O papel dos jogos no processo de ensino da Matemática na Educação Infantil e no Ensino Fundamental
Adriane Silva de Abreu Oliveira
Graduada em Pedagogia (Unopar)
Cristiana Silva de Abreu
Graduada em Pedagogia (Unemat)
Neuzenir Silva de Abreu Oliveira
Graduada em Pedagogia (Ulbra)
Rafael de Abreu Lopes
Licenciando em Matemática (Unopar)
Santino de Oliveira
Graduado em Geografia (Unemat)
O presente artigo tem o interesse de contribuir no processo de ensino-aprendizagem por meio de jogos e brincadeiras; apresenta uma proposta de articulação pedagógica que inclui no ensino os jogos no processo de ensino da Matemática na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. O trabalho menciona assuntos favoráveis ao desenvolvimento e ao aprendizado dos alunos, contribuindo dessa forma com a defasagem escolar. Sendo assim, o professor deve trabalhar com criatividade, inserindo uma sequência didática de acordo com o estágio dos alunos e dar prosseguimento ao ensino através de jogos e brincadeiras.
Objetivos
Oferecer oportunidades que facilitem o aprendizado dos alunos, assim possibilitando um processo de ensino-aprendizagem em que o educando se sinta valorizado no meio em que está inserido. Incentivar a utilização dos jogos de forma coerente com os objetivos a serem alcançados e promover momentos de aprendizagens diferenciadas. Além disso, pretende identificar aspectos e perspectivas nas produções existentes sobre o uso dos jogos no processo de ensino-aprendizagem de Matemática e revelar habilidades que focalizam o uso de jogos no processo de ensino-aprendizagem de Matemática de crianças do Ensino Fundamental.
Fundamentação teórica
Para atender às dificuldades existentes no ensino-aprendizagem dos conteúdos matemáticos, necessita-se de propostas metodológicas e recursos didáticos que auxiliem o professor em sala de aula, como também os alunos na construção do seu conhecimento matemático. Para Agranionih e Smaniotto (2002, apud Selva, 2009, p. 2), o jogo matemático é
uma atividade lúdica e educativa, intencionalmente planejada, com objetivos claros, sujeita a regras construídas coletivamente, que oportuniza a interação com os conhecimentos e os conceitos matemáticos, social e culturalmente produzidos, o estabelecimento de relações lógicas e numéricas e a habilidade de construir estratégias para a resolução de problemas.
A utilização dos jogos na sala de aula pode ser um recurso metodológico eficaz e motivador do ensino-aprendizagem da Matemática. Assim, as brincadeiras adaptadas à Matemática podem obter grande avanço na percepção, concentração, conhecimento de espaço, tempo, seriação, operações, números, quantidade, força, localização, discriminação e velocidade, além de aprender a respeitar as exigências das normas e dos controles.
Smole (2007, p. 11) afirma que,
em se tratando de aulas de Matemática, o uso de jogos implica uma mudança significativa nos processos de ensino-aprendizagem que permite alterar o modelo tradicional de ensino, o qual muitas vezes tem no livro e em exercícios padronizados seu principal recurso didático. O trabalho com jogos nas aulas de Matemática, quando bem planejado e orientado, auxilia o desenvolvimento de habilidades como observação, análise, levantamento de hipóteses, busca de suposições, reflexão, tomada de decisão, argumentação e organização, que estão estreitamente relacionadas ao chamado raciocínio lógico.
As propostas pedagógicas devem ser elaboradas e realizadas na prática de maneira que atendam integralmente a criança em todos os seus aspectos físicos, éticos, sociais, afetivos e intelectuais. Grando (2000, p. 24) ressalta que,
ao analisarmos os atributos e/ou características do jogo que pudessem justificar sua inserção em situações de ensino, evidencia-se que ele representa uma atividade lúdica que envolve o desejo e o interesse do jogador pela própria ação do jogo, e mais, envolve a competição e o desafio que motivam o jogador a conhecer seus limites e suas possibilidades de superação de tais limites na busca da vitória, adquirindo confiança e coragem para se arriscar.
Com isso, o jogo não tem só o poder de tornar as aulas mais dinâmicas, mas sim, ser útil para que o professor seja capaz de identificar as principais dificuldades dos seus alunos, servindo de diagnóstico de aprendizagem.
Para Vygotsky e Leontiev (1998, p. 23), "o jogo e a brincadeira permitem ao aluno criar, imaginar, fazer de conta; funcionam como laboratório de aprendizagem, permitem ao aluno experimentar, medir, utilizar, equivocar-se e fundamentalmente aprender”. Sendo assim, a utilização dos jogos como metodologia para o ensino-aprendizagem na sala de aula vem acontecendo de forma lenta, pois os alunos precisam de tempo para se acostumar às novas metodologias.
O jogo na Educação Matemática passa a ter o caráter de material de ensino quando é considerado promotor de aprendizagem, pois é jogando e brincando que todos irão se entender e compreender melhor. Dessa forma, quanto mais cedo forem trabalhados os conceitos matemáticos melhor será o resultado no futuro, quando os alunos terão que enfrentar a Matemática de forma mais complexa, no Ensino Fundamental e Médio.
Segundo o RCNEI (1998), o professor não deve achar que apenas com jogos a criança irá aprender Matemática; as brincadeiras e atividades lúdicas devem ser muito bem dirigidas e ter alguma finalidade.
O jogo pode tronar-se uma estratégia didática quando as situações são planejadas e orientadas pelo adulto visando a uma finalidade de aprendizagem, isto é, proporcionar à criança algum tipo de conhecimento, alguma relação ou atitude. Para que isso ocorra, é necessário haver uma intencionalidade educativa, o que implica planejamento e previsão de etapas pelo professor para alcançar objetivos predeterminados e extrair do jogo atividades que lhe serão decorrentes (RCNEI, 1998, p. 212).
O documento afirma que os conteúdos de Matemática devem ser selecionados levando em conta os conhecimentos que as crianças possuem, ampliando-os cada vez mais. De acordo com o documento, o ensino de Matemática tem como objetivo:
- O desenvolvimento de situações envolvendo Matemática no dia a dia;
- O conhecimento dos números;
- O saber contar;
- Noções de espaço físico, medidas e formas;
- A estimulação da autoconfiança da criança ao se deparar com problemas e desafios.
Considera-se que a criança deve saber lidar com números e contagem e ter capacidade de resolver problemas utilizando as operações matemáticas. O RCNEI afirma também que isso pode ser trabalhado por meio de contagem oral nas brincadeiras, jogos de esconder ou de pega-pega, brincadeiras e músicas que explorem os números e diferentes formas de contar. A compreensão dos números, bem como de muitas das noções relativas a espaço e forma, é possível graças às medidas.
As crianças exploram o espaço ao seu redor e, progressivamente, por meio da percepção e da maior coordenação de movimentos, descobrem profundidades, analisam objetos, formas, dimensões, organizam mentalmente seus deslocamentos. Aos poucos, também antecipam seus deslocamentos, podendo representá-los por meio de desenhos, estabelecendo relações de contorno e vizinhança. Uma rica experiência nesse campo possibilita a construção de sistemas de referências mentais mais amplos que permitem às crianças estreitar a relação entre o observado e representado (RCNEI, 1998, p. 230).
É pela curiosidade que as crianças vão explorando o mundo e descobrindo cada vez mais sobre ele, criando conceitos em jogos e atividades e relacionando-os com a realidade. O professor deve estar ciente de que considerar o que o aluno já sabe e aprofundar seus conhecimentos é a maneira mais adequada de desenvolver e estimular o aluno a sempre querer saber mais.
Procedimentos metodológicos
A metodologia deste estudo foi de pesquisa exploratória de caráter bibliográfico voltado para a coleta de referenciais consistentes para o papel dos jogos no processo de ensino da Matemática. O objetivo é identificar as formas de inserção dos jogos como recurso para aprendizagem em Matemática.
Portanto, o estudo está baseado nas contribuições teóricas de vários autores sobre as formas de utilização dos jogos matemáticos em sala de aula. A pesquisa tem caráter exploratório e base descritiva das características apresentadas pelos vários autores sobre a importância dos jogos matemáticos na sala de aula.
Os professores devem aplicar jogos matemáticos nas salas de aula com o intuito de verificar como os estudantes reagem diante dos desafios que os jogos provocam e como resolveriam as situações que surgirem em seu percurso.
Cronograma
Etapas |
Atividades |
1ª Etapa |
Importância dos jogos na escola |
2ª Etapa |
Trabalhar o tema proposto do projeto |
3ª Etapa |
Confeccionar materiais voltados ao lúdico |
4ª Etapa |
Utilizar os materiais para a montagem de mural e trabalhos em sala de aula |
5ª Etapa |
Realizar atividades utilizando a criatividade |
Obs.: Deve-se trabalhar com experiências concretas, mostrando a importância dos jogos no aprendizado dos alunos. |
Resultados esperados
Deseja-se que os educandos possam atingir os objetivos propostos desenvolvendo habilidades conforme a proposta e a intervenção pedagógica, diminuindo a evasão escolar e elevando a autoestima com desafios de aprendizagem ao utilizar jogos e brincadeiras para que possam aprender de forma prazerosa.
Referências
AGRANIONIH, N. T.; SMANIOTTO, M. Jogos e aprendizagem matemática: uma interação possível. In: SELVA, Kelly Regina. O jogo matemático como recurso para a construção do conhecimento. Disponível em: http://www.projetos.unijui.edu.br/matematica/cd_egem/fscommand/CC/CC_4.pdf. Acesso em: 01 set. 2021.
BRASIL. Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI). Brasília: MEC, 1998.
GRANDO, R. C. A. O conhecimento matemático e o uso dos jogos na sala de aula. Tese (Doutorado em Educação), Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000.
SMOLE, Kátia Stocco; DINIZ, Maria Ignez; CÂNDIDO, Patrícia. Jogos de Matemática de 1° a 5° ano. Porto Alegre: Artmed, 2007.
VYGOTSKY, L. S.; LEONTIEV, Alexis. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Edusp, 1998.
Publicado em 12 de abril de 2022
Como citar este artigo (ABNT)
OLIVEIRA, Adriane Silva de Abreu; ABREU, Cristiana Silva de; OLIVEIRA, Neuzenir Silva de Abreu; LOPES, Rafael de Abreu; OLIVEIRA, Santino de. O papel dos jogos no processo de ensino da Matemática na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. Revista Educação Pública, v. 22, nº 13, 12 de abril de 2022. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/22/13/o-papel-dos-jogos-no-processo-de-ensino-da-matematica-na-educacao-infantil-e-no-ensino-fundamental
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