Educação Infantil: as práticas inovadoras e o uso das mídias como ferramenta de aprendizagem no município de Ananindeua/PA
Darcilene Ramos Lopes
Professora, mestra em Educação com ênfase em Formação de Professores (Universidad del Atlántico, pedagoga, especialista em Tecnologia em Educação (PUC-Rio), em mídias na Educação (UFSCar); em Neurociência Aplicada com Ênfase em Aprendizagem (IFRJ) e em Psicopedagogia (Unyleya)
Ao desenvolver este estudo, pretende-se promover a utilização e o intercâmbio de recursos didáticos que facilitem a fixação de conteúdos por meio do uso de mídias educacionais, assegurando ao aluno o direito de aprender, ligando teoria e prática e possibilitando ações inovadoras no processo de ensino-aprendizagem como forma de estimular saberes dialógicos entre docentes e alunos da Educação Infantil.
Em tempo de pandemia, o uso das mídias como ferramentas de aprendizagem tomou dimensão de recurso popular audiovisual utilizado na escola; sua disseminação promoveu o resgate da autoestima do docente e norteou a Secretaria de Educação de Ananindeua/PA a construir seu material totalmente em parceria e ambiência com a comunidade escolar ou seja gestor, coordenador, professor, alunos e apoio pedagógico.
Linha do tempo da Educação Infantil
- 1980 - Origem da Educação Infantil e demandas emergenciais de assistência a crianças carentes;
- 1988 - Constituição da República Federativa do Brasil;
- 1996 - Promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN); a Educação Infantil passa a ser parte integrante da Educação Básica. Promulgados os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI);
- 2006 - A Educação Infantil passa por importante mudança com alteração no texto da LDBEN, ampliando os anos da escolaridade básica: o acesso ao Ensino Fundamental passa a ser obrigatório aos seis anos de idade, e a Educação Infantil passa a atender à faixa etária de zero a 5 anos e 11 meses;
- 2009 - A Emenda Constitucional nº 59/2009 define a Educação Infantil como etapa obrigatória para as crianças de 4 e 5 anos nos sistemas de ensino em todo o Brasil. Ainda em 2009, o Conselho Nacional de Educação aprovou a Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009, fixando as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN);
- 2013 - Em consonância com a Constituição Federal de 1988, a LDB afirma a obrigatoriedade de matrícula de todas as crianças de 4 e 5 anos em instituições de Educação Infantil;
- 2016 - A etapa da Educação Infantil é incluída no processo de elaboração da BNCC;
- 2017 - Todos esses passos jurídicos e históricos criaram condições para que, em 2017, o Conselho Nacional de Educação emitisse o Parecer CNE/CP nº 15/17, que define a Base Nacional Comum Curricular, um documento que estipula as bases para as novas organizações curriculares em todo o Brasil;
- Na atualidade (2021): O Brasil luta para que todas as crianças tenham acesso a uma instituição de Educação Infantil.
Entende-se que essa nova geração de crianças que chega à escola possui conhecimentos relevantes e anseio de aprender. Elas estão em busca de algo que as fascine, que instigue seu interesse. São crianças conectadas ao videogame, à internet, ao celular e à televisão; em razão do maior tempo que passam em casa, elas tiveram aumentado acesso às mídias no seu cotidiano. Elas anseiam por tecnologia, e a verdadeira Geração “Z“ possui uma maneira própria de se relacionar com o conhecimento.
Nasceram, aproximadamente, entre 1995 e 2005, num mundo globalizado e no qual a internet já estava se disseminando. Então sentem-se à vontade com a tecnologia e não concebem a vida sem a rede, mas, ao mesmo tempo, valorizam as interações pessoais. São determinadas, têm a mente aberta e aceitam com naturalidade a diversidade de gênero, étnica e outras. Acreditam fortemente em seu potencial para empreender, de modo que, para eles, emprego fixo e carreira estável são coisas do passado. São bem informados e mais conscientes quanto ao uso do dinheiro do que seus antecessores (Avancini, 2019).
Considera-se que as gerações Y e Z já viveram plenamente o advento da internet, a formação de comunidades virtuais, o acesso a centenas de informações e o relacionamento na rede; a Geração Z faz tudo isso em banda larga e com web 2.0, ou seja, com maior rapidez ainda (Nogueira, 2014).
Acredita-se na possibilidade de um novo norte, na quebra de paradigmas e aplicação de novas possibilidades de ensinar e aprender em tempos difíceis, nos quais todos estão se reinventando e buscando incessantemente práticas inovadoras contextualizadas e significativas, sendo necessário para tanto que o docente esteja bem preparado e que tenha disponíveis as ferramentas que possibilitem, de fato, a acessibilidade para todos. A instituição escolar tem, nesse cenário, o desafio de educar, de compartilhar saberes de forma colaborativa, facilitadora e contemporânea para esse público.
Ao apresentar essa experiência, teve-se como principal finalidade avançar no desenvolvimento e desdobramento de uma nova Coordenadoria de Gestão Pedagógica por meio de linguagem clara, inovadora e enriquecedora, que estimule a criatividade, a vontade de aprender e de fazer tudo com mais entusiasmo.
Embora a utilização dessa ferramenta nas práticas educacionais pareça simples, a inserção da tecnologia é desafiadora, pois grande parte dos docentes ainda tem dificuldade em utilizar a tecnologia audiovisual como método pedagógico, uma vez que não há improviso nesse segmento. É preciso ter conhecimento, pesquisar e preparar-se para essa técnica educacional.
Moran (2010) chama a atenção para o fato de haver um “movimento de transformação mundial em todas as dimensões, também na educacional, que vai além da escolarização”, lembrando que é preciso estar atento para o aprendizado contínuo, amplo e ao longo da vida. A escola tem uma transformação muito mais lenta do que o desejado e em diferentes ritmos, atrasando a sociedade e comprometendo o futuro pessoal e social; os mais prejudicados são as crianças e os jovens, notadamente os mais pobres, que necessitam de “uma formação básica de boa qualidade para empreender numa vida futura incerta e longa”.
A videoaula como incremento de prática educacional
A videoaula é uma ferramenta que possibilita reforçar e complementar o aprendizado das atividades estruturadas e não estruturadas; assim, nesse processo de incremento de saberes inovadores, fomenta as práticas em tempo de pandemia e possibilita o acesso de todos os alunos. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) pode impulsionar essa inovação necessária, já que inclui o digital em diversas competências, inclusive em habilidades dos estudantes com a tecnologia.
O acesso à internet também é necessário para cumprir a quinta competência da BNCC, que se refere à utilização de tecnologias digitais de informação e de comunicação de forma crítica, para que se tenha compreensão das coisas relacionadas às leis de segurança de dados:
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva (Brasil, 2017).
Potencializar e facilitar, aprender de maneira diferente, misturar o espaço físico e o virtual (on-line e off-line) são desafios que o educador deve enfrentar e superar. Entendendo que a pandemia fugiu ao controle, a Organização Mundial da Saúde (OMS) assegurou ao docente, no que se refere ao distanciamento social, a possibilidade do trabalho em regime de home office, de acordo com os protocolos segurança assegurados pela legislação e pelos Direitos Humanos.
Sendo a Educação Infantil a primeira etapa da Educação Básica, o início e o fundamento do processo educacional, entrar na creche ou na pré-escola geralmente significa a primeira separação das crianças dos seus vínculos afetivos familiares para experienciar uma situação de socialização estruturada. Nas últimas décadas, vem se consolidando na Educação Infantil a concepção que vincula educar e cuidar, entendendo o cuidado como algo indissociável do processo educativo.
É necessário que, nesse contexto, o docente esteja organizado e com seu planejamento alinhado para enfrentar o desafio de fazer com que as videoaulas atinjam o maior número possível de alunos, mantendo o olhar de preocupação com o aluno. Abriu-se a possibilidade de ação em quatro pilares, com a implementação do movimento Educa Ananindeua.
- Professor;
- Atividades estruturadas;
- Movimento Educa Ananindeua na TV;
- AVA - Plataforma Grupos Digitais.
Diante desse panorama, entende-se que o docente precisa ter o olhar para os campos de experiência.
Figura 1: Campos de experiência
Dessa forma, o foco do estudo reside em garantir o acesso de todas as crianças e desenvolver a competência dos docentes. O Ministério da Educação (MEC) validou a resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) que autoriza o ensino remoto nas escolas públicas e particulares do país enquanto durar a pandemia da covid-19.
Objetos de aprendizagem
De acordo com Nogueira (2014), define-se objeto de aprendizagem como uma entidade digital ou não digital que pode ser usada, reutilizada ou referenciada durante um processo de suporte tecnológico ao ensino e aprendizagem.
Exemplos de tecnologia de suporte ao processo de ensino-aprendizagem incluem aprendizagem interativa, sistemas instrucionais, instrumentos digitais: textos, animações, vídeos, imagens, aplicações, páginas da web que se destinam a apoiar o aluno no desenvolvimento da aprendizagem.
Figura 2: Objetos de aprendizagem
Trata-se de recursos digitais modulares, usados para a apoiar a aprendizagem presencial e a distância, podendo ser utilizados como módulos de determinado conteúdo ou como conteúdo completo (Aguiar; Flores, 2014).
Sua utilização é destinada a situações de aprendizagem tanto na modalidade a distância quanto presencial, podendo ser definidos como “qualquer entidade, digital ou não digital, que pode ser usada, reutilizada ou referenciada durante a aprendizagem apoiada por tecnologia” (IEEE, 2002, p. 6). Os objetos de aprendizagem têm como principal característica a possibilidade de reutilização de seus recursos em diferentes contextos.
O brincar
Os brinquedos exercem encanto em qualquer criança e, além do aspecto lúdico, desenvolvem habilidades e têm efeito em todo o processo de desenvolvimento infantil. É, ainda, um ótimo meio de melhorar a relação entre crianças e adultos, pois proporciona uma rica oportunidade de refletir e esclarecer situações complexas do cotidiano.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), em seu Art. 9º, os eixos estruturantes das práticas pedagógicas dessa etapa da Educação Básica são as interações e a brincadeira: “as práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira” (Brasil, 2010, p. 27).
São experiências que as crianças podem construir e com as quais apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e interações com seus pares e com os adultos, o que possibilita aprendizagens, desenvolvimento e socialização.
As videoaulas em tempo de pandemia ganharam grande importância, pois trata-se de uma ferramenta de aprendizagem muito relevante, que estimula o trabalho colaborativo, a interação dos grupos de trabalho, desenvolve a capacidade cognitiva e a inteligência emocional, além de valorizar o desenvolvimento das habilidades entre o grupo. Segundo Lopes (2020),
Nota-se que Freire enfatiza a necessidade do professor de se preparar, envolver, conhecer, aprender, estudar, ler para a tarefa docente; dessa forma, o aprendizado do ensinante ao ensinar se dá na medida em que o ensinante, com humildade e aberto, se ache continuamente disponível para aprender, repensar o passado, rever as suas posições. Assim, há sempre algo diferente, que merece a atenção do professor para o entendimento crítico dos processos do cotidiano educativo, quer participe como aprendiz e, portanto, ensinante, ou como ensinante e, por isso, aprendiz também (Lopes, 2020, p. 5).
Para que a integração tenha, de fato, desenvolvimento harmônico, faz-se necessário que todos tenham a visão de que a educação é um processo em constante construção, autonomia, respeito e ética do conhecimento. A educação somos todos: “eu, você e a escola”.
A definição de educação de Freire (1982, p. 97) é: “Educação é o processo constante de criação do conhecimento e de busca da transformação-reinvenção da realidade pela ação-reflexão humana”. Segundo o autor, há duas espécies gerais de educação: a educação dominadora e a educação libertadora.
Metodologia
A metodologia utilizada no estudo caracterizou-se como relato de experiência prática e exploratória embasada, do ponto de vista bibliográfico, em obras, artigos, legislações e periódicos, entre outros, encontrados em meio físico e eletrônico, sendo selecionados os autores que se debruçaram sobre o tema; em um primeiro momento, realizou-se análise da elaboração de vídeos, com um estudo de como construí-los passo a passo.
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses quefazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade (Freire, 1997, p. 14).
Ananindeua possui aproximadamente 85 escolas e 22 anexos, nos seguintes segmentos: Educação Infantil, Ensino Fundamental Menor, Ensino Fundamental Maior e Educação de Jovens e Adultos. A cidade de Ananindeua/PA é composta pelos bairros relacionados no Quadro 1.
Quadro 1: Bairros de Ananindeua/PA
Área urbana |
Área Rural |
Ilhas |
|
Mídia utilizada
As mídias escolhidas para serem utilizadas são as escritas, as hipermídias e as videoaulas. As mídias escritas foram escolhidas por serem muito usadas no dia a dia, atentando-se para o hipertexto:
documento eletrônico composto de nodos ou de unidades textuais interconectados que formam uma rede de estrutura não linear, por meio de links, que são as conexões feitas entre nós em um hipertexto. Os nós podem ser trechos, palavras, figuras, imagens ou sons no mesmo documento ou em outro documento hipertexto (MEC, s. d.).
Esse tipo de mídia é importante para o projeto, pois trabalhará trechos, figuras, imagens e sons em que o usuário poderá interagir de forma mais dinâmica com a informação.
A hipermídia é um conjunto de meios que dá acesso simultâneo a textos, sons e imagens de forma interativa e não linear, permitindo fazer links entre elementos de mídia e controlar a própria navegação, entre outras facilidades. Todos os docentes pesquisados possuem celular, o que possibilita a eles diferentes percursos de leitura e alto nível de interatividade.
As videoaulas baseiam-se em vídeos (que, em latim, significa “eu vejo”). Trata-se de uma tecnologia de processamento de sinais eletrônicos, analógicos ou digitais, para capturar, armazenar e transmitir ou apresentar imagens com movimento. Dessa forma, criou-se uma roteirização lúdica, como mostra o Quadro 2.
Quadro 2: Elementos para roteirização lúdica
Prática |
Colaborador(a)/docente |
Ferramenta de aprendizagem |
Musicalização |
Darcilene Lopes, Helen e Michelly |
Som, telefone e internet |
Brincadeira das artes |
Darcilene, Carlos Raiol, Raimunda Ribeiro, Helen e Michelly |
Tinta, papel, frutas, celular pessoal com internet |
Corpo e movimento |
Darcilene, Hellen e Michelly |
Som, ambiência, música |
Infraestrutura e recursos necessários
São necessários os smartphones dos docentes, disponibilidade para um trabalho colaborativo e a sala da GTIAE – Grupo de Trabalho Inclusão e Assistência Especializada.
Etapa de preparação
- Convite feito pelas colegas de trabalho para auxiliar na elaboração de vídeos, uma vez que lhes faltava habilidades.
- Processo de orientação e desenvolvimento.
- Reunião com docentes do grupo, promovendo o trabalho em equipe.
- Processo de elaboração de vídeos e edição.
- Envio para as escolas.
Etapa de aplicação
- Acolhimento dos professores, com pausa para café; dinâmica para trabalhar a timidez de gravação.
- Desenvolvimento: conceito, entrega de material impresso para leitura e compartilhamento de experiências.
- Interação da temática: o que eu posso mudar?
- Avaliação/autoavaliação.
- Feedback da equipe.
Materiais utilizados
- Celular com acesso à internet;
- Computador;
- Brinquedos estruturados utilizados: jogos das cores e tabuleiro geométrico;
- Brinquedos não estruturados utilizados: colher, refratário de acrílico, copo de plástico, canudos;
- Tinta guache, lápis de cor, papel A4, EVA e pincel;
- Música na elaboração dos vídeos;
- Atividades estruturadas;
- Ferramentas de apoio.
Metodologia de utilização
Figura 3: Professoras apresentando recursos didáticos
Resultados e discussão
Como docentes, o processo todo foi avaliado por um grupo colaborativo, que emitiu sugestões, agregando conhecimento, interação e inclusão dos grupos de trabalho da Educação Infantil e da Inclusão Educacional.
Verificou-se que elaborar videoaulas é um processo realmente desafiador, principalmente para a Educação Infantil, que requer um esforço maior para atrair a atenção dos pequeninos, preocupação com a qualidade do material elaborado, além da necessidade de superar a disponibilidade dos pais como parceiro nesse cenário.
Entende-se que não é possível que o docente faça as videoaulas de improviso, sendo necessário um bom preparo para esse grande desafio, uma vez que se trata de uma situação para a qual os professores não estavam preparados, pois não tinham intimidade com as mídias educacionais; embora a tecnologia já esteja inserida no dia a dia dos profissionais há algum tempo, utilizá-la de modo correto e com o objetivo proposto é realmente inovador no segmento educacional.
Observa-se que o docente precisa encarar o aluno que está do outro lado da câmera e o resultado desse trabalho para verificar o encantamento das crianças e das famílias, que ocorre mediante a devolutiva dos pais e/ou responsáveis que se tornam parceiros nesse contexto.
A gravação de vídeos assegurou a todos estudantes da Educação Infantil do município de Ananindeua/PA, o acesso ao ensino tendo como parâmetro a igualdade educacional, que garante o direito à Educação promovendo a equidade. Com visão de política educacional e de uma sociedade democrática, efetivou-se o princípio da igualdade, da diversidade e da equidade, como se observa no item O pacto interfederativo e a implementação da BNCC - Base Nacional Comum Curricular: igualdade, diversidade e equidade.
No Brasil, um país caracterizado pela autonomia dos entes federados, acentuada diversidade cultural e profundas desigualdades sociais, os sistemas e redes de ensino devem construir currículos, e as escolas precisam elaborar propostas pedagógicas que considerem as necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes, assim como suas identidades linguísticas, étnicas e culturais (Brasil, 2017).
Nesse sentido, o currículo garantiu que cada criança recebesse a videoaula de acordo com sua necessidade por meio do celular e utilizando o aplicativo do WhatsApp. Entendendo que ninguém é igual, o currículo fomentou a equidade, a diversidade e a igualdade de acordo com a BNCC, que cita a tecnologia como habilidade para o aprendizado, sendo significativa e reflexiva, assim garantindo acesso à estratégia adequada ao saber e, até mesmo, à mobilidade de cada um na sua especificidade.
De antemão foi desafiador mobilizar a política educacional de acordo com a lei, as normas e os direitos; o sistema foi realmente desafiado; com um olhar diferenciado foi possível perceber, no decorrer das gravações, que cada docente tem seu próprio ritmo de trabalho (alguns precisam de mais tempo, outros de menos), o que proporcionou uma visão inclusiva, respeitando o desenvolvimento de cada um.
Nesse contexto, a Secretaria de Educação, por meio da Coordenadoria de Gestão Pedagógica e seus grupos de trabalho (GT), com o compromisso e a preocupação em oferecer condições básicas de aprendizado aos alunos, lançou o desafio para o GT de Educação infantil e o GT de Inclusão e Assistência Especializada, para que trabalhassem juntos de forma colaborativa. Assim, houve a participação da Educação Inclusiva, reunindo todos com necessidades diferentes; a escola inclusiva promove vários olhares, e essas gravações possibilitaram conviver com o diferente fazendo diferente, fomentando praticas motivacionais, sendo abordados no trabalho de gravação os seguintes pontos:
- Lúdico, interação e motivação;
- Praticas investigativas;
- Campos de experiências.
Na Educação Infantil deve-se assegurar seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se, sendo organizada em cinco campos de experiência: O eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, cores e formas; Escuta, fala, pensamento e imaginação; e Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.
Conclusão
A motivação para este trabalho partiu da necessidade de buscar alternativas para o uso da videoaula como recurso didático para a Educação Infantil, trabalhando a implementação do movimento Educa Ananindeua, uma proposta de currículo continuum referente ao biênio 2020-2021. Verificou-se como ocorre a utilização do vídeo como recurso para constatar se ele contribui para melhorar o trabalho docente e sua eficácia como ferramenta de enriquecimento da aprendizagem dos alunos neste tempo de covid-19.
O que se pode notar é que a videoaula pode ser um recurso didático de extrema importância para a aprendizagem, se usada de forma criteriosa, planejada e com foco no que preconizam a BNCC e as DCNEI. Na sociedade em que vivemos, em que os celulares com acesso à internet se tornaram populares, com inovações tecnológicas surgindo quase diariamente, é possível utilizar esse recurso para atenuar a ausência das aulas presenciais.
Desta forma, a tecnologia não deve ser encarada como rival na disputa pela atenção dos alunos, mas como aliada na construção do saber, cabendo às escolas, de acordo com suas demandas, desenvolver uma forma para a utilização das videoaulas, e aos professores a atualização dos seus métodos de ensino, para que elas sejam acrescentadas às práticas pedagógicas. Verificou-se que se trata de um tema amplo, impossível de ser esgotado em apenas um estudo, ficando a necessidade de aprofundamento e expansão para outras séries.
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Publicado em 16 de novembro de 2021
Como citar este artigo (ABNT)
LOPES, Darcilene Ramos. Educação Infantil: as práticas inovadoras e o uso das mídias como ferramenta de aprendizagem no município de Ananindeua/PA. Revista Educação Pública, v. 21, nº 41, 16 de novembro de 2021. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/41/educacao-infantil-as-praticas-inovadoras-e-o-uso-das-midias-como-ferramenta-de-aprendizagem-no-municipio-de-ananindeuapa
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