Resenha do artigo "A técnica de grupos operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon"

Juliene Lemos Saback

Mestranda em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais (ENCE/IBGE), especialista em Educação e Divulgação Científica (IFRJ), licenciada em Geografia (UERJ)

Renata de Freitas Tavares da Silva Castilho

Pós-graduanda em Docência em Filosofia (Colégio Pedro II) e em Psicopedagogia Clínica e Institucional (Unesa), licenciada em Filosofia (Faculdade São Bento do Rio de Janeiro), professora de Sociologia (Seeduc/RJ)

O artigo “A técnica de grupos operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon”, escrito por Alice Beatriz B. Izique Bastos, tem como objetivo ressaltar a importância dos grupos operativos para desenvolver um processo de aprendizagem com base na experimentação do cuidado entre indivíduos, tendo em vista suas interações. Essa técnica, aplicada em um hospital psiquiátrico na Argentina, a partir da sistematização do médico psiquiatra, Pichon-Rivière, mostrou ser eficiente em um momento em que, sem ter o suporte de profissionais de enfermagem, aplicou-se a experiência de colocar os pacientes menos afetados por problemas mentais para auxiliar nos cuidados dos pacientes mais afetados. Logo, percebeu-se uma bem-sucedida iniciativa, na qual foi possível constatar que as interações entre grupos distintos podem propiciar maior desenvolvimento socioemocional dos indivíduos, por meio da troca de experiências. 

Em “A técnica de grupos operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon”, a autora chama a atenção para o método chamado de grupos operativos, que busca desenvolver a aprendizagem em grupos, com base nas relações criadas entre diferentes indivíduos. A ideia desse método era colocar os pacientes com menos comprometimento de problemas mentais auxiliando na distribuição de medicação e cuidados com os pacientes mais comprometidos; a experiência mostrou-se bastante satisfatória e poderia ser aplicada em outros espaços de convívio, tais como a escola.

É possível perceber que o sucesso da experiência de Rivière no hospital psiquiátrico deu-se por causa da identificação de um grupo com outro, bem como da parceria via integração entre eles, ocorrendo, assim, uma aprendizagem em grupo, que é um pilar para a construção dos sujeitos e suas subjetividades.

Em suas páginas, a autora, além de se apoiar na experiência de Pichon-Rivière, se debruça em Henri Wallon, que ressalta a importância das interações sociais para o desenvolvimento do ser humano, pois mostra como um indivíduo ou um grupo social influencia outros por meio do convívio direto entre eles. As interações podem fazer ocorrer o senso de reciprocidade, que é fundamental para o desenvolvimento de significados, valores e conhecimentos. Alicerçado nisso, é possível compreender que a troca de saberes se faz necessária para que haja aprendizagem.

O artigo destaca a necessidade de haver uma metodologia a ser seguida para que a aprendizagem em grupos possibilite ao indivíduo ter maior percepção sobre o mundo, já que descobrirá, a partir da subjetividade do outro, novos contextos de vida, o que pode propiciar um questionamento de si mesmo, e isso parece contribuir para o enriquecimento da experiência.

Pensando na melhoria dos processos educacionais, os grupos operacionais podem ser bastante interessantes para o processo de aprendizagem e da saúde mental e têm potencial para serem levados em consideração pelos psicopedagogos nos processos de coordenação da unidade de trabalho, visando contribuir para a formação dos indivíduos, embora esse tipo de técnica possa inicialmente causar estranheza ou algum desconforto nos participantes.

O artigo em questão apresenta uma perspectiva bastante interessante sobre avaliação de sistemas de interação dos indivíduos, mostrando como a convivência entre um ser e a comunidade em que está inserido contribui para o processo de formação de sua personalidade, bem como da sua saúde mental, possibilitando aprendizagens diversas, já que ele participa de interações com pessoas distintas, tanto no âmbito familiar como nas demais instituições de que participa – como o ambiente escolar. Nesse sentido, os grupos operativos são instrumentos importantes para viabilizar a aprendizagem dos indivíduos, já que pretendem operacionalizar as demandas necessárias para que se compreenda o porquê das subjetividades de cada pessoa, mostrando que as diferenças são partes essenciais do processo de construção socioemocional de cada ser humano.

Referência

BASTOS, Alice Beatriz B. Izique. A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon. Revista Psicólogo Informação, ano 14, nº 14, jan./dez. 2010.

Publicado em 03 de agosto de 2021

Como citar este artigo (ABNT)

SABACK, Juliene Lemos; CASTILHO, Renata de Freitas Tavares da Silva. Resenha do artigo "A técnica de grupos operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon". Revista Educação Pública, v. 21, nº 29, 3 de agosto de 2021. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/29/resenha-do-artigo-a-tecnica-de-grupos-operativos-a-luz-de-pichon-riviere-e-henri-wallon

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