sociedade, e sua valorização é imprescindível.

Os dilemas e desafios

Os desafios enfrentados e as exigências do mundo contemporâneo são inúmeros, reforçados com a desvalorização da profissão; com recursos e estruturas escassos, o professor vê-se por vezes sobrecarregado por constantes cobranças e responsabilidades. E, ao sair da academia, o profissional se depara com os dilemas e desafios que precisa enfrentar para desenvolver sua prática.

A professora S. B. M. demonstra sua insatisfação com a profissão:

Como professora, eu me sinto frustrada por que sempre imaginei que poderia contribuir muito com a formação e o aprendizado das crianças, mas os obstáculos que temos que superar todos os dias são muito complicados. Os problemas são a falta de recursos, materiais pedagógicos, problemas de gestão, falta de formação continuada e famílias que não dão o devido valor à educação para os seus filhos.

Percebe-se claramente na fala da professora que a falta de suporte e incentivo e as dificuldades diárias causam desmotivação e sensação de impotência perante a necessidade de formação de seus alunos, e o resultado desse quadro é por vezes a desistência da carreira ou a falta de motivação para lecionar. Tardiff (2007, p. 58) fala sobre a importância dos saberes da profissão e o quanto esses saberes são o suporte para os professores.

Saberes mobilizados e empregados na prática cotidiana, saberes esses que dela provêm de uma maneira ou de outra e servem para resolver os problemas dos professores em exercício, dando sentido às situações de trabalho que lhe são próprias.

Porém os professores constroem esses saberes com o tempo ao longo de sua experiência em sala. A professora F. F P. enfatiza que a profissão é muito desafiadora:

É bastante desafiadora a tarefa de ensinar, pois não há valorização da profissão. Muitas vezes você precisa ser multiprofissional para dar conta de tantas dificuldades apresentadas pelos alunos atualmente. Sem falar que o trabalho é agregado de outras funções que fazem parte do ofício.

A professora A. M. P. explicita os desafios atuais:

Os desafios sempre foram falta de infraestrutura, materiais didáticos para prender a atenção dos alunos, falta de alunos e pais compromissados com a educação; baixo salário somado à desvalorização da carreira, o que faz com que muitos aumentem seus turnos de trabalho ou assumam funções extras. Outra dificuldade é conciliar atividades profissionais e pessoais do dia a dia, pois o professor leva muito trabalho para casa.

A professora I. S. L. relata que “tenho muito que aprender; sinto-me feliz, mas um pouco frustrada pela não valorização que temos”. Os desafios constantes, a falta de valorização, as condições de trabalho, são obstáculos constantes apresentados na docência. Os dilemas da profissão docente se apresentam logo no início da carreira, por ser esse um período de tensões e aprendizagens intensas, em contextos geralmente desconhecidos, onde se adquire o conhecimento profissional que possibilita a sobrevivência na profissão. As primeiras experiências vivenciadas pelos profissionais em início de carreira têm influência direta sobre sua decisão de continuar ou não na profissão, porque esse é um período marcado por sentimentos contraditórios que desafiam cotidianamente o professor e sua prática docente.

Pimenta (2006, p. 11) aponta que “é um período realmente importante na história profissional do professor, determinando inclusive seu futuro e sua relação com o trabalho”.

O curso de Pedagogia e sua contribuição na docência

O curso de Pedagogia surgiu na década de 1930 e passou por diversas fases e modificações; hoje apresenta a estrutura de licenciatura plena e uma grade voltada a matérias teóricas e relacionadas com Educação Infantil, Ensino Fundamental e EJA, além das disciplinas ligadas à inclusão, como Libras e Educação Inclusiva; há no curso também os estágios supervisionados e atividades como seminários. O curso de Pedagogia deve ser um embasamento à profissão, conforme ressalta a professora M. F. A.:

Quando iniciei minha vida acadêmica, minhas expectativas eram de que na faculdade eu viesse aprender teorias as quais subsidiassem minha prática. Graças aos meus mestres e à faculdade que eu fiz, pude aprender como desenvolver meu trabalho em sala. As oficinas, aulas em campo, estágios supervisionados colaboraram para a minha realização profissional.

A professora F. F. P. argumenta que

escolhi a profissão por influência da minha mãe, que foi professora muitos anos. Comecei em sala de aula antes mesmo de cursar Pedagogia, trabalhando com aulas particulares, e então decidi fazer o curso. No começo, senti um pouco de decepção, algumas coisas não eram como imaginava. Porém refleti e ajustei alguns pensamentos em relação ao curso. Foi então que as disciplinas foram ficando mais claras e mais significativas para mim. Com o passar do tempo, o curso foi ficando mais interessante e com várias dinâmicas que iam me encantando.

A professora L. J. P. enfatiza as dificuldades em início de carreira:

Quando eu comecei, foram muitos desafios; saí da faculdade sem rumo e sem noção do que me esperava. Logo fui trabalhar em uma escola pública e encarei a realidade, mas consegui superar e continuo superando os desafios.

A professora N. B. S. elenca os principais desafios em seu início de carreira:

os principais desafios foram falta de experiência na prática pedagógica, de lidar com situações de conflito na sala de aula, desenvolver metodologias de trabalho com a inclusão dentro do ambiente escolar. Insegurança pela falta de qualificação para lidar com as dificuldades nas aprendizagens dos alunos.

A professora H. M. K. demonstra relação entre a teoria e a prática:

Esse período vivido como professora trouxe-me muito conhecimento, pois o que aprendi durante o período de faculdade na parte teórica agregou muito na prática em sala de aula, porém no dia a dia dentro da escola aprendi e aprendo mais ainda. A cada dia surgem situações diferentes para lidar. Então, a prática está sempre sendo embasada pela teoria.

Analisando as falas das professoras, fica evidente que o curso propicia uma base teórica; agregada a prática, é somada com as experiências nas escolas. Na fase acadêmica, a prática é experienciada no momento dos estágios, quando o aluno assume uma sala de aula.

Algumas professoras pesquisadas ressaltam que fizeram Magistério anteriormente e que o curso de Pedagogia veio acrescentar; também possuíam experiências anteriores ao curso, o que demonstra que seus conhecimentos se tornaram mais embasados quando entraram na faculdade.

A professora G. K. T. afirma:

impulsionada pela paixão em educar, pois já atuava em sala de aula quando ingressei no curso de Pedagogia, minhas expectativas para o curso eram grandes e eu imaginava que a faculdade me daria “receitas” de como melhorar minhas aulas. Porém constatei que as disciplinas teóricas desconstruíram tudo aquilo que julgava saber sobre educação. E aquilo que, no inicio, me deixara insatisfeita foi o que serviu de base para o aperfeiçoamento (constante) da minha prática profissional. Assim, minhas expectativas do curso em si foram superadas, diante da minha ideia distorcida de prática pronta.

Diante das falas das professoras, percebe-se o quanto a prática aliada à teoria é essencial para que o aprendizado de fato ocorra. Pimenta (1999, p. 15) ressalta a importância de uma formação eficiente de professores:

E, então, para que formar professores? Contrapondo-se a essa corrente de desvalorização profissional do professor e às concepções que o consideram simples técnico reprodutor de conhecimentos e/ou monitor de programas pré-elaborados, tenho investido na formação de professores, entendendo que na sociedade contemporânea cada vez mais se torna necessário o seu trabalho enquanto mediação nos processos constitutivos da cidadania dos alunos para o que concorre a superação das desigualdades e dos fracassos escolares. O que me parece, impõe a necessidade de repensar a formação de professores (Pimenta,1999, p. 15).

A profissão da docência em si, como aponta a autora, é transformadora, admirável e traz em seu bojo a mudança para o futuro, a cidadania e a inclusão. Os professores, apesar de toda a dificuldade mencionada, sabem da importância do seu trabalho e de sua relevância social. A professora S. B. M. demonstra seu compromisso em relação à formação de seus alunos:

Eu estou trabalhando na área há três anos, gosto muito de estar em sala, da forma como facilita a aprendizagem dos meus alunos, mas gostaria de fazer muito mais. Minha expectativa é contribuir com a aprendizagem das crianças que fizerem parte dos locais em que eu esteja trabalhando, auxiliando nos conhecimentos que eles possam adquirir de forma lúdica e ética.

A professora A. C. M. explicita seus anseios com relação à profissão:

Já trabalho há dois anos na área, estou me aprimorando, buscando realizar um trabalho que contribua e facilite o aprendizado das crianças que estão sob a minha responsabilidade. Sonhava com o momento em que assumiria uma sala de aula, mas tinha muitas dúvidas e um pouco de medo. As dúvidas se amenizaram, mas a realidade não é fácil e no final consegui fazer um trabalho bom que melhorará muito.

A professora C. L. O.  ressalta:

Optei por essa profissão porque considero uma das mais importantes profissões, pois todas as demais passam pelas mãos de um professor. Formar, construir um futuro cidadão é muito importante, sinto-me orgulhosa por poder contribuir com o desenvolvimento social, cultural e a criticidade dos estudantes, que são o futuro do Brasil. Apesar das dificuldades que enfrentamos, é muito bom ver o progresso no processo de aprendizagem da criança.

A professora M. H. S. complementa:

Quando trabalhamos com amor, vemos resultados muito bons em nosso trabalho, principalmente quando ensinamos a um aluno que não sabe quase nada e ao final do ano aprende a ler; é uma satisfação muito grande, não pelo salário, mas pelo resultado do nosso trabalho.

Destarte, de acordo com as falas das professoras, o comprometimento, a dedicação e a persistência estão presentes em suas atitudes, a busca por fazer um bom trabalho é evidente e o foco é o desenvolvimento e a construção da cidadania ética, do desenvolvimento pessoal e cognitivo de seus alunos; no entanto, em seu início de carreira, fica evidenciada a importância da relação teoria-prática na formação do educador.

Considerações

Os desafios e dificuldades são apontados pelos professores, que explicam que durante o período de formação os conhecimentos obtidos não foram suficientes, podendo refletir na prática. Essa questão corrobora a afirmação de Monereo e Poso (2007), que afirmam que os professores apresentam muitas dificuldades para enfrentar os novos desafios, as novas tarefas e as situações novas, a partir dos conhecimentos e das habilidades adquiridos. Porém o objetivo de educar tem se mostrado cada vez mais determinante de uma sociedade igualitária, humana e cidadã.

Na jornada enfrentada pelo docente, a academia pode contribuir de forma significativa, desde que propicie não só um embasamento teórico consistente, mas principalmente a prática, por meio de pesquisas, reflexões, didática vivenciada e experimentos que transmitam maior segurança e capacitação aos professores. A motivação para persistir nesse árduo caminho advém do apoio e suporte, este encontrado no período de preparação do professor; é essencial que as faculdades repensem sua forma de trabalhar, pois, conforme foi explicitado nas falas durante a entrevista, os professores têm consciência dos desafios ao se deparar com a realidade da profissão. Essa realidade clama por mudança, pois, se no passado a educação era para poucos, hoje ela é direito de todos e o docente é a peça-chave desse processo.

De acordo ainda com a fala dos sujeitos, o curso de formação docente necessita de um olhar especial para o laboratório dos acadêmicos (estágio) desde o inicio da formação, pois as experiências e desafios podem ser vivenciados no decorrer do curso.

Portanto, ao analisar-se todo o contexto percebe-se que, de posse de uma formação acadêmica consistente aliada à prática em laboratórios (estágios), esses primeiros passos da carreira tornam-se menos árduos, pois os desafios em sua grande parte poderão e deverão ser experienciados ainda com seus mestres, em um ambiente colaborativo e de aprendizagem. Somente dessa forma o docente estará ciente dos desafios de sua profissão e adquirirá os saberes necessários para transpor os obstáculos ora apresentados e que corroboram possível desistência da carreira profissional.

Referências

GATTI, B. A.; BARRETO, E. S. S. Professores do Brasil: impasses e desafios. Brasília: Unesco, 2009.

MONEREO, C.; POZO, J. I. Competencias para (con)vivir con el siglo XXI. In: ______. (Coord.). Monográfico sobre competências básicas. Cuadernos de Pedagogía. Barcelona: Wolters Kluwer, n. 370, p. 12-23, 2007.

NÓVOA, A. (1995). O passado e o presente dos professores. In: NÓVOA, António. Profissão Professor. Porto. Porto Editora.

PIMENTA, S. G. Estágio e docência: diferentes concepções. Poiésis, v. 3, nos 3-4, p. 5-24, 2006. Disponível em: http://www.revistas.ufg.br/index.php/poiesis/article/view/10542/7012. Acesso em: 2 ago. 2017.

SCHÖN, D. A. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, António. Os Professores e sua Formação. 2ªed. Lisboa: Dom Quixote, 1992.

SOUZA, E. C. Pesquisa narrativa e escrita (auto)biográfica: interfaces metodológicas e formativas. In: SOUSA, Elizeu Clementino de; ABRAHÃO, M. H. M. B. Tempos, narrativas e ficções: a invenção de si. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006. p. 135-147.

TARDIFF, M. Saberes docentes e formação profissional. 4ª ed. Petrópolis: Vozes, 2007.

Publicado em 30 de abril de 2019

Como citar este artigo (ABNT)

MONTEIRO, Edenar Souza; FRIGERI, Gregório Vittori; MENDES, Léia Laura Souza; ALMEIDA, Rafael de. Construção do conhecimento acadêmico na profissão: dilemas e desafios. Revista Educação Pública, v. 19, nº 8, 30 de abril de 2019. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/19/8/construcao-do-conhecimento-academico-na-profissao-dilemas-e-desafios

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