Educação e transformação da sociedade
Francisco Marcos Alves
Professor na Escola Municipal Nossa Senhora do Rosário, em Pombal/PB, licenciado em Filosofia (Unicap), especialista em Metodologia do Ensino de Filosofia e Sociologia e em Docência no Ensino Superior (Uniasselvi), mestre em Filosofia (UERN)
Falar de educação é uma oportunidade riquíssima para nos debruçarmos sobre uma discussão em que tomam parte diversas pessoas e vários setores da sociedade. É perceptível que a educação é um tema bastante comentado, e por isso as opiniões e conceitos elaborados não são homogêneos. Eu diria: “que bom, por não ser”, já que a perspectiva de Educação que abordaremos neste trabalho parte do indivíduo para o meio, do particular para o geral, e não o inverso. O caminho para essa compreensão é longo, e a proposta é a transformação, desde a concepção que temos por educação, o processo de ensino-aprendizagem e a mudança social.
Possivelmente a abordagem da temática sobre Educação e mudança pode causar estranheza em boa parte da sociedade, em pessoas que, por algum motivo, sejam favorecidas pela reprodução social. No entanto, como educadores, somos impreterivelmente convocados pela própria consciência a estabelecer novas metas para a Educação e para a sociedade. Do jeito que as coisas estão postas, não dá para continuar; precisamos ter coragem e mudar.
O intuito deste trabalho foi tornar as hipóteses que trazíamos latentes em nossa história ainda maiores e provocar maior alcance à nossa percepção crítica quanto ao que já mencionamos sobre Educação. O projeto de perpetuação do ensino tecnicista tem cada vez mais se enraizado e estabelecido suas metas no processo de ensino-aprendizagem. Cabe lembrar que essa estrutura de ensino traz consigo a perpetuação do status quo, e seu alcance é maior do que o que superficialmente enxergamos.
Este trabalho tem por objetivo proporcionar uma reflexão acerca da constatação da necessidade da transformação da sociedade e do próprio processo de ensino-aprendizagem por meio da Educação. Tem como objetivo geral a proposta de diagnosticar elementos que corroboram a necessidade da conscientização do ensino crítico para a transformação social. Como objetivos específicos, propõe-se a apresentar práticas educacionais que são contrárias ao processo de mudança da sociedade; analisar elementos que orientam a percepção do homem como sujeito; e destacar dados que norteiam a mudança dos indivíduos e da sociedade.
Utilizam-se como fonte para a pesquisa livros físicos e digitais. A pesquisa suscitou um olhar crítico sobre o assunto e nos conduziu à percepção de que o homem, para alcançar a transformação de si e do que está à sua volta, precisa compreender-se como sujeito, potencializando novas perspectivas para a Educação e para a sociedade. É perceptível que a temática é de grande importância para professores, estudantes e toda a comunidade acadêmica.
Referencial
O debate em torno do processo de ensino-aprendizagem é antigo e não pouco comentado. Sabemos de seu caráter benfazejo na seara da discussão e do crescimento da sociedade; já que é tão discutido, deve ter grande importância. Muitas são as opiniões em torno da Educação, e os direcionamentos são diversos, muito embora existam alguns pontos satisfatórios de convergência. Ao tratar da temática educação e transformação da sociedade, trazemos um dado importante: ressaltamos a importância do seu caráter dinâmico. Desse modo, é inadmissível, com esta perspectiva, pensar o contrário de Freire (1979, p. 14), que defende que a Educação possui caráter permanente e que não existem seres educados e não educados; entretanto, estamos paulatinamente nos educando. Mesmo existindo graus na educação, eles não são absolutos. O homem, por ser incompleto, também não é absoluto.
Ainda em relação à dimensão de que ninguém é absoluto e quanto à ideia de que somos seres inacabados a ponto de termos a autossuficiência de incorporar a nós o poder de ensinar ou simples sina de apenas aprender, de acordo com Freire (1979, p. 5), de fato é impressionante o quanto a tradição pedagógica insiste em alimentar ditames como este, difundindo que a relação entre educador e educando se dá como o que ensina e o que aprende. Dessa forma, questionamos: será que essa prática, também ideológica, não tem a pretensão de manter sob as rédeas da opressão o menos favorecido? Ainda podemos pontuar o fato de que a Educação vai além dos muros das escolas e universidades. Quanto ao projeto de manutenção da educação tecnicista, afirma Freire (1987, p. 38):
Na concepção “bancária” que estamos criticando, para a qual a educação é o ato de depositar, de transferir, de transmitir valores e conhecimentos, não se verifica nem pode verificar-se essa superação. Pelo contrário, refletindo a sociedade opressora, sendo dimensão da “cultura do silêncio”, a “educação bancária” mantém e estimula a contradição.
Os que detêm o poder econômico e, consequentemente, controlam as outras esferas, como a política, a educação, a cultura e a sociedade de modo geral, beneficiam-se da reprodução dos velhos ditames; a velha aparência de um ensino qualificado, promissor e inquestionável. Na verdade, tudo isso é um projeto de perpetuação de poder que não quer ceder para os diversos grupos marginalizados da sociedade. Desse modo, perpetuam o ensino tecnicista, alimentando a aparência de benefício e sufocando a possibilidade de ser contrariado, matando assim o conhecimento com base numa educação crítica dos indivíduos.
Deformados pela acriticidade, não são capazes de ver o homem na sua totalidade, no seu fazer-ação-reflexão, que sempre se dá no mundo e sobre ele. Pelo contrário, será mais fácil, para conseguir seus objetivos, ver o homem como uma “lata” vazia que vão enchendo com seus “depósitos” técnicos. Mas ao desenvolver dessa forma sua ação, que tem sua incidência nesse “homem lata”, podemos melancolicamente perguntar: “onde está seu compromisso verdadeiro com o homem, com sua humanização?” (Freire, 1979, p. 11).
Compreendamos que é inadmissível construir uma formação humana condizente com a humanização matando a possibilidade de questionar e achar que a formação que recebe nos bancos das escolas lhes é suficiente para a vida. Nessa linha de raciocínio, veja que para Freire (1979, p. 14) a educação é possível para o homem, porque este é inacabado e sabe-se inacabado. Isso o leva à sua perfeição e realização. A educação, desse modo, impulsiona a busca por um sujeito que é o homem. Assim, o homem deve ser o sujeito de sua própria educação, do caminho que escolheu para si. Não pode ser o objeto dela. Por isso a máxima: ninguém educa ninguém. Outro ponto importante a ser refletido nessa mesma linha de raciocínio é que é preciso ter os pés no chão da realidade para que de fato a educação seja verdadeira.
Não é possível um compromisso verdadeiro com a realidade, e com os homens concretos que nela e com ela estão, se desta realidade e destes homens se tem uma consciência ingênua. Não é possível um compromisso autêntico se, àquele que se julga comprometido, a realidade se apresenta como algo dado, estático e imutável. Se este olha e percebe a realidade enclausurada em departamentos estanques (Freire, 1979, p. 10).
Tanto professores como estudantes devem ter consciência desse ponto que Freire defendeu (1979, p. 17): “a educação deve estimular a opção e afirmar o homem como homem. Adaptar é acomodar, não transformar”. Não só não damos oportunidade ao estudante para que ele tenha condições de optar como também lhe negamos a possibilidade de participar de um processo que lhe dê autonomia. Ainda ressaltando a importância da Educação, gostaria de relatar o modelo empreendido pelos gregos, o modo como eles compreendiam a educação contrapondo-se às práticas em nosso país.
É uma satisfação relembrar a formação grega, pois o indivíduo que era privilegiado em tê-la possuía a formação física e espiritual. Detinha, por exemplo: a experiência e o conhecimento físico (corpo), social, político, econômico e religioso. Não era apenas a preparação para a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), mas um processo que contemplava o indivíduo em sua totalidade. Infelizmente, parece-nos que a preocupação de nossas redes de ensino atualmente é se preparar tendo em vista o campo competitivo do mercado educacional apenas. E esquecem o caráter e o peso dessa sublime atividade que é engendrar os indivíduos ao caminho de formação e busca da autonomia, da realização e, por que não dizer também, da felicidade (Alves, 2020, p. 26).
Se fôssemos sensíveis a essas prerrogativas de formação na totalidade, obviamente dando oportunidade de que os indivíduos sempre tivessem a liberdade de optar por decisões ancoradas em sua emancipação, teríamos com certeza uma formação mais humana. Além disso, daríamos oportunidade para que os indivíduos fossem criativos. Segundo Freire (1979, p. 17), “em todo homem existe um ímpeto criador. O ímpeto de criar nasce da inconclusão do homem. A educação é mais autêntica quanto mais desenvolve esse ímpeto ontológico de criar. A educação deve ser desinibidora e não restritiva”.
O que percebemos em nosso país, e em tantos outros que cultivam o ensino tradicional, é que há inércia na esfera da criatividade; consequentemente, em muitos outros setores, pois para Freire (1979, p. 21) “a consciência bancária ‘pensa que quanto mais se dá mais se sabe’. Mas a experiência revela que com esse mesmo sistema só se formam indivíduos medíocres, porque não há estímulo para a criação”. Mas precisamos mudar! E essa prerrogativa não é de modo algum desconfigurada da escola, mas concomitante com a sociedade para o início de uma nova linguagem.
Não é puro idealismo, acrescente-se, não esperar que o mundo mude radicalmente para que se vá mudando a linguagem. Mudar a linguagem faz parte do processo de mudar o mundo. A relação entre linguagem, pensamento e mundo é uma relação dialética, processual, contraditória. É claro que a superação do discurso machista, como a superação de qualquer discurso autoritário, exige ou nos coloca a necessidade de, concomitantemente com o novo discurso, democrático, antidiscriminatório, nos engajar em práticas também democráticas (Freire, 1992, p. 36).
A linguagem é importantíssima no processo de mudança, pois é o patamar em que as pessoas poderão se encontrar e traçar as mudanças que lhes sejam necessárias, na arte do diálogo, na construção política que permeia todas as esferas sociais. Para Alves (2020, p. 36), as pessoas andam desacreditadas da política devido ao egoísmo e à sede de poder exagerado de muitos. Desse modo, classifica esse problema como algo cultural. O que é preciso no momento é a tomada de consciência, a saída da ingenuidade e a compreensão de que não há como querer uma vida satisfatória se ela não estiver enquadrada numa perspectiva social.
Precisamos dar passos significativos. A princípio, devemos começar a sonhar, idealizar a nova política que queremos alcançar. O avanço para mudança só ocorrerá quando dermos o primeiro passo, e ele poderá ser agora. É importantíssimo o nosso envolvimento nas configurações políticas onde estivermos inseridos. Se não propusermos, discutirmos e escolhermos, outros farão por nós. Por isso, o cultivo por uma prática nova parte do desejo de formar consciência para o coletivo. Se formos egoístas, o mundo jamais poderá mudar. E a mudança é uma exigência que se impõe frente aos tempos difíceis (Alves, 2020, p. 38).
A Educação é o caminho para a mudança das pessoas, e as pessoas serão as transformadoras do meio em que estão. Não podemos continuar alimentando as estruturas antigas que se perpetuam no poder e encontram no ensino tradicional o meio de manter as pessoas sob seu jugo. Entende-se que o processo de ensino-aprendizagem se torna cada vez mais viável quando abre a oportunidade para o olhar crítico da realidade que cerca; é o caminho para a mudança de que tanto falamos, que queremos e, urgentemente, necessitamos.
Metodologia
Este trabalho é resultado de pesquisa bibliográfica em que consultamos livros físicos que tratavam da temática em questão: educação e transformação da sociedade. De acordo com a pesquisa, a temática conduziu-nos também à questão da importância da consciência política, em que, efetivamente, no campo da discussão, mostram-se bastante satisfatórios o seu entendimento e as contribuições que podemos dar. Sabemos que não é interesse do ensino tradicional o questionamento, porque este põe em risco um projeto que vai muito além da ideologia; é uma fortaleza contra a participação social, pela tomada de decisões e pelo usufruto dos bens e serviços que a própria sociedade gera e coloca à disposição de quem detêm o poder.
A burguesia nacional reconhece os limites da conscientização,que são os limites da própria consciência. E aqui ela tem razão: uma conscientização que partisse apenas do educador, limitada ao campo escolar, é insuficiente para operar uma verdadeira mudança social. A educação e o papel do educador não são só isso. Se houve tempo em que o papel do pedagogo parecia ser este, hoje o educador, o intelectual engajado, cimentado com o oprimido, não pode limitar-se a conscientizar dentro da sala de aula. Deverá aprender a se conscientizar com a massa (Freire, 1979, p. 5).
O verdadeiro educador, aquele que conhece o papel de sua função na sociedade e para ela, é alguém que busca sempre ser consciente do seu papel social, pois é na sociedade que o homem encontra a sua realização como indivíduo. Nessa perspectiva, ele promoverá sempre ações que possibilitarão o entendimento de que a Educação é voltada para a cidadania e para o bem de todos.
Enquanto essas concepções se envolvem ou são envolvidas pelos homens, que procura a plenitude, a sociedade está em constante mudança. Se os fatores rompem o equilíbrio, os valores começam a decair; esgotam-se, não correspondem aos novos anseios da sociedade. Mas como esta não morre, os novos valores começam a buscar a plenitude. A esse período chamamos transição (Freire, 1979, p. 17).
Deste modo, supomos que não podemos nos conformar com o que está posto aos nossos olhos e que a sociedade precisa estabelecer um sistema que proporcione o bem-estar social a todos. Entretanto, isso não acontecerá em um passe de mágica, tampouco será algo fácil; no entanto, não podemos achar que seja impossível. É preciso persistir e não desistir, porque se assim fizermos, atenderemos ao desejo dos dominadores sociais, sucumbindo às novas oportunidades vislumbradas a partir de um processo de ensino-aprendizagem crítico.
Resultados e discussão
O resultado em relação à nossa pesquisa é bastante positivo, já que conseguimos estabelecer a comprovação de nossa hipótese inicial em relação à necessidade de estabelecer, para a transformação da sociedade, um ensino pautado na perspectiva crítica, em que os indivíduos sejam realmente configurados ao processo e sejam conscientes de tudo aquilo em que estão envolvidos. Em Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire destaca exatamente o que ocorre em nossa Educação e que justamente não queremos mais que aconteça:
a narração de que o educador é o sujeito que conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração os transforma em “vasilhas”, em recipientes a serem “enchidos” pelo educador. Quanto mais vá “enchendo” os recipientes com seus “depósitos”, tanto melhor educador será. Quanto mais se deixem docilmente “encher”, tanto melhores educandos serão (Freire, 1987, p. 37).
Constatamos também que o indivíduo precisa sair da condição de objeto, assumindo uma nova postura, que é a de sujeito. Consequentemente, com essa nova visão, o indivíduo que encontra a sua realização na sociedade como ser político que é, como afirmara Aristóteles (2006), pode desenvolver a sua realização como indivíduo social tendo uma prática reflexiva, fugindo da atuação cega e mecânica que é imposta pelo famigerado sistema capitalista e tradicional.
Afirmamos anteriormente que a primeira condição para que um ser pudesse exercer um ato comprometido era a sua capacidade de atuar e refletir. É exatamente essa capacidade de atuar, operar, de transformar a realidade de acordo com finalidades propostas pelo homem, à qual está associada sua capacidade de refletir, que o faz um ser da práxis (Freire, 1979, p. 8).
Tem-se em vista também que a partir da práxis (teoria e prática) percebemos a importância de passos significativos no campo da Educação que viabilizarão o processo de transformação da sociedade; embora existam controvérsias, a mudança no campo da linguagem e, simultaneamente, em outros aspectos obviamente poderá favorecer o processo de ensino-aprendizagem; o caminho para a inauguração de uma nova sociedade em que começa a se pensar a partir do coletivo e pela autonomia.
Conclusão
O processo de ensino-aprendizagem é muito mais amplo do que emergencialmente possamos acreditar que seja, por meio de uma visão superficial. Por isso, a indispensabilidade de poder parar e refletir sobre outras esferas que, de forma direta ou indireta, têm incidência sobre esse processo. Esta pesquisa foi concluída com resultados satisfatórios no campo da Educação e da transformação da sociedade, mas não a ponto de esgotar a totalidade da temática, já que seria muita pretensão de nossa parte. Entretanto, temos convicção de que ela pôde sim atingir sua meta de forma positiva.
O ensino acrítico tem cada vez mais causado transtornos e alienação às pessoas e à sociedade em sua quase totalidade, pois a ideia de que o homem é apenas um ser no qual deve ser introduzido ao conhecimento acumulado ao longo dos séculos, desprestigiando toda a sua experiência e as formas de conhecimento que traz consigo, é uma verdadeira negação da sua existência. A tradição do ensino bancário é um desserviço à sociedade e às pessoas; é mais um projeto de alienação satisfatório e poderoso nas mãos de quem detém o poder por meio da perpetuação de um projeto de dominação.
É urgente e perceptível a necessidade de uma transformação no modo como está sendo conduzida a Educação e os projetos ocultos que tomam vida dia após dia. É preciso que o homem tenha consciência de que é sujeito de sua própria história e alcance, por meio da luta no campo político nas diversas esferas, um modo satisfatório de conscientizar outras pessoas e segmentos, partindo, desse modo, para a luta não apenas no campo ideológico, mas por meio de atitudes concretas que favoreçam a liberdade das pessoas e a sua realização individual e social.
Referências
ALVES, F. M. O pensamento em tempos difíceis de pensar. São Paulo: Lux, 2020.
ARISTÓTELES. Política. São Paulo: Martin Claret, 2006 (Coleção A obra-prima de cada autor, v. 61).
FREIRE, P. Educação e mudança. Introd. de Moacir Gadotti e Lilian Lopes Martin. 12ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
______. Pedagogia do oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
______. Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
Publicado em 08 de setembro de 2020
Como citar este artigo (ABNT)
ALVES, Francisco Marcos. Educação e transformação da sociedade. Revista Educação Pública, v. 20, nº 34, 8 de setembro de 2020. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/34/educacao-e-transformacao-da-sociedade
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