Projeto TeatroCafé: adaptações teatrais de William Shakespeare como incentivo à apreciação dos clássicos universais da literatura
Maria Gabriella Flores Severo Fonseca
Doutoranda em Literatura (UnB), mestre em Letras e Artes (UEAM), graduada em Letras - Língua Portuguesa (UFPA), professora da rede estadual do Amazonas
Carla Cristina Kramer
Especialista em Metodologia do Ensino Superior (UniNorte), graduada em Letras - Língua Portuguesa (UFAM), professora da rede estadual do Amazonas
Segundo o crítico literário Antônio Candido (2011), em sua obra O direito à literatura, a literatura universal figura como um dos direitos humanos, além de ser capaz de fazer o homem refletir sobre sua condição humana e sobre as opressões sofridas. Compreendemos, assim, que, como professores da área da Linguagem e da Literatura, precisamos ter uma olhar sensível sobre a importância do trabalho com o literário na escola, pois a formação humanística, artística e estética dos alunos pode ser muito influenciada pelos bens culturais a que têm acesso no contexto escolar.
Além disso, ao acessar os bens culturais e, mais particularmente, aqueles considerados universais, os estudantes têm a oportunidade de partilhar de uma cultura que, em muitos casos, está afastada de seu cotidiano social imediato, mas que é relevante, também, para o acesso e o maior domínio aos níveis de linguagem cultos, que os auxilia em sua ascensão social.
Pensando nisso, não podemos deixar de observar que a escola se configura em um importante espaço para o trabalho com a literatura universal ou clássica. Nesse sentido, pensamos em um projeto que pudesse suscitar o interesse pelos clássicos da literatura, dialogando com o que afirma Ítalo Calvino (1993), em sua obra Por que ler os clássicos, de que essa é uma tarefa da escola para a formação de alunos como seres críticos e que suscita a ascensão deles a níveis mais altos de conhecimento. A partir de reflexões dessa natureza, elaboramos o projeto TeatroCafé, uma proposta de se trabalhar um autor universal com os alunos do Ensino Médio.
O projeto em questão foi aplicado em 2019 na Escola Estadual Tenente Coronel Cândido José Mariano, também conhecida por CMPMV, uma unidade da Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino (Seduc-AM) que está sob gestão da Polícia Militar do Amazonas. O enfoque do trabalho foram os alunos da primeira série do Ensino Médio, que compunham os cerca de 400 alunos dessa escola.
Projeto TeatroCafé: uma proposta para o trabalho com um autor clássico da literatura
Em um primeiro momento, ponderamos sobre qual autor seria o foco de nosso projeto. Como nosso interesse era trabalhar com um autor da literatura universal, justamente por entendermos a necessidade de levar o conhecimento de obras canônicas para os alunos do Ensino Médio, trouxemos à possibilidade diversos autores – Miguel de Cervantes, Dante Alighieri, Luiz Vaz de Camões – até chegarmos ao nome de William Shakespeare. Ora, mas por que o famoso “bardo inglês”?
O autor inglês chega até nossos alunos de forma muito aparente, pois existem diversas adaptações fílmicas, muito famosas entre os adolescentes, baseadas nas obras desse autor: O Rei Leão (animação de 1994, dirigido por Rob Minkoff e Roger Allers), Meu Namorado é um Zumbi (filme de romance/terror de 2013, dirigido por Jonathan Levine), 10 Coisas que Eu Odeio em Você (comédia-romântica de 1999, dirigida por Gil Junger), Ela é o Cara (comédia-romântica de 2006, dirigida por Andy Fickman), inspiradas em Hamlet, Romeu e Julieta, A Megera Domada e Noite de Reis, respectivamente. Assim, compreendemos que as obras do autor estão muito próximas a esses adolescentes, cumprindo, assim, a função da literatura, ou seja, mantendo as obras em um sistema vivo, como defende Antônio Candido (2006), em sua obra Literatura e Sociedade:
A literatura é, pois, um sistema vivo de obras, agindo umas sobre as outras e sobre os leitores; e só vive na medida em que estes a vivem, decifrando-a, aceitando-a, deformando-a. A obra não é produto fixo, unívoco ante qualquer público; nem este é passivo, homogêneo, registrando uniformemente o seu efeito. São dois termos que atuam um sobre o outro (Candido, 2006, p. 84).
Sabemos, no entanto, que há um grau de dificuldade elevado na leitura de textos dramáticos pelos alunos. Então optamos pelo trabalho com uma adaptação das obras do autor, assim, foi escolhida a obra Contos de Shakespeare, de Charles e Mary Lamb (2013), com tradução de Mário Quintana.
Após escolhermos o autor e a obra a serem trabalhados, partimos para o ensino dos gêneros literários, focando no dramático. Logo, os alunos foram orientados sobre aspectos de formatação desse gênero e convidados a realizarem uma readaptação teatral das obras que leram em contos.
Em nossas orientações sobre a produção de textos dramáticos, enfatizávamos que os alunos fizessem suas readaptações utilizando uma linguagem mais próxima de sua realidade, pois, como seriam encenadas, a ideia seria cativar o público presente.
Após a elaboração dos textos, iniciamos a organização dos preparativos para o espetáculo teatral e, enfim, nos dias 26 e 27 de junho de 2019, foram realizadas as encenações teatrais dos alunos em um grande evento organizados pelas professoras responsáveis pelo projeto.
Ao término dessa etapa, coletamos os resultados por meio dos registros das adaptações (realizadas pelos alunos), das fotos dos ensaios e das apresentações e de um pequeno questionário (Apêndice I) que abordou a percepção dos alunos acerca da relevância dessa atividade para sua aprendizagem. Esses dados serão abordados na última seção deste artigo.
William Shakespeare: um autor clássico na era dos clássicos
William Shakespeare nasceu em Stratford-upon-Avon, Warwickshire, Inglaterra, em 23 de abril de 1564. Não há registros de sua educação, mas provavelmente foi para a King's New School - uma conceituada escola de gramática em Stratford, onde teria aprendido latim, grego, teologia e retórica - e teria tido uma educação católica. Entre as obras que mais tarde utilizou como fontes de suas peças, encontram-se os discursos de Cícero, as comédias de Plauto, as tragédias de Sêneca, a poesia de Virgílio e, acima de tudo, os poemas de Ovídio, seu poeta favorito. O dramaturgo, também, segundo estudiosos, deve ter visto peças dos grupos de teatro itinerante em turnê em Stratford nos anos 1560 e 70. Aos 18 anos, Shakespeare se casou com Anne Hathaway, com quem teve três filhos nos anos seguintes.
Antes de iniciar sua carreira como dramaturgo, o autor prestava serviços nos bastidores como guardador de cavalos na porta do teatro de James Burbage, o primeiro teatro de Londres. Logo, passou a copiar peças e representar pequenos papéis. Neste período, Londres vivia intensamente as atividades artísticas que compreendia o período do reinado de Elizabeth I. Shakespeare lia autores clássicos, novelas, contos e crônicas que foram essenciais para sua formação de dramaturgo. Assim, não demorou muito para que se tornasse o copista oficial da Companhia, e, em 1589, já representava e adaptava peças de autores anônimos.
Pouco tempo depois, tornou-se membro da Companhia de Teatro de Lord Chamberlain e atuava na melhor sala de espetáculos de Londres, O Globe Theatre. Suas peças foram encenadas a partir de 1594. A companhia passou a se chamar King’s Men, após a morte da rainha Elizabeth I, em 1603.
Poeta nacional da Inglaterra e considerado um dos maiores dramaturgos da literatura universal, Shakespeare escreveu suas obras para um pequeno teatro de repertório no final do século XVI e início do século XVII. Quatrocentos anos mais tarde, suas peças ainda encantavam plateias em todo o mundo e eram mais frequentemente encenadas do que as de qualquer outro autor teatral. Entre 1590 a 1613, Shakespeare escreveu pelo menos 37 peças e colaborou em várias outras. Entre suas comédias mais famosas, incluem-se O Mercador de Veneza (1596) e Muito barulho por nada (1598) e, entre as tragédias, Hamlet (1601), Otelo (1604), Rei Lear (1607)e Macbeth (1606). Ele escreveu também poemas e uma coleção de sonetos.
O sucesso de Shakespeare cresceu na década de 1590. Tornou-se acionista dos Homens do Lorde Chamberlain, que se apresentaram perante a Rainha Elizabeth em numerosas ocasiões. Essa fama permitiu-lhe, em 1597, comprar o New Place, a segunda maior casa de Stratford. Em 1613, o Globe Theatre foi incendiado e, no mesmo ano, Shakespeare retornou para Stratford, onde faleceu em 23 de abril de 1616.
A primeira edição coletada das peças de Shakespeare foi compilada e publicada em 1623, sete anos após a morte do dramaturgo. Das 36 peças do primeiro fólio, 18 ainda não haviam sido impressas. É esse fato que torna o primeiro fólio tão importante, pois esse arquivo permitiu que muitas peças de Shakespeare chegassem ate nós, incluindo Décima segunda noite (1602), Medida por medida (1603), Macbeth (1606), Júlio César (1600) e A tempestade (1611).
Esse arquivo foi coligido pelos amigos de Shakespeare – John Heminge e Henry Condell – que editaram e supervisionaram a impressão. Eles dividiram as peças em comédias, tragédias e histórias, uma decisão editorial que moldou nossa ideia do cânone shakespeariano.
O termo clássico e suas acepções
Não há dúvidas de que William Shakespeare é um autor clássico da literatura. Para muitos estudiosos, Shakespeare inovou o modo de fazer teatro. Sua genialidade ressoou, inclusive, para outros períodos literários posteriores, como o Pré-Romantismo ou Sturm und Drang, que teve início no século XVIII, na Alemanha. Os autores desse período viam, nas obras do escritor, originalidade, criatividade e espontaneidade na produção artística, em oposição às convenções e regras impostas pelas rígidas normas do Classicismo. A convivência de Shakespeare com a tradição medieval cristã e com as festas populares inglesas, de certa forma, impediu-o de seguir as características clássicas à risca.
Não só os autores alemães setecentistas consideravam Shakespeare um gênio; o iluminista Dênis Diderot via no dramaturgo inglês “bárbaras vantagens”, tendo como exemplo a mistura do monstruoso e do bom gosto, principalmente, em suas peças Hamlet e Rei Lear, respectivamente.
Enfim, Shakespeare tornou-se sinônimo de grande qualidade estética, mesmo desrespeitando, em grande medida, os padrões clássicos. Tornou-se, então, a grande inspiração para as gerações pré-romântica e romântica, exatamente por esse motivo.
Mas, se o autor foi uma referência justamente para aqueles que queriam afastar-se dos dogmas clássicos, por que, hoje, é sinônimo de autor clássico? Isso ocorre pelas várias acepções que o termo clássico pode tomar.
Esse termo, que tem sua origem na palavra latina classis, refere-se aos classicis ou aos ricos que pagavam imposto pela frota. Assim, o autor classicus poderia ser considerado um homem que escrevia para essa categoria da sociedade.
Porém, essa acepção ganhou outros sentidos. Dentre eles, temos o de artista que adota o estilo literário que está em voga no período em que viveu, assim, ele seria um clássico de sua época.
Num sentido mais amplo, “clássico” é o autor que historicamente pertence a uma escola literária, a exemplo do Romantismo ou Realismo, e que teve grande destaque por sua obra ser considerada de grande qualidade estética pelos críticos de sua época ou posteriores, ou, até mesmo, por ter sido um dos fundadores de um período literário.
Ainda há o famoso sentido de clássico como sinônimo de autor pertencente ao período denominado Classicismo ou Renascimento, que diz respeito ao período em que a literatura, as artes e a cultura ocidentais tiveram um grande florescimento, ocorrido entre os séculos XV e XVI.
De forma geral, compreendemos, neste projeto, o termo clássico como a acepção de obras que pertencem ao cânone universal, ou seja, um “conjunto de textos autorizados, exatos e modulares” (Perrone-Moisés, 1998, p. 61).
Adaptações de textos dramáticos em contexto escolar
Compreendendo a importância do estudo de William Shakespeare como um autor essencial da literatura clássica, levantamos ainda a discussão sobre o gênero dramático em contexto escolar. Afinal, as peças teatrais do dramaturgo inglês são conhecidas por sua qualidade estética e por tratarem de grandes temas universais. Sem dúvida, questões que merecem ser abordadas na escola.
Assim, ao se trabalhar com as adaptações das obras de Shakespeare, os alunos podem ter contato com essas questões, bem como podem ser direcionados a uma proposta que aborde o texto dramático a partir de uma aproximação direta ao texto, fundamentado em sua leitura e posterior encenação, como sugere Filomena Maria Brasil Cabral Diegues (2010) em sua dissertação O texto dramático em contexto de sala de aula – proposta para uma nova abordagem.
Em nossa concepção, essa leitura e sua posterior encenação são essenciais para uma melhor apreensão do texto, afinal, os textos dramáticos são criados para a representação. O autor, na verdade, não é o protagonista, como em uma narração, em que está inteiramente ausente da ação; no texto dramático, a voz narrativa são as personagens, que contam a história ao público por meio de monólogos ou diálogos.
Assim, como esse tipo de texto é criado para a representação, consideramos que seria relevante que os alunos vivessem diretamente todo processo e encenação das peças teatrais. Assim, essa participação seria efetivada pelo conhecimento e funcionamento total desse gênero.
Projeto TeatroCafé: uma proposta de abordagem dos clássicos da literatura universal
A primeira etapa do projeto ocorreu pela escolha da obra. Como já mencionado, optamos pelo livro Contos de Shakespeare, de Charles e Mary Lamb (2013), com tradução de Mário Quintana. Em seguida, selecionamos os contos que seriam lidos, em sala de aula, com os alunos, e, depois, adaptados e encenados. Fixamos os seguintes: Sonho de uma noite de verão, Muito barulho por nada, O mercador de Veneza, O Rei Lear, Macbeth, A megera domada, Noite de reis, Romeu e Julieta, Hamlet, o príncipe da Dinamarca e Otelo.
Após essa etapa, introduzimos a discussão sobre os gêneros literários, indicando quais as características do gênero lírico, narrativo e dramático, focando mais particulamente no narrativo e no dramático, devido ao escopo do projeto. Sobre o último, pontuamos a importância do texto dramático para a realização de uma boa encenação.
Ao apresentarmos o projeto aos alunos, indicamos a necessidade de eles produzirem uma adaptação de um dos contos lidos, pois era necessário transformar aqueles contos em textos teatrais, e, além disso, em uma linguagem que se aproximasse a sua realidade. Abaixo, a imagem de um trecho de um texto adaptado pelos alunos:
Figura 1: Trecho de texto adaptado: Macbeth, o cowboy
Dividimos as turmas em equipes e distribuímos funções, assim, os alunos seriam: atores, diretores, cenógrafos, sonoplastas, maquiadores, figurinistas e roteiristas. Sobre a última função, enfatizamos que seriam orientados e que os textos adaptados passariam pelas nossas revisões até ser gerado o produto final.
Após a divisão das funções, os textos foram finalizados. Assim, poderíamos dar início aos ensaios e foi justamente o que fizemos. No início de junho, começamos os ensaios em sala de aula. Cada turma tinha seu momento de ensaio. Enquanto isso, os outros estudantes, que não eram atores, organizavam-se em suas funções de cenário, iluminação etc.
Depois de vários dias de trabalho, enfim, nos dias 26 e 27 de junho, demos início ao evento TeatroCafé. Abaixo, podemos ver a imagem do banner, utilizado para exposição da programação.
Figura 2: Banner do TeatroCafé
Tivemos, ainda, no primeiro dia do evento, a abertura realizada pelo professor Serge Margel, que apresentou aos alunos a importância dos clássicos universais. Margel é professor de Filosofia na Universidade de Lausanne e na Universidade de Arte e Design, em Genebra. É doutor em Filosofia e Estudos Religiosos e pesquisa literatura, teatro e cinema na Fundação Nacional de Ciências da Suíça.
Em seguida, iniciaram-se as apresentações. No primeiro dia, tivemos Macbeth, Noite de reis, Romeu e Julieta, O Rei Lear, Sonho de uma noite de verão, em apresentações de duas turmas diferentes, Otelo, Mercador de Veneza e A megera domada. As fotos a seguir registram essas apresentações:
Figura 3: Apresentação teatral de Macbeth
Figura 4: Apresentação teatral de Rei Lear
No segundo dia, tivemos as seguintes apresentações: Macbeth, o cowboy; Romeu e Julieta, Muito barulho por nada, Otelo, Hamlet, o príncipe da Dinamarca, apresentada por duas turmas diferentes, O Rei Lear, Sonho de uma noite de verão e Noite de reis.
Figura 5: Apresentação teatral de Macbeth, o cowboy
Figura 6: Apresentação teatral de Macbeth
Figura 7: Apresentação teatral de Sonho de uma noite de verão
É importante mencionar, ainda, que as apresentações estavam sendo avaliadas por uma banca de jurados, que tinham à disposição uma ficha de avaliação (que está no final deste artigo) para julgamento das apresentações.
Ao final do evento, consideramos que os alunos se empenharam e fizeram ótimas apresentações; além disso, souberam cativar o público presente.
No que se refere à aprendizagem dos estudantes, distribuímos um questionário para compreender sua percepção sobre o que haviam experimentado no projeto. Em seguida, fizemos a análise dos resultados.
A percepção dos alunos sobre o projeto TeatroCafé: resultados e conclusões
Quanto à metodologia aplicada na pesquisa, trabalhamos com uma análise qualitativa e quantitativa a partir da coleta das impressões dos alunos sobre sua participação no projeto e a percepção da aprendizagem adquirida.
Convidamos os alunos que desejassem responder ao questionário de forma voluntária. Tivemos a participação de 36 alunos. O questionário (que está reproduzido ao final deste trabalho) é composto por dez questões diretas; há quatro opções de resposta: a) pouco; b) de forma mediana; c) muito; d) bastante. Na folha do questionário, não havia solicitação de dados pessoais, pois consideramos que isso poderia interferir nos resultados, uma vez que os estudantes poderiam temer estarem sendo avaliados pelas respostas que dessem.
A primeira pergunta versava sobre a percepção dos alunos do quanto o projeto TeatroCafé havia auxiliado para suscitar seu interesse por Literatura. Como vemos no gráfico, 61% dos alunos consideraram que o projeto teve muita ou bastante influência para despertar o interesse.
O segundo questionamento abordava o quanto o aluno considerava que a aprendizagem sobre o gênero dramático era relevante para sua formação. Segundo o que aferimos, 67% considerou que essa aprendizagem foi muito ou bastante relevante.
Na terceira questão, indagamos o quanto os alunos consideravam importante o conhecimento dos clássicos universais da Literatura. Verificamos que 81% dos alunos percebiam esse conhecimento como muito ou bastante relevante.
A quarta pergunta relaciona-se à última, no sentido de questionar os alunos sobre o quanto o conhecimento dos clássicos literários foi motivado por aquilo que aprenderam no projeto. Do total de alunos, 69% consideraram que essa percepção foi muito ou bastante influenciada por sua participação no projeto.
O quinto questionamento referia-se ao quão relevante para sua formação cultural os alunos consideram o conhecimento sobre William Shakespeare. Verificamos que 67% dos alunos consideram essa aprendizagem muito ou bastante relevante.
O sexto item pretendia aferir o quanto os alunos consideram que montar textos adaptados contribuiu para sua melhora como produtor de textos em geral. Nesse ponto, 78% consideraram que a experiência os auxiliou.
A sétima indagação refere-se a quanto a experiência de realizar encenações teatrais teria sido marcante em sua trajetória escolar. Identificamos que 89% consideraram a experiência muito ou bastante marcante em sua trajetória escolar.
A oitava pergunta foi direcionada a verificar o quanto o aluno considerava a realização das várias etapas dos projetos e suas aprendizagens para sua compreensão da literatura e das artes. Vimos que 81% dos que responderam consideraram todo esse trabalho muito importante para tal compreeensão.
Por fim, as perguntas 9 e 10 se complementam. Referem-se, respectivamente, à percepção dos alunos a respeito da integração do trabalho com os outros colegas de turma para a realização das atividades do projeto e o quanto foi relevante a contribuição dos professores coordenadores do projeto para o resultado final das atividades. Como resultado desses questionamentos, temos que 75% consideraram que o projeto os auxiliou na compreensão da importância do trabalho em equipe e 78% julgaram que o trabalho dos professores coordenadores foi muito ou bastante importante para os resultados do projeto.
Conclusão
Compreendemos que pensar o projeto TeatroCafé com base em uma tríade foi essencial para o bom andamento do trabalho. Descrevemo-la da seguinte forma: a apreciação inicial de uma obra adaptada para haver melhor reconhecimento de sua história e a facilitação da apreensão da linguagem pelos alunos; o trabalho de readaptação da obra pelos alunos; por fim, a apreciação final, realizada por meio da encenação teatral, que permitiu aos alunos e aos docentes refletir sobre os conteúdos artísticos das obras.
Pudemos verificar, ainda, por meio das respostas de uma parte dos alunos, as impressões que tiveram de aprendizagens, de questões referentes ao autor, à literatura clássica, ao trabalho em equipe, enfim, à sua participação no projeto. Pelo levantamento geral das respostas que deram, pudemos perceber que 74% dos alunos responderam de maneira muito ou bastante positiva às questões referentes ao projeto, como podemos ver no gráfico a seguir.
Assim, concluímos que o projeto cumpriu seu papel de levar a literatura clássica para os alunos do Ensino Médio, possibilitando o conhecimento sobre o importante autor, William Shakespeare. Permitiu, também, uma compreensão mais ampla sobre o gênero dramático, levando os estudantes a vivenciarem o texto em suas encenações teatrais. Além disso, promoveu uma aprendizagem em equipe. Enfim, consideramos que o projeto foi uma experiência positiva na vivência desses estudantes e dos professores coordenadores.
Por fim, salientamos que, certamente, o projeto não se conclui nesse trabalho, pois há inúmeras possibilidades para continuidade, como novas propostas para o trabalho com a literatura clássica/universal, que segue cumprindo uma de suas principais funções: a de ser promulgada ao longo dos séculos para uma maior formação humanística.
Obra base para o projeto:
LAMB, Charles; LAMB, Mary. Contos de Shakespeare. Trad. Mario Quintana. Porto Alegre: Globo, 2013.
Referências
BRITISH LIBRARY. All Discovering Literature: Shakespeare & Renaissance people. Disponível em: https://www.bl.uk/people/william-shakespeare#. Acesso em: 29 maio 2020.
BURBAGE, Richard. Théatre du Globe, Londres. In: Larousse Encyclopedie. Disponível em: https://www.larousse.fr/encyclopedie/images/%20Richard_Burbage_th%C3%A9%C3%A2tre%20_du_Globe_Londres/1310376. Acesso em: 29 maio 2020.
CALVINO, Ítalo. Por que ler os clássicos? Trad. Nilson Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4411070/mod_resource/content/1/Por%20que%20ler%20os%20Cl%C3%A1ssicos%3F%20.pdf. Acesso em: 24 mar. 2019.
CANDIDO, Antônio. Literatura e sociedade: o escritor e o público. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006. Disponível em: https://joaocamillopenna.files.wordpress.com/2014/03/candido-literatura-e-sociedade-copy.pdf. Acesso em: 13 jul. 2019.
______. O direito à literatura. In: ______. Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2011.
DIEGUES, Filomena Maria Brasil Cabral. O texto dramático em contexto de sala de aula: proposta para uma nova abordagem. Dissertação (Mestrado em Ensino do Português no 3º Ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário e Língua Estrangeira no Ensino Básico e no Ensino Secundário) - Faculdade de Letras, Universidade do Porto, Porto, 2010. Disponível em: https://repositorioaberto.up.pt/bitstream/10216/55324/2/TESEMESFILOMENADIEGUES000124738.pdf. Acesso em: 12 jun. 2019.
PERRONE-MOISÉS, Leyla. Altas literaturas: escolha e valor na obra crítica de escritores modernos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
Apêndice I - Questionário
1. O quanto o projeto TeatroCafé auxiliou para suscitar seu interesse por Literatura?
a) Pouco – 0 a 25%
b) De forma mediana – 25 a 50%
c) Muito – 50 a 75%
d) Bastante – 75 a 100%
2. A respeito do que aprendeu sobre o teatro, o quanto considera relevante essa aprendizagem para sua formação?
a) Pouco – 0 a 25%
b) De forma mediana – 25 a 50%
c) Muito – 50 a 75%
d) Bastante – 75 a 100%
3. A respeito dos clássicos universais da Literatura, o quanto considera importante conhecê-los?
a) Pouco – 0 a 25%
b) De forma mediana – 25 a 50%
c) Muito – 50 a 75%
d) Bastante – 75 a 100%
4. Sobre sua resposta anterior, o quanto ela foi motivada por aquilo que você aprendeu no projeto TeatroCafé?
a) Pouco – 0 a 25%
b) De forma mediana – 25 a 50%
c) Muito – 50 a 75%
d) Bastante – 75 a 100%
5. A respeito do conhecimento mais amplo sobre William Shakespeare, o quanto considera essa aprendizagem importante na sua formação cultural?
a) Pouco – 0 a 25%
b) De forma mediana – 25 a 50%
c) Muito – 50 a 75%
d) Bastante – 75 a 100%
6. Sobre a experiência de montar textos adaptados, o quanto acha que pode contribuir para sua melhora como produtor de textos em geral?
a) Pouco – 0 a 25%
b) De forma mediana – 25 a 50%
c) Muito – 50 a 75%
d) Bastante – 75 a 100%
7. Sobre a experiência com as encenações teatrais, o quanto considera ser uma atividade marcante em sua trajetória escolar?
a) Pouco – 0 a 25%
b) De forma mediana – 25 a 50%
c) Muito – 50 a 75%
d) Bastante – 75 a 100%
8. Quanto ao que aprendeu no trabalho como um todo, leitura dos textos, realização das adaptações, dos cenários, atuações etc., o quanto considera importante para sua compreensão de literatura e artes?
a) Pouco – 0 a 25%
b) De forma mediana – 25 a 50%
c) Muito – 50 a 75%
d) Bastante – 75 a 100%
9. Sobre a integração com os outros colegas da turma para a realização das atividades do projeto, o quanto acha que foi importante para sua compreensão de trabalho em equipe?
a) Pouco – 0 a 25%
b) De forma mediana – 25 a 50%
c) Muito – 50 a 75%
d) Bastante – 75 a 100%
10. Sobre a contribuição dos professores coordenadores, o quanto acha que foram relevantes para o resultado final das atividades?
a) Pouco – 0 a 25%
b) De forma mediana – 25 a 50%
c) Muito – 50 a 75%
d) Bastante – 75 a 100%
Apêndice II - Ficha de Avaliação dos Jurados
Critérios |
1 a 5 |
Houve criatividade na elaboração da adaptação? |
|
O desempenho na apresentação é satisfatório? |
|
A peça causa interesse no público? |
|
Há clareza na organização do espaço? |
|
O cenário é bem montado? |
|
Há boa interação com o público? |
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Os efeitos de som ou imagem e o figurino são coerentes e adequados? |
|
Total (Pontos) |
Publicado em 12 de janeiro de 2021
Como citar este artigo (ABNT)
FONSECA, Maria gabriella Flores Severo; KRAMER, Carla Cristina. Projeto TeatroCafé: adaptações teatrais de William Shakespeare como incentivo à apreciação dos clássicos universais da literatura. Revista Educação Pública, v. 21, nº 1, 12 de janeiro de 2021. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/1/projeto-teatrocafe-adaptacoes-teatrais-de-william-shakespeare-como-incentivo-a-apreciacao-dos-classicos-universais-da-literatura
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