Educação Infantil: relato de vivências nos campos de experiências da BNCC

Neuzenir Silva de Abreu Oliveira

Graduada em Pedagogia (Ulbra), professora na rede municipal de Cáceres/MT

É notório que o ser humano é atuante na elaboração das narrativas de suas próprias histórias na sociedade e assim contribuindo na cultura a qual está inserido. Dessa forma tem consciência de entender a sua existência e com isso conceder significado a ela. Nessa ação, memoriza e raciocina eventos vivenciados, representa e reconstrói o que vivenciou, produzindo anseios e expectativas incessantes desse jeito, encontra-se e aprende ao mesmo tempo. Por isso, o estímulo de elaborar o relato de experiência empunhando como ponto inicial as nossas vivências de experiências com embasamento documental.

Assim, o objeto de narração deste relato foi a Escola do/no Campo Municipal Santo Antônio do Caramujo, situada no Município de Cáceres, Distrito de Caramujo, Mato Grosso, mantida pela Secretaria Municipal de Educação. Desse modo, a vivência de experiências foi empreendida em particular na educação infantil, com regime de atendimento parcial, período matutino com os alunos da creche unificada de 2 e 3 anos de idade, turma híbrida por 7 meninas e 8 meninos.

Portanto, a experiência foi elaborada com amparo nos documentos oficiais, especificamente a Base Nacional Comum Curricular para a Educação Infantil e o Projeto Político Pedagógico da minha escola. Além das referências documentais para subsidiar o processo de ensino e aprendizagem disponho como alicerce a realidade dos educandos.

Campos de experiências

Os cinco campos de experiências são de suma importância na condução e direcionamento dos trabalhos didáticos, por sua vez desempenha papel relevante de   instruir os sujeitos implicados com uma atuação comprometida em seu processo de ensino e aprendizagem. Na verdade, eles são distintos um do outro, porém apresentam-se como elos complementares favorecendo o desenvolvimento acadêmico e o direito integral de aprendizagem das crianças, conforme os grupos etários.

Em conformidade com as Diretrizes Curriculares Nacionais Educação Básica – DCNEB (Brasil, 2013), é importante que as crianças se sintam apoiadas desde cedo e assim continuem por toda sua vida, valorizar suas experiências cotidianas na educação infantil, garantindo uma relação e interação positiva com a escola e no fortalecimento de sua autoestima, e que desenvolva sua capacidade cognitiva com as diferentes linguagens.

Assim, a BNCC (2017, p.37) para Educação Infantil traz como eixos norteadores as interações e a brincadeiras, onde as crianças podem construir conhecimento através de suas atuações ensinando, aprendendo e enriquecendo seu potencial a cada experiência vivida. Assim sendo, na condição de mediadora da aprendizagem, priorizei para a turma supracitada constantemente o favorecimento de atividades desafiadoras em cada campo de experiências, como aula de campo e projetos pedagógicos.

O Eu, o Outro e o Nós

Pensando no desenvolvimento e fortalecimento cognitivo dos educandos, deu-se prioridade à abordagem prática, tais como: acolhidas agradáveis com cenários e brinquedos atraentes que proporcionasse uma estabilidade emocional aos educandos para que a adaptação e interação com os colegas e professora ocorressem de forma serena e pacifica. Igualmente oportunizei atividades que proporcionassem aos alunos autoestima, autoconhecimento, e assim tivemos a possibilidade de conhecer e respeitar as diferentes formações de famílias e entender sua relevância na sociedade. Desse jeito, induzir nos educandos sentimentos de pertencimento à família, de acordo com Brasil, (2017), diz que a aprendizagem se manifesta com a convivência, participação, investigação, expressão e autoconhecimento, uma vez que, esses elementos se manifestar no desenvolvimento da criança servirão de avaliação.

Dessa forma, vivenciamos a experiência de construir brinquedos com sucatas, como carrinhos, cavalos, balanço, e assim promovendo a interação e cooperação na produção de maquetes representando habitantes da floresta e suas alimentações. Igualmente, no aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem, reproduzimos ambiente urbano, seus habitantes e suas alimentações.

Corpo, gestos, movimentos

Desse modo, continuando as vivências para esse campo de experiências busquei direcionar as atividades para a promoção da expressão, equilíbrio e interação social.  Portanto, as brincadeiras coletivas desenvolvidas favoreceram abundantemente na consciência de pertencimento ao grupo, e assim distanciando os alunos do sentimento de egocentrismo natural no desenvolvimento humano. Tendo oportunizado aos educandos ser protagonista da sua justa aprendizagem, participamos de atividades referentes à higiene corporal como: cortar as unhas, escovar os dentes, tomar banho, lavar as mãos constantemente, uso de álcool em gel, com o objetivo de prevenir os agentes causadores e transmissores de doenças, conforme com Brasil, (1998) as atividade que envolvem movimentos que possibilita várias manifestações na coordenação motora, possibilitando  desenvolvimento de posturas corporais implicadas nas atividades cotidianas, de cada criança”. Outrossim, exploramos movimentos nos brinquedos do parque, construímos de pneu reciclável um túnel e um triciclo.

Traços, sons, cores e formas

É notório que o currículo da Educação Infantil é norteador que está repleto de orientações de vivências que visam articular as experiências habilidades e cultura que os alunos propiciando assim o pleno desenvolvimento de crianças de 0 a 5 anos de idade (Brasil, 2013, p. 97).  Além disso, os estudiosos da Educação Infantil afirmam que os riscos, ou sejam, as garatujas, organizam-se   como um jogo nas narrativas, imaginação e criação. Visto que, são motivados pelos os suportes disponibilizados ou descobertos pelos alunos. Logo, os alunos tiveram acesso a materiais riscantes como giz, lápis, carvão para eles expressarem suas aspirações e mergulhando então no mundo fascinante da fantasia. Ainda, neste campo exploramos a banca de areia com sucatas para que os alunos dessem asas à imaginação e soltamos pipas no campo de futebol.

Desse modo, graças à intensa divulgação do projeto e sua relevância, os comerciantes e produtores locais aderiram à causa fornecendo regularmente frutas e verduras.  Diante disso, foi muito gratificante observar que toda a comunidade escolar saiu beneficiada tendo diariamente uma merenda ainda mais enriquecida com alimentos in natura. Portanto, tivemos interação com colegas de outras salas de aula para uma roda de conversa referente ao projeto trabalhado e assim degustar uma deliciosa salada de frutas.

É notório que no decorrer da execução do projeto alimentação saudável foi observada a sua eficácia no âmbito do processo de ensino-aprendizagem dos educandos. Isso ficou evidente na palestra para toda comunidade escolar ministrada pela nutricionista fornecida pela Secretaria Municipal de Educação, seguindo as orientações do guia alimentar para população brasileira, onde ela esclareceu através de exposição com grupos de alimentos quais eram mais recomendados para promoção de saúde mais saudável.

Além disso, enriquecemos nossos conhecimentos ao trabalhar em sala atividades referentes à alimentação saudável, tendo a oportunidade de ir à horta da escola vivenciamos o mundo encantado e fascinante de cores, cheiros e formas, e contemplamos o cultivo de diversas hortaliças, frutas e verduras desde a germinação.  Igualmente, fomos à barraca de frutas explorar as características das frutas, como texturas, nomes, variedades, estágios, cores e forma. Enfim, nós, sendo atuantes no processo de ensino e aprendizagem, degustamos frutas in naturas devidamente higienizadas com o intuito de promover a alimentação saudável.

Escuta, fala, pensamento e imaginação

Conduzida pelo Referencial Curricular da Educação infantil de Mato Grosso e pelo projeto político-pedagógico da escola e ambos incitam que é de suma relevância viabilizar experiências sendo autor do processo de ensino-aprendizagem, favorecendo sua participação na cultura oral, pois é na escuta de histórias, na participação em conversas, nas descrições, nas narrativas produzidas individualmente ou em grupo (Brasil, 2017, p. 40). Ainda, conforme esse campo de experiência, as crianças da educação infantil devem ser estimuladas a ter comportamentos de leitores, mesmo antes de saberem formalmente a decifrarem os códigos da língua materna.

Desse modo, para essa finalidade, foram propostas atividades de expressar-se como: gravar vídeos com mensagens curtas e posteriormente assistirmos, músicas, brincadeiras, cantigas de roda, parlendas, trava-línguas, mala de história e logo após a leitura desenhar o que entendeu, explorado as características dos objetos encantadores retidos caixa surpresa. Tivemos a oportunidade de contemplar os animais da fazenda, observando suas características, como cor, grande ou pequeno, magro ou gordo, mãe e filho, tipos de alimentos que eles comem, o que cobre seus corpos, penas ou pelos.

Portanto, neste mesmo viés, em parceria com e a Universidade do Estado de Mato Grosso, que desenvolve o Projeto Bichos do Pantanal, tivemos a oportunidade de conhecer e explorar alguns animais empalhados como jacaré, cobra, onça-pintada, tamanduá, cachorro-do-mato e tuiuiú.

Espaço, tempo, quantidades, relações e transformações

As experiências vividas nesse campo contribuem relevantemente para do desenvolvimento acadêmico das crianças, nesse sentido foram desenvolvidas atividades de comprar e vender em mercadinho montado na sala, utilizando as cédulas de brincadeira, podendo assim vivenciar e meditar em relação à importância e uso do dinheiro. Igualmente, fomos ao mercado próximo à escola com o objetivo de apresentar para as crianças o cotidiano com inúmeras circunstâncias, que cercam o consumo consciente de alimentos ultra processados.

Por isso, em 23 de setembro, Dia Nacional do Sorvete, nós vivenciamos na aula de campo a experiência de descobrir de onde vem o leite, juntos construímos uma vaquinha de papelão, e assim os alunos ficaram encantados com a possibilidade de tirar leite da vaquinha e também fomos no pasto que se situa  no entorno da escola observar as vacas com seus filhotes e apreciamos suas cores, o que comiam, os sons, e quantidade; em seguida, acompanhamos o processo de transformação do leite matéria-prima líquida para o sólido na produção de sorvete. Consequentemente degustamos diferentes sabores de sorvete e passeamos na comunidade observando os animais domésticos e suas características, tipos de moradia e suas cores, números. Semelhantemente, contemplamos e exploramos os estágios de desenvolvimento das plantas frutíferas no entorno da escola.

Além disso, a nossa turma teve um imenso privilégio de acompanhar uma família de pássaros que se reproduziram em um pilar próximo de nossa sala, contemplamos desde a construção do ninho até a encubação dos 3 ovos e o processo de alimentação e voejo dos filhotes, em concordância com Brasil (2017). Desde a tenra idade, a criança procura situar-se nos espaços e no tempo, tais como rua, bairro, cidade, dia, noite, ontem, amanhã; a partir do seu próprio corpo ela demonstra a curiosidade com relação ao mundo ao seu redor. Uma vez adquirido o conhecimento, a criança interage com os elementos físicos e culturais da natureza. Além das vivências e experiências as crianças deparam com   códigos matemáticos e das linguagens, de modo que se encantam e despertam a curiosidade para a experimentação.

Conclusão              

Destarte, isso significa que os conhecimentos e saberes trabalhados surgem para os educandos em grandes cenários, tais como observação, comparação, leitura, pesquisa, experiência, análise e da comunicação que definimos com a trajetória do processo de ensino e aprendizagem. É notório que os projetos de ensino são um mecanismo facilitador do processo de aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. Além do mais, as famílias que compõem o corpo educacional tiveram uma contribuição   admirável para que essa experiência fosse vivenciada e desenvolvida com resultados positivos na vida acadêmica dos alunos.

Referências

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ Acesso em: 06 maio 2021.

______. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 1998.

______. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica. Brasília: 2013.

CÁCERES. Projeto Político-Pedagógico da Escola Municipal Santo Antônio do Caramujo. Cáceres, 2020.

MATO GROSSO. Referencial Curricular: Educação infantil e Ensino Fundamental. 2016. Disponível em: https://sites.google.com/view/bnccmt/ educa%C3%A7%C3%A3o-infantil-e-ensino-fundamental/ documento-de-refer%C3%AAncia-curricular-para-mato-grosso. Acesso em: 20 maio 2021.

Publicado em 21 de setembro de 2021

Como citar este artigo (ABNT)

OLIVEIRA, Neuzenir Silva de Abreu. Educação Infantil: relato de vivências nos campos de experiências da BNCC. Revista Educação Pública, v. 21, nº 35, 21 de setembro de 2021. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/35/educacao-infantil-relato-de-vivencias-nos-campos-de-experiencias-da-bncc

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