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O ver-de novo

Inah Brider

Conteudista de Química do Portal

No dia 28 de março, aconteceu um novo desastre ecológico, descrito como o pior já testemunhado no Brasil. Um reservatório de uma indústria de papel, situada na cidade de Cataguazes, Minas Gerais, rompeu e liberou cerca 1,4 bilhão de litros de água contaminada por produtos tóxicos, como soda cáustica, chumbo e outros produtos utilizados na fabricação de papel, no rio Pomba, que corta o norte e o noroeste do Estado do Rio e deságua no rio Paraíba do Sul.

Novamente, a química assume o papel de vilão do meio ambiente, a grande devastadora da natureza. Reforça-se a ideia, tão difundida na mídia, de que o que contém química faz mal ou é capaz de causar destruições diversas.

Refletindo sobre sua ação e responsabilidade social, vários cientistas, industriais e instituições governamentais e não-governamentais da área de química estão investindo na Química Verde, termo em português usado para denominar a química sustentável, ou química limpa, ou química benigna ao ambiente. É a expressão química de desenvolvimento sustentável.

A química verde pode ser compreendida como a atividade química que se utiliza de técnicas e metodologias que diminuem ou eliminam o uso de matérias-primas ou produtos e subprodutos tóxicos, que agridem o ambiente ou são nocivos à saúde humana.

A química relacionada ao desenvolvimento sustentável está em consonância com os ideais da cidadania contemporânea, conforme atestado por iniciativas como a Eco-92, o Protocolo de Kyoto, a Rio+10.

Já se conseguiu estabelecer os princípios e os principais pontos a serem considerados pela química verde, que devem ser praticados por indústrias ou instituições de ensino e pesquisa. Eles podem ser assim resumidos:

  • Evitar a formação de resíduos tóxicos, pois fica mais barato do que tratá-los depois que eles são produzidos;
  • Os métodos desenvolvidos para a obtenção de produtos sintéticos devem levar em consideração uma otimização em nível atômico ao incorporar o maior número possível de átomos dos reagentes no produto final;
  • As metodologias sintéticas devem utilizar e gerar substâncias com pouca ou nenhuma toxicidade à saúde humana e ao ambiente;
  • Utilizar processos que ocorram à temperatura e pressão ambientes, para diminuir significativamente os impactos ambientais e econômicos causados pela geração da energia;
  • Utilizar fontes de matéria-prima renováveis, como a biomassa;
  • Utilizar catalisadores (tão seletivos quanto possível) em substituição aos reagentes estequiométricos;
  • Os produtos químicos, após sua utilização, devem degradar-se em produtos inócuos;
  • Evitar a formação de substâncias tóxicas detectando-as antes de sua geração, a partir de análises em tempo real;
  • Escolher processos e substâncias que diminuem os riscos de acidentes, como vazamentos, incêndios e explosões.

Para saber mais sobre a Química Verde: http://www.ufpel.tche.br/iqg/wwverde/

10 de abril de 2003.

Publicado em 31 de dezembro de 2005

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