Gêneros textuais e ensino de Língua Portuguesa

Francisca Emilli Silva Freire

Licencianda de Pedagogia

Maria Auxiliadora Bezerra é licenciada em Letras pela Universidade Estadual da Paraíba, mestre, doutora e pós-doutora em Estudos Românicos pela Université de Toulouse-Le Mirail (França). Atualmente, é docente na Universidade Federal de Campina Grande, onde atua na graduação e na especialização do curso de Letras, na área de Linguística Aplicada, em que desenvolve trabalhos sobre ensino de língua materna, leitura/escrita e ensino de texto, vocabulário e avaliação da aprendizagem.

No livro Gêneros Textuais e Ensino, ela relata a importância do ensino de Língua Portuguesa no Brasil no capítulo “Ensino de Língua Portuguesa e contextos teórico-metodológicos”, que é dividido em três partes: contribuições teóricas (sobre aprendizagem, letramento e gêneros textuais); renovações metodológicas; e a presença de textos da mídia no ensino de Português.

Na primeira parte, a autora destaca algumas teorias que contribuem e influenciam a metodologia de ensino de Língua Portuguesa, como: a teoria sociointeracionista vygotskiana de aprendizagem, as de letramento; e as de texto/discurso, que possibilitam considerar aspectos cognitivos, sociopolíticos, enunciativos e linguísticos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem de uma língua.

De acordo com Vygotsky, citado por ela, a concepção de aprendizagem reflete a importância da dimensão social no processo de desenvolvimento do ser humano; essa interação se dá entre o ser humano e o meio social e cultural em que se insere. A linguagem falada e a escrita possibilitam o desenvolvimento de processos psicointelectuais; no entanto, a escrita propicia modos diferentes e ainda mais abstratos de pensar, de se relacionar com as pessoas e com o conhecimento. A autora se baseia nas contribuições de Vygotsky, pois ele ressalta a importância da aprendizagem na apropriação dos conhecimentos construídos pelo indivíduo, possibilitando novas formas de pensamento, inserção e atuação em seu meio.

Segundo Bezerra, qualquer contexto social ou cultural que envolva a leitura ou a escrita é um evento de letramento, o que implica a existência de inúmeros gêneros textuais culturalmente determinados; sendo assim, não são aprendidos e usados igualmente por todos: aqueles que são rotinizados por grupos sociais influentes não chegam à população em geral, pois, subjacentes a essas práticas, há os mecanismos sociopolíticos e ideológicos de controle dos recursos materiais e simbólicos. O gênero é fundamental na escola, de acordo com os citados Schneuwly e Dolz; ele que é utilizado como meio de articulação entre as práticas sociais e os objetos escolares, mais particularmente no domínio do ensino da produção de textos orais e escritos; esse estudo pode ter consequência positiva nas aulas de Português, pois leva em conta seus usos e funções numa situação comunicativa.

Na segunda parte ela aborda as renovações metodológicas do ensino de Língua Portuguesa; a partir da década de 1950, as transformações começaram a acontecer. A autora relata que, por pressão das classes populares, a escola passou a receber alunos de outras camadas sociais, com práticas de letramento diferentes daquelas conhecidas. Com o aumento da população escolar, ampliou-se o número de professores; com a ampliação das pesquisas sobre língua, ensino-aprendizagem e letramento e com a intervenção do Estado, a partir da última década do século XX os livros didáticos sofreram mudanças em seus conteúdos, metodologias e concepções teóricas, sendo necessário que ampliassem sua variedade textual.

Na terceira e última parte, a autora explana os textos da mídia do ensino de Língua Portuguesa; ela relata que, do ponto de vista linguístico, a língua era concebida como um instrumento de comunicação, por influência da teoria da informação que se divulgava na época; assim, a língua era um código por meio do qual se enviavam mensagens de emissores para receptores com funções variadas: emotiva, conativa, referencial, fática, metalinguística e poética. Nos anos 1980 foram publicadas obras de divulgação como apoio metodológico para o estudo de textos jornalísticos. A autora cita Estrutura da notícia (1987) e Linguagem jornalística (1985), de Nilson Lage, e O jornal na sala de aula (1989), de Maria Alice Faria. Pode-se perceber que os textos jornalísticos estão cada vez mais presentes nas aulas e manuais de língua.

De acordo com as ideias da autora e das contribuições de outros autores mencionadas por ela, podemos perceber o quanto são importantes as metodologias de ensino da Língua Portuguesa, pois ela ajuda a compreender melhor o funcionamento das práticas sociais de leitura e escrita que se dão pelo letramento. A autora abre nossos olhos para a importância do papel da escola no acesso à construção do conhecimento e das práticas de letramento, uma vez que ela ressalta que o letramento não é único, mas que há vários.

Concordo com a autora quando ela diz que o estudo dos gêneros pode ter consequências positivas nas aulas de Português, pois leva em conta seus usos e funções numa situação comunicativa. Portanto, esse estudo é fundamental no âmbito escolar, já que irá favorecer a aprendizagem significativa do aluno na leitura e na escrita de textos e ampliará seus conhecimentos para determinadas situações sociais.

O estudo desse capítulo tem o objetivo de revelar metodologias de ensino da Língua Portuguesa voltadas a estudantes de licenciatura e para educadores e professores já formados, de modo que assim possam utilizar de maneira mais ampla a didática, de acordo com qualquer área na educação.

Referências

BEZERRA, Maria Auxiliadora. Ensino de Língua Portuguesa e contextos teórico-metodológicos. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva; MACHADO, Ana Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (Orgs.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. p. 37-46.

Publicado em 11 de maio de 2021

Como citar este artigo (ABNT)

FREIRE, Francisca Emili Silva. Gêneros textuais e ensino de Língua Portuguesa. Revista Educação Pública, v. 21, nº 17, 11 de maio de 2021. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/17/generos-textuais-e-ensino-de-lingua-portuguesa

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