O estágio como processo de formação profissional

José Clécio Silva de Souza

Bacharel em Serviço Social (Unopar), licenciado em História (Uniasselvi) especialista em História da Cultura Afro-Brasileira (Face Bahia), docente de História e Matemática na Escola Municipal de Educação Básica Manoel Moura de Souza, em Delmiro Gouveia/AL, e de História na Escola Municipal de Educação Básica Nossa Senhora do Rosário, em Inhapi/AL

Mathéus Conceição Santos

Licenciado em Educação Física (UniAGES)

Para que sejamos bons profissionais, é necessário que tenhamos boa formação e conhecimento acerca da nossa profissão e campo de atuação, conhecimentos teóricos e práticos, para que assim possamos realizar um trabalho de qualidade; contudo, antes de chegarmos ao mercado de trabalho, é necessário passarmos por um período de formação prática.

No decorrer do curso, passamos muito tempo dentro da sala de aula da universidade, estudando as diversas teorias e vendo conteúdos de fundamental importância para a nossa formação, porém, durante o curso, é chegado o momento de o aluno ter contato com a sua futura área de atuação, de construir conhecimentos através da prática, de estabelecer a relação da teoria/prática, uma vez que ambas são indissociáveis, é o momento do estágio.

O estágio é o momento do contato inicial do aluno com seu futuro campo de trabalho, onde o mesmo é inserido em um espaço socioinstitucional, tendo contato direto com alunos, professores, e diversos profissionais da área. O estágio é concebido como uma etapa de aprendizado prático, onde o aluno deve e poderá pôr em prática todo conhecimento adquirido na universidade, confrontando com a realidade vivenciada pelo mesmo. Nesse momento de aprendizado prático, o aluno deve estar engajado, de modo a apreender mais da realidade que está inserido, pois são essas primeiras experiências que irão contribuir para melhor estruturar, solidificar a sua formação profissional.

Este trabalho traz a apresentação e discussão acerca das atividades relacionadas ao Estágio III, observação e regência no Ensino Médio, do Curso de Lic. em História da Uniasselvi. O presente trabalho inicia abordando a caracterização da instituição concedente, no qual inclui pontos como estrutura física e corpo técnico-administrativo, entre outros; depois, é apresentado o projeto de estágio, com temas, justificativa etc.; por fim, é apresentada uma síntese de toda a experiência proporcionada pelo estágio.

Caracterização institucional

A Escola Estadual Luiz Augusto Azevedo de Menezes, instituição tida como referência no município de Delmiro Gouveia, está localizada na Rua Nascimento Bandeira, nº 215, no centro da cidade. A instituição existe há 33 anos; ofertava, até o ano de 2012, o Ensino Fundamental e Médio. Com a conclusão da última turma de Ensino Fundamental, atualmente a instituição passou a ofertar somente o Ensino Médio.

A seguir estão algumas características da instituição.

Estrutura física

A escola conta com uma ampla estrutura física, possuindo sete salas de aula com capacidade para até 50 alunos cada uma, com iluminação e ventilação adequada, onde os alunos ficam bem acomodados. Faz parte da sua estrutura física uma cantina, refeitório, banheiros, sala dos professores, secretaria, direção e coordenação. Conta ainda com uma ampla área para recreação e biblioteca com um acervo considerável.

Corpo técnico-administrativo

Fazem parte do corpo técnico-administrativo da instituição:

  • Uma diretora e uma vice-diretora;
  • Cinco coordenadores pedagógicos, distribuídos nos três turnos;
  • Dezessete funcionários de apoio (merendeiras, secretárias etc.);
  • Vinte e sete professores, sendo alguns graduados nas mais diversas áreas do conhecimento e/ou com curso de pós-graduação, e uma parte é de monitores, alunos de cursos de graduação em andamento e/ou concluído.

Funcionamento, corpo discente e planejamento

A escola funciona durante os três turnos, com um total de 21 turmas de 1º, 2º e 3º anos. A escola conta com um número aproximado de 1.000 alunos, com faixa etária de 14 a 19 anos de idade, sendo que, do total de alunos devidamente matriculados, aproximadamente 95% são da cidade e 5% da zona rural, sendo estes dependentes de transporte escolar para chegar à instituição; o transporte é ofertado pelo próprio estado, pela Secretaria Estadual de Educação. Os alunos dispõem de merenda escolar e livros didáticos de todos os componentes curriculares, exceto de Ensino Religioso, Educação Física e Artes.

O planejamento dos docentes da instituição é realizado de forma coletiva a cada quinze dias, com a supervisão das coordenadoras.

O estágio

A seguir está a caracterização da turma na qual o estágio foi realizado, a professora regente e o projeto de estágio, entre outros aspectos relevantes do Estágio III.

Perfil da turma e da professora regente

A turma escolhida para o desenvolvimento das atividades foi a do 3º ano do turno vespertino, turma esta que conta com 48 alunos matriculados, sendo a faixa etária de 16 a 18 anos de idade e a maioria vive na zona urbana do município.

A professora regente é graduanda do curso de licenciatura em História da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Câmpus do Sertão, localizado em Delmiro Gouveia; a docente é contratada do estado, em seleção pública para a contratação de monitores; possui um ano de experiência como docente na rede particular e estadual de ensino, acumulando ainda a experiência de monitora do curso de História da UFAL.

No ensino de História, a professora regente utiliza o livro didático, fazendo também uso de recursos audiovisuais como filmes, documentários, exposição oral, uso do quadro, giz etc.

O projeto de estágio

A seguir está o Projeto de Estágio III, elaborado para orientar o desenvolvimento das atividades.

Delimitação, área de concentração e justificativa

O Ensino Médio, como etapa final da Educação Básica, tem como objetivo preparar o estudante para o mercado de trabalho, através dos cursos técnicos e/ou a preparação para o vestibular. Com duração mínima de três anos, esse estágio consolida e aprofunda o aprendizado do ensino fundamental, além de preparar o estudante para trabalhar e exercer a cidadania. Ensina teoria e prática em cada disciplina, facilitando a compreensão das profissões, e desenvolve o pensamento crítico e a autonomia intelectual do aluno.

Como etapa obrigatória do curso de licenciatura em História, o Estágio III do Centro Universitário Leonardo Da Vinci contempla a realização das atividades de observação e regência em qualquer ano do Ensino Médio, de forma a solidificar a formação profissional do acadêmico enquanto futuro professor.

Tendo como base as características do Ensino Médio, de ampliar conhecimentos, preparando os alunos para o mercado de trabalho e ingresso no Ensino Superior, o que torna necessário que o professor faça uso de metodologias, recursos que facilitem o processo de ensino-aprendizagem, foi eleito como área de concentração As dinâmicas do ensino da História, e como tema de estudo a ser abordado no Estágio III, Metodologia e recursos didáticos para o Ensino da História no Ensino Médio.

Nessa fase final da Educação Básica, de tanta importância e ansiedade por parte dos alunos de ingressarem no mercado de trabalho em um curso de graduação, é necessário aprender cada vez mais, e, para que a aprendizagem se efetive, além da dedicação do aluno, é necessário um novo trabalhar da História, pois o professor deve se valer de meios que facilitem essa compreensão, como, por exemplo, fazer uso das inovações tecnológicas, que é imprescindível nos dias atuais em sala de aula. Em síntese, este projeto visa realizar um estudo acerca das metodologias do ensino da História no Ensino Médio e a sua contribuição para a efetivação do conhecimento por parte do aluno e da qualidade da educação.

Objetivo geral

  • Realizar estudo acerca da metodologia utilizada pelos professores do Ensino Médio, no ensino da História, analisando a sua eficiência e eficácia no processo de ensino e aprendizagem.

Objetivos específicos

  • Identificar e analisar as metodologias e recursos utilizados no ensino de História;
  • Usar novas metodologias e recursos didáticos para o ensino de História.

Métodos e recursos didáticos no ensino de História

O ensino, tanto de História quanto de outras disciplinas, necessita de diversificações, até mesmo para ajudar os alunos a entender melhor as discussões e entender que, por exemplo, os assuntos de História não devem ser apenas decorados e reproduzidos, mas sim assimilados e aprendidos. Para que se efetive um ensino de qualidade, é preciso buscar no referencial teórico as bases cientificas que orientam a ciência que se quer ministrar e que norteiam sua aplicação como disciplina escolar nos diferentes níveis de ensino, pois será a partir da clareza teórico-metodológica que o professor terá subsídios para construir uma prática pedagógica significativa para o aluno.

Uma forma de aproximar a História do aluno é a utilização de recursos visuais. A visualização da História através de fotos e ilustrações, de fato, também aproxima bastante a História dos alunos, pois os ajuda tanto a entender melhor os acontecimentos, quanto os faz assimilar melhor o fato ocorrido. Essas imagens, além de poderem ser utilizadas como ilustrações, podem ser utilizadas como fontes historiográficas, o que abrangerá a concepção do aluno a respeito do que é História e de como e através de que ela é produzida. Sendo assim, “o cinema, a fotografia, a música, a pintura, usadas corretamente, possuem uma grande capacidade de despertar o interesse dos alunos e de fazê-los construir o conhecimento histórico” (Maltez, s/d, p. 4).

Metodologia

As atividades inerentes ao Estágio III foram desenvolvidas em uma turma de 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Luiz Augusto de Menezes. O estágio, que aconteceu de 04 de março a 18 de março de 2012, perfazendo carga horária de 10 horas, sendo cinco horas de observação e cinco horas de regência, foi desenvolvido em quatro etapas: coleta de dados da instituição e da turma; observação; planejamento; e regência. Inicialmente, foi realizada a coleta de dados acerca da instituição, como estrutura, funcionamento, entre outros, e coleta de informações da turma com a professora regente e da observação, com o objetivo de conhecer melhor a turma.

Concluídas as duas etapas, deu-se início ao processo de planejamento das regências (planos de aula), que aconteceu juntamente como a professora regente, com base no planejamento bimestral da turma, levando ainda em consideração alguns aspectos como a área de concentração e o tema escolhido para ser trabalhado durante o estágio.

Finalizada a etapa de planejamento, iniciaram-se as regências, num total de cinco, com duração de uma hora cada uma, obedecendo aos planos de aula.

A experiência do estágio

O estágio teve início com a observação, com a finalidade de conhecer todo o contexto da instituição, assim como a turma onde as atividades foram realizadas e da atuação da professora regente. Com o fim da observação, teve início o planejamento das regências em um total de cinco, nas quais formas abordados o seguintes conteúdos, de acordo com o planejamento bimestral da professora:

  • 1ª regência: A segunda Revolução Industrial;
  • 2ª e 3ª regência: Imperialismo: o colonialismo do século XIX;
  • 4ª e 5ª regência: A expansão europeia na Ásia.

O estágio no Ensino Médio foi uma das experiências mais significativas que já tive no âmbito educacional, pois tive o privilégio de voltar novamente a esta etapa da Educação Básica e acompanhar de perto como se dá o trabalho de formação e preparação para o mercado de trabalho e, posteriormente, o ingresso no Ensino Superior desses alunos.

Durante o estágio, pôde-se perceber que os alunos, em sua maioria, não estão ali para “brincar” ou obter um certificado de conclusão; buscam algo melhor para a sua vida por meio dos estudos, alunos com ânsia de conhecimento, sendo esse desejo de aprender um grande aliado no processo de ensino e aprendizagem.

De modo geral, as regências foram bem tranquilas, através de um trabalho realizado com êxito, devido à grande participação e envolvimento dos alunos, que são compromissados com a sua formação.

No que se refere ao desenvolvimento das atividades, optou-se por ter um processo mais dinâmico, onde prevalecesse o diálogo, a descontração e, principalmente, o prazer de aprender; para tal, foi necessário utilizar dinâmicas, recursos audiovisuais, para assim levá-los a compreender melhor as temáticas trabalhadas.

A avaliação foi realizada de forma contínua, através de todas as atividades realizadas, analisando constantemente o processo de efetivação do processo de ensino- aprendizagem. Entretanto, não era apenas o aluno que estava sendo avaliado. Realizei uma autoavaliação do meu trabalho, dos meus planejamentos, das metodologias, e, no momento em que algum objetivo não foi alcançado, houve a necessidade de refazer e mudar a direção, para que os objetivos propostos fossem alcançados e a aprendizagem fosse completa.

Considerações finais

O estágio, como parte integrante do processo de formação, é um espaço de aprendizagem onde se aprende fazendo. É a aprendizagem através da prática, onde o aluno irá aplicar todo o conhecimento adquirido na universidade, no campo de estágio, e confrontar algumas teorias, verificando a sua validade, e abrindo, através da experiência prática , a mente para a construção de novos conhecimentos.

A realização do Estágio III possibilitou a oportunidade de conhecer melhor a etapa final da Educação Básica, de compreender, se não totalmente, pelo menos, parcialmente, como os conteúdos de História são trabalhados no Ensino Médio, quais as dificuldades que os professores encontram para ensinar, o que os alunos esperam do professor e/ou da disciplina, qual a importância de se adotar novas formas de ensino nesta etapa, onde os alunos são mais críticos.

Enfim, o estágio veio contribuir para o processo de descobertas e solidificação na formação acadêmica e profissional, sendo uma etapa dos estudos a que todos devem se dedicar, para poder extrair o máximo da realidade vivida.

Referências

BITTENCOURT, Circe. Livros didáticos entre textos e Imagens. In: ______. O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1998.

______. O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1998.

PROENÇA, M. C. Ensino da História e formação para a cidadania. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1999.

MALTEZ, Joelma. O ensino de História: desafios para superação do reprodutismo. 6 f. Artigo (Graduação em História). Faculdade Jorge Amado, [s. l.], [s.d.].

Publicado em 06 de outubro de 2020

Como citar este artigo (ABNT)

SOUZA, José Clécio Silva de; SANTOS, Mathéus Conceição. O estágio como processo de formação profissional. Revista Educação Pública, v. 20, nº 38, 6 de outubro de 2020. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/38/joseph-o-estagio-como-processo-de-formacao-profissional

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