A importância do curso de aperfeiçoamento em atividade física inclusiva na prática pedagógica

Eunice Mendes Straioto

Licenciada em Pedagogia (Ulbra), pós-graduada em Psicopedagogia (Fameesp) e em Neuropsicopedagogia (Faculdade Brasil), professora especialista em Educação Especial e Inclusiva na rede pública municipal de Americana/SP

Atualmente, no cotidiano de salas de aula, o professor encontra muitos desafios a serem enfrentados e um dos maiores é oferecer aos seus alunos uma prática pedagógica inovadora, colaborando para uma educação inclusiva de qualidade.

É oportuno falar que a bagagem de conhecimentos que obtive na realização do curso de aperfeiçoamento em Educação Física Inclusiva em EaD, ao qual associou ricos momentos de aprendizagens, me fez ampliar conceitos, rever atitudes e valores, renovar-me nos mais diversos contextos sociais e de forma mais relevante me fez analisar e avaliar minhas práticas inclusivas diante dos desafios que encontro no cotidiano das salas de aula.

A relevância dessa formação continuada

Na profissão docente, tudo o que se aprende em relação à inclusão não é um fim, sempre há mais o que aprender. A atualidade exige que estejamos mais bem preparados para trabalhar com diferentes situações, por isso um olhar histórico e crítico incidem para reflexão acerca dos pilares estruturais e sustentadores da humanidade, ou seja, do processo de inclusão em que os direitos da pessoa deverão ser respeitados, porém para que isso aconteça é necessário que a sociedade se transforme. – E o professor, como pode manter-se atualizado em meio a tantas diversidades e desafios que o exercício de sua função exige?

Pensando nos desafios diários do profissional da educação e buscando a melhor forma de expandir o aprendizado para melhor atender o aluno com deficiência em suas necessidades, surge-nos a possibilidade de qualificação através de cursos de formação continuada - EaD e este, através de suas ferramentas e metodologias, possibilita ao professor ampliar seus conhecimentos desenvolvendo um trabalho que irá enriquecer suas atividades práticas no exercício da docência.

O preconceito, a segregação e a exclusão, são produtos de uma cultura que erroneamente entende que as pessoas com deficiências não são capazes de conviver e aprender com as demais pessoas.

Diante de muitos desafios e incertezas, esse curso me proporcionou obter respostas às minhas dúvidas, de aprender desde os mais simples conceitos até temas mais complexos nessa área e, ao mesmo tempo me preparar para atender os alunos, frente ao processo inclusivo garantindo seus direitos de aprendizagem quaisquer que sejam suas especificidades.

O curso demonstrou que as terminologias corretas a serem usadas em cada caso de deficiência são importantes a fim de que não gerem ideias de preconceitos e não aceitação. Como ressalta Sassaki (2002, p. 1): “E a terminologia correta é especialmente importante quando abordamos assuntos tradicionalmente eivados de preconceitos, estigmas e estereótipos, como é o caso das deficiências que aproximadamente 14,5% da população brasileira possuem”.

A importância de usar as terminologias corretas em cada caso de deficiência, sem esconder a realidade e ao mesmo tempo abordar cada situação com as devidas precauções que lhe são devidas é dever dos profissionais que trabalham diretamente com as pessoas deficientes. Na profissão de docente, acho extremamente importantes as atualizações nessa área, tendo em vista que os professores são responsáveis por tornar uma sociedade mais justa lutando para que as pessoas não sejam julgadas por suas deficiências e sim pelo que realmente são.

Em Ferreira, (2011, p. 19), observa-se a seguinte contribuição: “Não se rotula a pessoa pela sua característica física, visual, auditiva ou intelectual, porque o indivíduo está acima de suas restrições ou constraints“.

Aprender a respeitar a todos com suas peculiaridades, tornar as aulas mais criativas e dinâmicas oferecendo oportunidades de participação com adequação curricular para os alunos que tem deficiência, intelectual, visual, auditiva, motora ou outras, com diversidades de atividades físicas que podem inclusive ser adaptadas para outras aulas foi o propósito desse curso de inclusão, para todos os seus participantes.

Sendo assim, e com o objetivo de preparar o indivíduo, dando-lhe formação e conhecimento independente de suas dificuldades, observamos aqui a pertinência da contribuição de Ferreira, (2013, p. 17), em relação ao respeito a cada indivíduo:

O desenvolvimento humano permite a cada indivíduo uma progressiva possibilidade de empreender atividades novas, as quais irão conduzi-lo a níveis cada vez mais complexos de conhecimentos, não sendo possível desenvolver os processos de formação sem colocar os problemas do sujeito e das suas capacidades.

Nesse contexto, devemos lançar um olhar especial para cada aluno e lançar também o desafio das mudanças porque elas refletirão diretamente nas relações de maneira humanizada entre alunos, professores, pais, diretores e comunidade escolar. Quanto mais cedo acontecer o processo de inclusão, mais fácil será desconstruir os preconceitos com relação às pessoas com deficiências e expor vários exemplos mostrando que a solidariedade deve-se sobrepor à intolerância e à segregação, e que professores capacitados formam cidadãos conscientes que trabalharão com honestidade, desenvolvendo políticas públicas que favorecerão a sociedade de forma inclusiva. Podemos tentar mudar aos poucos, mesmo sabendo que o resultado irá demorar, mas com educação e cidadania alcançaremos bons resultados. Nesse caso cabe aos professores disseminar essa consciência ética e trabalhar em prol do bem comum. Esse pensamente é também citado por Rose (2002, p. 10):

Nós, educadores, devemos ensinar ética para os nossos alunos, porque ao se formar vem a responsabilidade de trabalhar pelo bem da sociedade. É fundamental desenvolver uma consciência ética, da responsabilidade social do profissional, formar o conceito de cidadania e da atuação em prol do bem comum.

Essas mudanças não são tarefas fáceis e nem recentes, uma vez que a inclusão na escola ou a escola inclusiva não é um assunto novo, tampouco passageiro, mas trata-se de um debate longo e cheio de percalços, com erros e acertos.

Considerações finais

A atuação das práticas citadas em diversos momentos do curso aliada a esta formação, corroboraram para um enfoque inovador no cotidiano de sala de aula, permitindo uma mudança nas minhas atitudes enquanto professora diante do aluno deficiente em vários contextos, de forma a dinamizar o processo de ensino–aprendizagem.

Conheci novos conceitos e novas práticas de aprendizagens. Foram compartilhados importantes momentos da prática dos alunos do curso, mostrando que estes trabalham com tato pedagógico e, desta forma, é possível alcançarmos exatamente o resultado positivo que esperamos.

Acreditamos que uma escola para todos não é construída somente por mudanças internas; é preciso extrapolar os muros, atingindo toda a sociedade. E é nesta certeza que está fundada a razão do meu ofício, que é empenhar-me por fazer o outro crescer, desenvolver e evoluir.

Referências

FERREIRA. E. L. (Org.). Atividades físicas inclusivas para pessoas com deficiência. Vol. 3. Mogi das Cruzes: Confederação Brasileira de Dança em Cadeira de Rodas, 2011.

______. (Org.). Educação física inclusiva. Vol. 4. Juiz de Fora: NGIME/UFJF, 2013.

ROSE, L. Armas biológicas e bioterrorismo - a ameaça silenciosa. Biologia - Jornal do Conselho Regional de Biologia, ano IX, nº 119, p. 10, 10 abr. 2002.

SASSAKI. R. K. Como chamar as pessoas que têm deficiência? Vida independente: história, movimento, liderança, conceito, filosofia e fundamentos, São Paulo, p. 12-16, 2003.

Publicado em 01 de junho de 2021

Como citar este artigo (ABNT)

STRAIOTO, Eunice Mendes. A importância do curso de aperfeiçoamento em atividade física inclusiva na prática pedagógica. Revista Educação Pública, v. 21, nº 20, 1 de junho de 2021. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/20/a-importancia-do-curso-de-aperfeicoamento-em-atividade-fisica-inclusiva-na-pratica-pedagogica

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