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Sobre o ensino de arte visual
Eliana Gomes Pereira Pougy
Bacharel em Comunicação Social pela FAAP, mestranda em Psicologia da Educação pela FE/USP e autora da coleção Criança e Arte - descobrindo as artes visuais, da editora Ática.
A metodologia triangular é eficaz e torna o ensino-aprendizado da Arte Visual completo, mas a questão é: o que ensinar com essa metodologia?
É impressionante o poder de sedução que as obras de arte visual exercem nas crianças. Por meio dessas obras, como as pinturas, desenhos, esculturas, vídeos e filmes, as crianças obtêm informação e conhecimento de forma lúdica e divertida, além de sentirem sensações muito prazerosas. Talvez exista um tipo de identificação, pois as crianças utilizam a arte visual de modo natural e intuitivo, durante toda a infância. Elas desenham para expressar o que apreendem do mundo e delas mesmas.
Então, por que ensinar arte visual na escola? Por mais que nos esforcemos, as crianças desenham sempre igual, daquele jeitinho "infantil". A metodologia triangular - que orienta o ensino de arte levando em conta o fazer artístico, o apreciar obras de arte e o contextualizar na história da arte - respondeu a essa questão, em parte. Quando as crianças obtêm informações sobre o contexto e o modo como uma obra foi criada e quando elas criam sua própria obra, acabam por construir o seu conhecimento sobre a arte visual. Ao apreciarem uma obra de arte visual, inclusive suas próprias criações, elas criam julgamentos, conceitos e opiniões, que, muitas vezes, ultrapassam o conteúdo da disciplina.
Mas, como a disciplina Arte Visual não possui um conteúdo rígido, específico, e por ser muito abrangente, inclusive sendo transversal no conteúdo das outras disciplinas, o professor fica com um problema: quais imagens trabalhar em sala de aula, quais períodos da História da Arte ensinar e como avaliar o aprendizado da disciplina?
O ensino-aprendizado formal da disciplina, que encara a Arte Visual como linguagem, é um aspecto que pode ser explorado pelo professor. A Arte Visual possui uma sintaxe própria, possui elementos formais que estruturam as composições visuais e que podem ser ensinados e aprendidos na escola.
Sabemos que o aprendizado se dá quando o aluno é desafiado em seu conhecimento prévio, quando rompe com seus pré-conceitos e, com base na experiência, constrói novos conceitos. Existem pesquisas feitas por psicólogos do desenvolvimento que mostram como cada faixa etária representa o mundo através de desenhos e como percebe as imagens e as obras de arte visual.
Em cada faixa etária, as crianças utilizam cores, formas, recursos para representar o espaço, o movimento e a passagem do tempo de um modo característico e que se repete em diversas culturas. Esse mesmo modo de utilizar a linguagem pode ser encontrado em trabalhos de pintores adultos, de civilizações e culturas diversas. Criar uma identificação dos trabalhos das crianças com as obras de arte de adultos, questionar os elementos formais da arte visual presentes nesses trabalhos, criar relações, mostrar outras soluções técnicas e gráficas, no momento certo do desenvolvimento infantil, são a garantia do aprendizado.
A metodologia triangular fica mais eficaz quando casada com um currículo que respeite o conhecimento prévio que a criança possui da linguagem visual. O desenho infantil é a grande pista que devemos explorar pois ele nos mostra em que fase do desenvolvimento cognitivo a criança está. E é a partir dessa fase que devemos ensinar determinado elemento formal da linguagem visual. A primeira leitura de imagens deve ser feita pelo professor, apreciando e descobrindo o maravilhoso universo dos desenhos infantis. Eles são a mais rica fonte de informação sobre o conteúdo a ser ensinado em sala de aula.
Veja, da mesma autora, a oficina Elementos da Arte Visual
Publicado em 31 de dezembro de 2005
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