Conexão exultante, efêmera e pictórica essência

Marcelo Calderari Miguel

Especialista em estatística (UFES), pesquisador do PIICT (UFES)

Meu pedaço de queijo

Meu Camembert chegou...

Lembrei o samba que ilustra bem essa

peculiar cena: “Festa de rato não sobra queijo”!

Mesmo longe de festas, festivais, festins e festejos.

Queijo comigo não sobra mesmo!                           

Seja do Serro ou da Canastra...                                

E quanto mais forte cheiro exala!                           

Portentoso eis! Roquefort, Gruyère e Grana Padano!

Vindo em massas e salada, agradabilíssimas as torna.

Com excelente vinho é degustado e apreciado.

Ímpar, diriam as pessoas de bom gosto.

Queijo é requintal iguaria.

A mecânica da vida no manejo do Ser

A porta da loja anunciava quarenta por cento de desconto.

Lá dizia: blusa hoje, “só dez real”. 

Passei em frente e não comprei; que santo sacrilégio, pensei.

Contudo, na ínfima agonia de quem peca, revivi tamanho erro.

No dia seguinte lá retorno, mal sabia que a placa mesma perpetuaria.

Duplo erro. Porque o ‘só hoje’ também não existia.

Era-se outro dia e preço “pechincha” se mantinha.

De novo não entrei, mas agora só por pirraça.

Saber que placa era um engano ledo.

Vida vai e vem, e subitamente...

Um mês depois passo de novo em frente ao estabelecimento falado.

Lá a bem-dita, a maldita, a certeira, a errante, a bestial placa permanecia.

Eu só a olhava. O anúncio também o fazia, encarava certeiro e acenava um feixe pupilar

Será que vale a pena, apesar da farsa?, pensava...

No fim das contas três meses despois a promoção continuara...

Mas agora o cartaz, mais atento aos apelos, trocou a palavra pelo numeral.

Melhor ainda: duplicou produtos: shorts e blusas – hoje, amanhã, depois e todo dia é 10.

Mas que real, imaginei, bem legal a modificação persuasiva e consagra-se.

Entretanto surreal é a minha persistência...

Toda vez que via a tal loja, dessa via me desviara.

“Só hoje” não colou legal. Esse é meu ideal, amanha espero que outro dia seja.

Contudo, passado um quadrimestre nem haviam alterado, nem uns dez centavos!

Por que a blusinha não custou dez reais e dez centavos?!

Efêmera e pictórica da essência no Sertão da vida

Quanta secura e não é de água...

Quanta rigidez e não é o solo...

Quanto espinho e não é do cacto...

Como pode a bondade humana secar?

Como pode a ternura humana enrijecer?

Como pode uma amizade espinhar e farpas soltar?

Tá tudo errado! Brava gente, mudança já... Transforma:

O Ser seco em mais vivido; o coração rijo em mais terno.

As espinheiras em mais flores – quero é mais Ser fraterno.

A soma de não muito congruente de meios papéis

A antipatia capota na mítica muralha,

 um entulho dramático e insubordinável.

Artimanha coopta no murcho barulho,

duas polêmicas diabólicas e escorregáveis.

Acrobacia coleta no retalho músico,

três prepúcios desarmônicos ou orquestráveis.

Advocacia compra no empilho mímico,

quatro proclamas demagógicos e pontificáveis.

Anestesia comuta no espelho médico,

cinco políticas diplomáticas e testificáveis.

Auditoria cobiça no entulho módulo,

seis primícias dogmáticas e referendáveis.

Aceitação começa no mesclo espelho,

sete dialéticos processos e conjeturáveis.

Careta minha – tente descrever essa sonora, retumbante e cândida afeição.

O espelho mágico é fato – não se vulgariza com a decoração.

Fato é – de estímulos... A percepção se faz num piquenique de seleções!

Métrica desconcertásseis

Maestro ou regente.

Exteriorizaria que é.

Alguém que rege.

Marca – o – tempo.

Isso soa partitura.

Batida – a – batida.

Alguma orquestra.

Acoitado “Bastão”.

Vareta, Batuta a nomeia.

A regência musical é coordenada.

Maestro institui grande e nobre empreitada.

Comunica os referenciais para a integrante garotada.

Dirige e lidera um fortuito grupo, ornamental juntada.

Reza a cena com coesão e coerência em sua abrilhantada.

Realiza a execução musical numa unidade fundamentada.

A regência é uma atividade que envolve múltipla cartada.

Musical, gestual, vocal alada.

Uma psicologia reconfortada.

Uma coopedagogia centrada.

Atividade da regência permite um tipo específico de comunicação ajustada.

Aprecia, diferencia e saca dos estilos, gêneros, autores e das épocas requintadas.

Gestos pessoais balizam o estilo de cada regente ou marca uma adotada convenção.

Sopesa para as questões de contraponto, harmonia e sobre musical análise reputada.

Baixos, tenores, contraltos e sopranos, nos quatro naipes a voz e a paz são exaltadas.

Cria comunicação de forma homogênea até mesmo numa assembleia apartada.

Detém bom domínio da partitura, aptidão artística heterogênea manifestada.

Distingue-se aquilo que conduz, numa percepção sonora e apurada.

Concebe e promove a unidade artístico-musical representada.

Memorável concerto vibra fundo, a plateia excitada.

Publicado em 03 de novembro de 2020

Como citar este artigo (ABNT)

MIGUEL, Marcelo Calderari. Conexão exultante, efêmera e pictórica essência. Revista Educação Pública, v. 20, nº 42, 3 de novembro de 2020. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/42/conexao-exultante-efemera-e-pictorica-essencia

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