Desafios da gestão escolar frente à pandemia de Covid-19
Gabriel Cunha Alves
Administrador, graduando em Letras Português - Inglês (IBRA), analista técnico na Agência Amazonense de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (AADESAM), especialista em Direito Militar, Gestão em Segurança Pública e Docência em Administração Pública (uniFCV), pós-graduado em Gestão da Produção e Qualidade (Instituto Metropolitano de Ensino)
Vivenciamos um ano atípico. O ano de 2020 já se tornou histórico devido à pandemia que surpreendeu a todos. A Covid-19 fez os profissionais de todas as áreas se reinventarem – e não seria diferente com a gestão educacional. Até os professores mais resistentes ao ensino a distância (EaD) tiveram que se acostumar ou adaptar à nova realidade.
Mas como gerir tudo isso? Como fazer com que os alunos tenham resultados satisfatórios com o ensino remoto? Como fazer com que os professores se mantenham vibrantes em sua atuação docente? Ou, ainda mais importante, como manter os professores e alunos mentalmente saudáveis e motivados em um cenário sombrio de pandemia? São muitas perguntas que vão surgindo ao longo desse desafio.
Esta pesquisa pretende demonstrar que, apesar de não ser tão simples, a gestão a distância não é uma missão impossível ou um ”bicho de sete cabeças”, como alguns encaram. Por óbvio, é muito mais fácil lidar com adultos que já têm a mente moldada do que com crianças que estão em formação e precisam de atenção especial.
Foi então que surgiu a necessidade de questionar: como fazer para conseguir potencializar a gestão escolar frente à pandemia de Covid-19? Sabe-se que a educação a distância já é uma realidade antiga; até os mais céticos já notaram isso e ela se fez extremamente presente no período obscuro de pandemia para preservar a saúde dos profissionais docentes e dos alunos.
Não podemos ignorar os dados assombrosos do número de mortes que essa doença causou. Um verdadeiro sinistro que faz pensar cada vez mais em como devemos agir para minimizar tal situação. Por ora, queremos destacar que a busca por superar esses limites analíticos nos fez questionar como os estados, principalmente o Estado brasileiro, podem construir realidades inerentes à pandemia com base nesses dados.
Em outras palavras, o modo como os gestores públicos manipulam e fazem a publicidade dos resultados advindos da análise desses dados pode influenciar a prática das ações cotidianas dos sujeitos. E essas ações práticas podem levar ao aumento ou à diminuição do nível de contágio por Covid-19 em determinado território. Nossa intenção é compreender se, e como, esse cenário está tendo lugar no Brasil, principalmente no que tange à gestão escolar.
Tal investigação se justifica, pois, como já é do conhecimento geral, uma nação mais informada consegue se manter mais segura. Muitas pessoas negligenciam o status do vírus. No dia 17 de março de 2020, tivemos o primeiro óbito causado pela Covid-19 no Brasil; três meses depois, exatamente no dia 22 de junho de 2020, o Brasil já acumulava mais de 51.271 mortes causadas pelo vírus. Portanto, não podemos negar a nocividade do vírus.
Já era esperado que o Brasil tivesse um grande número de óbitos, devido à sua dimensão territorial; o que realmente assusta e faz perceber a seriedade da situação é que o número de óbitos diários não para de aumentar, conforme o Gráfico 1.
Gráfico 1: Óbitos acumulados de Covid-19 por data de notificação
Fonte: https://covid.saude.gov.br/. Acesso em: 23 jun. 2020.
A letalidade no Brasil, no 40º dia do ciclo de contágio, é igual a 4,9%, bastante superior aos valores encontrados para EUA e Espanha quando esses países se encontravam no 40º dia do seu ciclo de contágio. Contudo, manter-se vibrante em período tão devastador é tarefa que apenas os mais destemidos conseguem.
É comum que profissionais de saúde, cientistas e gestores se concentrem no patógeno e no risco biológico, em um esforço para entender os mecanismos fisiopatológicos envolvidos, e que proponham medidas para prevenir, conter e tratar a doença. Mas é necessário deixar que cada profissional cumpra o dever de sua área, ou seja, os profissionais de saúde cuidarão da saúde e os educadores cuidarão da educação.
Não podemos deixar que gatilhos psicológicos negativos afetem as performances profissionais dos colaboradores da Educação. O coronavírus (Covid-19), identificado na China no final de 2019, tem alto potencial de contágio, e sua incidência aumentou exponencialmente. Sua transmissão generalizada foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia.
O medo é um mecanismo de defesa animal adaptável que é fundamental para a sobrevivência e envolve vários processos biológicos de preparação para uma resposta a eventos potencialmente ameaçadores. No entanto, quando é crônico ou desproporcional, torna-se prejudicial e pode ser um componente essencial no desenvolvimento de vários transtornos psiquiátricos.
Em uma pandemia, o medo aumenta os níveis de ansiedade e estresse em indivíduos saudáveis e intensifica os sintomas daqueles com transtornos psiquiátricos preexistentes. Durante as epidemias, o número de pessoas cuja saúde mental é afetada tende a ser maior que o número de pessoas afetadas pela infecção.
O grande problema é que boa parte da mídia é repleta de abutres que gostam de publicidade e vivem disso, gostam de instaurar o terror, pois o terror faz com que esse segmento ganhe mais dinheiro. Com isso, colaboradores começam a pensar cada vez mais em fatalidades, no risco de morte, no desemprego, no desamparo de suas famílias etc. Esse comportamento autodestrutivo acaba com a pessoa antes mesmo de ela sofrer qualquer tipo de contaminação. Como diria o meu pai, “quem morre de véspera é peru”.
Portanto, devemos deixar claro que as pandemias são passageiras e que o terror gera mais dano do que o próprio vírus. Para um indivíduo se manter saudável, precisa se manter positivo, ativo e vibrante. É notório que não poderia ser diferente com os professores e com toda a gestão escolar.
Logo, esta pesquisa tem como objetivo verificar o impacto causado pelo coronavírus na educação brasileira e na gestão escolar. O primeiro capítulo deste trabalho versa sobre a saúde mental dos profissionais em tempos de pandemia. No segundo capítulo observamos o que é necessário ser feito para minimizar os impactos psicológicos negativos da Covid-19 na gestão escolar. E no terceiro capítulo conheceremos e defenderemos um pouco o Método da Vibração, uma maneira eficaz de se manter imune mentalmente e motivado mesmo em tempos obscuros.
A metodologia desta pesquisa está fundamentada em revisão bibliográfica multidisciplinar, além de técnicas de pesquisa doutrinária. O procedimento técnico adotado foi o analítico, justificado e baseado nas teorias de gestão e Psicanálise, com vistas a construir o desenvolvimento do trabalho.
Por fim, pretende-se com este trabalho levar conhecimento à comunidade, a fim de que os docentes mantenham-se sempre saudáveis, ativos, vibrantes, a fim de buscar sempre a qualidade do ensino.
Saúde mental frente à pandemia
Infelizmente, o Brasil carece de muita informação em diversos setores; é muito difícil mensurar o grau das pessoas que foram atingidas mentalmente por essa pandemia em nosso país, até porque é tudo muito recente. Muitos estudos ainda estão sendo desenvolvidos sobre o assunto. Muitas condições ainda estão sendo descobertas, muitos casos estão sendo investigados.
Para esse novo cenário Xiang et al. (2020) sugerem que três fatores principais sejam considerados ao desenvolver estratégias de saúde mental:
- equipes multidisciplinares de saúde mental (incluindo psiquiatras, enfermeiros psiquiátricos, psicólogos clínicos e outros profissionais da área);
- comunicação clara envolvendo atualizações regulares e precisas sobre o surto de Covid-19; e
- estabelecimento de serviços seguros de aconselhamento psicológico (por exemplo, via dispositivos ou aplicativos eletrônicos).
É imprescindível que seja feita sedimentação, ou melhor, conscientização do atual cenário por meio de políticas públicas. A vida deve continuar, a economia não pode parar, mas as pessoas precisam estar conscientes de que o modo de viver mudou.
Máscara e álcool em gel já são acessórios históricos que fazem parte do ano de 2020. Utilizar esses itens é manter a mente mais tranquila. Sabe-se que as crianças que são contaminadas com Covid-19 geralmente apresentam mais problemas gástricos, como diarreia, vômitos etc.
Alguns cuidados com as crianças, de acordo com Ornell (2020, p. 4), são:
manter atividades familiares e de lazer (jogos). Explicar o fenômeno em linguagem clara e acessível; manter a rotina (na medida do possível), estar disponível para responder a quaisquer perguntas e entender que, nesses momentos, as crianças podem estar mais irritadas, sensíveis, exigentes e regressivas (por exemplo, urinar na cama). É importante não culpá-las por esses comportamentos: usar uma abordagem gentil e tranquilizadora. Ensiná-las a expressar seus sentimentos, como o medo, de uma maneira positiva. Controlar a quantidade de informações a que estão expostos, para que não fiquem ainda mais assustados. Em caso de quarentena, ser criativo, inventando jogos (principalmente envolvendo atividades físicas) para evitar o tédio.
Segundo a OMS, a melhor forma de conter o coronavírus seria com o isolamento social. O problema é que a tão famosa quarentena despertou muitas doenças psicológicas nas pessoas, causou fome e desemprego e prejudicou a economia do país. É claro que não devemos deixar as vidas de lado para pensar somente na economia, mas as medidas de políticas públicas deveriam ter sido mais fortes.
O prolongamento desse distanciamento tem efeitos negativos na saúde física e mental provocados por medo de infecção, frustração, tédio, informações divergentes, falta de contato pessoal, falta de espaço em casa e falta de renda. Para mitigar estes efeitos, várias ações conjuntas devem ser realizadas, como o comitê de pais, que tem papel de conciliador na escola; deve também apoiar hábitos saudáveis de alimentação; psicólogos oferecendo serviço de apoio; assistência social para ajudar os pais a lidar com os problemas familiares.
Segundo Gorbalenya et al. (2020, p. 2), a Covid-19 é uma doença infecciosa causada pelo coronavírus.
Com base na filogenia, taxonomia e prática estabelecida, o Coronavírus Study Group (CSG) reconhece formalmente esse vírus como uma irmã dos coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SRAG-CoVs) da espécie coronavírus relacionado à síndrome respiratória aguda grave e o designa como coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SRAG-CoV-2).
Em caso de surto, as autoridades de saúde recomendam medidas de distanciamento social, como manter-se em casa e sair apenas quando necessário, evitar o contato próximo com outras pessoas, evitar viagens e eventos públicos e o encerramento de aulas presenciais e trabalhos não essenciais. Segundo a Organização Mundial da Saúde,
a utilização de máscaras cirúrgicas é apenas recomendada nos casos em que a pessoa apresenta sintomas de infeção respiratória, como tosse ou espirros, em casos suspeitos de Covid-19 ou em pessoas que prestem cuidados a suspeitos de COVID-19.
Devemos analisar que o medo se fez muito presente, principalmente no início da pandemia. Este capítulo tem como objetivo apenas salientar a existência desse medo, pois, como já dito, não há como mensurar o pavor instaurado no Brasil devido a Covid-19.
Esse cenário parece agravado também pela difusão de mitos e informações equivocadas sobre a infecção e as medidas de prevenção e pela dificuldade para compreensão de orientações das autoridades sanitárias pela população geral (Bao; Sun; Meng; Shi; Lu, 2020). Outro fator assombroso é a quantidade gigantesca de fake news sobre o assunto que é despejada de forma irresponsável na internet e compartilhada via WhatsApp.
Por vezes essas fake news vão contra tudo aquilo que as autoridades de saúde pregam e isso é ainda mais prejudicial às pessoas. Contrariar as autoridades sanitárias e minimizar os efeitos da doença não é o caminho. Isso parece contribuir para condutas inapropriadas e exposição a riscos desnecessários, dado que a compreensão sobre a severidade da Covid-19 se associa aos comportamentos que as pessoas apresentam (Shojaei; Masoumi, in press).
O homem sente necessidade tremenda de se “agarrar em algo”, de defender a sua verdade como absoluta; contudo, até o presente momento não existe vacina ou tratamento antiviral específico para a doença. O tratamento consiste no alívio dos sintomas e cuidados de apoio. As pessoas com casos ligeiros conseguem recuperar-se em casa. Os antibióticos não têm efeito contra vírus.
Tais informações de fato assustam bastante; no entanto, higiene e bons hábitos simples, como lavar as mãos, podem minimizar e muito o contágio do novo coronavírus. Por se tratar de um fenômeno recente, os estudos sobre a Covid-19 ainda são escassos. Tudo isso aumenta ainda mais o medo das pessoas e faz com que elas se agarrem a qualquer notícia ou pensamento otimista que vejam, mesmo que essa notícia não seja verdadeira.
Na epidemia de Ebola de 1995, os sobreviventes relataram principalmente medo de morrer, de infectar outras pessoas, de se afastar ou sofrer abandono nas relações com familiares e amigos, bem como a estigmatização social; os profissionais da saúde, por outro lado, reportaram sobretudo o medo de contrair a doença e transmiti-la a seus familiares, sofrimento por estarem afastados de seus lares, estresse, sensação de perda de controle e de desvalorização, além de preocupação com o tempo de duração da epidemia (Hall; Hall; Chapman, 2008).
Como a demanda relacionada à saúde mental cresceu muito nesse período, uma sugestão aplicada foram os atendimentos psicológicos por meio de videoconferências. Nesse período, muitas empresas também aplicaram o teletrabalho a suas rotinas, no intuito de proteger seus colaboradores da doença.
As intervenções voltadas à população em geral incluem, por exemplo, propostas psicoeducativas, tais como cartilhas e outros materiais informativos (Wang et al., 2020; Weide et al., 2020); oferta de canais para escuta psicológica, de modo que as pessoas possam aliviar suas emoções negativas via ligação telefônica ou atendimento em plataformas online 24 horas por dia e sete dias por semana (Jiang et al., 2020; Zhou, 2020); atendimentos psicológicos por meio de cartas estruturadas, em que inicialmente o usuário do serviço se apresenta, descreve suas principais emoções e queixas, além das possíveis razões para essas emoções e queixas (Xiao, 2020); atendimentos psicológicos online (Duan; Zhu, 2020; Li et al., 2020) ou, quando comprovadamente necessários, presenciais (CFP, 2020; Jiang et al., 2020). Levantamentos online também têm sido realizados para compreender melhor o estado de saúde mental da população diante da Covid-19, com o objetivo de identificar rapidamente casos com maior risco e ofertar intervenções psicológicas alinhadas às demandas (Zhou, 2020).
Impactos psicológicos negativos da Covid-19 na gestão escolar
O ponto chave ao discutir a reorganização das atividades educacionais por causa da pandemia situa-se em como minimizar os impactos emocionais das medidas de isolamento social na aprendizagem dos estudantes, considerando a longa duração da suspensão das atividades educacionais de forma presencial nos ambientes escolares (Reis; Oliveira; Andrade, 2020).
A rápida disseminação do novo coronavírus por todo o mundo, as incertezas sobre como controlar a doença e sobre a seriedade da Covid-19, além da imprevisibilidade acerca do tempo de duração da pandemia e dos seus desdobramentos caracterizam-se como fatores de risco à saúde mental da população geral (Zandifar; Badrfam, 2020).
Hongzhou (2020, p. 69) reforça:
embora haja várias vacinas em desenvolvimento, prevê-se que só estejam disponíveis em 2021. Até estar disponível uma vacina, as autoridades de saúde tentam diminuir o ritmo de contágio para diminuir o pico da curva epidemiológica, um processo denominado "achatar a curva". Diminuir o ritmo de novas infecções diminui o risco de sobrecarga dos serviços de saúde, o que permite melhor tratamento dos casos em curso e atrasa casos adicionais até estar disponível um tratamento ou vacina.
Pessoas com suspeita de infecção pelo novo coronavírus podem desenvolver sintomas obsessivo-compulsivos, como verificação repetida da temperatura corporal (Li et al., 2020). A ansiedade em relação à saúde também pode provocar interpretação equivocada das sensações corporais, fazendo com que as pessoas as confundam com sinais da doença e se dirijam desnecessariamente a serviços hospitalares, com ocorreu na pandemia de influenza H1N1, em 2009 (Asmundson; Taylor, 2020).
A informação, ou melhor, o excesso dela frente a um mundo globalizado pode estar intimamente ligada às agonias psicológicas dos profissionais da gestão escolar. Esse momento ímpar gera sentimento de agonia, sofrimento intenso, preocupação ou desassossego por alguma causa ou coisa em que vá afetar a vida, direta ou indiretamente.
Essas informações geram sensações de que algo "não está certo" ou de que alguma coisa errada ou traumática possa acontecer, influenciando as ações das pessoas. Daí surge a importância de sondar os aspectos emocionais de estudantes e professores diante de aulas de ensino remoto
Cabral et al. (2016) afirmam que a emoção é uma reação a um estímulo ambiental e cognitivo que produz tanto experiências subjetivas quanto alterações neurobiológicas significativas. Está associada ao temperamento, personalidade e motivações tanto reais quanto subjetivas.
Miguel (2015, p. 154) pontua que
as definições de emoção são amplamente debatidas, mas nenhuma delas é aceita de forma unânime pelos cientistas que trabalham na área. A série de adjetivos que usamos no nosso dia a dia para nos referirmos às nossas emoções e às dos outros (feliz, triste, depressivo, medroso, ansioso, bem-humorado, irritado, alegre etc.) não diz respeito apenas a “emoções”, para alguns autores.
O medo é uma sensação que proporciona um estado de alerta demonstrado pelo receio de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir ameaçado, tanto física como psicologicamente. O medo pode se transformar em uma doença (a fobia) quando passa a comprometer as relações sociais e a causar sofrimento psicológico.
Em 3 de abril de 2020, o MEC publicou a Portaria nº 376, que dispõe sobre as aulas nos cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio enquanto durar a situação de pandemia da Covid-19. Em caráter excepcional, a portaria autoriza as instituições integrantes do sistema federal de ensino de cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio em andamento a suspender as aulas presenciais ou substituí-las por atividades não presenciais por até 60 dias, prorrogáveis a depender de orientação do Ministério da Saúde e dos órgãos de saúde estaduais, municipais e distrital.
Essa medida não levou em consideração que cerca de 70 milhões de pessoas no Brasil têm acesso precário à internet na pandemia, conforme aponta Soprana (2020). Além do mais, a classe menos favorecida economicamente não está totalmente coberta com conexão à internet, conforme Lavado (2020).
Ainda de acordo com Reis, Oliveira e Andrade (2020, p. 15),
a tristeza pode se apresentar em diferentes graus de intensidade, variando desde a tristeza passageira, que normalmente dura alguns minutos ou horas, à tristeza profunda, que pode persistir por vários dias ou semanas, além de ser um sinal de problemas mais complexos, como a depressão. Em Baruch Espinoza, a tristeza é definida justamente como o ato no qual nossa potência de agir é diminuída ou contrariada.
Com o objetivo de reduzir os impactos da pandemia, diminuindo o pico de incidência e o número de mortes, alguns países têm adotado medidas como isolamento de casos suspeitos, fechamento de escolas e universidades, distanciamento social de idosos e de outros grupos de risco, bem como quarentena de toda a população (Brooks et al., 2020; Ferguson et al., 2020).
É realmente sinistro quando paramos para pensar nos alunos em formação e em professores em atuação nesse cenário em que muitos alunos não dispõem de acesso à internet ou de computadores em suas casas. Será mesmo que as medidas de gestão estão sendo suficientes para a formação humana?
Tudo isso desencadeia muitos fatores emocionais e psicológicos, muita frustração e ansiedade, principalmente pela parte docente e dos gestores. Recomenda-se que gestores educacionais e escolas busquem diminuir o medo, a tristeza e a frustração por parte dos professores e alunos com apoio tecnológico da internet e computadores, para que consigam atingir o objetivo proposto nesse novo calendário escolar brasileiro com aulas remotas.
Dentre as estratégias propostas para enfrentamento da pandemia do novo coronavírus destaca-se o apelo para que a população em geral fique em casa, buscando diminuir a transmissão, ao passo que a tendência é de que, com os devidos cuidados, a rotina possa ir aos poucos se normalizando e possamos fazer uma gestão escolar com mais qualidade.
O Método da Vibração
Lobo Neto (2006) afirma que “pelo ensino que se mostra a maior parte do tempo numa tela virtual, muitas pessoas que almejam um maior contato com alunos e professores podem se sentir encolhidas em um ensino EaD”; esse é um dos principais motivos de desistência no curso, pois estudar sozinho é difícil e cada vez mais desanimador.
Como estudantes ficam por sua própria conta e risco, têm que definir seus próprios horários e locais. Isso, por um lado, é uma das maiores vantagens: muitos escolhem justamente por esse motivo; porém as desvantagens da EaD nesse quesito se mostram a partir do momento em que se começa a procrastinar, estudar em ambientes pouco produtivos e a não conseguir se organizar de maneira a absorver o máximo possível do conteúdo lecionado (Lobo Neto, 2006).
As emoções podem ser definidas como tendências para ações, as quais produzem uma cascata de mudanças fisiológicas (sincronizadas) em resposta a algum “gatilho” – seja uma pessoa, um objeto ou um evento. Isto é, as emoções são geradas com a ocorrência de um estímulo relevante para o organismo, preparando tendências de reações comportamentais automatizadas. “Assim, muitas das definições de emoções levam em consideração três características fundamentais:
- tendências de ação;
- reações fisiológicas; e
- experiência subjetiva” (Cabral et al., 2016).
Este capítulo defende o Método da Vibração, em que o professor deve ser o exemplo vibrante, o centro da motivação de seus alunos. É uma mistura de método tradicional com um apanhado de outros métodos, como se fosse uma espécie de coaching; o professor se torna um espelho, um inspirador.
Em razão disso, podemos afirmar que muito do comportamento do professor pode ser transferido para seus alunos; isso pode ser positivo ou negativo, dependendo da postura do docente. Um docente que vibra, que sente prazer em tudo o que faz consegue passar isso mais claramente para os seus alunos.
De outro modo, um professor com semblante triste, de fala morta, que se arrasta ao dar uma aula é o típico professor com quem os alunos não se sentem seguros. Um professor que vibra, que tem fala entusiasmada, que está sempre feliz desempenhando seu papel desperta o interesse e a curiosidade dos alunos. De forma alguma o professor deve trazer problemas de casa para dentro da sala de aula. Isso é uma tarefa árdua, mas se o profissional deseja cumprir um trabalho eficiente ele deve estar sempre vibrante.
É importante que o educador saiba cuidar também de sua saúde para desenvolver suas atividades laborais. Estratégias para promoção de bem-estar psicológico, com medidas para organização da rotina de atividades diárias sob condições seguras, cuidado com o sono, prática de atividades físicas e técnicas de relaxamento (Banerjee, 2020).
O Método da Vibração defende uma pedagogia entusiasta, uma metodologia que faça com que os alunos sintam prazer em estudar de fato. Ela se baseia na doutrina do ensinar os reais motivos do estudo. Sabe-se que a necessidade é o que motiva o homem. Portanto, o aluno deve saber o motivo de ter que estudar, o motivo dele acordar cedo, o motivo de ter que respeitar.
Todos esses valores estão muito bem sedimentados na rotina militar. A hierarquia, a educação, o respeito etc. São valores que, quando vistos desde cedo, tendem a formar um profissional mais capacitado, pronto para os desafios da vida. Por isso é tão importante que os alunos aprendam a vibrar junto com o professor.
Segundo Marini (2012, p. 22),
uma das áreas de estudo da Psicologia Escolar e Educacional que tem se destacado nos últimos anos é a da regulação da aprendizagem. São dois os seus tipos: a regulação externa e a regulação interna. A externa é aquela realizada, por exemplo, pelos pais, professores, livros ou computadores. Já a interna (ou autorregulação) é aquela conduzida pelo próprio estudante. No entanto, esses dois tipos não são excludentes ou independentes, mas interdependentes e complementares.
É verdade que, em tempos de pandemia e de estudo via plataformas virtuais, é mais difícil aplicar tal método; no entanto, em algum momento as atividades irão retornar ao normal e vai ser justamente aí que o docente vai precisar brilhar e mostrar toda a sua vibração na arte pedagógica.
Considerações finais
No presente estudo, foram estruturados saberes sobre provocações na saúde mental e intervenções psicológicas frente à pandemia do novo coronavírus. Em suma, compreende-se que a Psicologia pode oferecer contribuições importantes para os desafios da Gestão Escolar com relação aos pontos negativos devido à Covid-19, que vem sendo considerada a maior emergência de saúde pública que a comunidade internacional enfrenta em décadas. Essas contribuições envolvem a realização de intervenções psicológicas durante a vigência da pandemia para minimizar implicações negativas e promover a saúde mental, bem como em momentos posteriores, quando as pessoas precisarão se readaptar e lidar com as perdas e transformações.
Em um segundo momento desta pesquisa, podemos perceber o quão esta pandemia foi danosa para a educação brasileira, pois boa parte da população é muito carente e não dispõe dos recursos necessários para ter qualidade de ensino a partir de suas residências. Isso causou uma profunda tristeza tanto para os pais dos alunos quanto para os professores e para os próprios alunos.
Por fim, este trabalho defende um método inovador, que é o Método da Vibração, que consiste em desenvolver os trabalhos pedagógicos com muita energia e disposição, de tal forma que essa energia seja transmitida aos alunos e que eles possam entender a real necessidade do estudo e se manter motivados mesmo em um período tão triste como o da pandemia.
Podemos concluir que, por mais triste e difícil que tenha sido esse período, os docentes não desistiram de sua missão. O país deve continuar avançando de forma vibrante e com total respeito aos desencarnados, mas pensando sempre em nossas crianças, pois elas é que alimentarão o Brasil de amanhã. Elas é que representam o futuro. As crianças sempre serão a maior prioridade da nação brasileira.
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Publicado em 01 de setembro de 2020
Como citar este artigo (ABNT)
ALVES, Gabriel Cunha. Desafios da gestão escolar frente à pandemia de Covid-19. Revista Educação Pública, v. 20, nº 33, 1 de setembro de 2020. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/33/desafios-da-gestao-escolar-frente-a-pandemia-de-covid-19
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