Oração: Ficaremos em casa
Claudia Menezes Nunes
Deuses do Olimpo e da Medicina,
Céus de muitos ventos e das antitoxinas,
Estamos juntos nesse trabalho e sem asas;
Por isso, ficaremos em casa!
Somos responsáveis por esse inimigo invisível
E precisamos de sua ajuda com força incrível.
Mil desculpas! Agora, ficaremos em casa!
Que hoje nós consigamos viver os dias
Nas ondas da coragem e da dificuldade,
Sem mortes, impiedades ou loucas liberdades.
Hoje, por favor, estamos pedindo ajuda!
Não podemos fazer outra coisa:
Apenas olhar nossos deuses,
Pedir paz, força e ficar em casa!
Por culpa de nossa humana maldade,
Essa é a nossa realidade.
Somos humanos, insanos; inventores, destruidores.
Somos fortes, fracos; amantes e ratos,
Mas hoje precisamos de ajuda e de oportunidade
Sem dor ou insanidade, estamos de joelhos, pedindo:
“Guarde nossa cidade e nos livre de tantas vaidades!”
Sabemos que somos todos pobres de espírito,
Que perdemos o rumo do amor e da humanidade,
Mas agora aceitamos o pito: ficaremos em casa!
Salvem-nos por caridade!
Por medo, nós reconhecemos que é hora de lutas, de reencontros, de solidariedades.
É hora de sentir o vizinho e de sorrir para o necessitado inquilino,
E assim aprender que este destino
É roda e é fogo que nós mesmos construímos sem muito tino.
Por isso, obedecemos: ficaremos em casa!
“E que os céus nos protejam!”, gritamos em hino.
Nós não sabemos o que fazer ou dizer.
Nem sabemos como lidar ou lutar.
Entendemos que sozinhos vamos nos perder
E que juntos podemos superar.
Por isso, é hora da casa e de colaborar.
Então, ajude-nos a nos reinventar!
“Céus, nos atendam, por favor! Precisamos de uma chance!”
É hora de justa solidão e de ajudar um irmão;
Hora de virar os olhos e viver a vida de janela;
Hora de mudar as manias e acender muitas velas;
Hora de compor um ritmo de energia e de oração.
E, para tudo isso, nós ficaremos em casa, esperando perdão!
Deuses do Olimpo e da Medicina,
Enquanto vocês trabalham,
Nós podemos descobrir cavernas de intransigências,
Orgulhos, mentiras, cegueiras e indecências,
E fazer uma limpeza profunda como uma dolorida sina.
Obrigada pela chance, pela força, pela saúde.
Um dia, voltaremos à luz e à respiração protegidas.
Uma hora voltaremos à vida com outras lentes
E, tranquilamente, nós voltaremos a ter rosa em mente;
Espinho na memória; beijo no coração
E muita história para contar, sem medo ou ilusão.
Prometemos: ficaremos em casa, de prontidão!
Ficaremos em casa, fazendo nossa parte,
Vivendo a chance da empatia e da simpatia,
Acreditando na alegria de uma vitória próxima,
Junto à beleza da saúde em homeopatia.
Nós aceitamos a regra: ficaremos em casa!
Ficaremos em cura sem muitas juras.
Ficaremos junto aos nossos espelhos,
Memórias, saudades, livros e loucura.
Ficaremos ungidos da fé dos deuses e do tempo.
Ficaremos com nossos queridos e pequenos
Com paciência e alimento.
Não vamos reclamar mais: ficaremos em casa, sem mais lamento!
Deuses queridos, nosso povo está em casa!
Nosso povo tem espelhos e desejos
Agora, sem frescuras, molduras ou posturas rasas.
Por isso, ficaremos em casa!
Vamos obedecer ao humor do tempo,
Ouvir a pulsação do vento,
Limpar as mãos com alento,
Acreditando que nossos pensamentos
E nossos científicos armamentos
Serão fortes orações ao nosso ressurgimento.
Nós aceitamos o castigo e nos ajoelhamos em clamor.
Não se preocupem:
Ficaremos em casa por vocês, por todos, por amor!
Publicado em 03 de novembro de 2020
Como citar este artigo (ABNT)
NUNES, Claudia Menezes. Oração: Ficaremos em casa. Revista Educação Pública, v. 20, nº 42, 3 de novembro de 2020. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/42/oracao-ficaremos-em-casa
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