O uso do lúdico para o ensino e aprendizagem da Matemática

Vinícius Borovoy de Sant'ana

Mestre em Ensino, professor (SEE-MG)

Judite Pascoal Ribeiro

Graduanda em Pedagogia

O memorial tem sido de grande valia para a vida acadêmica do discente, sendo usado de forma abrangente para fins de concursos, promoção nas carreiras universitárias e na trajetória do aluno, tornando-se mais um documento importante no processo de qualificação.

Para a conclusão do curso de licenciatura plena em Pedagogia, são inúmeros os formatos aceitos: monografia, artigos científicos, produto educacional, relato de experiência e, não menos importante, o memorial de formação. Optei pelo memorial de formação, onde consigo relatar a experiência do uso da Matemática lúdica ao longo do curso. Segundo Bruner,

vivemos em um mar de histórias, e como os peixes, que (de acordo com o provérbio) são os últimos a enxergar a água, temos nossas próprias dificuldades em compreender o que significa nadar em histórias. Não que não tenhamos competência em criar nossos relatos narrativos da realidade – longe disso, somos, isso sim, demasiadamente versados. Nosso problema, ao contrário, é tomar consciência do que fazemos facilmente de forma automática (2001, p. 140).

O memorial acadêmico é um documento que pode ter como finalidade a preservação das lembranças, recordações, valores, bem como relembrar as experiências vividas como graduandas e graduandos do curso de Pedagogia. Além disso, pode também contribuir para formar pensamentos flexíveis, oferecendo aos alunos e às alunas a oportunidade de pensarem sobre si no conjunto das relações que se estabelecem nos processos envolvidos na formação acadêmica. Ainda sobre isso, Prado e Soligo apontam que,

sendo o memorial de formação, já se tem aí ao mesmo tempo uma explicação e um fator limitante: o conteúdo, em linhas gerais, é nossa formação e, mais, nossas experiências e partes da história de vida que se relacionam com essas duas dimensões. Mesmo que se opte por um texto mais livre, ainda assim estará referenciado no fato de que se trata de um memorial que é de formação (2005, p. 59).

Após a breve compreensão do que seja um memorial, este trabalho tem como propósito trazer reflexões sobre as vivências e as experiências, chegando até os dias atuais em que me encontro em constante processo de aprendizagem. Sendo assim, me proponho a apresentar alguns fatos ocorridos ao longo do curso de Pedagogia como discente do Consórcio Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cederj), no polo de Paracambi, tendo como maior objetivo relatar as minhas aprendizagens sobre a ludicidade usada na disciplina de Matemática, que pode tornar a compreensão e a aprendizagem da Matemática mais prazerosas.

O trabalho será dividido em três seções: a primeira, Por que ingressei no curso de Pedagogia, traz um breve relato da minha vida, o motivo da escolha pelo curso e as barreiras enfrentadas. Na seção seguinte, Aprendendo com a Pedagogia, faço uma narrativa como estudante do Consórcio Cederj, apresento as disciplinas que favoreceram o meu aprendizado, trago um relato sobre a navegação no ambiente virtual do curso, sobre os estágios realizados presencialmente e sobre a contribuição que eles tiveram para minha aprendizagem. Já na terceira seção, O uso de materiais concretos no ensino de Matemática, descrevoa experiência que tive no sétimo seminário, sua relação com a ludicidade na disciplina de Matemática. Descrevo também os jogos que utilizei no seminário para o desenvolvimento das atividades lúdicas e sobre a contribuição que o aprendizado dessa disciplina agregou para minha formação acadêmica.

Por que ingressei no curso de Pedagogia?

Falo um pouco dos relatos e das narrativas de forma generalizada. Pois é muito provável que a forma mais natural e mais imediata de organizar nossas experiências e nossos conhecimentos seja a forma narrativa (Bruner, 2001).

Com base nesse trecho de Jerome Bruner, começo o memorial com o intuito de que seja uma leitura agradável e que o leitor se aproprie desta história pelas minhas narrativas. Sou natural do Maranhão, filha de pais nordestinos, tive uma infância feliz e muito arteira. Da minha memória recordo que minha mãe falava que quando eu crescesse eu iria ter uma filha igualzinha a mim, para eu sentir na pele um pouco do trabalho eu que dava para ela. Porém, para a minha sorte, tive um filho supertranquilo.

Em 1994, já na adolescência, tive que pular essa fase para me dedicar ao trabalho em uma cerâmica de tijolos na cidade de Imperatriz, no Maranhão, não conseguindo conciliar o trabalho com os estudos. Após alguns anos resolvi retornar aos estudos. Nessa época, já estava com 25 anos e realizei a matrícula na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para minha surpresa, descobri que estava grávida e então mais uma barreira se formava; todavia, não desisti, continuei estudando, tive meu filho, que hoje tem dezessete anos.

Essa responsabilidade na maioria das vezes tem um “peso” maior para a mãe, acaba quase sempre dificultando o seu percurso acadêmico e profissional, conforme afirma Miller (2005, p. 56):

a experiência subjetiva de ser mãe, em contraste com as “imagens antecipadas” acerca da maternidade, pode lançar a vida de mulheres em uma temporária confusão. Quando essa experiência está associada às exigências acadêmicas, como podemos notar, a situação revela-se ainda mais complexa.

O ano de 2004 marca a minha primeira barreira vencida: concluir o Ensino Médio na EJA, que, segundo apontam Colavitto e Arruda (2014, p. 15), possibilita “a todos o acesso à cultura, não só escrita, mas também às informações, das quais foram privados, devido à exclusão escolar, além da preparação para o mercado de trabalho”.

Logo, a educação escolar não é importante apenas para a alfabetização, mas também porque a escola é um lugar privilegiado onde as pessoas podem desenvolver o pensamento reflexivo, permitindo uma diversidade de culturas, pensamentos e problemáticas. Essa vivência escolar é defendida por Paulo Freire ao relatar que

a educação como prática de liberdade, ao contrário daquela que é a prática da dominação implica a negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim também a negação do mundo como uma realidade ausente dos homens (Freire, 1999, p. 40).

Já no ano de 2009, conheci meu esposo e nos casamos em 2011. Por ele ser natural do Rio do Janeiro, desde então resido no Rio de Janeiro. Com a maturidade e as ideias aflorando, fiquei sabendo, por intermédio dele, do ensino a distância oferecido pelo Cederj, que compreende universidades e instituições de Ensino Superior (IES) públicas, tendo como objetivo levar a Educação Superior pública, gratuita e de qualidade para todo o Estado do Rio de Janeiro, através de cursos na modalidade de Educação a Distância (EaD).

Fiquei super animada para prestar o vestibular, mas não consegui entrar; tive que me qualificar para conseguir alcançar a aprovação. Essa foi a primeira etapa a ser vencida de um desafio que eu precisava encarar. Já a segunda etapa foi o dia da aula inaugural. Quanta emoção senti por fazer parte de uma instituição tão conceituada como a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e ainda cursando aquilo que almejava, Pedagogia.

Lembro-me que cheguei a pensar que o sonho de uma graduação estava bem longe de tornar-se realidade, já que, naquela época, não se realizaria pelo fato de minha idade já estar um pouco avançada e pelo fato de ter tido um Ensino Médio com pouca preparação para concorrer a uma vaga em uma universidade pública que é muito concorrida. Porém continuei firme no meu propósito, focada nos meus objetivos e não me deixei ser vencida.

A formação superior que parecia ser impossível hoje está se tornando algo cada vez mais próximo de se realizar, ou seja, obter o título de licenciatura em Pedagogia. Lembro que eram apenas vinte vagas para não cotistas (que era o meu caso), porém o mais importante foi que consegui a tão sonhada vaga. Não foi fácil conseguir chegar até aqui, pois tive que ter determinação, coragem e força de vontade para vencer todas as etapas dessa trajetória universitária na qual já se passaram quase quatro anos e tendo encontrado várias dificuldades em algumas disciplinas, principalmente nas de humanas, que foram as que vivenciei em maior parte no decorrer do curso.

A Pedagogia passou a ser realidade na minha vida e parte dos meus projetos estava prestes a se realizar. O sonho de tornar-me professora estava cada vez mais próximo, pois sempre fui uma aluna empenhada, principalmente na disciplina de Matemática, fato que me fazia admirar os professores e as professoras da matéria. Isso não significava que eu não admirasse os/as demais professores/as, mas o encanto maior era com a Matemática.

Durante a minha caminhada de vida, não trabalhei como professora, tive um currículo de trabalhos diversificados. O meu último trabalho foi de motorista de van escolar, no qual estive por 10 anos, transportando quinze crianças na parte da manhã e quinze no horário da tarde e com isso conseguia conciliar meu horário com a faculdade. No entanto, com a pandemia, tive que deixar de trabalhar com transporte escolar, pois as escolas permaneciam fechadas e se direcionaram apenas ao ensino remoto. Dessa forma, tive que me reinventar, trabalhando na sorveteria do meu sogro, fazendo trabalhos artesanais, cuidando de casa, marido e filho e dando continuidade aos estudos a distância, mas não posso reclamar, porque ainda assim consegui chegar até aqui.

Aprendendo com a Pedagogia

Só tenho a agradecer por toda a trajetória percorrida até aqui como estudante do curso de Pedagogia, já que foram momentos de conquista e aprendizagem que levarei comigo pela vida inteira, nos quais tive a oportunidade de contemplar tanto o ensino a distância, quanto o presencial que a instituição oferece para os alunos que almejam um ensino de qualidade, por meio de uma explicação mais detalhada e minuciosa, pois algumas disciplinas são muito complexas. O Cederj oferece, além do ensino remoto (através de sua plataforma), o ensino presencial, que se torna obrigatório em algumas disciplinas, como no caso das aulas de informática e os seminários.

As aulas de Informática Instrumental com o professor Élcio foram bem proveitosas, pois tivemos explicações sobre como usar a plataforma Cederj, softwares específicos, sistemas operacionais diversos e o nosso primeiro contato com o Linux, o sistema usado pelo Cederj, além de termos contato com editores de texto, entre outros recursos que poderiam ser utilizados na rede digital. Para quem não sabe, Linux é um sistema operacional como o Windows e o Mac OS, que possibilita a execução de programas em um computador e outros dispositivos. Linux pode ser livremente modificado e distribuído.

Além das aulas de Informática, tivemos sete seminários, sendo a maior parte deles de forma presencial. O seminário de Matemática foi aquele com que mais me identifiquei. Foi um dia inteiro de aula, com apresentação de atividades lúdicas que explicarei melhor na próxima seção.

Os dias de provas eram dias bem intensos e trabalhosos, por serem sempre presenciais; geralmente eu fazia duas provas no sábado e duas no domingo, e sempre ocorriam em dois finais de semanas seguidos, divididas entre os turnos da manhã e da tarde, o que correspondia a um total de oito matérias por período, quando eu precisava ficar quase o dia inteiro em Paracambi. Ainda assim, foram experiências bem agradáveis que vivenciei nesses dias, pois em cada intervalo das provas tínhamos a oportunidade de nos reunir com a turma, nos incentivando uns aos outros, almoçando juntos e compartilhando as dificuldades que tínhamos nas disciplinas.

Cabe destacar que esses momentos de interação com os colegas de turma foram importantes para minha formação, pois a troca de informação entre nós foi algo de grande valia e contribuiu para ampliar ainda mais os nossos conhecimentos. Ao término das provas, o meu receio eram as notas, pois só quem já estudou no Cederj sabe como as provas são complexas: em cada disciplina tínhamos que ler até dois livros, e quando não era possível ler todo o livro não era raro a pergunta da prova se relacionar àquilo que não tinha sido lido ou estudado, fato que tornava inevitável a minha preocupação com as notas, sentimentos que tomavam conta de mim sem que eu percebesse, algumas decepções, mas nada que me abalasse a ponto de que eu não me empenhasse para conseguir melhor desempenho nas próximas provas.

Cito aqui outra disciplina ministrada de modo presencial que fez parte do primeiro período e que me identifiquei muito, pois trouxe conceitos marcantes além da Matemática: a disciplina de Educação Inclusiva, com a professora Ediclea. Nessa disciplina produzimos materiais utilizados para ajudar nas aprendizagens de pessoas com deficiências, quando o/a aluno/a poderia escolher para qual o tipo de deficiência gostaria de confeccionar o objeto. Escolhi para criança com paralisia cerebral, e utilizei um papel emborrachado para aumentar o volume do cabo de uma colher, porque a pessoa com deficiência, ao utilizá-la, teria mais firmeza para segurar o utensílio. Podemos entender o que vem a ser paralisia cerebral de acordo com Bobath e Bobath (1979, p. 1):

é uma desordem do movimento e da postura devido a um defeito ou lesão do cérebro imaturo. A lesão não é progressiva e provoca debilitação variável na coordenação da ação muscular com resultante incapacidade da criança em manter posturas e realizar movimentos normais.

No terceiro período, tive o primeiro contato com a disciplina de Matemática e consegui estar presente em todas as sessões de tutoria, pois tinha o intuito de assimilar o máximo que eu pudesse. Foram apresentadas questões de Ensino Fundamental II e raciocínio lógico que acrescentaram muito às minhas aprendizagens, pois a professora, sempre muito atenciosa, dedicada e disposta a tirar as dúvidas de todos, utilizava técnicas de fácil compreensão. No entanto, nessa disciplina não foram usadas práticas lúdicas como nas aulas do seminário de Matemática, porque a ludicidade é um ensino mais utilizado no Ensino Fundamental I, pois nesse momento a criança encontra-se na fase operatório-concreta de desenvolvimento, conforme postulado por Piaget (1999).

As crianças entram no Ensino Fundamental com idades entre seis e sete anos. De acordo com Davis e Oliveira (2008), a fase de desenvolvimento cognitivo que se inicia nessa idade é definida por Piaget como operatório-concreta e necessita de recursos concretos para apoiar seus pensamentos:

nesse período de desenvolvimento o pensamento operatório é denominado concreto porque a criança só consegue pensar corretamente nessa etapa se os exemplos ou materiais que ela utiliza para apoiar seu pensamento existem mesmo e podem ser observados. A criança não consegue ainda pensar abstratamente, apenas com base em proposições e enunciados. Pode então ordenar, seriar, classificar etc. (Davis; Oliveira, 2008, p. 43).

Ainda discorrendo sobre os momentos e experiências que vivenciei ao longo do curso, recordo e relato aqui um pouco sobre os estágios que tive o prazer de realizar presencialmente, ou seja, estágio de Educação Infantil e Ensino Fundamental I; os estágios de Gestão Escolar, Ensino Médio, Espaço Social e EJA foram feitos a distância devido à pandemia.

Para minha sorte, os estágios na Educação Infantil e no Ensino Fundamental fiz em uma escola privada no bairro da Pavuna, no município do Rio de Janeiro, onde fui muito bem recebida pela professora, que usava métodos lúdicos para envolver as crianças em cada atividade.

Uma das atividades de que me recordo foi quando ela apresentou a cor amarela; a professora se vestiu de pintinho amarelo e as crianças adoraram. Por serem crianças de dois a três anos, a dedicação na aprendizagem deles era bem intensa e as aulas da professora potencializaram bastante o meu aprendizado e possibilitaram que eu fizesse correlações com a teoria aprendida durante curso de Pedagogia, aliando os conceitos teóricos à prática vivenciada durante o período do estágio.

Já no estágio do Ensino Fundamental I elaborei uma aula de Matemática em continuidade ao conteúdo e aproveitei o conhecimento adquirido na faculdade sobre ludicidade para colocar em prática. Iniciamos a aula cantando a música “Três indiozinhos”. Após a introdução da aula, realizamos contagem sequencial oral dos números de 0 a 10, números aleatórios dessa sequência foram escritos no quadro a fim de que os alunos pudessem associar a grafia aos numerais, entregamos cartelas do bingo para que as crianças riscassem o numeral sorteado. Enfim, para mim, foi uma muito experiência muito valiosa e gratificante e que estará para sempre em minhas recordações, já que a aula foi bastante proveitosa e tais experiências influenciam e se refletem nas nossas práticas pedagógicas.

O uso do material concreto na prática docente

O uso do material concreto no ensino da Matemática deve ser realizado com atenção pelo professor e como suporte de ensino a fim de obter resultados positivos na aquisição de conceitos matemáticos pelos alunos, mas não como única metodologia, conforme Magina e Spinillo (2004, p. 11) destacam:

O material concreto não é o único e nem o mais importante recurso na compreensão matemática, como usualmente se supõe. Não se deseja dizer com isso que tal recurso deva ser abolido da sala de aula, mas que seu uso seja analisado de forma crítica, avaliando-se sua efetiva contribuição para a compreensão matemática.

É pela citação de Magina e Spinillo que venho fazer um breve relato da experiência que tive no quarto período da faculdade, na qual tive a honra de participar do seminário de Matemática. Foi apenas um dia de aula, mas o suficiente para ampliar os meus horizontes no que diz respeito às atividades lúdicas. Aprendemos a inserir atividades de ludicidade, pois nesse dia foram apresentados diversos jogos que podem contribuir para uma melhor aprendizagem das crianças. Cito como exemplo material dourado, régua de cuisenaire, tangram e ábaco, entre outros materiais que aprendemos a manusear e que devem ser utilizados de maneira consciente.

A professora do seminário nos ensinou como manipular esses materiais para incluir tais artefatos na nossa prática pedagógica; então compreende-se que não basta colocar os materiais nas mãos dos alunos sem que eles tenham sido devidamente instruídos e orientados sobre as operações matemáticas. Logo, devemos ensiná-los como realizá-las para que eles obtenham a construção do conhecimento.

Partindo dessa premissa, observamos que não basta ao professor simplesmente incluir materiais concretos em suas aulas de Matemática objetivando que seus alunos assimilem os conceitos sem proporcionar as informações necessárias para tal. Os PCN orientam quanto ao papel do professor nesse sentido:

Além de organizador, o professor também é consultor nesse processo. Não mais aquele que expõe todo o conteúdo aos alunos, mas aquele que fornece as informações necessárias, que o aluno não tem condições de obter sozinho. Nessa função, faz explanações, oferece materiais, textos etc. (Brasil, 1997, p. 31).

Durante todo o decorrer do seminário de Matemática, tentei absorver o máximo de informações sobre a prática das atividades lúdicas; algumas dúvidas foram tiradas a fim de obter sugestões para minimizar as dificuldades e facilitar o aprendizado da Matemática; logo me dediquei bastante nesse seminário.

Para um melhor proveito do conhecimento dos jogos, a professora dividiu a turma em grupos de quatro alunos, distribuiu jogos para cada grupo e assim podíamos interagir e compartilhar as dúvidas. A cada 40 minutos os jogos eram trocados e repassados para os outros grupos; trabalhamos os conceitos de fração, frações equivalentes, comparações de frações com denominadores iguais e com denominadores diferentes e as operações com frações: adição e subtração.

Com o uso do material didático manipulável, trabalhamos todos os conceitos e as aplicações da mesma forma nos grupos. Cada aluno do grupo fazia o manuseio do material (disco de frações) e anotava o que observava; foi assim que nós construímos todos os conceitos vistos de forma teórica. Mas, dentre as tarefas propostas no seminário, eu me identifiquei em particular com os problemas e as tarefas investigativas, que, de acordo com Ponte, Brocado e Oliveira (2003), é descobrir relações entre objetos matemáticos conhecidos ou desconhecidos, procurando identificar as respectivas propriedades, pois sempre gostei de realizar cálculos e resolver problemas.

Considero interessante que, por meio de alguns dados que são propostos, podemos chegar a uma conclusão lógica, nem sempre de maneira fácil ou rápida, mas o fato de ter que me concentrar para descobrir o resultado sempre foi um grande desafio. Foram momentos de aprendizagem que julgo necessários para a nossa formação. E, baseada nos estudos que tive no seminário de Matemática, pude entender a importância da utilização de materiais concretos para o ensino da Matemática, uma vez que os materiais utilizados durante toda a aula favoreceram a construção dos conceitos matemáticos, tornando o aprendizado mais eficaz, por partir do princípio de respeitar a forma como o aluno constrói seu pensamento, agregando ludicidade ao ensino, facilitando a construção de seu conhecimento, a esquematização dos conceitos e tornando seu aprendizado agradável.

Considerações finais

Por toda a trajetória percorrida no curso de Pedagogia ofertado pela UERJ em parceria com o Consórcio Cederj, posso afirmar o quanto aprendi e o quanto foi possível refletir sobre a importância de práticas pedagógicas e metodologias diversificadas para o processo de ensino-aprendizagem dos estudantes.

Como me identifiquei bastante com a Matemática, ressalto que a ludicidade e o uso de materiais concretos no ensino da disciplina são essenciais para que o aluno consiga construir o conhecimento matemático e desenvolver seu raciocínio lógico, respeitando a fase de desenvolvimento na qual se encontra. Porém é necessário que haja reflexão sobre os processos e formas de utilização dos materiais manipuláveis a serem empregados, pois eles, se utilizados sem a devida orientação ou como único recurso de ensino, não contribuirão para a esquematização do pensamento dos alunos e na construção do conhecimento.

O emprego de materiais manipuláveis no ensino da Matemática pode permitir ao aluno a compreensão e assimilação dos conceitos matemáticos, favorecendo assim o aprendizado significativo e atraente. Dessa forma, propõe-se ao professor refletir um pouco mais sobre sua práxis pedagógica no ensino da Matemática, compreendendo a importância da inclusão de materiais concretos em suas aulas como material de apoio no desenvolvimento do raciocínio lógico dos alunos, facilitando a esquematização do pensamento e a construção do conhecimento matemático.

Cabe destacar que o meu aprendizado não se finda por aqui. Sendo assim, pretendo continuar buscando conhecimentos para levar para a sociedade contribuições que agreguem conhecimentos e transformem realidades. A ideia é ser multiplicadora de tudo que aprendi ao longo do curso e, desse modo, contribuir para ampliar os horizontes e trazer conhecimentos para o campo educacional. Além disso, pretendo seguir a carreira acadêmica de docente e se possível me especializar na área de Matemática, pois é a disciplina com que mais me identifico e a que mais admiro, conforme destaquei em diversos pontos ao redigir este memorial acadêmico.

Referências

BOBATH, Berta; BOBATH, Karl. Desenvolvimento motor nos diferentes tipos de paralisia cerebral. São Paulo: Manole, 1989.

BRASIL. MEC. Parâmetros curriculares nacionais: ensino de primeira à quarta série. Brasília: MEC/SEF, 1997

BRUNER, Jerome. A cultura da educação. Porto Alegre: Artmed, 2001.

CEDERJ. Metodologia. Disponível em: https://www.cecierj.edu.br/consorcio-cederj/metodologia/. Acesso em: 04 dez. 2020.

COLAVITTO, Nathalia Bedran; ARRUDA, Aparecida Luvizotto Medina Martins. Educação de Jovens e Adultos (EJA): a importância da alfabetização. Revista Eletrônica Saberes da Educação, v. 5, nº 1, 2014.

DAVIS, Claudia; OLIVEIRA, Zilma de. Psicologia na Educação. São Paulo: Cortez, 2008.

DEMO, Pedro. Escola pública e escola particular: semelhanças de dois imbróglios educacionais.Ensaio: Aval. Pol. Públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 15, n. 55, p. 181-206, jun. 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ensaio/v15n55/a02v1555.pdf. Acesso em: 04 dez. 2020.

FREIRE, Paulo. A educação como pratica da liberdade. 23ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.

MAGINA, Sandra; SPINILLO, Aline Galvão. Alguns 'mitos' sobre a Educação Matemática e suas consequências para o Ensino Fundamental. In: PAVANELLO, Regina Maria (Org.). Matemática nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental: A pesquisa e a sala de aula. v. 2. São Paulo: Ed. SBEM, 2004. p. 7-36.

MILLER, Tina.Making Sense of Motherhood. New York: Cambridge University Press, 2005.

PIAGET, Jean. Seis estudos de Psicologia. 24ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999.

PONTE, João Pedro; BROCADO, Joana; OLIVEIRA, Hélia. Investigação matemática na sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

PRADO, Guilherme; SOLIGO, Rosaura. Memorial de formação: quando as memórias narram a história da formação. In: ______; ______ (Orgs.). Porque escrever é fazer história: revelações, subversões, superações. Campinas: Graf, 2005.

Publicado em 21 de dezembro de 2021

Como citar este artigo (ABNT)

SANT'ANA, Vinícius Borovoy de; RIBEIRO, Judite Pascoal. O uso do lúdico para o ensino e aprendizagem da Matemática. Revista Educação Pública, v. 21, nº 46, 21 de dezembro de 2021. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/46/o-uso-do-ludico-para-o-ensino-e-aprendizagem-da-matematica

Novidades por e-mail

Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing

Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário

Deixe seu comentário

Este artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.