A produção de texto com o gênero poético na sala de aula virtual - propostas para o ensino remoto emergencial

Alba Valéria Cordeiro Ferreira

Seeduc/RJ

Em tempos de isolamento social, o ensino remoto emergencial (ERE) é uma realidade que se mostra parte do cotidiano escolar de milhares de discentes e docentes. Este texto pretende refletir sobre a importância do trabalho com produção textual do gênero poético no contexto do ERE e acaba por refletir sobre o ensino de produção textual levando em conta a leitura, a escrita e a reescrita, bem como as etapas semânticas de significação e ressignificação, que podem e devem ser exploradas durante e após o processo da educação e produção linguística envolvendo a leitura e a produção de textos no espaço da sala de aula, uma vez que

o conceito de produção de textos orais e escritos baseia-se em teorias linguísticas da enunciação, que consideram a língua um fenômeno social, uma forma de ação e de interação social. Nessa perspectiva, produzir um texto significa dizer algo a alguém, por algum motivo, de algum modo, em determinada situação. O texto é resultado de um processo em que os sujeitos interagem através da linguagem. Nessas interações, os sujeitos compreendem, concordam, discordam, interrogam seus interlocutores (Fiad; Costa Val, s/d).

Sendo assim, convém explicitar que partimos do pressuposto de que o ensino da língua materna deve estar ancorado na leitura, produção de texto e gramática como práticas interligadas ao ensino da literatura. Logo, acreditamos que:

ensinar a língua é promover situações que permitam a reflexão sobre a linguagem nos seus diferentes contextos de uso. Isto é , ler e discutir, produzir textos e analisar a trama discursiva dos materiais lidos e elaborados (Zen, 1998, p. 8).

Assim, a produção textual é parte importante no processo de educação linguística de nossos alunos. Como educação linguística entendemos o ensino da língua materna contextualizado aos diferentes usos linguísticos e situações de comunicação que a linguagem oferece, às variedades linguísticas, às reflexões sobre a linguagem e suas aplicações e adequações. Trata-se de uma educação que vai além de aprender gramática e suas normas e que diz respeito à escolarização da língua portuguesa, como bem pontua Bagno:

O objetivo da escola, no que diz respeito à língua, é formar cidadãos capazes de se exprimir de modo adequado e competente, oralmente e por escrito, para que possam se inserir de pleno direito na sociedade e ajudar na construção e na transformação dessa sociedade – é oferecer a eles uma verdadeira educação linguística (Bagno, 2002, p. 80).

A produção textual, por estar também indissociavelmente ligada a uma prática e um procedimento de leitura, mostra-se vital para as aulas de língua e linguagem, pois ajuda a promover e manter contato com livros, incentiva e ajuda a criar a prática da leitura, forma e educa leitores, inclusive os de literatura.

Contribuir para formar leitores de literatura é algo que não pode ser escamoteado na prática docente de ensino da produção textual, dada sua relevância para uma educação linguística plena e cidadã.

Em Candido temos a importância da literatura como processo humanizador do leitor. A humanização, de acordo com esse autor, é:

o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos à natureza, à sociedade e ao semelhante (Candido, 2004, p. 117).

É também um direito inalienável de cidadania, pois a lieratura “parece corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito” (Candido, 2004, p. 112).

Assim, a escola não pode deixar de abordar o trabalho com a literatura. Mas também não pode fazer um tabalho que represente um risco para a literatura. Refiro-me à obra de Svean Todorov, para quem a literatura estaria em perigo inclusive na escola devido ao fato de o espaço da literatura na escola ser o da disciplina e não o estudo do objeto: “ensinamos nossas próprias teorias acerca de uma obra, em vez de abordar a própria obra em si mesma” (Todorov, 2010, p. 31), ou seja, há o ensino acerca de uma obra e não focado na leitura e estudo dessa própria obra literária. Porém, apesar de acreditar muito num ensino que focalize a obra mais que apenas a menção crítica à obra, eu discordo de Todorov, pois, em última instância, após essas consderações, o que se pode concluir é que quem está e sempre esteve em perigo são os leitores; principalmente os menos favorecidos, alunos de escolas públicas, mal formados em literacia ou sem acesso à literatura como direito e, portanto, usurpados do seus direitos de se constituírem leitores de literatura, de se letrarem em torno dela, o que é bastante grave e merece esta denúncia em forma de artigo, quando muitos esquecem de fazê-la, esquecendo-se de que reivindicar uma linguagem em interação (vária e sem preconceitos linguísticos), mas que, desprovida de arte, deixaria a desejar em termos de direitos sociais.

A leitura e a escrita em torno da literatura são um bom momento para utilizar as propostas de produção textual, uma vez que já trazem consigo essa ideia casada de abordagem de um ou mais gêneros, suas leituras, um trabalho interpretativo, a necessaria compreensão, acionando estratégias de leituras e ou modos de inserção na linguagem textual para a sua compreensão, de modo que, a partir daquele momento em diante, de leitor haja uma passagem para a autoria. Ou seja, há mobilização muito importante no processo de leitura para a produção de texto por parte do discente, que é a mudança de sua condiçãode leitor para autor de seu próprio dicurso via texto que produzirá.

Uma vez que pela ficção promovida pela literatura podemos contribuir para formar leitores trabalhando a leitura, inclusive a literária e, assim, garantir um direito, o direito ao contato com textos ficcionais, o conhecimento e letramento em torno da arte da palavra com gêneros que vão acionar a criatividade e o imaginário a partir de um trabalho com a linguagem, a leitura e a escrita mediada pela ação mediadora de professores, ou seja, pela sua didática e prática de ensino, é vital que as aulas de produção textual insiram em suas propostas o trabalho com gêneros literários, não sonegando o direto do leitor ao letramento em literacia.

Letramento é palavra que corresponde a diferentes conceitos, visões, dependendo da perspectiva que se adote, e da expansão que a palavra receba, mas aqui consideramos letramento como o termo que vai além de alfabetização, o alarga e excede, ampliando-o, situando-o como termo que designa

o desenvolvimento das habilidades que possibilitam ler e escrever de forma adequada e eficiente, nas diversas situações pessoais, sociais e escolares em que precisamos ou queremos ler ou escrever diferentes gêneros e tipos de textos, em diferentes suportes, para diferentes objetivos, em interação com diferentes interlocutores, para diferentes funções (Soares, s/d).

O trabalho com a leitura do gênero poético como texto-base ou ponto de partida do trabalho pode contribuir para um ensino de produção textual profícuo, que vá além de uma mera exgiência, obrigação de tarefa a ser cumprida e que possa ser inserida como dinâmica prática de línguagem escrita do dia a dia do processo de ensino-aprendizagem.

Logo, pensar a produção textual requer pensar a leitura e a interpretação como processos ativos de produção de sentidos com possibilidades de ressignificações novas, o que inclui olhar para o texto gerador como um texto passível de ser tomado como fonte para novas produções e os discentes como sujeitos autorais capazes de, a partir da proposta e mediação docente, gerar um material linguístico textual novo, criativo e autoral em sala de aula.

Dessa forma, o espaço da sala de aula assume a importância de um espaço criativo e de criação linguística, como uma oficina da palavra ou da lingua e da linguagem, como queira o docente conceber, porém é importante perceber a dimensão que ganha a aula de produção textual e atentar para o fato de que alguns cuidados devem ser tomados.

Já falamos que o processo criativo não deve ser um dever, uma imposição ou obrigação, às vezes o discente precisa de um tempo para aceitar participar; isso costuma acontecer no ensino presencial. No ensino remoto, em que muitas vezes a aula não é síncrona, a proposta pode ser lançada e cada aluno fará a atividade dentro de um tempo estipulado assincronamente, inclusive.

Dessa forma, a questão do tempo para a produção textual é aberta e deve ser planejada e negociada, ou mesmo renegociada, de acordo com as possibilidades de gestão de tempo escolar, docentes e discentes, mas é fator de suma importância para o sucesso das atividades levar em conta o fator tempo no planejamento e replanejamento de todo o contínuo do processo da produção textual, uma vez que ler, interpretar, escrever, ressignificar fazendo uso da linguagem demandam uso de tempo. Tempo bem gasto, tempo que vale o investimento.

Partindo, então, da ideia de um ensino de literatura que busque colocar o texto/o gênero textual e a leitura de obras da literatura em cena como foco das aulas, seguiremos nossa proposta acreditando que assim é a Literatura: “palavras que [nos] ajudam a viver melhor” (Todorov, 2010, p. 94), pois contribuem para nossa humanização, sendo parte do que somos, do nosso imaginário, sendo também um direito de acesso a um bem inalienável porque humanizador, cultural ou mesmo porque esse bem faz parte do processo eductivo e é garantia de todos. Terminada a defesa da literatura nesta introdução, vamos à produção dos textos poéticos em sala de aula.

A produção de textos poéticos na sala de aula virtual

A produção de textos na escola utilizando o gênero poético envolve uma concepção de poesia e de texto poético requerida para o trabalho com o gênero poético em sala. Uma boa forma de abordar textos poéticos em sala é partir da concepção poética crítica de Octávio Paz, para quem poema e poesia ora se juntam poeticamente:

A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de mudar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. Pão dos escolhidos; alimento maldito. Isola; une. Convite à viagem; retorno à terra natal. Inspiração, respiração, exercício muscular. Prece ao vazio, diálogo com a ausência: o tédio, a angústia e o desespero a alimentam. […] O poema é um caracol onde ressoa a música, ecos, da harmonia universal. Ensinamento, moral, exemplo, revelação, diálogo, monólogo. Voz do povo, língua dos escolhidos, palavra do solitário. […] O poema é uma máscara que oculta o vazio, bela prova da supérflua grandeza de toda obra humana! (Paz, 2012, p. 21).

Porém, se pararmos para prestar atenção, apesar da descrição poética do que é um poema, objetivamente temos o poema como música, diálogo, monólogo, língua, palavra, obra humana. Todos com estrutura, uma forma de organização – seja textual ou estrutural, enquanto gênero. Assim, poderíamos dizer que a poesia é a matéria dos poemas, as emoções, subjetividades e percepções humanas.

Fazem parte da objetividade do poema as palavras e sua estruturação no papel. Logo, a estrutura do gênero poético, em versos e estrofes, é o que faz dele um poema. Para ele ser poesia, há de ter um trabalho de linguagem que confira a ele esse caráter subjetivo, perceptivo do humano nele.

Importa no ensino do texto poético, tido como difícil por docentes e discentes, apresentar a ideia de poesia que é a matéria dos poemas; aquilo que está na vida; a subjetividade poética dos poemas versus o poema é objetivamente o texto poético escrito em versos e estrofes; linguagem poética, que utiliza recursos linguísticos poéticos como figuras de linguagem e outros, em forma de texto, apresentando exemplos dessas diferenças, ilustrando a questão, muito mais que citando Octávio Paz, a partir de exemplificações com o próprio texto poético, para só então seguir com as propostas de produção textual.

Vale lembrar que essas definições auxiliam o docente na hora de explicitar para os discentes as distinções entre poesia e poema de forma didática e prática, propiciando a compreensão discente e que o ensino-aprendizagem se efetive. Logo, partir desses conceitos é essencial para um bom trabalho como gênero, sua leitura e escrita.

Convém dizer também que é necessária a seleção prévia dos textos poéticos que serão utilizados, bem como a pesquisa bibliográfica sobre os autores da seleção. Além disso, é essencial saber que perpassam o processo de produção textual não apenas a escrita mas também outros momentos:

  1. a leitura – momento em que os discentes entram em contato com o texto gerador da aula;
  2. a interpretação – momento em que o docente suscita a interpretação do texto ou textos junto aos discentes (após esse momento virá a proposta de produção textual);
  3. a ressignificação – momento em que a interpretação do texto gerador se dá, é o momento em que o aluno está apto a criar (escrever ou produzir) seu próprio texto a partir da leitura do texto gerador e da proposta de produção textual solicitada;
  4. autovaliação da produção – o discente autoavalia sua produção;
  5. avaliação por pares - feita pelos colegas discentes, em que a turma troca textos produzidos;
  6. avaliação mediada –feita diretamente pelo docente ou após passar pela autoavaliação e ou avaliação de pares (colegas discentes).

A escrita é o momento de ação autoral discente, de acionar as etapas anteriores à escrita e de colocar em prática, junto a mecanismos linguísticos e conhecimentos gramaticais e de mundo, a linguagem em ação, ou seja, em uso. Um uso que, no caso da produção de textos poéticos, envolve a criatividade e o imaginário único, criativo e subjetivo de cada discente.

Logo, para promover a produção textual de textos poéticos deve-se atentar ainda para o fazer criativo de cada discente, assim como para o fato de que produzir textos desse gênero requer planejamento, conhecimento e atenção para a especificidade de seu material: a linguagem literária por parte do docente. Daí sua responsabilidade: lidar com criação de crianças, jovens e adolescentes, seus discursos, usos e experimentações criativas em torno da linguagem, muitos que, embora com todas as suas dificuldades, tentam, pois confiam na palavra poética para tal.

E, para que haja essa confiança, é preciso dessacralizar a poesia. Ou seja, é preciso que a poesia seja vista como é: feita por meros mortais. E mortais que a fazem usando o que todos nós usamos: a linguagem. É claro que entra nessa dinâmica a criatividade, mas aí é que está: cada ser é único e tem a sua. E tanto a linguagem quanto a criatividade não estão prontas dentro de nós. Elas carecem de prática. Então, o convite que a produção textual deve fazer é: para praticar a linguagem e a criatividade.

Assim, a produção de textos na escola deve primar por ter como como princípios didáticos do que não se fazer:

  1. não ser obrigatório criar – a proposta deve poder ser aceita ou recusada e novamente negociada;
  2. não criar para ser corrigido; se o único objetivo da produção é a correção, não estamos seguindo a proposta da aula;
  3. não criar para ser abandonado – o texto não pode ser criado e deixado de lado, ele precisa ter um propósito. Após passar pelas etapas da produção, ganhar uma dimensão de valorização do que foi criado, sendo exposto em sala;
  4. não criar para não ser orientado – a mediação deve sr feita buscando levar os discentes a ampliar seus conhecimentos sobre algo;
  5. não criar para não ser usado – o texto pode ter usos sociais; além de sua valorização em sala, pode ser criado um blog escolar para as produções ou feita uma edição de livreto para a biblioteca.

A seguir, traremos duas propostas para produção textual no ensino remoto emergencial com alguns poemas para uso em aulas do Ensino Fundamental II e Ensino Médio. As duas propostas podem ser adaptadas às necessidades do(a) professor(a) de outras turmas/segmentos, bastando para tal a seleção de novos textos e ou ajustes pontuais conforme as necessidades de contextualização/adaptação didática e pedagógica para a prática em sala de aula.

Propostas

Proposta 1

Gênero textual: Poético

Turma/Segmento: Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano) do ensino remoto emergencial

Texto gerador:

Máquina fotográfica

Roseana Murray

A máquina fotográfica
do Armarinho Mágico
é bem diferente:
Não faz fotos de paisagens,
bichos ou gente.
Fotografias de sentimentos
é o que faz.
Para cada um, uma cor.

Só vou contar a primeira
fotografia,
não importa se é noite
ou dia,
o amor é sempre dourado.
O resto você inventa.

Roseana Murray nasceu no Rio de Janeiro em 27 de dezembro de 1950; é formada em Literatura Francesa pela Aliança Francesa e na Universidade de Nancy. Começou a escrever poesia para crianças em 1980, com o livro Fardo de Carinho, influência direta de Ou isto ou aquilo, de Cecília Meireles; já publicou mais de cem livros. Recebeu por quatro vezes o Prêmio de Melhor Poesia da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, o Troféu APCA e o Prêmio da Academia Brasileira de Letras de melhor livro infantil; além disso, faz parte da Lista de Honra do I. B. B. Y.

Vale apresentar aos alunos a ideia de que: “A poesia revela este mundo; cria outro” (Paz, 2012, p. 21). A poesia é o que os poemas (textos poéticos) contêm. Em seguida, pode-se explicar as diferenças entre poesia e poema, chamando a atenção para o fato de que, ao revelar este mundo e criar outros,o texto poético aciona o imaginário, a imaginação; uma forma de ler e interpretar a poesia dos poemas é deixar que as palavras com seus sentidos acionem o imaginário e a criatividade para que, assim, possamos compreender os sentidos plurais dos poemas, pois o texto poético explora a plurissignificação das palavras e as suas variadas possibilidades de sentidos. É válido apresentar a seguinte atividade:

Proposta de produção de texto – a partir da leitura do poema Máquina Fotográfica, de Roseana Murray, crie um poema (o professor decide que tipo de estrutura de texto poético solicitar: se um poema com a mesma estrutura do texto-base, ou seja, uma estrofe e 14 versos, e de versos livres, ou seja, sem rimas; ou um poema livre com estrofes e rimas, um poema com forma como uma quadra ou um soneto; ou se pede uma adaptação e transposição poética para o cordel, por exemplo). Importa levar em conta os passos para a produção e a proposta de trabalho feita aqui em torno da leitura, escrita e literatura. Para a avaliação, sugerimos a autoavaliação global da produção, destacando se o texto atendeu a critérios como: desenvolver uma estrutura textual correspondente ao texto poético; desenvolver um trabalho de linguagem poética utilizando recursos linguísticos, como rimas, figuras de linguagem e outros trabalhados; compreender os sentidos do texto produzindo novo texto a partir do texto-base com autonomia.

Após a autoavaliação, a mediação do professor conferiria a nota, conceitos e/ou comentários atribuídos pelos discentes e apresentaria uma nova avaliação complementar a essa e que pudesse se somar a ela.

Proposta 2

Gênero textual: Poético

Turma/Segmento: Ensino Médio (1º ao 3º ano) do ensino remoto emergencial

Para o trabalho com este segmento, propomos a leitura de obra completa de Roseana Murray disponibilizada em meio digital no formato de ebook gratuito, intitulada Residência no ar.

Proposta de produção de texto – A partir da leitura do primeiro poema, “Residência no ar”, do poema “Liberdade” e de outro à escolha do(a) aluno(a), deverão ser criados três poemas. O professor decide que tipo de estrutura de texto poético os textos deverão ter, se a mesma estrutura do texto-base ou outra; porém é importante pensar qual o objetivo dessa escolha. Importa levar em conta ainda os passos para a produção e a proposta de trabalho sinalizados aqui em torno da leitura, escrita e literatura. Para a avaliação, sugerimos a autoavaliação por pares, em que discentes avaliam a produção de colegas, numa troca de autoavaliação global da produção, destacando se o texto atendeu a critérios como: desenvolver uma estrutura textual correspondente à do texto poético; desenvolver um trabalho de linguagem poética utilizando recursos linguísticos como rimas, figuras de linguagem e outros trabalhados; compreender os sentidos do texto, produzindo novo texto a partir do texto-base com autonomia; compreender os sentidos do texto produzindo novo texto a partir do texto-base.

Após a autoavaliação, a mediação do professor conferiria a nota, conceito e/ou comentário atribuídos pelos discentes e apresentaria nova avaliação complementar a essa e que pudesse se somar a ela.

Considerações finais

Para concluir, destacamos que um trabalho de ensino de produção textual eficaz se faz com leitura, escrita, mediação docente e participação discente. A produção textual pressupõe que, entre o ensino e a aprendizagem, haja a mediação (ensino) e a ação que irá se mostrar em forma de produção escrita, como mostra do que se apreendeu e compreendeu (como aprendizagem).

Logo, o trabalho com produção de textos é importantíssimo para o ensino de língua, linguagem e literatura.

Assim, esperamos que este trabalho tenha contribuído para a promoção de sua importância em sala de aula, seja em tempos de ensino remoto emergencial ou, quando sairmos dele, que possamos seguir valorizando a produção de textos.

Referências

BAGNO, M. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 2002.

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: ______. Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2004, p. 169-191.

FIAD, Raquel Salek; COSTA VAL, Maria da Graça. Produção de textos. In: Glossário Ceale. Belo Horizonte: UFMG/Ceale, s/d. Disponível em:http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/producao-de-textos.

GERALDI, J. W. Portos de passagem. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

______. Concepções de linguagem e ensino de Português. In: ______ (Org.). O texto na sala de aula. Cascavel: Assoeste, 1984.

KAUFMAN, Ana Maria. Escola, leitura e produção de textos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura: teoria e prática. 9ª ed. Campinas: Pontes, 1989.

KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2010.

MURRAY, Roseana. Residência no ar. Ebook. Disponível em: http://roseanamurray.com/residencia-no-ar.pdf

PAZ, Octavio. O arco e a lira. Trad. Ari Roitman e Paulina Watch. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

SOARES, Magda. Letramento. In: Glossário Ceale. Belo Horizonte: UFMG/Ceale, s/d. Disponível em: http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/letramento. Acesso em: 11 set. 2021.

TODOROV, Tzvetan. A literatura em perigo. Trad. Caio Meira. 3ª ed. Rio de Janeiro: Difel, 2010.

ZEN, Maria Isabel H. Dalla; XAVIER, Maria Luisa M. (Orgs.). Ensino da Língua Materna para além da tradição. Porto Alegre: Mediação, 1998.

Sites consultados:

http://roseanamurray.com/site/index.php/poemas/

https://homoliteratus.com/poesia-e-poema-sao-sinonimos-nao-para-octavio-paz

https://pt.wikipedia.org/wiki/Roseana_Murray

www.blogdaroseana.blogspot.com

Publicado em 24 de maio de 2022

Como citar este artigo (ABNT)

FERREIRA, Alva Valéria Cordeiro. A produção de texto com o gênero poético na sala de aula virtual - propostas para o ensino remoto emergencial. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 22, nº 19, 24 de maio de 2022. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/22/19/a-producao-de-texto-com-o-genero-poetico-na-sala-de-aula-virtual-propostas-para-o-ensino-remoto-emergencial

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