A atuação do supervisor escolar na avaliação de Matemática do Proeb
Resiane Paula da Silveira
Licenciada em Matemática (IFMG - Câmpus Formiga)
Jader Luís da Silveira
Especialista em Gestão de Instituições de Educação Superior (UFMG), diretor geral do Grupo JLS Educacional
O supervisor escolar é aquele que zela pelo bem-estar da sua escola: alunos, pais, professores, comunidade escolar. É ele quem toma iniciativas sobre as mudanças que devem ocorrer na escola, buscando melhorar o desempenho educacional dela.
O supervisor escolar apresenta papel fundamental nas avaliações externas que são propostas à escola, como naquelas do Estado de Minas Gerais na área de Matemática, o Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (Proeb).
O Proeb é uma avaliação externa e censitária que busca diagnosticar a educação pública do Estado de Minas Gerais (Minas Gerais, 2020). Logo, é de suma importância a sua aplicação nas escolas para que seus resultados contribuam para o avanço da qualidade da educação.
O objetivo deste trabalho é analisar como o supervisor escolar pode auxiliar no desempenho do Proeb. Além disso, será compreendido como esse profissional pode atuar em conjunto com o corpo docente e discente para o sucesso da avaliação, fazendo com que represente um agente de extrema importância no processo de avaliação.
A metodologia empregada no artigo foi a pesquisa qualitativa, visto que “não se preocupa com representatividade numérica, mas sim com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização etc.” (Silveira; Córdova, 2009).
O embasamento proposto para esse artigo foi baseado nos autores Pereira, Pinto e Viana e em documentos do Instituto Unibanco, além das informações do site do Proeb, que sustenta a ideia a ser desenvolvida no artigo.
Embasamento teórico
Uma das possibilidades para a melhoria da escola pode ser por meio das avaliações externas propostas periodicamente às escolas. Essas avaliações buscam avaliar os alunos em certo âmbito, podendo ser municipal, estadual, federal e internacional. Nessa percepção de avaliação, o supervisor escolar, junto com sua equipe pedagógica, deve encarar positivamente essas avaliações, fazendo com que seja uma possibilidade de mudança em sua escola de modo positivo.
O supervisor toma uma posição muito importante no âmbito escolar, fazendo parte da gestão escolar auxiliando alunos, professores e gestores, como o diretor da escola, e dando suporte aos pais dos alunos. Segundo Pires (1990 apud Pereira, 2012), temos que
o supervisor escolar tem diferentes qualidades. Suas principais qualidades é que efetivamente deve ser capaz de promover a interação entre os grupos que atuam na escola, zelar pela qualidade do ensino, colaborar diretamente com os professores, com os alunos e suas famílias, e acima de tudo, transformá-los em instrumentos capazes de facilitar mudanças.
Nessa perspectiva, o supervisor escolar deve incentivar atentamente a escola como um todo. Esse incentivo que é dado aos alunos interfere diretamente no seu desempenho escolar, podendo fazer com o que ele chegue ao sucesso ou ao fracasso escolar. Tal estímulo pode ser dado com o intermédio do professor ou do próprio supervisor. Dessa maneira, quando são abordados os conteúdos de Matemática, há necessidade de comunicação constante entre supervisor e o docente da disciplina Matemática.
O interesse pela disciplina deve ser despertado nos alunos, fazendo com que o aprendizado ocorra de forma natural e sem o tradicional “medo”. Esse temor pela Matemática dificulta a assimilação do conteúdo pelo estudante, fazendo com que o professor empregue métodos facilitadores da compreensão da Matemática para que o processo de ensino-aprendizagem seja acessível aos alunos.
O supervisor escolar deve oferecer suporte tanto ao professor quanto ao aluno para que a escola tenha desempenho satisfatório nas avaliações externas propostas pelos governos estadual e federal. No âmbito estadual, em Minas Gerais, temos o Simave (Sistema Mineiro de Avaliação e Equidade da Educação Pública). No âmbito federal há o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).
O foco deste trabalho será o papel do supervisor escolar na avaliação externa de Matemática proposta pelo estado, que é o Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (Proeb), que faz parte das avaliações realizadas pelo SIMAVE desde 2000; nelas vêm sendo avaliados, segundo a Secretaria de Educação (2019),
os estudantes do 5° e 9º anos do Ensino Fundamental e do 3° ano do Ensino Médio das escolas municipais e estaduais de Minas Gerais de 2000 a 2003 e, em seguida, de 2006 a 2014. A partir de 2015 ampliou-se o número de etapas avaliadas, alternando-as entre os anos pares e ímpares: nos pares, continuou-se a avaliar as mesmas etapas, enquanto nos ímpares passou-se a avaliar o 7º ano do Ensino Fundamental e o 1º ano do Ensino Médio, além do 3º ano do Ensino Médio.
O Proeb deve ser encarado pelo supervisor escolar com uma maneira de ver como sua escola está em relação às demais escolas do seu munícipio e do estado, fazendo refletir se sua gestão está correta ou se deve ser modificada.
Com o intuito de acompanhar a melhoria da qualidade do ensino ofertado em sua rede, o Estado de Minas Gerais busca, por meio do Proeb, produzir diagnósticos sobre o desempenho dos estudantes nas áreas de conhecimento avaliadas, permitindo, uma vez identificada qualquer fragilidade nesse processo, que ações de intervenção sejam realizadas (Minas Gerais, 2008).
Basta o supervisor escolar, ao verificar o desempenho da sua escola no Proeb, tomar iniciativas na sua escola, de modo que sempre melhore o desempenho dos alunos na avaliação. Entretanto, no caso do fracasso escolar, nem sempre os culpados são os alunos, que tomam quase sempre a responsabilidade do mau desempenho nas provas. Pinto e Viana (2014, p. 2) ressaltam que
começou a se perceber que o sistema de ensino também poderia ser o responsável pelo fracasso escolar. Nesse sentido, a avaliação externa pode ser um ponto de apoio, um elemento a mais, para repensar e planejar a ação pedagógica e a gestão educacional.
Nota-se então a importância do supervisor escolar nas avaliações externas, nas possibilidades existentes para que seu trabalho seja positivo no sucesso da sua escola.
O papel do supervisor escolar no Proeb
O Proeb é “uma avaliação externa e censitária que busca diagnosticar a educação pública do Estado de Minas Gerais” (Minas Gerais, 2008). Os resultados da avaliação fazem com que o poder público municipal e estadual desenvolvam ações relacionadas as políticas públicas voltadas para a Educação e de melhorias nas ações pedagógicas e didáticas das escolas envolvidas.
Assim como em outras atividades desempenhadas, o supervisor escolar deve estar engajado, comprometido, envolvido, e não apenas atuar como assessor ou consultor (Medina, 1997). Nesse cenário, esse profissional deve desenvolver uma atitude de colaboração entre o corpo discente e corpo docente da instituição, de forma que o seu trabalho não prejudique nenhuma das partes.
O papel desempenhado pelo supervisor no Proeb é entendido como um elo das atividades desempenhadas pelos alunos, juntamente com a atuação do professor em sala de aula. Assim, quando o supervisor encara a sua função nessa perspectiva, tem a capacidade de entender a real situação do aprendizado dos estudantes e a qualidade do trabalho desempenhado pelo docente na sala de aula.
No momento em que o supervisor interfere, opina e sugere, em qualquer etapa do Proeb, tende a tornar o resultado vicioso, incorreto e com falhas. Além disso, a instituição não consegue avaliar, diagnosticar e corrigir possíveis falhas e erros didáticos e pedagógicos presentes no âmbito escolar. A contribuição do profissional para o acontecimento desse fato faz com que a escola tenha uma realidade distante, sem reais avaliações do seu projeto escolar e de suas ações desempenhadas, podendo mesmo ocultar as boas práticas ali desenvolvidas.
O papel do docente na avaliação do Proeb está na criação de estratégias educacionais com significado para os alunos, valorizando as várias experiências que demonstram que a inserção de recursos digitais e extracurriculares, quando de forma bem planejada, com estratégia, pode auxiliar o alcance de objetivos de aprendizagem (Lévy,1995).
Possibilidades de desenvolvimento de avaliações preliminares ao Proeb com o professor de Matemática e o supervisor escolar
O supervisor escolar desempenha papel da interferência para a melhoria da sua escola. Na sala de aula essa interferência é feita pelo professor, que é aquele que ensina seus alunos.
O professor de Matemática, ao se deparar com os resultados das avaliações externas, nem sempre as reconhece como potenciais ferramentas pedagógicas, não sabendo como utilizá-las bem (Instituto Unibanco, 2016). Assim, o professor deve estudar esses resultados com a finalidade de saber como abordar em sala de aula o conteúdo em que houve insucesso.
Esse insucesso algumas vezes é causado pelas metodologias de aula tradicionais; segundo Oliveira (2016), “as metodologias tradicionais têm sido pouco eficientes para ajudar o aluno a aprender a pensar, refletir, criar com autonomia soluções para as situações práticas, para os problemas que enfrenta”.
Jogos, aulas informatizadas, visitas técnicas, palestras e trabalhos interdisciplinares, entre outros recursos, são algumas alternativas que o professor pode empregar em sua aula para que os alunos tenham bom desempenho em avaliações.
O supervisor escolar e o professor devem reconhecer o papel de estimuladores e mediadores dos saberes, conhecimentos e aprendizados do aluno, juntamente com a metodologia de avaliação. Cabe ao supervisor e ao professor agir como intermediários entre os conteúdos da aprendizagem e a atividade construtiva para assimilação (Silva; Navarro, 2012).
A descentralização do processo de ensino-aprendizagem tem função fundamental em todas as etapas de aprendizado do discente. Esse estudante deve desempenhar papel de agente que constrói o seu conhecimento, protagonista do seu saber e das diferentes etapas de avaliações, conforme ressalta Silveira (2019):
O processo de ensino-aprendizagem que conduz à compreensão do sujeito (tanto professor, como aluno) como sujeito epistêmico; um ser que conhece e constrói conhecimentos. (...) Ressalta-se a importância da descentralização da figura do professor na aprendizagem do aluno. O professor continua com suas funções de ensinar e o aluno de aprender, porém é importante que o professor não faça uma entrega de respostas prontas para o aluno, e sim que este busque as devidas respostas em seu cotidiano.
A avaliação antes do momento do Proeb apresenta-se como uma necessidade de ser um processo constante, diário e com a participação de grupos de alunos (Silveira, 2019). Com base nessa constante avaliação, o aluno tem plenas condições de chegar ao Proeb e aplicar todos os conhecimentos adquiridos em avaliações anteriores e obter grande êxito em resultados tanto teóricos quanto práticos.
Conclusão
Com base no que foi apresentado neste artigo, entende-se que o supervisor escolar pode e deve contribuir nas avaliações externas de Matemática nas escolas. Esse profissional deve ofertar o estímulo do sucesso a seus alunos e aos professores da escola na qual ele trabalha.
Nota-se a importância da relação professor-aluno e também da relação professor-supervisor, visto que eles trabalham em conjunto para que os resultados sejam satisfatórios, demostrando o sucesso do processo de ensino-aprendizagem na escola. Esses resultados são também positivos para o estado, mostrando a competência dos profissionais da Educação atuantes.
As avaliações estipuladas pelo Proeb podem ser consideradas ferramentas diagnósticas de aprendizado do estudante, diagnósticas da eficiência das metodologias de ensino do docente e, por fim, do trabalho de orientação e supervisão pedagógica do supervisor escolar.
Os resultados apresentados nas avaliações do Proeb devem ser aproveitados pelo sistema de ensino, visando à sua melhoria, seu aperfeiçoamento e à criação de novas metodologias pelos governos com o propósito de criação de novas políticas públicas para a Educação e, por fim, para que os professores possam elaborar aulas contextualizadas, problematizadas e interdisciplinares, oferecendo assim uma educação de qualidade para todos os estudantes.
Referências
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LÉVY, P. As tecnologias da inteligência. 2ª ed. São Paulo: Editora 34, 1995.
MEDINA, Antônia da Silva. Supervisão escolar: da ação exercida à ação repensada. Porto Alegre: Edipucrs, 1995.
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OLIVEIRA, C. L. Significado e contribuições da afetividade, no contexto da Metodologia de Projetos, na Educação Básica. In: . A Metodologia de Projetos como recurso de ensino e aprendizagem na Educação Básica. Dissertação (Mestrado), Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006, cap. 2.
PEREIRA, K. C. C. M. O papel do supervisor escolar. Portal Educação. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/o-papel-do-supervisor-escolar/19026. Acesso em: 19 out. 2019.
PINTO, R. A.; VIANA, M. C V. As avaliações externas e a escola: possibilidades e desafios para a sala de aula. Ouro Preto, 2014.
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SILVEIRA, Jader Luís da. A metodologia das avaliações no processo de ensino-aprendizagem: contribuição do Schème de Piaget na didática. P@ , São Paulo, v. 1, nº 0, p .1, 2019.
Publicado em 25 de agosto de 2020
Como citar este artigo (ABNT)
SILVEIRA, Resiane Paula da; SILVEIRA, Jader Luís da. A atuação do supervisor escolar na avaliação de Matemática do Proeb. Revista Educação Pública, v. 20, nº 32, 25 de agosto de 2020. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/32/a-atuacao-do-supervisor-escolar-na-avaliacao-de-matematica-do-proeb
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