Educação Infantil: o lúdico no processo de formação do indivíduo e suas especificidades

Maykon Dhonnes de Oliveira Cardoso

Licenciado em Pedagogia (FAG/IESC), especialista em Gestão, Orientação e Supervisão Escolar (FAEL), professor e coordenador do Curso de Licenciatura em Pedagogia (FACT)

Letícia Alves Batista

Licenciada em Pedagogia (FAG/IESC)

A infância, de acordo com Ariès (1978), é um conceito recente, pois teve sua invenção na modernidade. Neste sentido, o autor relata que a escola cumpriu um papel fundamental no sentido de desfazer a imagem do miniadulto e afirmar uma nova forma de entender a criança. Assim, a escolaridade formal passa a representar a afirmação de benefícios para a criança, como a educação, a formação de competências e a civilidade. As manifestações sobre as dificuldades de aprendizagem das crianças adquirem novos significados de acordo com o tempo e as relações sociais vividas. Com o passar do tempo, a infância passa a ser associada a um período no qual é possível desenvolver várias atividades, entre elas, a educação.

Realizando sinais e gestos no ato de brincar, esclarece Mukina (1996), as crianças recriam os objetos e repensam os acontecimentos que as cercam. Na Educação infantil, o lúdico é uma maneira de oferecer à criança um ambiente de aprendizagem prazeroso, planejado e motivador. Cabe a nós professores proporcionar um ambiente adequado e agradável aos olhos infantis. O perfil da criança ao ingressar na educação infantil se caracteriza pela imaginação, curiosidade, movimento e vontade de conhecer o mundo, principalmente, pelo brincar.

Porém, essa abordagem não é tão simples, é necessário deixar de ver o jogo somente como atividade recreativa e transformá-lo em um tempo bem planejado, capaz de proporcionar a construção de novos saberes na educação infantil,com uma postura inovadora, buscando levar para a sala de aula algo que desperte na criança o desejo de aprender (Piaget, 1967).

Vale ressaltar que a finalidade da brincadeira é primordial na evolução do aprendizado das crianças, visto que, brincando, a criança começa a identificar, criar, relacionar-se e, especialmente, entende a ser, como preconizam os quatro pilares da educação (Delors et al., 1996). Com relação ao tema, Vygostky (1979, p. 45), por sua vez, complementa que “a criança aprende muito ao brincar. O que aparentemente ela faz apenas para distrair-se ou gastar energia é na realidade uma importante ferramenta para o seu desenvolvimento cognitivo, emocional, social, psicológico”. Percebe-se que, para as crianças avançarem no processo de seu desenvolvimento, será necessária uma ação reflexiva de todos os envolvidos na organização escolar.

Além disso, o reconhecimento e respeito a essa fase da infância colabora para que a criança se sinta segura no ambiente. Assim, com as brincadeiras, ocorre o desenvolvimento de habilidades para que ela possa se expressar, bem como a utilização da imaginação para inventar e desenvolver-se em seu espaço. Desta maneira, o objetivo da presente pesquisa consiste em refletir sobre os jogos e brincadeiras enquanto promotores de desenvolvimento na Educação Infantil. Com relação aos caminhos metodológicos, trata-se de um estudo qualitativo, que recorreu à pesquisa bibliográfica porque ela possibilita uma abrangência maior de conteúdo,incluindo documentos legais para o procedimento de coleta de material para o referencial teórico. A relevância do estudo está relacionada às suas justificativas:

  1. a justificativa pessoal e profissional assenta-se no desejo constante de aperfeiçoamento;
  2. vinculada a esta, encontra-sea justificativa acadêmico-científica, uma vez que almejamos contribuir com conhecimento original a respeito da temática, suscitando novas pesquisas na área e agregando conhecimento sobre a ludicidade;
  3. e a justificativa social está ancorada à relevância de estudos que busquem discutir as melhores formas de aprender, principalmente em um período em que se percebe que é necessário melhorar a qualidade da educação das nossas crianças, privilegiando a aprendizagem.

Desse modo, ao percebermos a benéfica relação do brincar com a aprendizagem, tal estudo se apresenta como fonte teórica e incentivadora do uso de atividades lúdicas na educação.

Revisão da literatura

Tratando-se de linguagem e o conceito de “lúdico”, sabe-se que é um termo latino, da palavra ludos, que quer dizer “jogo”. Almeida (1998) vai além do significado linguístico, para ele o lúdico passa a ser uma forma de aprendizagem que se utiliza da brincadeira para que ocorra o processo de conhecimento.

Para Huizinga (2014), o lúdico deve ser entendido como um jogo em sua concepção mais abrangente, após analisar o conceito da palavra em diversas línguas, ele concluiu que, devido jogo ser uma atividade realizada de forma voluntária e que segue seu percurso sob uma orientação com regras, leva o indivíduo a uma reflexão sobre ele mesmo e sua própria existência.  

Segundo Piaget (2010), quando pensamos em termos como jogos e brincadeiras, estes fazem parte da vida humana e se manifestam em toda a existência do indivíduo, por isso elas devem ser observadas com atenção, para que não sejam confundidas com divertimento ou atividade sem direcionamento.

De acordo com Antunes (2004), não se pode separar a ideia de lúdico e o brincar, por isso, no presente trabalho, os termos jogos, brincadeiras, brincar e lúdico serão um só. A partir de um viés psicopedagógico, se sabe que: "Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação" (Brasil, 1998, p. 22).

Observando-se Antunes (2004) e o Referencial Curricular Nacional (1998), os quais explicam que não se pode colocar as atividades de aprendizado e brincadeira em patamares diferentes, visto que as crianças em seu constante aprendizado, é importante a presença do lúdico na educação.

Para além da conceituação do termo, as crianças conseguem apreender coisas do mundo até mesmo quando não há supervisionamento de adultos, bem como a questão da necessidade da brincadeira na vida do ser humano em sua fase infantil é fundamental, por isso, não se pode separar a ideia de “brincar” e a de “lúdico” (Antunes, 2004). Precisa-se entender como e quando ocorreu a chegada do lúdico na educação brasileira.

A chegada do lúdico ao ensino tradicional

Ao se falar do lúdico e sua importância na humanidade, este fez parte de toda a história. Na cultura dos povos primitivos até o século VI, onde tudo era ensinado a partir da imitação, de forma que os ensinamentos eram passados de geração para geração sempre da mesma forma. Santana (2011) explica que nesse período os jogos já existiam como forma de treinamento para a sobrevivência, assim:

no desenvolvimento do brincar proporcionam o primeiro contato com o meio, e as sensações que produzem constituem o ponto de partida de noções fundamentais e dos comportamentos necessários à compreensão da realidade (Aguiar, 2006, p. 23).

Durante os jogos as crianças aprendiam sobre a organização de sua própria comunidade, bem como sobre suas futuras obrigações enquanto adultos. Além disso, o brincar é apresentado como o primeiro contato com as futuras ações da vida adulta, sendo assim a brincadeira apresentava-se como uma formadora da personalidade dos indivíduos de determinada sociedade. Passando para o período da antiguidade, sabe-se que havia uma nova forma de organização social com outra forma de produção econômica; isso ocorreu devido ao avanço social que proporcionou o surgimento da escrita, isto promoveu o nascimento e organização das grandes cidades.

Com a sociedade urbana, surge um novo educar, “este processo aconteceu no âmbito comunitário e eram direcionadas de acordo com o comportamento e educação familiar dos nobres” (Aguiar, 2006). As obras gregas apresentam o cenário educativo na Grécia Antiga. Platão, por exemplo, explica que “os primeiros anos da criança deveriam ser ocupados com jogos educativos, praticados pelos dois sexos, sob vigilância e em jardins de infância” (Almeida, 2012, p. 119).

A partir das informações dadas pelos gregos, sabe-se que a educação na antiguidade se utilizava de jogos e brincadeiras para formar os futuros cidadãos, mas isto ocorria somente com os meninos, já que se trata de uma sociedade patriarcal, onde as mulheres não eram consideradas cidadãs (Aguiar, 2006).

Voltando à questão da ludicidade, sabe-se que muitas brincadeiras e brinquedos utilizados hoje vieram da Grécia. Os gregos preocupavam-se em criar jogos que pudessem aprimorar cada vez mais o processo educativo.  

De acordo com Manson (2002), os dados nasceram na Grécia e até hoje são usados em brincadeiras e jogos, tanto por crianças como adultos. Na antiguidade os jogos possuíam grande importância. Isto passou a ser estudado no período romano como um facilitador do conhecimento. Assim como os gregos, os romanos cultivavam a ideia de que as crianças deveriam aprender através de brincadeiras que as preparassem para a vida adulta, já que o futuro homem só poderia ser feliz exercendo a função na qual foi designada a ele desde a infância (Queiroz, 2009).  

Passado o período romano, a humanidade entrou na era medieval, está também foi marcada pela forma como os gregos viam o mundo. Sendo a sociedade marcada pela presença da igreja como elemento do Estado, os jogos também passaram a ser tese de assunto dos pensadores da época (Queiroz, 2009).  

De forma ainda mais rigorosa, sabe-se que as crianças eram moldadas de acordo com suas funções já determinadas pela classe na qual pertencia, sendo assim, não havia infância para os medievais. Diante disso, os jogos e brincadeiras eram presentes apenas na vida de nobres e cavaleiros. Manson explica que

apenas alguns raros textos, que falam de crianças educadas em instituições religiosas evocam arcos e jogos de paus, de modo bastante impreciso. É necessário esperar pelo final do século XII para ver ressurgir explicitamente, nas fontes escritas, a ideia de jogo (2002, p. 33).

De acordo com o trecho, percebe-se pouca ou nenhuma produção de jogos por parte da igreja no período medieval. As crianças não exerciam aprendizado lúdico, isto só viria a acontecer após o mundo se voltar para as ideias humanistas (Manson, 2002).

No Renascimento, período identificado como aquele que foi palco das ideias humanistas, precisamente séculos XV e XVI. A preocupação de filósofos e outros pensadores da educação era com uma formação fora dos padrões eclesiásticos; assim os jogos passaram a ser novamente objetos de estudo quando se trata de aprendizagem (Queiroz, 2009).

No período da Revolução industrial, já se ocorria diversas mudanças no comportamento da sociedade, apesar dos jogos serem novamente foco de aprendizado, estes só faziam parte da vida dos filhos de burgueses, nos quais possuíam acesso à educação. As crianças em geral permaneciam com a sua infância misturada à vida adulta, como na Idade Média, visto que eram obrigadas a trabalhar para ajudar no sustento da família (Hobsbawm, 1996).

O lúdico passou a ser ferramenta de ensino em escolas públicas após um longo período de mudanças sociais que também ocorreram graças a promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, no ano de 1948. O lúdico na sociedade brasileira adentrou-se de forma peculiar, a próxima seção tratará disto (Queiroz, 2009).

O lúdico no Brasil – política pública

No Brasil, as práticas recreativas de jogos estão intimamente ligadas ao desenvolvimento dos cursos de Educação Física. Portanto, ela faz parte da história da educação brasileira, já que foi nas escolas do século XIX no método médico educativo-higienista (Mello, 2003). Segundo Zucoloto (2007), foi um método aplicado nas escolas brasileiras do século XIX que visavam a preservação e aprimoramento da saúde de crianças e adolescentes, foi uma necessidade que a educação da época percebeu diante de uma situação de diversas doenças que acometiam a população. Ela passou a se tornar um problema de saúde pública. Portanto, o modelo educativo atuaria na prevenção de doenças e cura de doenças diversas. Zucoloto (2007) explica que a recreação quando foi inserida no contexto educacional como uma alternativa de cuidado com a saúde da população. Foi um instrumento pedagógico com o objetivo de manter a saúde física. Nesse sentido, o objetivo não era ensinar através da brincadeira, mas sim formar um cidadão saudável.

Apesar disso, a sociedade brasileira adquiriu para si muitos jogos, misturaram-se principalmente jogos provenientes da cultura negra, portuguesa e indígena. Sendo assim, o brincar no Brasil revela o fruto de uma mistura de diversas etnias (Kishimoto, 1997).

A educação brasileira no século XX sofreu grande influência de visões diferenciadas sobre o ensino, como a Pedagogia Nova. A Escola Nova foi um movimento europeu e norte-americano surgido no fim do século XIX como uma nova forma de educação que questionava o ensino tradicional. Eles eram influenciados pelos conhecimentos científicos principalmente ligados à psicologia e biologia, estas áreas do conhecimento davam fundamento a um posicionamento onde os indivíduos deveriam ter seus corpos e psicológicos moldados na educação. No Brasil, a Escola Nova objetivava modernização do ensino, sua democratização diante da sociedade industrial que estava ali surgindo (Herschmann, 1992).

Com o desenvolvimento da Escola Nova, a recreação passou a compor o quadro de muitas escolas. Lourenço Filho (1978) destaca a recreação como necessária na formação do indivíduo, um elemento que carregava os valores e a cultura dos grupos sociais. Após a década de 1930, muitos estudos pedagógicos se voltaram para os temas de recreação e atividades lúdicas.

Na década de 1980 as atividades lúdicas chegam ao seu ápice de debates no cenário de pesquisa brasileira, pois a valorização da educação da criança infantil vira alvo das políticas públicas, em que a preocupação era a questão do assistencialismo e também da qualidade do ensino. Isto porque a sociedade havia mudado e a mulher acessando o mercado de trabalho (Herschmann, 1992).

Diante de tal contexto, as crianças de zero a seis anos passaram a ser asseguradas na Constituição Federal de 1988 do direito a educação, mais precisamente no Art. 208, inciso IV, “que é dever do Estado garantir o atendimento em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade” (Brasil, 1988).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394, que foi promulgada em dezembro de 1996, em concordância com a Constituição Federal de 1988, reforçou a garantia do Ensino Infantil de qualidade a ser oferecido pelo Estado. Em 1996, o Ministério da Educação e do Desporto lançou diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil, mais conhecidas como Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), o documento “constitui-se em um conjunto de referências e orientações pedagógicas que visam a contribuir com a implantação ou implementação de práticas educativas de qualidade que possam promover e ampliar as condições necessárias para o exercício da cidadania das crianças brasileiras” (Brasil, 1998, p. 13).

Observando-se o RCNEI, percebe-se que ele se volta para a vida da criança com relação a todas as suas particularidades, inclusive com a sua forma de brincar, sendo assim, o lúdico passa a ser um direcionador para a educação infantil, visto que a brincadeira é uma atividade característica da fase infantil do ser humano, de acordo com o RCNEI:

Nessa perspectiva as crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação (Brasil, 1998, p. 21-22).

Segundo o RCNEI, é a partir da brincadeira que a criança constrói seus vínculos afetivos; a partir disso, ela se reconhece enquanto ser humano e seu “estar” no mundo. Por isso orienta a aplicação de atividades lúdicas como algo cotidiano na vida das crianças. Apesar da garantia das leis, ainda se discute muito sobre o papel do lúdico, seus benefícios e desafios na sociedade brasileira. A próxima seção tratará de um estudo que procurará abarcar o tema.

Benefícios e desafios do ensino através do lúdico no Brasil

Para Santos (2002), a atividade lúdica é indispensável para o ser humano, pois possibilita a apreensão de conteúdo de forma mais natural, para o pesquisador:

O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, expressão e construção do conhecimento (Santos, 2002, p. 12).

Conforme afirma Santos (2002), a aprendizagem através do brincar possui uma importante função na estruturação do intelecto da criança, pois apresenta o estado de sua cognição, suas capacidades motoras e cinco sentidos, bem como, também possibilita verificar como a criança se encontra no mundo através da sua linguagem e comportamento.

Para Almeida (2012), o lúdico contribui sistematicamente para a formação do caráter humano. As brincadeiras proporcionam um desenvolvimento equilibrado, desde que seja efetuado um acompanhamento que garanta a interação da criança ao meio em que vive, para que esta se modifique e modifique o ambiente também.

Tratando-se da construção do sujeito, Vygotsky (1984) explana a necessidade do desenvolvimento intelectual da criança. Ela constrói seu alicerce cognitivo na medida em que vive experiências, estas irão construir a identidade do sujeito. O brincar organiza todos os processos que a criança passa, para o pensador a

brincadeira cria para as crianças uma “zona de desenvolvimento proximal” que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível atual de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou com a colaboração de um companheiro mais capaz (Vygotsky, 1984, p. 97).

Para Vygotsky (1984), a criança ao brincar se desenvolve, porque ela mesma cria os problemas cotidianos bem como suas resoluções. Isto a torna segura e capaz de lidar com as dificuldades cotidianas. Além disso, as crianças que criam sua “zona de desenvolvimento proximal” conseguem auxiliar outras crianças a encontrar soluções e assim constroem relações sociais de solidariedade mútua.

Essas atividades facilitar a aprendizagem e são capazes de estimulando mudanças no comportamento de crianças e são cada vez mais utilizadas pela saúde profissionais. Considerando que o brincar faz parte do mundo da criança, é compreensível, linguagem familiar.

As crianças foram encorajadas a cantar e dança, visando fortalecer sua conhecimento sobre o assunto. É enfatizado que a música atua na promoção da saúde, revelando contribuições para o desenvolvimento e saúde das crianças em idade escolar. O momento lúdico promovido pela música pode ser caracterizado como um recurso importante para o cuidado, promovendo relaxamento, bem-estar e o prazer de estar consigo mesmo e com o outro. Além disso, é um importante recurso para humanizar a processo educativo, transformando-o em algo prazeroso e evidenciando como muitos enfermeiros e outros profissionais de saúde pode usar o uso de música em sua prática de cuidar. O perfil das crianças participantes e atividades promovidas com um bom nível socioeconômico e educacional difere das dificuldades encontradas em um estudo que aborda crianças de famílias com precárias condições socioeconômicas ou vulnerabilidade social.

O socioeconômico e características culturais dos diferentes populações são parâmetros importantes para o planejamento de ações de saúde eficiente educação, desde sua inserção social, sua valores e crenças influenciam fortemente na sua práticas e condutas.

De acordo com Vygotsky (1984) e Piaget (2010), o desenvolvimento humano obedece a um processo de evolução em que a imaginação não é linear, no momento do brincar a criança cria o seu próprio banco de informações nas quais serão importantes para a mesma durante toda a vida, porque é a partir delas que os humanos se relacionam no mundo. Nesse sentido,

brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde, representar determinado papel na brincadeira, faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação, da utilização e da experimentação de regras e papéis sociais (Lopes, 2006, p. 110).

Segundo Lopes (2006), a criança, ao brincar, desenvolve sua identidade e sua capacidade de se posicionar no mundo, isto porque capacidades como atenção, imitação e memória também são trabalhados. Em concordância com os autores citados, o mesmo também verifica que o brincar é fundamental na formação do caráter do ser humano.  

Santos (1997), em uma pesquisa acerca da importância do lúdico, verificou que a criança ao brincar apreende diversas características dos objetos e utiliza estes para associar a coisas que não conhece, então assim conhece outras coisas por associação, segundo ele,

o brinquedo entendido como objeto, suporte da brincadeira, supõe relação íntima com a criança, seu nível de desenvolvimento e indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organize sua utilização (Santos, 1997, p. 23).

Uma das vantagens de aplicação do lúdico em sala de aula é importantíssima no processo de aprendizado da educação infantil. Para os referidos pesquisadores acima, deve-se usar a naturalidade do brincar para que a criança alcance rendimento escolar, isto porque, “ao utilizar as brincadeiras dentro de sua própria cultura, o educador pode proporcionar uma aprendizagem que realmente impere no cognitivo da criança” (Santos, 2015).

Durante o desenvolvimento da criança, esta possui grande dependência do educador, pois ele é quem irá definir as brincadeiras e jogos, realizar o planejamento e orientar a atividade lúdica (Wiggers, 2003). É aí que se percebem os desafios do professor perante a aplicação de uma atividade lúdica.

Para Gil (1992), o educador precisa estar munido de sensibilidade e preparado para os diversos cenários em sala de aula, isto faz com que o próprio ambiente gere situações que exijam das crianças a capacidade de absorver e resolver problemas, fortalecendo assim as relações entre os indivíduos.

É a partir do momento em que se convive no ambiente educacional, que o professor consegue verificar as aptidões do aluno, bem como suas dificuldades. Sendo assim, outro desafio quando se trata de atividades lúdicas, é conseguir captar as dificuldades do aluno e saber aplicar soluções que possam auxiliar o aluno.

Gil (1992) também percebe que a escola precisa voltar-se para o aluno de modo que considere a cultura na qual a criança está inserida, bem como sua individualidade e vivencia. Ele também considera isto como um desafio, pois o pesquisador, ao verificar que alguns professores não fazem isso, os mesmos estão negando a educação e, por sua vez, estão impossibilitados de aplicar atividades lúdicas na escola.

Práticas de atividades lúdicas em sala de aula

Pretende-se destarcar agora, algumas intervenções lúdicas que proporcionaram aprendizado significativo e transformação na vida do aluno. Para isso, há o estudo de Silva (2012), que procurou objetivo conhecer e intervir nas ações lúdicas da professora de uma creche localizada na cidade de Álvares Machado/SP. Há também a pesquisa de Rechotnek et al. (2016), na qual colheu importantes resultados com relação ao ensino de ciências em crianças do ensino infantil, o estudo de Peres et al. (2017) que também verificou resultados positivos e o estudo de Matos et al. (2015) que analisou a aprendizagem de matemática no ensino de matemática.

O uso da ludicidade otimiza as rotinas de trabalho porque melhora a colaboração da criança e a participação da mãe; cria um maior envolvimento entre a equipe de enfermagem, a mãe que acompanha a criança e a própria criança (esconde-esconde). É importante colocar a criança do lado, porque o mundo da criança é cheio de fantasias, contar histórias é uma maneira fácil de levar a criança conosco e facilitar nossas rotinas de trabalho. O benefício funciona tanto para a criança como para nós, porque é terrível tratar uma criança com leucemia, pois ela é mal-humorada quando está com dor, portanto, é mais fácil nos aproximarmos do paciente.

Apesar das melhorias na adaptação da criança ao ambiente escolar, também a ludicidade facilita a interação social da criança com a equipe escolar. Por meio da ludicidade, os profissionais encontram alternativas para abordar a criança, como contar histórias, e então descobrem que são capazes de colaborar, consequentemente, ajudam nas rotinas de trabalho.

Na pesquisa de Silva (2012), através da verificação do impácto de brincadeiras por professoras com alunos de 3 a 5 anos em uma escola da cidade de Álvares Machado/SP. Foram aplicadas diversos tipos de brincadeiras como motoca, cavalinho, parque de banho, piscina de bolinha, TV e passeios.  

A pesquisa faz a aplicação das atividades, e realizou entrevista com a professora para verificar a sua visão sobre o lúdico na educação de pessoas na fase infantil. Silva (2012) concluiu que houve nítida diferença no comportamento e no conhecimento adquirido pelas crianças durante o experimento. Tanto a direção quanto a professora afirmaram que estão ciente da importância do lúdico na sala de aula.  

Portanto, a ludicidade é de grande valor para o processo de aprendizagem, uma vez que é rica em significado (Bernardo, 2009). Uma atividade lúdica envolve crianças de uma maneira que estimula suas imaginação criativa e permite a aprendizagem indireta, pois os alunos não estão focando linguagem, mas usando-o de verdade. Através de atividades lúdicas os alunos podem aprender novos conceitos, criar vínculos com seus colegas, estimular seu raciocínio e sinta-se mais à vontade e motivado; ao usar atividades lúdicas, não estamos apenas buscando os alunos se divertindo, mas, extremamente importante, estamos levando em conta adesenvolvimento da criança, social, emocional e cognitivamente.

É dever do professor usar novas e atividades motivacionais que podem envolver os alunos, se optarmos por seguir um modo formal de ensino, baseado na simples repetição de palavras e frases, fazendo exercícios, lendo e escrevendo em livros de curso, estamos desperdiçando uma série de oportunidades para melhorar os alunos realizações. Após diversas brincadeiras os alunos conseguiram esboçar palavras relacionadas ao estado físico da matéria estudada e passar informações sobre o ciclo da água.  

Tratando-se não só do ensino de ciências, mas de matemática também, o estudo de Matos et al. (2015) trabalhou com desenvolvimento de jogos e atividades dinâmicas relacionadas ao ensino de Matemática para crianças. Durante o experimento, apesar dos alunos apresentarem determinada resistência aos jogos, devido a disciplina ser temida, eles conseguiram desenvolver-se enquato sujeitos conhecedores no decorrer da experiência, e assim melhorando o rendimento em sala de aula.  

Todas as pesquisas que envolveram experiências lúdicas na educação infantil encontraram resistencia por parte da escola em adotar as práticas, os pesquisadores perceberam que os educadores ainda são apegados a formas tradicionais de ensino para crianças. Bernardo (2009, p. 79) resume a questão da ludicidade ser uma ferramenta pedagógica dizendo que é "um veículo para aprender". Sabemos que para alguns alunos, podem ser estimulante e abraçá-lo com grande interesse, mas para outros pode ser um desafio. Os professores são responsáveis, não só pela adequação do ensino, mas também para o processo de aprendizagem dos alunos. Nem todas as atividades lúdicas têm um valor pedagógico contexto da sala de aula e, portanto, é necessário desenvolver atividades que possam capacitar os alunos para ter sucesso neste processo. Isso pode ser feito preparando classes dinâmicas e atividades significativas que contribuem para um ambiente de aprendizagem mais leve e eficaz e, ao mesmo tempo, os alunos vão se divertir enquanto aprendem. Uma ampla gama de atividades pode ser chamada de lúdica. Ao configurar o lúdico em atividades na sala de aula, o professor deve considerar as metas que ele quer que os alunos alcançar através da atividade (Bernardo, 2009). É necessário criar um contexto para o uso da atividade lúdica que motiva e mantém as crianças interessadas. Por outro lado, os alunos precisam entender o motivo e o propósito da atividade, para que pode perceber que eles estão aprendendo, bem como jogando quando se envolver em atividades que são divertido e que envolvem ler, escrever, ouvir e falar. Jogos são boas ferramentas para promover a aquisição de competências e cooperação entre os alunos, como a leitura, os jogos são uma parte essencial no ensino, uma vez que proporcionam estímulo, variedade, interesse e motivação e ajudar a promover atitudes positivas em relação ao aprendizado. Jogos são agradáveis e divertidas e levam as crianças a usar a linguagem de uma maneira mais maneira natural e espontânea.

De acordo com a bibliografia abordada, percebe-se que há algumas divergências conceituais, pois alguns autores tratam o conceito de lúdico como algo diferente de “brincar”, mas outros tratam como um só, visto que é um comportamento natural da criança e que esta sempre aprende muitas coisas, desde o início da história humana que se têm registro a partir de brincadeiras.  

Definindo a ludicidade como sendo divertida, agradável, espontânea e diferente do normal, promove a imaginação criativa das crianças, possibilita aprendendo e é mentalmente e emocionalmente estimulante. Eu também descrevi como a ludicidade pode ser visto como um veículo para aprender. Através de atividades lúdicas os alunos podem aprender novos conceitos, relacionar-se com seus colegas, estimular seu raciocínio e sentir-se relaxado e motivado.

Se brincar é um processo natural para as crianças, a introdução de atividades lúdicas em a sala de aula pode levar a uma aprendizagem mais eficaz, uma vez que pode melhorar os alunos motivação, ajude as crianças a compreender o meio envolvente, construa a sua conhecimento e desenvolver suas habilidades comunicativas.

Como professores, podemos nos desafiar e aos nossos alunos, podemos ir além da formalidade e explorar a gama de benefícios do uso de atividades lúdicas. Portanto, é importante manter os alunos mentalmente ativos em vez de estar passivamente sentado e fazendo os exercícios do livro. Não sugerindo que descartemos o livro, mas podemos complementá-lo com atividades envolventes que são divertidas e que envolvem a leitura e escrevendo e também ouvindo e falando. Tendo em mente a questão de pesquisa as atividades lúdicas contribuem para aprendizagem eficaz na sala de aula primária o principal objetivo do pesquisa verificou a contribuição real das atividades lúdicas para a aprendizagem dos alunos.

Acredito que os alunos aprendem mais quando estão motivados e, depois de fazer, neste estudo, estamos convencidos de que cabe ao professor, ao trabalhar com alunos, para implementar atividades que possam promover o ensino e a aprendizagem de uma forma mais e de maneira mais prazerosa, ajudando os alunos a se sentirem mais à vontade. Nós sabemos que jogar e diversão são duas das características mais comuns da vida cotidiana das crianças. Ambos características têm um papel importante a desempenhar na primeira infância como parte da desenvolvimento cognitivo e social. Por isso, será de grande valor para a aprendizagem dos alunos o processo para aproveitar esses instintos naturais, usando lúdico atividades se torna mais importante ao ensinar as crianças que estão iniciando jornada educacional especialmente como o primeiro contato com o ambiente escolar irá definir sua atitude em relação à escola pelo resto de sua jornada educacional.

Devem ter um ativo papel e ser o centro do processo de aprendizagem, uma maneira de fazer isso é através do uso de materiais e atividades que envolvem e ajudam os alunos a assimilar as informações que são recebendo de forma mais natural e descontraída. Mais uma vez, depois deste estudo, entendo que atividades lúdicas são um veículo para incentivar a interação em sala de aula e promover melhor processo de aprendizagem.Com relação aos benefícios do lúdico na educação, há um consenso entre os autores, de forma que a ludicidade supera qualquer forma de ensino tradicional, porque ela trabalha a formação do caráter da criança, sua imaginação, cria e fortalece laços afetivos, promove o desenvolvimento de concentração e pensamento lógico. Nesse sentido, a presente pesquisa foi muito importante, porque ela retoma um assunto que envolve práticas ainda vistas com dificuldades para muitos profissionais da educação. De forma geral, nota-se que a hipótese mais do que se confirmou, pois a educação infantil consegue superar os limites da forma de ensino tradicional, visto que ela facilita a abordagem do conteúdo, estimula o pensamento crítico e consegue resolver com maior criatividade as problemáticas que surgem durante a vida escolar. Além disso, promove inúmeras transformações positivas no comportamento da criança. Ressalta-se que ainda há a necessidade de novos estudos acerca do assunto, com vistas à busca de ações que visem à mudança de comportamento da escola de forma cultural, pois não basta saber dos benefícios e desafios do lúdico em sala de aula, mas é primordial a prática da brincadeira na escola, com objetivos e metodologias bem definidos e adequados à faixa etária. Destaca-se também que é necessário que se possa realizar trabalhos que possam modificar a rotina escolar, baseados na presente pesquisa, podem auxiliar no aprimoramento do ensino brasileiro. Importante salientar, também, que é preciso que haja discussão sobre a o lúdico na educação infantil, em interface com outras áreas, esteja presente em fóruns de discussões visando políticas públicas e ações pedagógicas permanentes para que se possa preencher as lacunas do conhecimento presentes ainda na problemática. Diante disso, é importante ressaltar que para alguns pesquisadores a forma de ensinar não precisar ser um meio automático, já sabemos que a criança aprende brincando e ser desenvolve do mesmo jeito, a relevância do lúdico dentro do ambiente escolar e de suma importância é preciso está nos planejamentos dos professores e nos planos de desenvolvimento da escola.

O lúdico como promotor do desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral

O manuseio do material lúdico, como jogos e outrospode ser individual ou em grupos, com orientação do professor, e pode ser elaborado com ajuda das crianças,poisassim terão respeito e cuidado. Nesse sentido, Russo (2012, p. 21) explica que

quando o ambiente favorece a aprendizagem, transforma o desinteresse de alguns em motivação. A sala de aula deve incentivar a reflexão e ser motivadora da leitura da escrita e do manuseio do material didático.O professor não precisa esperar um momento especifico para expor o material escrito, usando como critério a possibilidade de compreensão por parte de todos os alunos. Todo e qualquer material pode ser apresentado em qualquer fase do processo de aprendizagem. Cada aluno assimilará o que sua fase de alfabetização permite, ou seja, o que sua percepção possibilita eo que seu nível de compreensão comporta.

A preparação para a vida em sociedade começa com situações lúdicas

A brincadeira é um tema que vem conquistando o espaço no panorama nacional. A brincadeiraatividade focada em recreação e lazer, oferece grandes contribuições para a educação infantil,favorecendo a aprendizagem, a produção de conhecimento e a melhora do corpo, desenvolvendo aspectos da emoção,prazer, afetividade, saúde e bem-estar das crianças nesta fase de desenvolvimento.

A parte lúdica do mundo infantil, através do brincar, a criança apropria-se do mundo de uma forma simples e alegre. O Brincalhão é visto como uma ação integrada de educação e fundamentada comunicação, linguagem e movimentos naturais da criança. Ela pretende padronizar e aperfeiçoar conduta global do ser humano, através das experiências sensório-motoras, afetivas, cognitivas, emocionais, e social. Para praticar atividades recreativas, as crianças estarão desenvolvendo suas habilidades motoras e capacidades para o benefício de seu crescimento e desenvolvimento.

De acordo com Russo (2012), é necessário conceber um lugar lúdico, que permita ao aluno horas de alegria e aprendizado, neste contexto, o desenvolvimento de experiências lúdicas na Educação Infantil proporciona uma aprendizagem educacional, portanto, um fator positivo na vida de uma criança, permitindo que você aprenda, viva e sonhe; o lúdico contribui significativamente para a prática do movimento corporal, inclusive nos aspectos afetivos-sociais, cognitivo e físico para ser desenvolvido intervenções pedagógicas. Então o brincalhão está intimamente relacionado com a prática da Educação Física, porque enquanto brincava de crianças expressar seus sentimentos, suas emoções, suas interações, melhorar a memória e habilidades de raciocínio, tão alegree agradável, permitindo ao professor uma análise abrangente do aprendiz, visando o mundodesenvolvimento da criança nesta fase de desenvolvimento.

Como explica Maluf (2009, p. 29), o jogo é uma espécie de ensaio para a via em sociedade e não há aprendizagem construída no caos. Nas palavras da autora:

O professor deve organizar suas atividades, selecionando aquelas mais significativas para seus alunos. Em seguida deverá criar situações para que estas atividades significativas sejam realizadas. Destaca-se a importância dos alunos trabalharem em sala de aula, individualmente ou em grupos. As brincadeiras enriquecem o currículo, podendo ser propostas na própria disciplina, trabalhando assim o conteúdo de forma pratica e concreto. Cabe ao professor, em sala de aula ou fora dela, estabelece metodologias e condições para desenvolver e facilitar este tipo de trabalho.

As crianças são sujeitos sociais e históricos, marcadas, portanto, pelas contradições das sociedades em que eles estão inseridos. A criança não é ser alguém que você não é, mas quem vai se tornar (adulto, o dia em que você para ser criança). Reconhecemos o que é específico da infância: seu poder de imaginação, a fantasia, o criação, a piada é entendida como experiência cultural.

A infância é o período em que a criança brinca, satisfazendo suas necessidades e interesses através da imaginação, brincadeira dos jogos dá à criança uma reflexão e reordenação do seu mundo particular. A piada é o modo de trabalhar da criança, investigar o ambiente que o rodeia.

A formação lúdica permite autoconhecimento ao educador

Ganhar autoconfiança e desenvolver a capacidade de ensinar estão intimamente relacionados, e trabalhar com uma ou outra preocupação leva à melhoria da outra. Quanto mais você desenvolver sua habilidade de ensinar, mais confiante ficará em seu ensino. Da mesma forma, quanto mais confiante você se torna em suas habilidades de ensino, melhor preparado está para passar para o “próximo nível”, ou seja, aprofundar sua compreensão de aprendizagem e ensino, descobrir as últimas teorias de ensino e aprendizagem e experimente novas práticas de ensino, desenvolvendo assim a sua capacidade de ensinar.

Luckesi (1998) explica que “o que mais caracteriza o lúdico é a experiência de plenitude que ela possibilita a quem a vivencia em seus atos”. O conhecimento pessoal de cada um de nós pode ser um bom modelo de como pode ser plena quando a vivenciamos com ludicidade. Considerar o desenvolvimento e a formação de professores como as duas principais estratégias de formação, para distinguir entre eles, propõe um modelo de ensino que o caracteriza como um processo de tomada de decisão baseado nas categorias de conhecimento, habilidades, atitude e consciência. Enquanto a formação de professores aborda os aspectos mais “treináveis” do ensino baseados em conhecimentos e habilidades, o desenvolvimento do professor está preocupado em gerar mudanças em relação aos componentes mais complexos do ensino, ou seja, consciência e atitude. No que diz respeito ao conhecimento, parece haver maneiras diferentes pelas quais os professores podem desenvolver confiança e melhorar sua capacidade geral de ensino. Acima de tudo, os professores devem procurar desenvolver seus conhecimentos sobre o assunto que ensinam. Se este é o inglês, os professores podem estudar o idioma para entender melhor como ele funciona, podem se inscrever em cursos de desenvolvimento de idiomas e podem buscar oportunidades para praticar e desenvolver sua capacidade de ouvir, ler, falar e escrever em inglês. por exemplo, não perdendo as oportunidades que eles têm de interagir oralmente.

Os professores também devem procurar aprofundar sua compreensão das teorias que sustentam as práticas de ensino e aprendizagem. Isto pode ser conseguido através da leitura sobre o ensino e a aprendizagem, participando regularmente de seminários e workshops, e inscrevendo-se em cursos de metodologia que lhes permitirão reconstruir os seus conhecimentos sobre os antecedentes da aprendizagem e ensino. Quanto mais os professores conhecerem seus alunos, mais eficazes serão os seus ensinamentos. Os professores podem conhecer melhor os alunos, dando-lhes oportunidades de falar sobre si mesmos, ouvindo o que eles têm a dizer, encorajando-os a dar feedback aos professores sobre tudo e qualquer coisa que ocorra na sala de aula, mostrando um interesse real por eles e, acima de tudo, pelos professores apenas "sendo eles mesmos", ou seja, não fingindo ser alguém que não são.

Metodologia

Seguindo as orientações de Bardin (2011) e Gil (2008), entende-se como pesquisa qualitativa aquela que se recobre de intencionalidades e de detalhes significativos que não podem ser medidos. O material foi coletado em fontes científicas digitais por meio dos escritores dos assuntos. Como se tratou de uma pesquisa bibliográfica, seguimos os ensinamentos de Bardin (2011) no que se refere à seleção e organização do material, a qual sugere três etapas, também recomendadas por Gil (2008),“(a) pré-análise; (b) exploração do material; e (c) tratamento dos dados, inferência e interpretação” (Bardin, 2011, p. 95). A primeira é descrita pela autora e também denominada por Gil (2008, p. 152) de “leitura flutuante”, no qual o explorador decide escolheros documentos para pesquisas e formula suposições.

A etapa das deduções é a mais lenta,uma vez que é fundamental investigar, reunir e relacionaro material.Desta forma, depois decumpridas as três etapas, partimos para a faseda interpretação dos achados e das inferências. Para isso,utilizamos a análise de conteúdo, que, conforme Bardin (2011), trata de compreender os significados, ou seja,“aparece como um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens” (Bardin, 2011, p. 44).

Nesta fase, buscou-se novas categorias como sugere Bardin (2011), porque utilizamos as categorias previamente determinadas de acordo com as hipóteses já formuladas (Gil, 2008) a partir da fase de exploração do material: O jogo como promotor do desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral; A preparação para a vida em sociedade começa com situações lúdicas; e a formação lúdica permite autoconhecimento ao educador.

Referencial teórico

Além de conhecer o assunto, as teorias de aprendizagem e ensino, os alunos e o local de trabalho, os professores devem procurar melhorar sua capacidade de colocar todo esse conhecimento em prática e tornar-se mais habilidosos no ensino. Isso pode ser alcançado por meio de uma atitude ousada e exploratória em relação ao ensino, que envolve várias tentativas de métodos, técnicas e atividades repetidas, refletindo sobre sua eficácia e aproveitando essas experiências para fazer as mudanças necessárias em seus hábitos de ensino.

Para cada educando, o divertimento tem um significado próprio e, por isso, deve ser um momento de brincadeiras e de prazer (Winnicott, 1975). De acordo com Kishimoto (1999), se as crianças não tiverem a liberdade para se expressar e usar a criatividade, dificilmente poderão desenvolver sua autonomia e personalidade própria, pois estarão presas às regras e exceções, que limitarão sua capacidade de criar.  

Para a autora, “portadora de uma especificidade que se expressa pelo ato lúdico, a infância carrega consigo as brincadeiras que se perpetuam e se renovam a cada geração” (Kishimoto, 1999, p. 11). Portanto, as crianças estão expostas àlinguagem e aprenderam a utilizá-la para comunicar-se, brincar e entreter. Trazem um repertório adquirido, em maior ou quantidade, do núcleo familiar, onde normalmente foram acostumadas com jogos lúdicos orais, entre eles, cantigas de roda e contações de histórias. De acordo com o autor, a criança apresenta-se permanentemente em busca de alguma coisa nova. Assim, uma vez que conquista seu propósito, regressa a uma ininterrupta busca por outra novidade. Nas palavras do próprio autor: “ainda que se possa comparar a relação brinquedo-desenvolvimento à relação instrução-desenvolvimento, o brinquedo proporciona um campo muito mais amplo para as mudanças quanto à necessidade e consciência.

Experimentar novas ideias na sala de aula tem o benefício adicional de tornar a atividade de ensinar muito mais interessante. Ter uma atitude exploratória em relação ao ensino ajuda a evitar a sensação de estar preso em uma rotina, ou seja, trabalhando nos mesmos pontos de ensino da mesma forma ano após ano.

Tornar-se mais hábil em determinada atividade tem muito a ver com o fato de estar ciente dos próprios pontos fortes e fracos, que é o aspecto discutido na próxima seção. A ação na esfera imaginativa, a criação de propósitos voluntários e a formação de planos de vida reais e impulsos volitivos aparecem ao longo do brinquedo, fazendo do mesmo o ponto mais elevado do desenvolvimento pré-escolar, a criança avança essencialmente através da atividade lúdica.

Já para Piaget (1967), a criança pode estar em um estado de assimilação, mas conforme seu desempenho à frente do jogo passa a adquirir um novo conhecimento.Kishimoto (1999), por sua vez, argumenta que qualquer objeto que for possível ser utilizado de maneira lúdica, incorpora saberes, como é ocaso dos jogos.A afetividade também é beneficiada com a ludicidade. De acordo com Elkonin (1998), o jogo contribui com a superação do egocentrismo infantil. De acordo com o autor, o jogo é capaz de

descentralizar o pensamento para reconhecer outros pontos de vista e coordená-los num sistema de operações composto de ações inter-relacionadas. O jogo se apresenta como uma atividade em que se opera o “descentra mento” cognoscitivo e emocional da criança. Vemos aí a enorme importância que o jogo tem para o desenvolvimento intelectual. E não se trata apenas de que no jogo se formam ou se desenvolvem operações intelectuais soltas, mas de que muda radicalmente a posição da criança em face do mundo circundante e forma-se o mecanismo próprio da possível mudança de posições e coordenação do critério de um com outros critérios possíveis (Elkonin, 1998, p. 413).

Toda criança passa por um período no qual se sente o centro das atenções. Dessa maneira, especialmente na escola de Educação Infantil, como as práticas que envolvem as brincadeiras necessitam do convívio com o diferente, a criança percebe que existem outras pessoas além dela mesma, gerando a descentralização. Ela percebe que existem outras vontades, reflexões, alcançando a consciência de que não existe somente a vontade dela. Segundo os autores,

brincar é envolvente, interessante e informativo. Envolvente porque coloca a criança em um contexto de interação em que suas atividades físicas e fantasiosas, bem como os objetos que servem de projeção ou suporte delas, fazem parte de um mesmo contínuo topológico. Interessante porque canaliza, orienta, organiza as energias da criança, dando-lhes forma de atividade ou ocupação. Informativo porque, nesse contexto, ela pode aprender sobre as características dos objetos, osconteúdos pensados ou imaginados (Macedo; Petty; Passos, 2005, p. 13-14).

Como observamos, os autores ponderam que obrincar é importante no cotidiano da criança e, por isso, na escola de Educação Infantil, torna a aprendizagem mais atrativa e encantadora,levando em conta a dimensão de suas dificuldades. Além disso, desenvolve o conhecimento físico, mental,afetivo e psíquico.

A importância do lúdico como recurso educacional na aprendizagem, os jogos e as brincadeiras traduzem a capacidade do homem de criar e reinventar. Estudos arqueológicos dão conta de que estas atividades acompanham a humanidade desde a pré-história, apresentando-se como manifestações culturais, ligadas à transmissão oral,folclore e cultura popular, sendo a construção lúdica, parte essencial na formação do ser humano. O lúdico é um adjetivo masculino com origem no latim ludos que remete para jogos e divertimento. Uma atividade lúdica é uma atividade de entretenimento, que dá prazer e diverte as pessoas envolvidas. Em alguns dicionários aparece como definição de passatempo, atividade mental.

Devido à necessidade da sociedade humana de classificar e organizar seus conhecimentos, o lúdico vem com vários objetivos os jogos também foram sendo especificados e agrupados como: tradicionais (forca, amarelinha), simbólicos (faz de conta), de construção (combinação de pequenas peças), de regras (tabuleiros) e cooperativos (valorizam o trabalho de equipe). Essas diferentes modalidades sempre aconteceram livremente fora de ambientes institucionalizados; entretanto, questões como a urbanização, industrialização, falta de espaços públicos (praças e parques) e a violência fizeram com que estas práticas fossem cada vez mais para dentro do espaço escolar. Logo, os educadores precisaram considerar incluir as brincadeiras e os jogos em suas rotinas,viabilizando-os como alternativa didática para contemplar o ensino das diferentes disciplinas. Neste sentido, Crepaldi (2010, p. 9) explica que,

com o decorrer do tempo e o progresso desorientado pela lógica do consumo, as crianças têm perdido espaços e tempo para usufruir dessa riqueza insubstituível. Brincar o jogar cada vez tem seu tempo restringido e passam a ter “indicações e prescrições escolarizadas”.

Mesmo nas suas mais variadas formas o jogo tem uma carga psicológica, porque ele é revelador da personalidade, expondo dificuldades de cooperatividade, de organização de estratégias ou mesmo de entendimento. Mas também são inúmeros os aspectos positivos que o jogo mobiliza: a criatividade, a imaginação, superação, autocontrole e conhecimento, afetividade, raciocínio lógico e uma série de outras aptidões no campo das destrezas físicas, cognitivas e emocionais.  

Por isso é que jogos pedagógicos na escola trazem a possibilidade de um trabalho rico, que estimula a aprendizagem, pois, por natureza, desafia, encanta, movimenta, causa barulho e certa alegria para um espaço normalmente tão formal ocupado por livros e cadernos. É também um recurso que pode evitar o fracasso escolar, como elemento que amplia a saúde educacional, uma vez que se, bem administrado, pode proporcionar tensão,mas também aprendizagens prazerosas. Trata-se de uma proposta que integra várias possibilidades de construções, onde o aluno pode aprimorar suas articulações entre o pensamento e a ação. Segundo Morais (2009, p. 50):

A partir do momento em que é necessário criar um ambiente que envolva situações de desequilíbrio para os alunos, indagando e propondo desafios que coloquem em cheque suas hipóteses, os jogos aparecem como ferramentabastante singular, podendo permitir níveis de representação simbólica significativas nas interações sociais.

Ainda de acordo com o autor, os jogos como alternativa metodológica são um dos meios mais eficientes e completos de desenvolver a sociedade,porque exercitam a reflexão, o respeito e a disciplina, requisitos importantes para convivência em grupo. Eles permitem exercitar capacidade de lidar com situações que exigem flexibilidade às frustrações, pois é preciso ser corajoso para “saber perder”, e desta maneira vai se solidificando a construção de valores éticos no indivíduo.

Um aspecto que merece destaque neste tema são as regras, necessárias para constituir a atividade do jogo, mas que são complexas deadministrar,por envolverem princípios e definições que serão usadas e incorporadas não só nas atividades lúdicas, mas no convívio social.Estetambém se constitui de arranjos e combinações que devem ser seguidos para manter a sociedade organizada (Vygotsky, 1999).

A criança brinca consigo mesma, sua visão de mundo é bastante egocêntrica. Já por volta dos quatro anos, vem a fase da heteronomia, ou seja, começa a tomar ciência da necessidade de aceitaras regras do jogo e, por fim, a fase da autonomia, onde passa a entender o sentido social da regra, que nada mais é do que um mecanismo de regular e harmonizar as ações coletivas. Por isso, é de grande importância que as regras fiquem bem claras e, sempre que possível, devem ser construídas coletivamente, para que haja apropriação da ação.Isso vai permitindo que a criança se controle enquanto joga. Participar dos jogos de regras desenvolve a criação de estratégias, trabalha limites para viver em grupo, estimula a cooperação e a competição positiva.

É nesse processo de negociação que se estabelece a possibilidade de novas articulações de saberes. A utilização dos jogos está baseada em uma perspectiva de resolução de problemas, em quea combinação decontrole emocional, raciocínio lógico, agilidade, vão definindo condutas autônomas.Dessa maneira, os sujeitos passam a apropriar-se de valores e significados, o que compõe um repertório de regras que tecem os diversos papéis sociais (Smole, 2007, p. 13).

Em um jogo pedagógico, não existem ganhos materiais e a eliminação ou a vitória tem efeito somente durante determinado tempo, desta maneira, as frustrações também se tornam transitórias e a capacidade de reversão deste sentimento pode acontecer mediante o incentivo e novas tentativas de jogar (Moraes, 2009).  

As regras possibilitam construir conceitos de ética e estruturar a personalidade humana, pois elas funcionam como um propósito que é de responsabilidade de todos, onde decisões devem ser tomadas e cumpridas, e os conflitos precisam ser resolvidos.Écomo um exercício de preparo para a adequação ao mundo adulto, cujos contratos estabelecem como as coisas devem ser e precisamos encontrar maneiras de gerir nossos problemas, recorrendo a formas eficientes e seguras de intervenção. Conforme Moraes (2009, p. 75),

as crianças necessitam de uma definição clara de conduta aceitável, sentindo-se maisseguras quando conhecem os limites da ação que é permitida [...] as regras devem ser elaboradas coletivamente e deliberadas. Sendo anunciadas numa linguagem que não desafie o autorrespeitoda criança,pois elas têm dificuldades em controlar seus impulsossocialmente inaceitáveis, e os adultos devem ser seus aliados nesta busca, estabelecendo limitações.

Assim, as combinações definem critérios que organizam os jogos e os comportamentos aceitáveis, sendo que condutas desregradas não podem ser toleradas por danos a si mesmo e ao outro. Neste contexto, o papel do professor é ponderar sobre o quanto o jogo pode contribuir para ampliar o conhecimento dos estudantes, lembrando-se de manter objetivos definidos entre a função lúdica e a função educativa.  

Outro aspecto fundamental para o professor, além de organizar e selecionar os jogos, é saber dirigi-los, tanto de forma individual, como coletiva, promovendo atitudes de escuta, atenção, entusiasmo e encorajamento diante das derrotas, intervindo sempre quando não houver o princípio do respeito na competição. Assim, investir nessas atividades é ter sempre o lúdico como parceiro em sala de aula, propiciando que os estudantes possam diferenciar seu mundo interior (fantasias e desejos) do universo exterior, que é a realidade compartilhada por todos (Moraes, 2009; Kishimoto, 1999).

O lúdico abrange o brinquedo, a brincadeira e o jogo. Esses elementos fazem parte do mundo infantil, pois são atividades exercidas pelas crianças desde o início da humanidade. Na atualidade, não é possível pensar o desenvolvimento da criança sem momentos de diversão, por isso afirma Santos (1997) que as atividades lúdicas são a essência da infância.

No entendimento de Maluf (2009), a escola,como instituição educativa,tem o compromisso de fazer com que a prática lúdica de fato aconteça, pois é uma proposta metodológica que contribui para uma vida mais prazerosa e significativa. Através do lúdico, a escola estimula acriança a um excelente convívio com o seu grupo social.  

Segundo a autora, “Brincar sempre foi e sempre será uma atividade espontânea e muito prazerosa, acessível a todo o ser humano, de qualquer faixa etária, classe social ou condição econômica” (Maluf, 2009, p. 17).

O brincar, portanto, faz parte da vivência da criança, é um modo de interagir com o mundo de forma criativa e saudável. As atividades lúdicas devem ser inseridas na prática escolar, pois é por intermédio da diversão que o aluno nos revela todaa sua forma de comunicação, sua linguagem, seus sentimentos, emoções. Além disso, é uma maneira de a criança assimilara realidade em que vive. Ao discutir a formação do professor com um olhar voltado ao lúdico comométodo pedagógico, o primeiro problema a ser enfrentado é a disposição competente destes professores.Conforme indica Santos (1997, p. 4), “a formação lúdica possibilita ao educador: conhecer-se como pessoa, saber suas possibilidades e limitações, ter visão sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, jovem e do adulto”. Neste sentido, cabe aos professores motivar e estimular a fantasia e a alegria como complemento aos saberes da vida.

O professor não pode mostrar-se passivo perante uma realidade que muitas vezes não está dando resultados de aprendizagem. Ele precisa assumir seu papel como cidadão, capaz de intervir e melhorar essa realidade, pois ao concluir que o jogo pode exercer influência positiva na construção do futuro cidadão, é seu dever trabalhar em favor da educação. Assim, o docente aperfeiçoa sua aprendizagem, pois ao perceber que a criança está entendendo e explorando seus propósitos atingidos, ele espontaneamente transforma-se parte desse sistema.

De acordo com Antunes (2002), é relevante que o professor leve inteiramente a rua e a vida para a sala de aula, produzindo em seus alunos a compreensão das explicações da matéria que instrui na prática da vida. Utilizar uma criação em argila, móbiles ou produções para aprender a atividade,ou ainda compreender o deslocamento do ar, tudo é uma série de tarefas que, se reproduzidas e executadas por docentes realmente esforçados, conduz a uma organização de propostas pedagógicas. Estas atividades poderão facilmente “traduzir-se em dons que incorporam a inteligência sinestésica corporal e outras ao fantástico mundo da ciência, o delicioso êxtase pelo mundo do saber” (Antunes, 2002, p. 155-156).

Nesse sentido, o lúdico enriquece o currículo. Para que a prática lúdica se torne realidade no contexto da escola de forma satisfatória, é fundamental que o professor tenha percepção do sentido e da dimensão das atividades lúdicas para as crianças. Fortuna (2001) afirma que uma aula lúdica também é aquela que desafia os alunos a serem atuantes no processo de ensino aprendizagem, e não somente aquela aula que tem jogos. Santos (1997) faz algumas observações relevantes a respeito da inserção do lúdico no ambiente de sala de aula. Aponta que uma das causas que leva à ausência do lúdico na escola pode não ser culpa do profissional da educação. A falha pode estar na sua formação. As discussões em torno da prática lúdica em sala de aula talvez não tenham feito parte dela. Ou seja, aquilo que não se vivencia não se aplica com segurança.

Dessa forma, é preciso que o professor passe por vivências pessoais para que seja capaz de usar o lúdico na sua ação educativa.Conforme a autora, alguns cursos de pedagogia não contemplam ao professor informações e vivências acerca do brincar, discutindo o desenvolvimento infantil numa perspectiva social, cultural, afetiva, criativa e histórica. Para ela, os cursos deveriam inserir no currículo um pilar novo: “formação lúdica, que representa uma formação pessoal” (Santos, 1997, p. 28).

A formação do educador para o trabalho pedagógico por meio do lúdico significa, para Maluf (2009, p.13), “a experimentação de uma formação pela via corporal”. Essa formação pessoal viabiliza uma maior experiência do educador em relação ao lúdico. Vivenciar para depois aplicar e viver junto com o aluno. Santos (1997, p. 14) ainda reforça que “quanto mais o adulto vivenciar sua ludicidade, maior será a chance de este profissional trabalhar com a criança de forma prazerosa”. Muitos são os estudos em torno da importância de incorporar o lúdico no âmbito escolar, mas o que ainda falta é transformá-lo perceptível na maior parte das escolas brasileiras.

Finalmente, o desenvolvimento do professor tem muito a ver com o desenvolvimento e a manutenção de uma atitude positiva em relação à atividade de ensinar a si mesmo como professor. Os professores devem planejar suas aulas regularmente, com o objetivo de estar melhor informados sobre sua profissão, obter um certificado de ensino, diploma ou graduação, e respeitar a si mesmos, seus colegas e seus alunos. No entanto, espero que o presente artigo tenha lançado alguma luz sobre algumas das maneiras possíveis pelas quais os professores podem enfrentar os problemas de desenvolver a autoconfiança e sua capacidade de ensinar.

Conclusão

Com a conclusão da pesquisa foi possível compreender que, através do lúdico, as crianças podem viver momentos mágicos, o que faz parte natural da infância.Quando levadas à sala de aula, podem fazer do aprendizado um momento único, o qual precisa levar em conta os saberes prévios do estudante.

Sobre o fazer pedagógico que contempla a ludicidade, depende do professor abrir a porta para uma nova abordagem de ensino, o qual poderá buscar na sua própria infância recursos para novas técnicas e assim despertar em cada um e em cada uma a vontade de aprender sempre mais.

Considerando a importância dos jogos nas aprendizagens educativas, ele torna-se um recurso imprescindível no desenvolvimento de múltiplas aptidões físicas, cognitivas afetivas e sociais. Promove a motivação, a concentração e o aprimoramento das relações interpessoais, cria todos estes suportes ao mesmo tempo em que diverte.

Reconhecemos a importância da formação docente para a aplicação desta ferramenta educativa, esta formação precisa ser bem embasada para que possa compreender, a partir das contribuições teóricas e do ponto de vista conceitual, que o jogo é um recurso didático e tecnológico de construção de identidade, de autoconhecimento e fonte potencializadora do trabalho educativo; a relevância deste estudo para outros professores está em fornecer uma definição de ludicidade junto com a percepção de que uma atividade, jogo, música ou história, por exemplo, pode não ser necessariamente lúdico.

O lúdico, enquanto atividade escolar, agrada as crianças, ajuda a evitar o tédio do ato pedagógico e constitui um aliado para nutrir o interesse dos alunos. Além disso, consiste em um elo entre a fantasia e o real, estimulando a criatividade e o desenvolvimento de crianças e de adultos, nos quais o docente está incluído, atividades podem criar um ambiente mais descontraído e envolver os alunos na aprendizagem e se divertindo ao mesmo tempo. Assim, um ambiente leve também pode impulsionar nos alunos confiança para participar mais.

Com a conclusão da presente pesquisa, podemos vislumbrar novos campos investigativos, como o aprofundamento da temática na perspectiva docente e/ou discente, bem como novas pesquisas que ampliem a visão sobre esta temática. Desta maneira, esperamos que possamos suscitar estudos futuros, contendo dados empíricos e assim continuar contribuindo com as discussões na área.

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Publicado em 22 de junho de 2021

Como citar este artigo (ABNT)

CARDOSO, Maykon Dhonnes de Oliveira; BATISTA, Letícia Alves. Educação Infantil: o lúdico no processo de formação do indivíduo e suas especificidades. Revista Educação Pública, v. 21, nº 23, 22 de junho de 2021. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/22/educacao-infantil-o-ludico-no-processo-de-formacao-do-individuo-e-suas-especificidades

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