Desenvolvimento de uma sequência didática investigativa apoiada pelo uso da tecnologia da informação e comunicação
Vanesa da Paz Reis da Silva
Professora de Ciências e Biologia das redes municipal e estadual do Rio de Janeiro, mestre em Ensino de Biologia (UFRJ)
Andrea Thompson da Poian
Professora titular do Instituto de Bioquímica (IBqM/UFRJ), doutora em Química Biológica
Edson Paulino da Silva
Professor de Informática do ensino básico na rede particular do Rio de Janeiro, pedagogo (UFRRJ)
Nos dias atuais, as tecnologias de informação e comunicação (TIC) têm sido cada vez mais presentes na vida escolar, mostrando-se como um novo paradigma (Barreto, 2003). Práticas pedagógicas conservadoras e acríticas não são mais aceitáveis numa era marcada pela globalização, com avanços dos meios de comunicação e de informática associados à mudança de paradigma da ciência (Berhens, 2013). Os seres humanos mudaram sua forma de comunicação, e isso acabou interferindo em como memorizam e raciocinam. Esse novo modelo de comunicação traz novas exigências, inclusive na forma de educar (Costa Jr., 2011). Outro fator que justifica o uso das TIC são os imensos volumes de novos conhecimentos e informações que são gerados diariamente, sendo impossível memorizá-los ao mesmo tempo (Lévy,1999). Pierre Lévy afirma que a educação na era digital se dá preferencialmente por conhecimentos emergentes, abertos, contínuos, em fluxo, não lineares, de acordo com objetivos propostos, levando em consideração uma educação mais singular, se ajustando às características dos alunos contemporâneos.
Para Moran (2013), a escola necessita cada dia mais oferecer aos alunos um aprendizado de forma integral, humana, afetiva e ética para desenvolver cidadãos capazes de opinar nas questões sociais.
Diversos motivos têm sido apontados para o uso das TIC em ambiente educacional, dentre os quais destacamos: melhora a aprendizagem contínua, otimiza o tempo de aula, amplia o alcance e a equidade em educação, permite que se aprenda em qualquer hora e lugar, constrói novos espaços individuais e coletivos, facilita o aprendizado personalizado, permite feedback imediato, melhora a comunicação, a motivação e o engajamento dos alunos (KENSKI, 2012).
É preciso saber usar a tecnologia escolhida de forma pedagogicamente correta para garantir que seu uso alcance resultados positivos (Gómez, 2015; Kenski, 2012; Moran, 2013; Struchiner; Ramos; Serpa Jr, 2016). Nesse diapasão, Behrens (2013) diz que o desafio imposto aos educadores atualmente é mudar o eixo do ensinar para optar pelos caminhos que levem ao aprender. Todos os autores citados concordam que as TIC não são uma solução para educação; são apenas uma das alternativas em meio a outras tantas.
De acordo com a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a escola como espaço de aprendizagem deve favorecer ambientes em que os alunos possam investigar, refletir, aplicar e socializar o que foi aprendido (2018). Esse documento corrobora as ideias dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), de 1999, que prezam pela autonomia e participação ativa do aluno na construção do conhecimento. Ambos são documentos oficiais e norteadores da educação brasileira, orientam o uso de tecnologias, relacionando seu uso como agente “motivador” para os estudantes. Os PCN citam:
A tecnologia é um instrumento capaz de aumentar a motivação dos alunos, se a sua utilização estiver inserida num ambiente de aprendizagem desafiador. Não é por si só um elemento motivador. Se a proposta de trabalho não for interessante, os alunos rapidamente perdem a motivação (Brasil,1999).
Diante disso, surgiu o interesse de desenvolver um site com caráter de intervenção pedagógica, aliando as TIC a uma abordagem de aprendizagem investigativa no ensino de Biologia, com o virtual e o presencial unindo-se, tentando suprir as deficiências em uma só escola (Costa Jr., 2011).
Dirigimo-nos mais especificamente ao tema Fotossíntese, considerando que ele apresenta características nada atrativas e motivadoras para os estudantes, que apresentam concepções alternativas sobre esse assunto (Kawasaki; Bizzo, 2000). A fotossíntese é hoje entendida como a transformação de energia luminosa em energia química por meio de um fenômeno biológico, no qual os organismos clorofilados assimilam o carbono, na forma de gás carbônico, e utilizam a energia luminosa para convertê-lo em matéria orgânica, usada para as atividades vitais da planta (Raven, 2014).
Em face do exposto, entendemos que este trabalho é relevante para os professores do ensino básico, porque possibilita novas oportunidades de interação com os educandos, o que pode vir a melhorar a qualidade do ensino, permitindo maior aprofundamento do conteúdo fotossíntese, na adoção de uma perspectiva de abordagem investigativa.
As TIC e o ensino de Ciências e Biologia baseado na investigação
As dificuldades relacionadas ao ensino de Biologia são inúmeras, uma vez que existem processos que são impossíveis de serem observados pelos alunos na prática. Os recursos tecnológicos apoiam os professores nesse sentido. Eles ampliam as possibilidades, podendo simular, visualizar e manipular processos biológicos potencializando a compreensão dos conteúdos que, na maioria das vezes, são abstratos e oferecem dificuldades para serem entendidos pelos educandos (Gregório; Oliveira; Matos, 2016).
O estudo da fotossíntese é apontado em vários estudos (Kawasaki; Bizzo, 2000; Charrie; Canal; Rodrigo, 2006; Torres, 2013; Zompero; Laburú, 2011) como de difícil ensino por professores, bem como de alta dificuldade de aprendizado pelos alunos. Neumann (2013) propõe uma visão holística e participativa necessária para que o aluno compreenda o fenômeno, reconhecendo sua importância para os seres vivos e o meio ambiente. Kawasaki e Bizzo (2000), após analisarem as concepções alternativas dos estudantes do Ensino Fundamental, destacam:
Mais do que a correção conceitual que se espera nos estudantes, deve-se prestar atenção às relações funcionais entre as estruturas envolvidas na nutrição vegetal, a partir de uma abordagem integrada do organismo e deste com o ecossistema, envolvendo as transformações de matéria e energia que ocorrem nos processos biológicos. É importante também inter-relacionar aspectos macro e microscópicos em um mesmo organismo, desde o nível celular até as trocas gasosas com o meio ambiente. Significa dizer que, no ensino de Ciências, a fotossíntese não deve ser abordada como um tópico isolado, mas no contexto dos processos que realizam a nutrição autotrófica (2000, p. 28).
Completando a discussão sobre a forma de abordagem do tema, Lopes (2010) sugere aos professores que, durante as aulas, é importante contextualizar que a construção do conhecimento científico sobre esse fenômeno demorou em torno de 200 anos para ser totalmente descoberto. Segundo a autora, isso permite a melhora na compreensão por parte dos discentes, podendo o professor desse modo trabalhar os aspectos políticos, econômicos e sociais envolvidos, aumentando a qualidade do ensino.
Dentre as teorias e concepções pedagógicas que mais têm influenciado o ensino de Ciências e Biologia nas últimas décadas, as investigativas foram as mais evidenciadas, e as sequências didáticas têm sido frequentemente utilizadas como ferramenta pedagógica pelos professores a fim de dinamizar suas aulas.
As sequências didáticas são um conjunto de atividades articuladas e organizadas de forma sistemática, em torno de uma problematização central (Guimarães; Giordan, 2013).
Para Carvalho (2013), o ensino investigativo teve forte influência da perspectiva construtivista, tendo o autor John Dewey como exemplo de um dos seus seguidores. E a autora orienta que, para elaboração de uma sequência didática investigativa (SEI), o docente deve planejar sua aula em quatro eixos: a) problematização, b) sistematização, c) contextualização, d) avaliação formativa.
Carvalho fomenta que as etapas devem ser mediadas por interações discursivas, em que professor e aluno e alunos entre si podem trocar suas experiências durante o processo de aprendizagem, oportunizando o aprendiz a desenvolver argumentação cientifica. As ideias da autora atendem o que está descrito na BNCC (2018), deixando claro que o ensino de Ciências deve ser abordado de forma investigativa e os alunos devem desenvolver habilidades como investigar, discutir, concluir, relacionar, justificar e argumentar para que sejam capazes de atuar como cidadãos. Lima (2012) corrobora essas ideias e reforça que
O ensino investigativo é um método que visa estimular os alunos a pensar, questionar e discutir os assuntos em sala de aula através de situações-problema, enigmas ou casos de investigação, podendo contribuir para que estudantes adquiram habilidades a fim de que a aprendizagem dessa matéria se torne mais simples e que possa compreender notícias relacionadas sobre o assunto, se tornando cidadão crítico e autônomo (Lima, 2012, p. 5).
Com isso, entendemos como é importante desenvolver uma ferramenta pedagógica facilitadora para o estudo da fotossíntese que alicerce TIC e abordagem investigativa, de forma a apoiar o ensino presencial.
Metodologia
Este trabalho é do tipo qualitativo, em que o produto desenvolvido é comparado ao referencial teórico estudado, a fim de ter ciência se haveria concordância entre as fontes de pesquisa. O desenvolvimento da SEI sobre o tema fotossíntese e do AVA surgiu em 2019, apresentando caráter interventivo para as aulas de Ciências e/ou Biologia. O produto foi criado a partir de uma reunião com professores pesquisadores de Biologia apoiados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Após várias reflexões, foram traçados objetivos e propostas, oportunizando ao aluno uma participação ativa, sendo ele protagonista durante todo o processo visando uma aprendizagem eficaz. Foi escolhido o construtivismo como aporte teórico para apoiar o desenvolvimento do produto e servir de embasamento para as questões pedagógicas. Após a revisão de literatura, foi confirmado que os teóricos construtivistas e a abordagem investigativa se aproximam, mostrando convergência epistemológica. A SEI disponibilizada no ambiente virtual de aprendizagem (site) que servirá de apoio ao ensino presencial para docentes de Ciências e Biologia foi desenvolvida a partir das ideias de Carvalho (2013), seguindo aqueles quatro eixos preestabelecidos, garantindo o caráter investigativo; repetindo: (a) problematização, (b) contextualização, (c) sistematização, (d) avaliação formativa (conceitual, atitudinal, procedimental). Esta avaliação acontecerá durante todo o processo. Para garantir as etapas investigavas no site, foi criada uma estratégia em que o aluno terá acesso a uma etapa somente quando concluir a anterior. Vale ressaltar que o presente trabalho não foi submetido ao comitê de ética (CEP) por não envolver pesquisa direta com seres humanos.
Resultados e discussão
A descrição da sequência didática principal, idealizada para este projeto, a ser estruturada dentro do ambiente virtual de aprendizagem alternando com aulas presenciais está relatada a seguir.
Na primeira aula, o professor responsável apresentará o planejamento da SEI para os alunos e como eles devem proceder ao entrar no site, cujo endereço deve ser fornecido junto com as orientações cadastrais. Os conhecimentos prévios dos alunos deverão ser levantados no início da aula.
De acordo com a teoria piagetiana, qualquer conhecimento novo tem origem em outro saber anterior. Em outras palavras, na visão construtivista não é possível iniciar uma aula sem saber o que os estudantes entendem sobre o assunto (Carvalho, 2013). Sob o mesmo viés, a abordagem de ensino de Paulo Freire dispõe sobre a importância do senso comum trazido pelos alunos para a sala de aula na construção do conhecimento, em que a relação entre sujeito e objeto é intrínseca para que haja uma real “significação e construção de saberes” (Solino; Gehlen, 2014).
Aula 1 - Problematização: aula presencial expositiva consistindo no histórico do estudo científico da fotossíntese, que será interrompida com um problema (uma pergunta) que dará partida para um experimento preestabelecido sobre o assunto – 1 tempo de 50 minutos.
A problematização é um momento em que o professor desafia o aluno a buscar respostas por meio de referências que contribuam para a solução do que está sendo perguntado. Nesse momento, cabe ao docente envolver os alunos instigando o processo de colaboração. Isso permite que eles se envolvam com a proposta e percebam que o encontro para a solução depende do desempenho de cada um deles. É fundamental deixar claro que as respostas de um problema não são prontas, fechadas, absolutas e inquestionáveis, e que elas são possíveis naquele momento histórico. A partir de então, eles podem levantar hipóteses, as quais devem ser registradas, e o docente deve possibilitar uma forma para que os alunos tenham condições de testá-las (Masseto, 2013).
- Atividade 1 - a distância (casa): o aluno (individualmente) deverá realizar o experimento que está disponível no site. Há um modelo de roteiro científico para realização do experimento e anotação dos dados.
Segundo Moran (2013), as atividades de investigação – neste caso, experimentais – têm a finalidade de incentivar o aprendiz a selecionar, organizar, comparar, analisar e correlacionar dados e informações, a fazer inferências, testar e checar hipóteses, comprovar e refutar ideias e tirar conclusões. Assim, quando debater os resultados e/ou confrontá-los com outros grupos e com o professor, quando poderá dirimir suas dúvidas, oportunizando aprendizagem colaborativa.
Aula 2 - Atividade 2 – presencial: socialização e discussão dos resultados do experimento em sala de aula e/ou laboratório, na qual os alunos terão a oportunidade de trocar experiências, cruzar dados e chegar a conclusões de maneira colaborativa - 2 tempos de 50 minutos cada.
De acordo com Dewey, para o sucesso do processo educativo é necessária a comunicação entre pessoas, para que possam trocar ideias, experiências, sentimentos, isto é, promover uma interação dialógica, construindo-se na linguagem a formação do indivíduo dentro do saber e da experiência. Portanto, com base nesse pensamento, o estudante desenvolve o ato de pensar com início na interação dialógica dentro de uma prática cooperativa. Segundo ele, cada educador deve promover hábitos de reflexão, comunicação e democracia, pois estes não são espontâneos, cabendo à escola promovê-los (Pedagogia Diretiva)(Cabral, 2017).
- Atividade 3 - a distância: os alunos terão acesso a materiais complementares, como artigos para contextualização do assunto, e consolidação do conteúdo.
Segundo Moran (2013), esta etapa pode ser considerada como a de complementação para o problema. Textos, vídeos e exercícios, entre outros recursos, proporcionam chances aos alunos de interagir melhor, pela busca de novas informações, lendo novos textos, relacionando-se com novos contextos. Isso permite a interiorização para que o discente possa elaborar novas sínteses.
Aula 3 - Atividade 4 – presencial: aula teórica expositiva no ambiente escolar, em que os alunos, divididos em grupos, realizarão exercícios contextualizados no site - 2 tempos de 50 minutos cada.
Na perspectiva de Dewey, apesar de ser defensor da pedagogia diretiva, ele nos orienta que a aula expositiva não deve ser dispensada, porque a comunicação no processo ensino e aprendizagem é essencial na transmissão de informações para que o aluno adentre a linguagem, podendo pensar e interagir. Para o filosofo, o objetivo da aula expositiva é fornecer material que o estudante utilize como objeto de reflexão e investigação, e não somente oferecer respostas prontas ao educando (Cabral, 2017).
- Atividade 5 - a distância: os alunos, divididos em grupo, deverão procurar o experimento (entre os protocolados no site) que mais se ajuste à proposta da atividade anterior.
Aula 4 - Atividade 6 – presencial: aula prática no laboratório do espaço escolar, onde os alunos, divididos em grupos, deverão montar o experimento - 2 tempos de 50 minutos cada.
Nessas atividades, os alunos terão autonomia de propor uma experiência nova, já que na primeira atividade eles adquiriram “alguma experiência” de prática laboratorial pertinente ao fazer científico. Sobre isso, Dewey propõe o aprofundamento dos conteúdos à medida que o estudante aumente sua maturidade sobre o assunto. Segundo ele, o conhecimento adquirido em cada nova experiência faz com que o aluno se relacione com novos objetos e acontecimentos que exigem novas capacidades que definirão e ampliarão o conteúdo dessas experiências (Cabral, 2017).
- Atividade 7 - a distância: cada grupo participará de um fórum no site em que poderão colocar como fizeram seus experimentos e a que conclusões chegaram. Os alunos apresentarão os dados do segundo experimento com um gráfico ou tabela.
Para Palácio e Struchiner (2016), o fórum é uma ferramenta prática que serve de apoio às aulas, fomentando a interação social, promovendo atividade colaborativa, estimulando o diálogo, a socialização e uma melhor comunicação.
- Atividade 8 - a distância: no site, os alunos terão acesso a um vídeo sobre fotossíntese, e depois farão um glossário [Atividade 9] sobre o tema estudado que servirá para sistematizaro conteúdo ou como avaliação.
Segundo Barreto (2014), as memórias de curto prazo são mais acústicas, e sua eficácia é bem maior para armazenar falas contendo informações, pois nesse caso são ativadas áreas do cérebro que igualmente são utilizadas na fala. Os sentidos de audição e visão são processados no cérebro em áreas onde se processam as memórias e os neurônios espelho, influenciando na aprendizagem. Isso justifica nossa opção pelo vídeo.
O glossário é uma ferramenta colaborativa que tem como característica tornar possível que os estudantes apresentem definições para termos que foram estudados durante as aulas, dando ênfase a um trabalho de produção própria, oportunizando o protagonismo dos educandos, o que leva à autonomia e à construção coletiva. Essa modalidade didática funciona como dicionário. Pode ser utilizado pelo aluno para revisão, sistematização e aprofundamento do assunto e, se for conveniente, utilizado como avaliação conceitual pelo professor (Moran, 2013).
Utilização do ambiente virtual de aprendizagem (site)
Para ter acesso ao site, basta visitar o endereço eletrônico www.profbiovanesa386.com.br. Alguns recursos podem ser acessados por visitantes mediante cadastro, identificação (login) e senhas individuais, com exceção de conteúdos disponíveis apenas como degustação para algum interessado.
Na concepção de Krasilchik (2016), o objetivo de ensinar Biologia e afins é dar oportunidade ao aluno para que ele aprenda conceitos básicos, explore o processo de investigação científica e seja crítico às implicações da ciência e tecnologia abarcando as dimensões ambiental, filosófica, cultural, histórica, médica e ética. Com base nisso, o aluno deverá ser capaz de tomar decisões conscientes, inserido no contexto científico, transformando sua própria vida e podendo analisar criticamente e expressar opiniões diante da sociedade (Carvalho, 2013). Isso nos remete à educação na visão deweyana, que se dá justamente na reconstrução da experiência, oferecendo gradativamente mais sentido e capacidade de encontrar respostas para os problemas da sociedade (Cabral, 2017). Concordamos com essas ideias; a partir dessas premissas, foi desenvolvido um site com recursos para que os estudantes alcancem esses objetivos.
O site apresenta ferramentas que permitem que os usuários tenham acesso às informações, aos conteúdos relacionados à fotossíntese e à comunicação entre os usuários, todos desenvolvidos com pressupostos pedagógicos, dentro de uma perspectiva construtivista.
O diferencial desse site em relação aos outros sobre fotossíntese é que foi desenvolvida uma estratégia em que as ferramentas contendo materiais de apoio serão liberadas gradativamente, ou seja, outra atividade será liberada somente quando o aluno terminar determinada atividade. Com isso, o site passa a ter um enfoque investigativo, em que o aluno não tem as respostas prontas sobre suas dúvidas, e sim oportunidades para que possa levantar suas hipóteses, pesquisar, questionar, discutir, concluir e chegar à resposta, o que configura a abordagem investigativa de fato, como foi apresentada anteriormente. Em suma, o professor responsável terá acesso à etapa do processo investigativo em que o aluno ou o grupo se encontram. Com isso, ele manda informação ao coordenador que alimenta o ambiente e que libera os acessos às etapas investigativas progressivamente. O professor pode trabalhar dificuldades que algum aluno apresente através de e-mail ou presencialmente.
Ao acessar o site, o usuário visualizará a tela inicial, composta de três cards: um com objetivos do site, outro com um mural de notícias para os alunos da escola e, por fim, um com a música Luz do sol, de Caetano Veloso, que visa contextualizar o tema abordado. A parte superior da tela apresenta um menu com abas que direcionarão os usuários para outras páginas. São elas: Home, Professor, Agenda, Chat, Fórum, Contato, Artigos, Vídeos, Atividades (alunos), Jogos, Glossário, Galeria de fotos e um link de acesso (Figura 1).
Figura 1: Página inicial do site
Na aba Professor, os docentes de Ciências e/ou Biologia terão acesso à SEI, que poderá ser realizada na íntegra ou adaptada de acordo com a realidade da sua escola. Nessa aba ainda há orientações para o docente, para que ele estimule debates e reflexões (interações discursivas), conforme recomenda Carvalho (2013), e não utilize as SEI como é feito no método tradicional (Figura 2).
Figura 2: Aba Professor, disponível no site
Na aba Agenda, o aluno terá acesso a eventos criados pelo professor. Esses eventos são destacados na cor verde para facilitar no momento da visualização, bem como na sua orientação. Nesse link, os alunos têm acesso aos seus compromissos acadêmicos. Ao clicar na data marcada em verde, aparece um card com local, hora e descrição do compromisso.
Na aba Contato, será possível ao aluno enviar um e-mail para seu professor. Essa ferramenta foi desenvolvida para alunos que queiram entrar em contato de forma assíncrona para tirar dúvidas ou resolver problemas específicos sem se expor no chat ou no fórum. Essa ferramenta, além disso, estará disponível para alunos e professores visitantes.
Na aba Artigos, os alunos poderão ler trabalhos sobre fotossíntese que serão previamente selecionados de acordo com o grau de dificuldade para estudantes do Ensino Médio e/ou Fundamental. Os professores de Biologia cadastrados poderão sugerir novos artigos, que serão inseridos pelo coordenador do site. Cabe ressaltar que essa ferramenta somente estará disponível para os alunos a partir da Aula 3, depois que as Atividades 1 e 2 tiverem sido concluídas, para não desqualificar o caráter investigativo das aulas. Alunos e professores visitantes cadastrados podem ter acesso a esse recurso, mas terá que ser liberado pelo coordenador do site.
Na aba Vídeo, estão disponíveis videoaulas de autoria do professor pesquisador. Esse é um recurso didático para o aluno que, ao chegar nessa fase da sequência didática, ainda possa ter dúvidas. Essa ferramenta será igualmente liberada de forma gradativa, caracterizando o ensino investigativo. Professores e alunos visitantes, da mesma forma, poderão ter acesso a esse recurso.
Usando a aba Chat, que é uma ferramenta síncrona, alunos e professores podem trocar informações em tempo real. Nela é permitida a troca de ideias, formação de debates e resolução de dúvidas diversas, oferecendo rápido feedback ao estudante.
O Fórum, ferramenta assíncrona, é o espaço onde os alunos na aula presencial serão orientados a postar:
- suas hipóteses a partir da pergunta inicial;
- suas hipóteses a partir da problematização;
- os dados de seus experimentos;
- os resultados de seus experimentos;
- suas conclusões;
- sugestões de experimentos baseados em outros protocolados no site.
Essa ferramenta dá ao aluno a oportunidade de ter contato com hipóteses, resultados e conclusões de outros alunos e de outras turmas, podendo opinar, debater e aprofundar seus conhecimentos.
A aba Atividades estará disponível para o aluno que esteja cadastrado. Haverá orientações (guia) sobre seus compromissos durante as atividades (Figura 3).
Figura 3: Aba Atividades para o estudante
Cabe ressaltar que essa ferramenta estará sempre aberta. Na página, o aluno tem acesso a:
- slides com histórico da fotossíntese da primeira aula presencial;
- sequências didáticas;
- uma relação de experimentos sobre a fotossíntese (preestabelecidos);
- modelo de relatório de experimento;
- exercícios objetivos sobre o tema que são sorteados corrigidos automaticamente pelo sistema, permitindo uma autoavaliação do aluno;
- exercícios do Enem sobre fotossíntese;
- um guia para o aluno contendo orientação sobre objetivos e ferramentas do site e a forma como ele deve proceder diante da sequência didática e das aulas investigativas; e
- um vídeo de orientação sobre o site.
Cabe ressaltar que professores cadastrados poderão sugerir material de apoio que futuramente será postado pelo coordenador/administrador do site.
Na aba Jogo, foi desenvolvido um jogo digital (de autoria própria) intitulado Ajude o Calvin a Transformar o CO2 em Carboidrato. Essa ferramenta foi criada com o objetivo de dar ao aluno a oportunidade de conhecer o ciclo de Calvin (2ª etapa da fotossíntese) de maneira lúdica, desafiadora, prazerosa, para que ele chegue a uma aprendizagem definitiva sobre o assunto. A intenção é que o jogador (aluno) ajude o personagem do jogo (Calvin) a transformar o CO2 em carboidrato. O cenário do jogo permite que o personagem principal (Calvin) tenha contato com substâncias químicas que fazem parte do processo e alguns agrotóxicos que podem impedir que Calvin cumpra seu objetivo. Esse jogo dará subsídio ao estudante sobre a fase escura da fotossíntese (Figura 4). Apenas alunos cadastrados poderão jogar. Essa ferramenta será liberada pelo coordenador, a partir da Aula 3 e depois que atividades anteriores tiverem sido concluídas. Os professores cadastrados, caso desejem, podem utilizar esse jogo para problematizar a sequência didática.
Figura 4: Jogo digital Calvin e a Fase Escura)
A aba Glossário está destinada à atividade 9. Um glossário é uma lista alfabética de termos de determinado assunto – que no nosso caso é a fotossíntese. Os alunos serão orientados a construir essa atividade de forma colaborativa, desenvolvendo a inteligência coletiva. Essa atividade será a última da sequência didática e é disponível apenas para alunos do CIEP 386 cadastrados.
As fotos serão disponibilizadas na aba Galeria de Fotos (Figura 5), que é um banco de dados onde estão organizadas as imagens dos alunos fazendo experimentos no laboratório da escola ou a distância. Esse recurso estará disponível durante todo o ano letivo e servirá de inspiração para os alunos realizarem seus trabalhos observando trabalhos de anos anteriores. As fotos podem ser enviadas por e-mail.
Figura 5: Galeria de Fotos
A última aba é um link para que todos os usuários possam se cadastrar e ter acesso aos recursos do site. Nele, professores poderão agendar/alterar atividades importantes, bem como agendar prazos para a entrega de trabalho dos alunos. Portanto, o presente produto tem ferramentas de suporte destinadas à comunicação, à apresentação e à disponibilização de conteúdo.
De acordo com Ventavoli (2015), esse modelo de ensino mediado pelo computador e suas ferramentas e pelo professor permite a exploração do intelecto do aprendiz, assim como a sua capacidade sensorial e motora de modo a valorizar o interesse pela aprendizagem. As contribuições dessa ferramenta para o aluno são diversas. Sobre isso, podemos destacar o desenvolvimento da memória visual e auditiva, a ativação dos dois hemisférios cerebrais (imagens e textos combinados), coordenação motora, memória sequencial, orientação espacial e temporal, controle de movimentos, capacidade representativa, funções simbólicas, curiosidade, criatividade, vontade de aprender. A cognição é trabalhada por softwares específicos que favorecem a capacidade de representação do aluno, passando do virtual para o real.
Diante do exposto, acreditamos que todos esses recursos, possibilitados ao ensino a partir das TIC, farão parte do universo dos professores e alunos, buscando sanar os problemas diários enfrentados no cotidiano das escolas, objetivando uma educação de melhor qualidade. Porém, para que isso ocorra, é preciso que o modelo pedagógico seja discutido, assumindo uma proposta não tradicional de ensino.
Considerações finais
O tema Fotossíntese é de difícil assimilação para os estudantes, que em sua maioria passam pela Educação Básica com conceitos aquém dos aceitos pela comunidade cientifica, retendo explicações apenas de senso comum. Assim, pensar novas práticas para o ensino da fotossíntese é relevante, porque dá aos estudantes oportunidade de compreender um fenômeno natural básico que interfere diretamente no metabolismo dos seres vivos, bem como na dinâmica de funcionamento dos ecossistemas, mantendo condições propícias de sobrevivência no planeta. Esse tipo de ensino, holístico, colabora para a formação de cidadãos críticos, reflexivos, autônomos e participativos.
Nesse panorama, o suporte tecnológico das TIC para um AVA (website) pode ser apresentado como estratégia alternativa para auxiliar os docentes da Educação Básica e contribuir na aprendizagem dos estudantes, sendo permitido seu caráter semipresencial. Esse website pode servir como suporte de aulas presenciais, aplicando abordagem investigativa, acrescentando comunicação síncrona e assíncrona entre professor e aluno, ampliando a contingência de tempo/espaço, incentivando o conhecimento partilhado e a aprendizagem colaborativa. Além disso, propicia que o aluno tenha contato com simulações impossíveis de acontecer em um ambiente precário.
Esse recurso alternativo no ensino da fotossíntese foi pensado e elaborado a partir de fundamentos teóricos combinados à praticidade, devido ao seu baixo custo e sua fácil aplicabilidade.
Nosso grande desafio está pautado nas desigualdades sociais que assolam nosso país, pois é evidente que uma parte da população ainda não tem acesso a celulares, computadores e internet.
Assim sendo, esperamos que seu uso aumente o nível de aprofundamento dos alunos sobre o tema em questão, bem como o interesse e a motivação, objetivando proporcionar um ensino mais prazeroso e agradável, além de um suporte de intervenção pedagógica para os professores.
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Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do Mestrado profissional em ensino de Biologia em rede nacional (Profbio), com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Publicado em 18 de maio de 2021
Como citar este artigo (ABNT)
SILVA, Vanesa da Paz Reiz da; POIAN, Andrea Thompson da; SILVA, Edson Paulino da. Desenvolvimento de uma sequência didática investigativa apoiada pelo uso da tecnologia da informação e comunicação. Revista Educação Pública, v. 21, nº 18, 18 de maio de 2021. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/16/desenvolvimento-de-uma-sequencia-didatica-investigativa-apoiada-pelo-uso-da-tecnologia-da-informacao-e-comunicacao
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