Gestão escolar brasileira

Iêda Cicotti de Jesus

Pedagoga licenciada (UniAGES - Campus Paripiranga)

Rudvan Cicotti Alves de Jesus

Licenciado em Biologia (UNIT, Campus Farolândia)

Lurian Cicotti Alves de Jesus

Graduanda em Engenharia Química (UFS, Campus São Cristóvão)

A gestão escolar brasileira, anteriormente denominada Administração Escolar, vem passando nas ultimas décadas por mudanças provenientes do clamor da sociedade por uma educação de qualidade. Nos anos 1980, em defesa de uma gestão democrática, tornou-se a bandeira de luta de educadores. Hoje, a maior parte da humanidade enfrenta dificuldades para defender a própria sobrevivência diante dos desafios gerados pela globalização e pelos avanços tecnológicos na era das redes de informações. O sujeito se depara com a exigência da contemporaneidade, que o leva a buscar na educação uma base de formação e de novos conhecimentos que possa garanti-lo profissionalmente, de forma a assegurar seu sustento atribuído à família diante do mercado social.

No entanto, a educação familiar – hoje considerada educação não formal, bagagem trazida pelo sujeito – desde então passou a ser vista como simples base para a busca de um novo caminho que leva a conhecimentos de uma educação democrática, que possibilita maior compreensão intelectual, profissional, e social, para acompanhamento e crescimento do sujeito, sem nenhuma intenção de prejulgamento com relação o tema, mas como meio de facilitar a própria inclusão no mercado de trabalho.

O pressuposto caso destaca em si vários fatores além da gestão escolar brasileira; dentre eles está a luta pela aprovação dos princípios do ensino, que deve ser ministrado com base na gestão democrática na Educação, prevista no Art. 206, inciso VI da Constituição Federal. Aqui, a Carta Magna estabelece critérios que definem as normas de uma gestão democrática e determina que o ensino público gratuito deve evidenciar a participação de todos, tanto dos profissionais da Educação quanto da comunidade.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), em seus artigos 2º e 9º, além do cumprimento do Art. 214, dá orientações para trabalhar a elaboração dos planos de ensino educacional a serem produzidos pela gestão escolar no Plano Nacional de Educação (PNE), que traz ancorados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para a organização de conteúdos, que tem por finalidade favorecer a equipe diretiva escolar em gestão administrativa e o corpo docente como um todo, que fará parte da unidade educativa na construção do plano político-pedagógico anual (PPP), que se faz necessário para os procedimentos de trabalho dos professores, como meio de seguimentos didáticos e conteúdos para seus planejamentos de aula para as ações da prática educativa anual.

Logo, é necessário construir com criatividade uma educação de qualidade na qual o PPP seja atualizado e os profissionais sejam qualificados e/ou tenham ações de formação continuada para que o trabalho de ensino seja viável no desenvolvimento cognitivo com qualidade e de grande proveito na ação de aprendizagem em sala de aula. Porém, para o sucesso de uma educação democrática de qualidade, é preciso que a gestão educativa busque desenvolver um trabalho constante em equipe no qual envolva todos os membros que fazem parte da unidade educativa, principalmente a parte que envolve a gestão e o corpo docente, além de pais, alunos e comunidade. Para esse grupo, deve desenvolver um método ativo e flexível que inclua o aluno na participação e construção de atividades que venham possibilitar aos estudantes novos conhecimentos no processo de ensino-aprendizagem.

Concepção dos problemas

A finalidade expressa na legislação aponta que é necessário repensar a organização da prática educativa não somente no desenvolvimento em sala de aula do trabalho docente. Para isso, deve ser viável que os secretários de Educação tragam em sua bagagem alguma formação para facilitar o trabalho e a compreensão de todos, mediante uma gestão participativa. Com base no seu conhecimento da área e na responsabilidade por ela, possibilitará o desenvolver de uma Educação democrática brasileira de respeito, para que seja transparente na organização e produção de atividades corretas nos espaços escolares, favorecendo um nível de aprendizagem com maior conhecimento e preparação do sujeito para uma possível inclusão no Ensino Superior.

Logo, é notável que haja falta de comprometimento no cumprimento das leis, quando fica visível o baixo nível de desempenho de aprendizagem dos alunos, muitos dos quais finalizam o Ensino Médio com um conhecimento muito inferior ao esperado, tornando-se despreparados para ser aprovados em algum tipo de vestibular como caminho para um possível curso superior. Frente a essas irresponsabilidades, surgem as dificuldades de ter profissionais qualificados para suprir as exigências do mercado de trabalho; entretanto, o governo brasileiro coloca em prática um Ensino Médio com especialidades técnicas de ensino que levam o aluno a terminar o Ensino Médio sem estar preparado para a inclusão no mercado de trabalho.

As escolas ficam sem atender à demanda do mercado de trabalho formando profissionais prontos para atividades laborais que, ao mesmo tempo, não exigiram valor alto de formação. Hoje, segundo o ex-presidente Temer, o ensino educacional não mais é obrigatório no Brasil; isso mostra seu descaso com a educação do povo, enquanto em outros Estados a educação é a base primordial na formação do cidadão; ele deixou a gestão democrática à deriva e as escolas públicas esquecidas, enquanto as crianças da Educação Infantil e do Fundamental, base principal para a formação intelectual, ficam num espaço vazio, sem órgão responsável, favorecendo o aumento da criminalidade, causando desestrutura familiar, que já é um dos maiores problemas do Brasil.

Fundamentações teóricas e discussão

É preciso compreender a importância da prática educativa na dialética da metodologia em sala de aula. No entanto, nem sempre essa é a visão percebida por alguns gestores, os quais criticam o pouco de educação não formal trazida pelos alunos como bagagem para as salas de aula. Devido a visões como essas, muitos alunos enfrentam dificuldades de aprendizagem e são aprovados aleatoriamente, porque ficam revoltados pelo descaso do ensino, com falhas desencadeadas por uma educação de faz de conta – e assim vai a educação em nosso país.

Luck (2013) afirma que “a gestão democrática com base em conhecimento é responsável pela organização dos termos de estudos, bases curriculares para o ensino em sala de aula na atualidade, que denomina os recursos humanos também direcionados para o ensino-aprendizagem”.

Isso compreende a importância de uma gestão participativa e democrática comprometida com conteúdos específicos para o desenvolvimento da ação e da prática educativa em sala de aula.

Vasquez (1977) aponta que é “pela gestão interdisciplinar que são dados os conceitos básicos e a teoria de ensino, que leva ao desenvolver da prática na interdisciplinaridade, assim como a análise dos caracteres disciplinares apresentada com base na tradição democrática da universidade luso-brasileira”, o qual busca na prática educativa em estudos o conhecimento sistêmico com a finalidade de ensinar o aluno a aprender por si mesmo determinada profissão, e não por pressão de ser meio de sobreviver.

Gadotti (2009, p. 3) sugere que “esse contexto de discussão acerca da qualidade da educação suscita a definição do que se entende por educação”. Frente a essa visão, essa definição é entendida como o sujeito que participa das atividades relacionadas a ações sociais mais amplas. Dentro dessa abordagem, Gentilli (1995, p. 155) indica que “a democracia é um componente essencial da ‘qualidade’ na educação; qualidade para poucos não é qualidade, e sim um privilégio”.

Para haver educação de qualidade, o professor também deve ter formação continuada; “o sistema fala não somente da qualidade social do ensino, mas de tudo que tem a ver com o conceito da educação, principalmente a relação com a educação integral”. Essa dimensão realça a necessidade de um “sistema nacional articulado”, garantia de uma “gestão democrática e de uma avaliação formativa assim como a principal, a formação continuada dos professores”.

Para que haja educação de alta qualidade, o ensino deve ser desenvolvido em ambas as partes no espaço educacional, a começar pelos gestores até níveis mais inferiores, sem discriminar.

Conclusão

O professor deve buscar novos instrumentos educacionais para trabalhar não somente a prática educativa na democracia de ensino, mas a interdisciplinaridade, favorecendo assim o reconhecer da autonomia como fator primordial para a construção de suas competências no planejamento das aulas, a fim de ser possível trabalhar esclarecendo e construindo atividades para amenizar as dificuldades percebidas na aprendizagem.

É na ação pedagógica no espaço escolar que se torna possível a efetivação de práticas sociais, levando à formação do sujeito crítico, criativo e participativo, na busca de seus ideais perante a sociedade. Para tanto, a estratégia da democracia política não estaria a buscar saber o que pensa um grupo, mas quais mudanças suscetíveis poderiam produzir na sua consciência, podendo também observar a cultura educativa que desempenha o seu papel estratégico, que é discutir táticas para o desenvolvimento a ser compartilhadas em processo de ação.

Referências

BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf. Acesso em: 13 abr. 2019.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996). Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Edições da Câmara, 2010.

BRASIL. MEC. Documentos referenciais: Conferência Nacional de Educação. Brasília, 2008.

GADOTTI, Moacir. Educação Integral no Brasil: inovação em processo. São Paulo, Instituto Paulo Freire, 2009.

GENTILLI, Pablo. O discurso da qualidade como nova retórica conservadora no campo educacional. In: GENTILLI, Pablo; SILVA, Tomaz Tadeu da (Orgs.). Neoliberalismo na qualidade total na educação: visão critica. Petrópolis: Vozes, 1995.

LUCK, Heloisa.; A gestão participativa na escola. 11ª ed. Petrópolis: Vozes, 2013. Série Cadernos de Gestão.

VAZQUEZ, Adolfo Sánchez. Filosofia da práxis.2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.

Publicado em 21 de janeiro de 2020

Como citar este artigo (ABNT)

JESUS, Iêda Cicotti de; JESUS, Rudvan Cicotti Alves de; JESUS, Lurian Cicotti Alves de. Gestão escolar brasileira. Revista Educação Pública, v. 20, nº 3, 21 de janeiro de 2020. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/3/gestao-escolar-brasileira

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