Psicomotricidade na Educação Infantil: intervenção em turma de Nivel III de Natal/RN

Sinezia Cristina de Souza Barboza

Especialista em Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS (Faiara)

O trabalho pedagógico proporciona ao educador a possibilidade de analisar o potencial das crianças de forma a identificá-las em suas personalidades, habilidades, desenvolturas, mas também pelas suas dificuldades quanto à percepção e ao reflexo na execução das mais variadas atividades, caracterizando, assim, as dificuldades de aprendizagem. Todavia, muitas vezes crianças com menor grau de percepção e reflexo são caracterizadas como descuidadas e/ou desatentas, o que revela a falta de um olhar mais adequado quanto ao que realmente possa estar se passando, que pode se tratar de crianças que necessitam de atenção e preocupação no que se refere às suas possibilidades de desenvolvimento da aprendizagem.

Levando em conta a produção de um estudo de qualidade teórica e prática com alunos da Educação Infantil, torna-se imprescindível desenvolver a concepção de Educação Psicomotora em prol de maior respaldo profissional daquele que a desenvolve, além de promover a compreensão dos processos inerentes à Educação Psicomotora e suas significativas contribuições ao meio educacional. Desse modo, o estudo aqui desenvolvido busca demonstrar tanto os conceitos teóricos quanto práticos com atividades psicomotoras, por meio da realização de pesquisa de campo com crianças de uma turma de Nível III do Centro Municipal de Educação Infantil da cidade de Natal/RN.

Como base teórica, o presente estudo contempla estudos e as contribuições de autores como Fernandes (2015), Nicola (2004), Fonseca (2004), Oliveira (1999), dentre outros nomes. Pelas concepções expostas pelos autores foi possível traçar um panorama acerca da Psicomotricidade e suas características, contribuições e perspectivas de práticas auxiliadoras ao processo de ensino-aprendizagem de alunos da Educação Infantil. O estudo se inicia com um breve histórico das práticas psicomotoras na Educação. Em seguida, discorremos sobre o atual contexto e status da Psicomotricidade nos processos educativos. Logo após, temos a correlação entre as dificuldades de aprendizagem e a Educação Psicomotora. Ao fim, discutiremos as contribuições da Educação Psicomotora para a Educação Infantil. Nesse sentido, evidenciamos que a abordagem psicomotora na Educação Infantil é um conjunto de manifestações físicas e psicológicas da criança em prol da manutenção da estabilidade em muitos sentidos.

O presente estudo é resultante de pesquisa teórica em contrapartida às ações práticas desenvolvidas em atividades relativas ao desenvolvimento da psicomotricidade de alunos da Educação Infantil com foco nas dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos, em que é sugerida a proposta delas no cotidiano escolar. O objetivo central aqui é analisar as contribuições de atividades dirigidas em prol do desenvolvimento psicomotor dos alunos, evidenciando a concretização da teoria em prática.

O estudo identifica-se por sua natureza qualitativa, estruturando as premissas da pesquisa de campo. Para que pudéssemos desenvolver um trabalho centrado na prática de atividades psicomotoras como viés metodológico, contamos com as contribuições de autores como Bogdan (1982), Triviños (1987) e Lüdke e André (1986).

A Educação Psicomotora e seu histórico de desenvolvimento

Nesta seção será feita uma discussão geral do conceito de Psicomotricidade e das contribuições teóricas acerca dela aplicada à prática pedagógica, em prol do auxílio ao trabalho com dificuldades de aprendizagem.

Tratar da história da Psicomotricidade remete à análise de fatos históricos existentes desde a Antiguidade, com valorização, culto e cuidado com as habilidades físicas do corpo, atribuindo-se a este o ápice da virilidade humana. Nesse sentido, com o passar dos séculos, o corpo adquiriu inúmeras atribuições. Atualmente, apenas admirá-lo deixou de ser o foco central que um dia tivera, pois conta-se hoje com iniciativas de conscientização pela qualidade de vida e de ações que conduzam à prática de exercícios físicos em prol da manutenção da saúde corporal por completo, o que inclui o bem-estar psicológico. No entanto, cabe aqui limitar à discussão acerca da contribuição da Psicomotricidade para a prática pedagógica, a qual também permeia o universo da atenção ao corpo. Passamos do século XVIII, com Descartes e seus princípios fundamentais de separação e integridade corporal, conceituando que corpo e alma são singulares, mas coexistentes, até ultrapassar o século XXI, com descobertas da área da Neurofisiologia, com evidências de que disfunções físicas poderiam estar paralelamente relacionadas ao cérebro.

No entanto, como área cientificamente relevante, a Psicomotricidade surge no século XX; Fernandes (2015, p. 2) afirma:

a Psicomotricidade surgiu na França (1900-1940), em Paris, sendo Dupré o seu precursor ao evidenciar a “Síndrome da Debilidade Motora”. Verificou que existia uma estreita relação entre anomalias psicológicas e anomalias motrizes, levando em consideração a recordação do corpo passado, a valorização do corpo presente e a reabilitação do corpo futuro.

A partir dos trabalhos de Dupré, foi possível estabelecer uma linha de estudos que norteasse futuras pesquisas que contemplassem a relação corpo e mente, o que claramente caracteriza-se hoje como uma área de grande desenvolvimento científico, médico e pedagógico. Fonseca (1988) evidencia a relevância da Psicomotricidade para o avanço dos estudos sobre corpo e habilidades:

A história do saber da Psicomotricidade representa já um século de esforço de ação e de pensamento. A sua cientificidade na era da cibernética e da informática vai-nos permitir certamente ir mais longe da descrição das relações mútuas e recíprocas da convivência do corpo com o psíquico. Essa intimidade filogenética e ontogenética representa o triunfo evolutivo da espécie humana, um longo passado de vários milhões de anos de conquistas psicomotoras (Fonseca, 1988, p. 99).

Diferentemente de outras áreas do conhecimento que surgiram um tanto quanto espontâneas, a Psicomotricidade se configura hoje como uma área de grande concentração, pois envolve a natureza cognitiva humana associada às manifestações corporais nas primeiras fases do desenvolvimento infantil.

Na perspectiva dos grandes construtores do que hoje se deflagra a Psicomotricidade, temos Henri Wallon (1879-1962), que, em seus estudos, evidencia a relação entre corpo e mente, sendo nitidamente expressa pelas emoções da criança; este é um dos aspectos da teoria da Psicogenética walloniana. Até então temos os primeiros esforços científicos para estabelecer a relação entre o elo corpo e mente e evidências de irregularidades e divergências.

Ações de grande contribuição por parte de políticas públicas à área da Psicomotricidade no exterior datam de 1967, na França, quando o governo, junto à equipe da dra. Giselle Soubiran, criou o Instituto Superior de Reeducação Psicomotora (ISRP), graduando profissionais em nível estadual. A proposta pioneira deu origem à nomenclatura profissional de psicorreeducador e, a posteriori, em 1985, de psicomotricista.

Dados da Associação Brasileira de Psicomotricidade (ABP) informam que, em território brasileiro, seu avanço surgiu com a chegada de Simone Raiman, após estudos no ISRP. Outras ações por parte do poder público brasileiro aconteceram em 1979, quando o então ministro da Educação, Euro Brandão, convidou as doutoras Dalila Costallat e Gisele Soubiran para difundir seus estudos nas escolas do país. Mas foi com a dra. Beatriz Loureiro que a Psicomotricidade ganhou a força e a estabilidade necessárias para que os trabalhos pudessem ter referência, oportunizando a criação do Grupo de Atividades Especializadas em São Paulo (GAE), com o intuito de ampliar a relação de estudos entre Brasil e França.

Os frutos dessa relação ampliaram-se e, atualmente, estão presentes em todo o continente americano e em outros continentes, onde passou a ser administrada, ainda na França, pela Organização Internacional da Psicomotricidade e Relaxação (OIPR). Hoje os estudos psicomotores ainda estão a cargo da dra. Beatriz Loureiro.

Contextualizando Psicomotricidade e Educação Infantil

Levando em consideração a escolha de uma abordagem teórico-metodológica que promovesse e explorasse as habilidades que a criança tem de expressar-se por meio de suas habilidades corporais, optou-se pela Psicomotricidade por ela ser uma área propícia à análise do desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, haja vista o trabalho pedagógico ser desenvolvido na fase de Educação Infantil, sendo esse tipo de abordagem a oportunidade de observar situações que possam esclarecer determinadas limitações dos alunos, sejam estas de cunho físico ou cognitivo.

Levando em consideração que a aprendizagem é, de forma genérica, o resultado da relação entre atratividade, estímulo e reflexo para a concretização cognitiva, e isso relacionado aos processos biológicos influenciados significativamente por fatores externos, é algo que, no mínimo, necessita de atenção para que o desenvolvimento inicial da criança em meio escolar se realize de maneira responsável e assegurada.

Nessa visão tem-se a concepção de que o corpo é elemento fundamental para que o processo da aprendizagem ocorra da maneira mais exitosa possível, em que a observação das dificuldades de aprendizagem seja realizada em tempo hábil e, a partir dela, possa-se proporcionar às crianças oportunidades de superação das referidas objeções.

Nas palavras de Nicola (2004 apud Monteiro, 2015, p. 19), temos:

a Psicomotricidade caracteriza-se como uma ciência nova, cujo objeto de estudo é o homem nas suas relações com o corpo em movimento, na sua unidade como pessoa, encontrando então na intervenção psicomotora uma tentativa de modificar toda a atitude em relação ao seu corpo como lugar de sensação, expressão e criação.

O corpo humano é uma fonte de inúmeros estudos, e dedicar-se àquele cuja especificidade é a coordenação motora e seu paralelo à cognição é ainda mais instigante, intrínseco e indispensável.

A correlação entre as dificuldades de aprendizagem e a Educação Psicomotora

“O indivíduo não é feito de uma só vez, mas constrói-se, através da interação com o meio das suas próprias realizações" (Fonseca, 2004, p. 10). O processo do desenvolvimento do corpo humano não acompanha simetricamente o desenvolvimento cognitivo; eis a necessidade do estudo e do aperfeiçoamento quanto às práticas pedagógicas na Educação Infantil, pois a criança tem as habilidades natas para aprender, no entanto o professor deve estar atento quanto a eventuais divergências evidenciadas em sala de aula de que algo indique a conjetura da dificuldade de aprendizagem e poder atuar em prol de seu melhor acompanhamento.

Vygotsky (2010, p. 104) evidencia, em seus estudos, a relação entre desenvolvimento físico e cognitivo.

Embora o aprendizado esteja diretamente relacionado ao curso do desenvolvimento da criança, os dois nunca são realizados em igual medida ou em paralelo. O desenvolvimento nas crianças nunca acompanha o aprendizado escolar da mesma maneira como uma sombra acompanha o objeto que o projeta. Na realidade, existem relações dinâmicas altamente complexas entre os processos de desenvolvimento e de aprendizado, as quais não podem ser englobadas por uma formulação hipotética imutável. Cada assunto tratado na escola tem sua própria relação específica com o curso do desenvolvimento da criança, relação essa que varia à medida que a criança vai de um estágio para outro.

O professor atuante na Educação Infantil deve considerar que os alunos ali distribuídos possuem inúmeras personalidades e peculiaridades de aprendizagem, em que nem sempre é indicada a definição, genérica, que possa vir a ser concebida por meio de aspectos superficiais como faixa etária e outros estereótipos. O professor deve observar, por exemplo, o desempenho de cada aluno diante de desafios pedagógicos de natureza coletiva, em que ele será capaz de detectar, um tanto quanto automaticamente, aqueles que sentem dificuldades ou até mesmo não realizam a tarefa.

A Psicomotricidade ocupa-se do corpo como sujeito, dando assim progressivamente maior importância à relação, à afetividade e ao emocional. O conceito de Psicomotricidade ganhou expressão significativa, uma vez que traduz a solidariedade profunda e original entre atividade psíquica e a atividade motora (Gomes, 2013, p. 14).

A constatação em sala de aula de crianças com dificuldade de aprendizado diz respeito, em muitos casos, à hiperatividade, em que a criança não possui concentração suficiente para que possa observar as orientações do professor; essa falta de atenção está diretamente relacionada a fatores biológicos, emocionais e comportamentais, estes últimos advindos das relações familiares e sociais, por exemplo. Esse comportamento em sala de aula implicará o déficit de aprendizagem e desenvolvimento, comprometendo aspectos relativos a leitura, escrita e cálculos, e o professor precisará encontrar formas de ensino que alcancem seu ritmo; sem que, com isso, possa prejudicar o desempenho dos demais, pois ao estabelecer essa relação de companheirismo, o aluno hiperativo também evidenciará a necessidade de desenvolver seu foco de atenção quando os demais colegas estiverem realizando suas tarefas.

Sob a perspectiva de uma análise mais específica, temos em Oliveira (1999) uma visão concentrada nos benefícios da prática psicomotora:

a Psicomotricidade auxilia e capacita melhor o aluno para uma melhor assimilação das aprendizagens escolares, por isso procura trazer os seus recursos para dentro da sala de aula, tanto no âmbito da educação quanto da reeducação psicomotora. Um bom desenvolvimento psicomotor proporciona ao aluno algumas capacidades básicas a um bom desempenho escolar, dando-lhe recursos para que se saia bem na escola, aumentando seu potencial motor. A Psicomotricidade, pois, se caracteriza por uma educação que se utiliza do movimento para atingir outras aquisições mais elaboradas, como as intelectuais (OLIVEIRA, 1999, p. 9).

Temos, assim, a ideia de que a Psicomotricidade é o meio do qual o professor lança mão para superar as dificuldades de aprendizagem dos alunos, pois ela é uma das pontes entre o processo de ensino-aprendizagem com indício de êxito, em que, na ausência dela, o aluno não consegue fazer relação entre suas habilidades e objetivos.

As contribuições da Educação Psicomotora para a Educação Infantil como estratégia preventiva às dificuldades de aprendizagem

Todos os esforços teóricos e práticos aplicados à prática e análise da Psicomotricidade hoje se configuram como campo da ciência de extrema importância para a educação. Notoriamente, todo processo educativo requer o envolvimento da interatividade humana; isso para os pequenos representa grande trabalho com a afetividade. Tanto o professor quanto os alunos da Educação Infantil precisam ser envolvidos em situações de companheirismo, respeito, partilha, amizade, atividades que só apresentarão resultados positivos quando ofertado ao aluno o direito de expressar e manifestar suas sensações, vontades e desejos por aquilo que está sendo ensinado e dessa expressividade o olhar cuidadoso do professor especializado.

Para Fontana (2012, p. 10),

a Educação Psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na Educação Infantil e séries iniciais. Ela condiciona o processo de alfabetização, leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar seu tempo, a adquirir habitualmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A Psicomotricidade não é apenas uma prática preventiva, mas educativa, que contribui na aquisição da autonomia para a aprendizagem, facilitando assim o processo de alfabetização nas escolas.

Conforme exposto, a Psicomotricidade deve ser política de ensino, haja vista a correlação entre ensino-aprendizagem à qual esta está intrinsecamente configurada. Fontana (2012) comenta ainda o papel da escola como ambiente necessário para o trabalho com as habilidades psicomotoras dos alunos.

O papel da escola no desenvolvimento da criança, a interação pedagógica pretende que cada criança atinja mais cedo e em melhores condições aquilo que naturalmente seria de esperar no seu desenvolvimento, do que deixá-la livre aos seus próprios investimentos e envolvimento. A escola proporcionará meio, através de atividades diferenciadas, que exigirá novas experiências, tarefas a nível cognitivo, onde a criança deverá transferir algo interiorizado através de gestos mecânicos, até produzir a escrita (FONTANA, 2012, p. 25).

O educador, como profissional responsável pela promoção e elevação dos níveis de aprendizagem dos alunos, também deve ser alvo do processo de Psicomotricidade, pois é este que orientará os alunos pelos melhores caminhos da aprendizagem. No entanto, nosso estudo não poderá deter-se na ênfase nesse sentido, pois temos a missão de evidenciar especificamente as contribuições da Psicomotricidade à Educação Infantil.

Metodologia

A metodologia traçada para a realização do estudo é qualitativa, tendo em vista a promoção de resultados que contribuirão para a reformulação das relações pedagógicas quanto à abordagem prática da Psicomotricidade na Educação Infantil. Nas palavras de Bogdan (1982 apud Triviños, 1987, p. 128) temos a caracterização de pesquisa qualitativa.

  1. A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento-chave;
  2. A pesquisa qualitativa é descritiva;
  3. Os pesquisadores qualitativos estão preocupados com o processo e não simplesmente com os resultados e o produto; 4º) Os pesquisadores qualitativos tendem a analisar seus dados indutivamente;
  4. O significado é a preocupação essencial na abordagem qualitativa.

A metodologia proposta para a execução da prática pedagógica a ser observada é uma pesquisa de campo com foco, realizada em dez dias. Lüdke e André (1986, p. 18) pressupõem algumas características para pesquisa de estudo de caso:

  1. Os estudos de caso visam à descoberta.
  2. Os estudos de caso enfatizam a ‘interpretação em contexto’.
  3. Os estudos de caso buscam retratar a realidade de forma completa e profunda.
  4. Os estudos de caso usam uma variedade de fontes de informação.
  5. Os estudos de caso revelam experiência vicária e permitem generalizações naturalísticas.
  6. Estudos de caso procuram representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista presentes numa situação social.
  7. Os relatos de estudo de caso utilizam uma linguagem e uma forma mais acessível do que os outros relatórios de pesquisa.

A junção dos apontamentos qualitativos aos pressupostos teóricos da pesquisa de campo atribuem ao estudo as bases de investigações essenciais à coleta de informações embasadas na aproximação de realidades que têm bastante a contribuir tanto para o conhecimento científico quanto para o acadêmico-pedagógico.

Como ferramenta de coleta de dados, o estudo contou com a aplicação de um projeto de intervenção em turma de Nível III em um Centro Municipal de Educação Infantil na cidade de Natal/RN, além das observações registradas em caderno de bordo.

Resultados e discussões

A proposta de elaboração de um projeto de intervenção com Psicomotricidade objetivou, de forma geral, propor atividades que trabalhassem a relação entre corpo e mente das crianças de maneira articulada, promovendo seu desenvolvimento motor e cognitivo, conforme podemos evidenciar nas figuras a seguir.

Figura 1: Atividade “Pescaria das letras”, aula prática

Todas as atividades propostas nas dez aulas buscaram estimular as estruturas psicomotoras lateralidade, espaço-temporal, ritmo, equilíbrio, expressão corporal e coordenação motora. A inclusão de todos os alunos nas brincadeiras e jogos estimulou o desenvolvimento da inteligência emocional necessária ao bom convívio social.

Figura 2: Atividades de equilíbrio e coordenação motora, aula prática

As crianças tiveram oportunidade de experimentar diversas formas de movimentos de forma criativa e puderam desenvolver o raciocínio lógico por meio de jogos.

Figura 3: Atividades diversificadas, aula prática

As crianças adquirirem uma imagem positiva de si foi uma das conquistas que melhor representam a satisfação de trabalhar com a Psicomotricidade, pois as atividades foram planejadas para atender toda a turma, que correspondeu com a participação e a conquista das habilidades que se esperavam. As crianças perceberam que eram capazes de executar todos os movimentos e vencer todas as tarefas propostas.

Figura 4: Desenvolvendo as habilidades motoras finas, aula prática

O que mais chamou a atenção com a execução deste projeto de intervenção com o Nível III foi a mudança na postura e no comportamento dos alunos, a vontade de vencer todos os obstáculos que eram propostos nas diversas atividades promovidas. O objetivo maior foi alcançado: desenvolver a motricidade de forma global com aprendizados cognitivos significativos para a faixa etária.

Conclusão

Com base na revisão bibliográfica selecionada e concomitantemente direcionada à abordagem metodológica proposta, com a realização de atividades práticas relacionadas à temática, pôde-se inferir que a Psicomotricidade possui potencial significativamente assistencial ao trabalho pedagógico por corroborar o contexto da Educação Infantil, especialmente no que se refere à superação das dificuldades de aprendizagem, pois ela oportuniza ao educador atrelar os objetivos das atratividades à superação de desafios, à competitividade sadia, à concentração, a fazer relações, assimilações, realizar movimento, desenvolver o equilíbrio físico, tudo em prol do alcance de metas de maneira orientada.

O trabalho com a Psicomotricidade é uma estratégia de que o educador pode e deve lançar mão para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem, viabilizando o trabalho das habilidades de leitura e escrita, matemática e operações; e em paralelo a isso explorar a lateralidade, dentre outros aspectos relativos à prática psicopedagógica. Assim, diante da preocupação e da necessidade de busca de teorias que abrangessem conhecimentos teóricos relativos a práticas de ensino e que tratassem de dificuldades de aprendizagem, a Psicomotricidade é, de longe, a área científica que corresponde às necessidades de preparação e aperfeiçoamento do trabalho educativo infantil.

No entanto, vale salientar que a proposta de atividades psicomotoras não é uma fórmula pronta; ela orienta e auxilia no preparo, por meio de indicações do que a criança poderá adquirir ao ser submetida àquelas atividades, em que o papel do educador se faz presente na análise da dimensão das necessidades de aprendizagem dos alunos, assim como o esforço pela utilização de recursos mais propícios. Esse tipo de proposta metodológica não somente confere ao pedagogo o ato de ensinar, mas também sua satisfação em poder participar junto aos alunos na realização de momentos de natureza emotiva, apreciando o sorriso da criança ao conseguir realizar a atividade proposta, observar a interação dela com os demais colegas; isso surtirá efeito positivo em todo o processo de ensino.

A Psicomotricidade em contexto educativo oferece aos alunos a oportunidade de expressar-se fisicamente de maneira a testar novas habilidades, evidenciando a descoberta pela experimentação de jogos, brincadeiras, danças, montagem, empilhamento, desenho, tudo em prol do aperfeiçoamento de técnicas que culminem, por exemplo, na linha de raciocínio lógico, na evolução do traço gráfico da escrita, dentre outros aspectos.

Contudo, o sucesso da proposta da utilização dos conceitos da Psicomotricidade apenas surtirá efeitos positivos e esperados quando o profissional pedagogo assimilá-los diante do aperfeiçoamento contínuo, com a realização de cursos que o capacitem nessa especialidade. Desse modo, surge a necessidade de buscar novas fontes de formação, em que o professor possa ter acesso à informação de maneira fidedigna e original, para que possa sentir-se habilitado e seguro em sua prática pedagógica.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE. História da Psicomotricidade no Brasil.Disponível em: https://psicomotricidade.com.br/capitulominasgerais/historia-da-psicomotricidade-no-brasil/. Acesso em: 10 maio 2019.

BOGDAN, Robert C.; BIKLEN, Sari Knopp. Qualitative Research for Education. An introduction to theory and methods. Boston: Allyn and Bacon, 1982.

FERNANDES, Danilo Geraldo Damasceno. Psicomotricidade: conceito e história. Conexão Eletrônica, Três Lagoas, v. 12, nº 1, 2015.

FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade: perspectivas multidisciplinares. Porto Alegre: Artmed, 2004.

______. Psicomotricidade. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

FONTANA, Cleide Madalena. A importância da Psicomotricidade na Educação Infantil. 2012. 78 p. Monografia (Especialização em Educação: Métodos e Técnicas de Ensino). Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Medianeira, 2012.

GOMES, Rosiney Aparecida Travaglia. A Psicomotricidade na escola:sua relevância no processo de escolarização. Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE. Produções Didático-Pedagógicas, 2013.

LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação:abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

NICOLA, Mônica.Psicomotricidade – manual básico. Rio de Janeiro: Revinter, 2004.

OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade:educação e reeducação num enfoque pedagógico. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1987.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

WALLON, Henri. As origens do pensamento na criança. São Paulo: Manole, 1989.

Publicado em 11 de fevereiro de 2020

Como citar este artigo (ABNT)

BARBOZA, Sinezia Cristina de Souza. Psicomotricidade na Educação Infantil: intervenção em turma de Nivel III de Natal/RN. Revista Educação Pública, v. 20, nº 6, 11 de fevereiro de 2020. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/6/psicomotricidade-na-educacao-infantil-intervencao-em-turma-de-nivel-iii-de-natalrn

Novidades por e-mail

Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing

Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário

Deixe seu comentário

Este artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.