Determinantes da evasão dos alunos do curso técnico subsequente

Marcelo dos Reis das Chagas

Engenheiro civil, especialista em Planejamento de Docência do Ensino Superior

Bruno Alberto Soares Oliveira

Engenheiro de computação, mestrando em Engenharia Elétrica (UFMG)

A evasão estudantil é um dos fatores que mais preocupam as instituições de ensino, sendo um problema internacional que influencia o resultado dos sistemas educacionais. As perdas de alunos que iniciam mas não finalizam seus cursos são consideradas desperdícios sociais, acadêmicos e econômicos sem o devido retorno dos investimentos no setor público (Filho et al., 2007).

Em se tratando do sistema educacional, é comum que, desde que o aluno entra em uma instituição de ensino até sua formatura, muitas circunstâncias ocorram, como alguns sucessos que recompensam os esforços envolvidos; surgem também alguns obstáculos que dificultam sua trajetória, podendo até afetar sua continuidade na instituição, ocasionando a evasão do aluno no processo educacional (Veloso, Almeida, 2001).

A evasão não se dá em poucos aspectos, mas se caracteriza por um conjunto de fatores que vão definir as atitudes e motivações dos estudantes. É possível que os esses fatores atinjam os alunos de maneira diferente, num caso levando ao afastamento do estudante, em outro podendo não afetar a continuidade do aluno que encontra motivação e sustentação em outros fatores para permanecer na instituição de ensino (Bueno, 1993).

Uma questão importante é o fato de, por muitas vezes, as causas da evasão serem minoradas, apontando a falta de recursos financeiros dos estudantes de setores sociais menos favorecidos como fator capital para a desistência do curso, mas esses estudantes sofrem não apenas com a escassez de recursos financeiros como também com a falta de aquisição cultural ao longo da história de sua vida e seus estudos. Essa desigualdade cultural, que não é sanada tão rapidamente, é sentida desde o ensino básico, podendo acompanhar os alunos com desvantagem de oportunidades em relação ao acesso a diversos conhecimentos até o Ensino Superior. Outro item que também é importante destacar é a percepção dos fatores de ordem acadêmica, como a expectativa do discente em relação à instituição ou ao curso, fatores esses que podem estimular ou desanimar o aluno a concluir seus estudos (Baggi; Lopes, 2011).

O objetivo do presente trabalho é analisar alguns fatores determinantes da evasão dos alunos do curso técnico subsequente em edificações do Instituto Federal de Minas Gerais - câmpus Congonhas.

Esta pesquisa justifica-se pelo problema que as instituições de ensino vêm enfrentando devido ao abandono de seus estudantes, sendo necessários estudos aprofundados sobre o tema para o entendimento de algumas condicionantes. Portanto, o estudo das causas de evasão na percepção do discente, principalmente em questões relativas à instituição de ensino, pode contribuir para a redução da lacuna de vagas que as turmas vão adquirindo até sua conclusão.

As metodologias utilizadas são a pesquisa bibliográfica e o estudo empírico, por meio de pesquisa de campo, aplicando um formulário aos alunos do curso técnico subsequente em Edificações do IFMG; o questionário foi elaborado pelos autores, tendo como base o questionário desenvolvido pelo IFMG (2017), que tinha como objetivo caracterizar a evasão dos alunos da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.

Desenvolvimento

Como visto, a evasão tem se tornado um grande problema para as instituições de ensino. De acordo com dados fornecidos pelo IFMG - câmpus Congonhas, 78 alunos evadiram do curso técnico subsequente em Edificações nos últimos nove semestres. Cada turma se inicia com 35 alunos; sendo assim, em um período de 4,5 anos, mais de duas turmas não concluíram o curso devido à evasão.

Segundo o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (Brasil, 2016), o técnico em Edificações desenvolve e executa projetos, planeja a elaboração e execução de orçamento de obras, desenvolve pesquisas tecnológicas na área de Edificações, coordena a execução de serviços de manutenção de equipamentos e de instalações em edificações. Pode trabalhar em construtoras, canteiros de obras, escritórios de projetos, laboratórios de pesquisa e como profissional autônomo.

A crise econômica que se instalou no Brasil nos últimos anos causou grande impacto no mercado da construção civil, fechando cerca de 20 mil postos de trabalho entre o final de 2014 e o primeiro trimestre de 2015. O desaquecimento desse setor pode influenciar quem está querendo entrar no mercado da construção, e pode ser considerado um dos possíveis motivos de evasão dos alunos do curso de Edificações (Amorim, 2015).

Soares et al. (2015) atribuem ao mercado de trabalho outra grande influência na decisão de abandono por parte de alguns alunos, que por muitas vezes chegam às escolas exaustos da maratona diária de trabalho. O curso que é objeto desta pesquisa é oferecido em uma região onde predominam empresas que trabalham em regime de turnos e muitos alunos trabalham durante o dia ou mesmo nesses turnos, que às vezes coincidem com os horários de aula; muitos estudantes, para não terem que faltar ao trabalho, preferem faltar à aula ou, quando vão, não conseguem se dedicar como deveriam; esse pode ser um dos motivos da desistência de alguns alunos.

Segundo Sousa (2005), um dos fatores concorrentes para a evasão do aluno é a insatisfação com o curso frequentado, revelando descontentamento com a escolha profissional. Isso acontece principalmente com alunos que acabaram de concluir o Ensino Médio e estão preocupados em ser aprovados em um processo seletivo para dar continuidade aos estudos; muitas vezes a escolha de determinado curso pode ocorrer de maneira precipitada, atropelando o processo de escolha profissional. Rolim et al. (2008) corrobora essa análise descrevendo que o grau de satisfação com o curso tem relação entre a expectativa do aluno e a percepção da realidade encontrada na instituição de ensino por muitas vezes não ser a esperada, causando falta de identificação do aluno com o curso.

Há outro aspecto que pode ser levado em consideração: a localização do câmpus, por ser afastado da zona urbana, o que aumenta o custo com transporte e o tempo para as viagens, principalmente das cidades circunvizinhas que também têm alunos na instituição.

Espínola (2010) mostra que é importante salientar que o entendimento do processo de evasão, ao mesmo tempo que faz criar novas metodologias, demonstra a carência e a necessidade de maiores investimentos por parte de governantes, escola e família, sendo impróprio focar apenas na escola como responsável pelo processo de evasão dos alunos. Fatores ligados ao poder do governo e da família devem ser cuidadosamente analisados. Problemas financeiros também afetam os alunos que têm poder socioeconômico mais baixo; esse aspecto tem influência no seu rendimento, deixando-os mais propensos a abandonar o curso.

Ainda segundo Espínola (2010), outro fator que afeta de forma significativa os estudos é a gravidez, quando muitas alunas deixam as escolas e não retornam, seja pelos cuidados com o(a) filho(a) ou por não terem com quem deixá-lo(a), seja pelo preconceito que elas podem enfrentar da sociedade escolar, principalmente quando ainda adolescentes.

Esses motivos farão parte de um formulário que será aplicado aos alunos matriculados no curso de Edificações para que eles possam apontar o que mais os influenciaria a deixar o curso. Esse formulário também irá descrever o perfil dos alunos por gênero, idade e condição financeira.

Estudo empírico

O presente trabalho, além da pesquisa bibliográfica, realiza uma pesquisa de campo, aplicando um formulário que se encontra mais à frente. Ele foi elaborado pelos autores tendo como base o questionário desenvolvido pelo IFMG (2017), que tinha como objetivo caracterizar a evasão dos alunos da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.

De acordo com Nogueira (2002), os questionários visam levantar informações sobre idade, grau de escolaridade, renda, densidade demográfica, estilo de vida e opiniões, além de poderem ser abertos, fechados, diretos e indiretos, assistidos ou não. Outros cuidados a serem observados estão no balanceamento da disposição das perguntas quanto à sua relevância, ser pequeno e de fácil preenchimento, não divulgar o nome do interessado da pesquisa e do respondente, a fim de evitar tendenciosidade nas respostas e exposição de quem respondeu, formular questões com todas as alternativas possíveis ou deixar a resposta em aberto.

Coleta de dados

Todos os alunos do curso técnico subsequente em Edificações farão parte da amostra para realização desta pesquisa; ao todo serão 100 alunos nos quatro módulos que se submeterão espontaneamente ao formulário, que consta de itens relativos à caracterização dos alunos quanto a gênero, faixa etária e condições financeiras. Há também doze itens que representam os possíveis motivos de evasão, sendo quatro deles relacionados a fatores externos à instituição, quatro a fatores internos e outros quatro que relacionam as duas situações; os alunos responderão a todos os itens; caso o fator seja possível motivo da evasão, marcarão como sim; caso contrário, marcarão a opção não.

Assinale apenas uma alternativa em cada item

Sexo

(  ) Masculino; (  ) feminino

Faixa etária

(  ) 17 a 21; (  ) 22 a 26;
(  ) 27 a 31; (  ) 32 a 36;
(  ) 37 ou mais

Tem filhos?

(  ) Não; (  ) Sim

Renda familiar (em salários mínimos)

(  ) Até 1 salário;
(  ) Entre 1 e 3; (  ) Entre 3 e 5;
(  ) Entre 5 e 7; (  ) Entre 7 e 10; (  ) Mais que 10

Assinale os motivos que o levaria a evadir-se do curso

Dificuldades financeiras

(  ) Não; (  ) Sim

Problemas familiares

(  ) Não; (  ) Sim

Distância da família

(  ) Não; (  ) Sim

Gravidez, maternidade ou paternidade

(  ) Não; (  ) Sim

Falta de identificação com o curso

(  ) Não; (  ) Sim

Falta de perspectiva para o curso no mercado de trabalho

(  ) Não; (  ) Sim

Distância / Dificuldade para chegar ao câmpus

(  ) Não; (  ) Sim

Dificuldades para conciliar trabalho e estudo

(  ) Não; (  ) Sim

Deficiência de base do Ensino Fundamental ou Médio

(  ) Não; (  ) Sim

Problemas no processo de aprendizagem (dificuldade em alguma disciplina / má qualidade do ensino)

(  ) Não; (  ) Sim

Dificuldade de relacionamento com colegas / professores

(  ) Não; (  ) Sim

Falta de apoio dos professores na realização das atividades, solução de dúvidas e demais dificuldades

(  ) Não; (  ) Sim

Outro motivo (escreva)

 

Figura 1: Formulário para determinar os motivos de evasão dos alunos do curso técnico subsequente em Edificações

Resultados

O formulário foi aplicado nos dias 26 e 27 de março de 2018 nas quatro turmas do curso. Dos 100 alunos que seriam alvo da pesquisa, oito não estavam presentes no dia da aplicação; portanto, 92 formulários foram respondidos, sendo cinco deles descartados por preenchimento incorreto. Os resultados dos formulários estão representados em gráficos e descritos a seguir.

Na identificação do perfil dos alunos, constatou-se que 59% são mulheres e 41% homens; a maioria dos alunos (54%) está na faixa etária de 17 a 21 anos e apenas 11% tem filhos, 51% tem renda de 1 a 3 salários mínimos. Dos doze itens que representaram os possíveis motivos de evasão, todos foram marcados como possíveis causas de abandono do aluno, alguns em maior outros em menor proporção.

Dos itens referentes a fatores externos à instituição, dificuldade financeira foi o mais lembrado: 43% dos alunos marcaram que esse seria um dos motivos para evadirem do curso. Problemas familiares corresponderam a 21% das respostas. Distância da família foi o item de menor relevância: 5% dos alunos marcaram que esse seria um motivo para evasão. A opção gravidez, maternidade ou paternidade indicou que 16% dos alunos poderiam abandonar o curso caso viesse a acontecer.

Os itens que correlacionam fatores intrínsecos e extrínsecos foram os que tiveram maior número de influência: falta de identificação com o curso (44%), falta de perspectiva para o curso no mercado de trabalho (30%), distância/dificuldade para chegar ao câmpus (42%) e dificuldade para conciliar trabalho e estudo, que foi o item de maior relevância, com 48%.

Por fim, os itens relacionados a fatores internos à instituição, como problemas no processo de ensino-aprendizagem (dificuldade em alguma disciplina/má qualidade do ensino) foi o item de maior escolha, com 40% das respostas; deficiência de base do Ensino Médio ou Fundamental e dificuldade de relacionamento com colegas/professores não tiveram grande representatividade, com 13% e 19%, respectivamente; com 30%, falta de apoio dos professores na realização das atividades, solução de dúvidas e demais dificuldades dos alunos foi o último item a ser analisado.

 Como no formulário havia apenas doze opções de itens relativos às causas de evasão, os alunos contavam com a opção de indicar outro motivo além dos que constavam na lista. Os motivos que os alunos indicaram no formulário, que também são motivos de abandono do curso foram: conseguir aprovação em vestibular de curso superior e outros que se enquadravam nos itens que já estavam mencionados no formulário, sendo desconsiderados.

Discussão

De acordo com os resultados obtidos por meio do formulário aplicado aos alunos, foi possível verificar que todos os doze itens que constavam no formulário foram assinalados em pequenas ou grandes quantidades, inclusive alguns que não constavam no formulário; como foi descrito por Veloso e Almeida (2001) e Bueno (1993), desde que o estudante entra no sistema educacional, muitas são as circunstâncias que geram obstáculos e dificultam a trajetória da vida escolar; o conjunto desses vários fatores pode, em casos extremos, levar à evasão desses alunos.

Na identificação do perfil dos alunos, foi possível constatar que há uma predominância das mulheres, 59% e 41% homens; como dizem Pereira e Fávaro (2017), apesar de as mulheres terem enfrentado diversas dificuldades no passado para conseguir o acesso ao ensino nas escolas, atualmente elas têm sido maioria em todos os níveis de ensino no Brasil, em escolas, cursos de qualificação e universidades.

O item faixa etária mostra que a maioria dos alunos tem entre 17 e 21 anos; há grande possibilidade de esses alunos terem escolhido o curso de maneira precipitada, pois, apesar de a Lei de Diretrizes e Bases (nº 9.394/96) trazer que o Ensino Médio tem finalidade de consolidar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o prosseguimento dos estudos,  segundo Sousa (2005), alunos que acabaram de concluir o Ensino Médio têm preocupação em continuar os estudos, deixando muitas vezes de escolher com tranquilidade o curso com que têm mais afinidade, o que pode atrapalhar o processo de escolha profissional. Esse fator pode justificar o item falta de identificação com o curso, que foi assinalado por 44% dos alunos.

Dos fatores internos à instituição, problemas no processo de aprendizagem (dificuldade em alguma disciplina/má qualidade do ensino) foi o item mais escolhido pelos alunos (40%). Segundo Soares et al. (2015), para os alunos que apresentam problemas em algumas disciplinas, o risco de evasão é grande, indicando que parte dos alunos que evadem apresenta dificuldade maior de acompanhar todas as disciplinas do que em apenas uma.

Dificuldade de relacionamento com colegas e professores, apesar de ter sido lembrado por apenas 19% dos alunos, mostra-se um fator preocupante, pois aqui deve ser considerada uma análise preponderante dentro do espaço escolar envolvendo os principais responsáveis pelo sucesso ou insucesso do aluno; segundo Filho e Araújo (2017), uma das causas da evasão relacionadas ao espaço escolar é bagunça, brigas em sala de aula, desrespeito e violência com os professores.

Deficiência de base no Ensino Fundamental ou Médio foi, dos fatores inerentes à instituição, o que menos representou um possível motivo para evasão, mas, ainda assim, 13% dos alunos marcaram essa opção. Apesar de a Lei de Diretrizes e Bases estabelecer que um dos princípios da educação nacional é que o ensino deve ser ministrado com base no princípio da garantia de padrão de qualidade, Borges (2011) ressalta que há falta de qualidade no Ensino Fundamental e Médio, destacando a necessidade de mudanças no processo de ensino-aprendizagem para que haja não só melhoria na qualidade do ensino, mas também seu nivelamento.

Segundo o IFMG (2017), os indivíduos tendem a não considerar que fatores externos são motivos de evasão, com exceção de um ou dois itens. Isso pôde ser observado neste trabalho, em que fatores externos ao câmpus, como problemas familiares, distância da família, gravidez, maternidade ou paternidade não tiveram representatividade nas respostas. As exceções foram dificuldade financeira e falta de identificação com o curso, que, apesar de serem fatores externos, foram consideravelmente assinaladas pelos alunos.

Dos alunos, 51% têm renda familiar de 1 a 3 salários mínimos, podendo elucidar uma das causas por que o item dificuldades financeiras foi escolhido por 57% dos participantes. Como dito por Baggi e Lopes (2011), muitas vezes a falta de recursos financeiros ao longo da vida dos estudantes pode ser uma das causas, direta ou indiretamente, responsável pela evasão escolar.

A renda familiar também pode ser associada ao possível motivo para a evasão mais votado, que foi a dificuldade em conciliar estudo e trabalho, pois os alunos têm que trabalhar para complementar a renda ou até mesmo são a única fonte de sustento da família. Pelo fato de a região onde se localiza o câmpus ter como principal atividade econômica empresas no ramo de minério de ferro e siderurgias, cujos horários de trabalho normalmente são em turnos, há dificuldade para dedicação aos estudos, tanto no horário das aulas quanto nas atividades extraclasse.

Dos fatores que relacionaram motivos internos e externos, distância/dificuldade para chegar ao câmpus teve 42% de indicação; esse motivo é devido ao fato de o câmpus ser afastado da zona urbana cerca de 4,5 quilômetros, além da distância em relação às cidades vizinhas. Esse motivo obriga os alunos, além de ter que se deslocar, dedicando mais tempo aos estudos, gastar mais recursos financeiros para transporte coletivo ou particular.

A falta de perspectiva do curso no mercado de trabalho tem relação com o que foi descrito anteriormente por Amorim (2015), que, com a crise econômica, o mercado da construção civil desaqueceu, gerando desconfiança em todas as áreas, inclusive dos estudantes; 30% deles marcaram que esse pode ser um dos motivos de abandono do curso.

O item que foi lembrado e não constava no formulário e que aponta possível motivo de abandono do aluno é para entrar em uma faculdade e vem ao encontro do pensamento de Filho (2014), que aponta que o brasileiro é obcecado pelo Ensino Superior e que, apesar de quem cursa o ensino técnico ter salário em média 13% maior do que de quem tem apenas o Ensino Médio, quem cursa o Ensino Superior completo ganha três vezes mais em relação a quem possui apenas o Ensino Médio; esse pode ser também um dos motivos de evasão dos alunos do curso técnico.

De todos os motivos que podem levar os alunos a abandonar o curso, os que se referem a fatores extrínsecos à instituição são os de maior dificuldade para fazer algum tipo de intervenção, por se tratar de problemas pessoais, condição financeira ou até mesmo conciliação de horário de trabalho; porém algumas iniciativas internas à instituição podem ser feitas para evitar ou diminuir a evasão dos estudantes: melhorar as condições em sala de aula e laboratórios, preparação e capacitação dos professores, promoção de eventos científicos, esportivos e culturais, combater de maneira mais intensa todo tipo de discriminação, incentivar os alunos a participar de programas institucionais, como bolsas de extensão e monitoria, fornecer assistência psicológica e auxílio transporte (IFMG, 2017).

Conclusão

O presente trabalho analisou fatores determinantes da evasão dos alunos do curso técnico subsequente em Edificações do Instituto Federal de Minas Gerais - câmpus Congonhas.

O tema foi escolhido por ser um problema internacional e um dos fatores que mais preocupam as instituições de ensino. Esse assunto não é de fácil compreensão, se caracterizando por um conjunto de vários fatores, como problemas sociais, políticos, econômicos, culturais e escolares.

Com esta pesquisa, foi possível observar que, dos doze itens que constavam do formulário aplicado aos alunos, todos foram assinalados em pequenas ou grandes quantidades, o que mostra que são muitos fatores que podem levar à evasão estudantil, inclusive alguns que não constavam do formulário. Dentre esses fatores, existem os fatores externos e internos à instituição, estes últimos tendo carga de influência maior nas possibilidades de evasão dos alunos do curso, podendo ser o principal alvo de uma intervenção por parte da instituição de ensino para reduzir o índice de evasões.

Uma sugestão para trabalhos futuros pode ser a comparação dos alunos que evadiram de seus cursos com as notas recebidas durante o período em que estavam na instituição de ensino para saber se o aproveitamento tem influência na quantidade de alunos evadidos dos cursos.

Referências

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Publicado em 16 de junho de 2020

Como citar este artigo (ABNT)

CHAGAS, Marcelo dos Reis das; OLIVEIRA, Bruno Alberto Soares. Determinantes da evasão dos alunos do curso técnico subsequente. Revista Educação Pública, v. 20, nº 22, 16 de junho de 2020. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/22/determinantes-da-evasao-dos-alunos-do-curso-tecnico-subsequente

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