A construção da identidade docente na escola

José Clécio Silva de Souza

Graduado em Pedagogia, tutor na Univasf

Décio Oliveira dos Santos

Graduado em Pedagogia, gestor de polo da Uninter

O conceito de identidade docente envolve tanto o pessoal como o coletivo desse profissional. A identidade não é alguma coisa que se tem, mas sim algo que se constrói durante a vida. Também não é uma característica estável, mas um acontecimento relacional. O desenvolvimento da identidade caracteriza-se como um processo evolutivo e de interpretação de si mesmo dentro de um determinado contexto.

Por tratar-se de um processo de constituição de caráter coletivo e individual, o docente vê-se confrontado pelo tradicional frente aos novos paradigmas e desafios de cada momento sócio-histórico, em uma sociedade onde o conhecimento é um dos principais valores para os cidadãos, mas que se encontra vinculado à capacidade de inovação e de empreendimento que se possa desenvolver a partir dele.

Portanto, o enfoque sugerido neste texto prioriza as atuais tendências de pesquisas feitas na área de formação de professores, especialmente, àquelas que favorecem os processos de flexibilidade. O propósito, assim, é articular os conhecimentos e as experiências formativas que possam instigar os docentes às mudanças nas suas práticas pedagógicas, perante os desafios encontrados nos dias atuais.

A conquista de uma sociedade mais participativa e democrática exige uma escola capaz de educar crianças e jovens atuantes, aptos a responderem aos desafios do seu tempo. Percebe-se que as sociedades estão mudando e uma transformação não planejada poderá afetar a forma como as pessoas se organizam, trabalham, se relacionam e aprendem. Essas mudanças têm uma representação visível na escola, como instituição encarregada de formar cidadãos.

Uma escola que busca a educação plural, respeitando as diversidades no mundo, comprometida com a ética e com a compreensão, provoca o envolvimento coletivo de diretores, professores, funcionários em geral e comunidade escolar, sobretudo dos órgãos governamentais, tais como, as secretarias de educação e seus corresponsáveis, visto que a profissionalização com formação continuada é de suma importância para o aperfeiçoamento da carreira docente.

Isso posto, a abordagem se dá sobre os aspectos históricos da formação e da construção da identidade do professor, desde a sua origem no mundo antigo até os dias atuais. A segunda parte da pesquisa discorre sobre os desafios e as perspectivas enfrentadas pelo docente atualmente.

A finalidade é refletir sobre a construção da identidade do docente e a situação desse profissional no campo da educação, observando as suas fragilidades e os seus desafios, a partir das mudanças encontradas no mundo. Para tanto, tomamos como base referencial e detalhamento bibliográfico o livro de Joana Paulin Romanowski, “Formação e profissionalização docente”. As demais referências que acompanham o artigo estão presentes como complementação e enriquecimento textual.

Aspectos históricos da formação e da construção da identidade do professor

A origem da profissão do professor se deu no mundo antigo, mais precisamente no Antigo Egito, onde se encontrava ligado ao discurso, pois falar bem consistia no conteúdo e no objetivo principal do ensino. A educação tinha como ofício preparar os dirigentes para serem os futuros membros dos conselhos constituídos pelos nobres. Um trabalho realizado por prisioneiros na condição de escravos que, para escaparem da morte, ensinavam a ler e a escrever as primeiras letras. A condição básica do ensino para os egípcios estava na arte de usar a palavra e na composição do discurso.

Na Grécia Antiga, a educação baseava-se na formação do homem culto. Por isso, os primeiros mestres ensinavam música e ginástica. O ensino era iniciado com o aprendizado do bê-á-bá, que alfabetizava o cidadão. Na sequência, estudavam a gramática e a retórica. Para Gadotti (2006, p. 30), “a Grécia atingiu o ideal mais avançado da educação na antiguidade: a Paidéia, uma educação integral, que consistia na integração entre a cultura e da sociedade e a criação individual de outra cultura numa influência recíproca”. Os gregos criaram a pedagogia da eficiência individual. Tanto os mestres gregos como os mestres romanos, egípcios e hebreus, recorriam às varas e aos chicotes para ensinar o aprendiz. O pedagogo era um escravo.

Durante a Idade Média, a educação tinha como finalidade formar o cristão. Os mestres desse período histórico eram os clérigos, os padres das paróquias e dos mosteiros. Muitos desses também precisavam aprender as letras, pois predominava o analfabetismo. De acordo com Gadotti (2006), o pensamento pedagógico estava baseado no teocentrismo e Cristo era reconhecido como um grande educador, popular e bem sucedido, pois a Pedagogia era fundamentada em parábolas inventadas no calor dos fatos e motivadas por suas andanças.

Com as mudanças ocorridas no século XVI e a propagação da fé cristã, ocorreu uma renovação ainda mais fundamental no ensino. A Contrarreforma provocou o aparecimento de novas ordens religiosas cristãs. Os jesuítas, então, passaram a catequizar e a propagar o catolicismo, a partir de um sistema de regras criado e adotado por todas as escolas e missões jesuíticas: o Ratio Studiorum. O sistema consistia em um conjunto de regras de conduta em sala de aula, que descrevia ainda a regulamentação sobre as relações e os procedimentos dos dirigentes, professores e alunos dentro da instituição. Joana Paulin Romanowski (2003) acrescenta que “a orientação do ensino se caracterizava por uma sólida formação humanista-cristã. Esse sistema de educação identificou as missões jesuítas que se instalaram no período de colonização no Brasil”.

Com o advento das grandes revoluções do século XVII, fortalecida na Revolução Francesa, a institucionalização da educação como função do Estado é voltada para a formação do cidadão e caracterizada na ideia de criação de uma escola para a formação de professores laicos. Desse modo, os professores passam a ser considerados como profissionais a serviço do Estado. Assim sendo, a educação passa a ser uma solicitação de toda população, aumentando consideravelmente a necessidade de um maior número de professores. A primeira escola normal no Brasil foi criada na Província do Rio de Janeiro, em 1835. A partir daí foram surgindo outras escolas e necessariamente os professores precisavam receber uma formação.

A formação oferecida por essas escolas priorizava um currículo centrado nos conteúdos da escola elementar e compreendia a formação pedagógica em uma disciplina (Pedagogia ou Métodos de Ensino).  O curso tinha duração de dois anos e era ministrado por um ou dois professores para todas as disciplinas propostas. No final do império a maioria das províncias tinha mais de uma escola normal.

Nessa época, a formação do professor não era considerada vital para o exercício do magistério. Joana Paulin Romanowski (2003, p. 14) afirma que “o exercício da atividade docente se resumia na conclusão das tarefas propostas pelo livro didático, tornando as aulas rotineiras, predeterminadas, fragmentadas e descontextualizadas”. Destaca-se ainda que as primeiras escolas normais eram destinadas exclusivamente para alunos do sexo masculino. Portanto, as mulheres não tinham acesso à educação formal, visto que a educação estava voltada somente para o lar e para a educação familiar, pois a mulher era vista como objeto de procriação, sem a necessidade de uma formação intelectual.

A expansão da escolarização dá-se durante o século XX, quando a escola se concretiza como agente de propagação do conhecimento e do desenvolvimento social e cultural da humanidade. A exigência da criação de escolas para todas as crianças passa a vigorar e a integrar todas as propostas de organização para o bem-estar social. Anos se passaram, mas o que se percebe é que a educação andou a passos lentos e ainda não temos todas as crianças nas escolas e nem escolas apropriadas para atender as nossas crianças como elas merecem.

Segundo Romanowski (2003), os movimentos pela valorização da educação e da escolarização da população foram determinantes na década de 1920. Várias reformas foram empreendidas nos cursos normais, entre elas destacam-se as realizadas por Lourenço Filho, no Ceará, por Anísio Teixeira, na Bahia, por Carneiro Leão, em Pernambuco, por Fernando de Azevedo, no Distrito Federal, por Francisco Campos e Mario Casassanta, em Minas Gerais, dentre outras. A partir dessas reformas, ser professor ganhou um outro significado. Ao ofício foi atribuído um papel fundamental na dimensão do desenvolvimento humano. Ser professor era gerar a possibilidade de disseminação do conhecimento científico.

De acordo com Diniz (2000 apud Romanowski, 2003), a década de 1990 foi marcada pela independência dos professores desencadeando uma intensa crise, pois ampliaram-se os protestos e os movimentos nesse período. A visão tecnicista foi protestada e houve debates sobre o “quadro negro” na educação brasileira, causado pelos baixos salários e o pouco investimento na classe. Na mesma época essas discussões foram intensificadas e o curso de Pedagogia passou a assumir a docência como eixo articulador do processo de formação. Alguns pensadores consideraram essa década como a “década da formação docente”. Romanowski (2003, p. 21) afirma que:

A tendência de análise de cunho marxista foi cedendo espaço a referências mais ecléticas. Os temas em discussão nos anos 90 incluíram a relação ensino-pesquisa, o estudo da realidade pedagógica, os estudos sobre a formação prática do professor, a complexidade da função docente e as preocupações com a formação do professor.

Diante disso, a profissão docente envolve singularidades que a diferencia dos demais profissionais, ou seja, não é satisfatório carregar um título acadêmico, é preciso dedicação, degrau que não se alcança apenas pelo simples querer, mas que só está disponível quando há um compromisso deste profissional consigo mesmo, sob uma ação pautada pela ética e pelo compromisso com o seu crescimento profissional e pessoal. Ser professor é ser, antes de tudo, um ser corajoso, que busca na sua essência valores inter-relacionados a uma vida saudável a fim de dar conta das suas responsabilidades.

A identidade do professor constrói-se a partir da relevância que cada profissional dá a sua própria atividade docente, por meio da sua atuação no mundo (representações de vida, seus saberes, sentimentos, expectativas), com as relações interpessoais estabelecidas dentro das escolas, dos sindicatos e com seus pares e demais atores do contexto escolar.

Faz-se necessário observar a responsabilidade do docente no desenvolvimento do educando, na sua formação e no preparo do seu desempenho para atuar em um mundo que se apresenta contraditório nos aspectos social, político e econômico. Repensar uma prática pedagógica inovadora (para todos os dias), por meio da reflexão e do constante aprimoramento intelectual, trará o aprimoramento à educação, tornando o exercício docente uma peça fundamental na formação de nossas crianças, adolescentes e jovens.

Desafios enfrentados pelo docente nos dias atuais

A finalidade dessa temática é um convite à reflexão a partir dos desafios encontrados pelos docentes, para que o professor possa pensar sobre a sua formação numa perspectiva humanizadora, pois não é ensinar por ensinar, mas fazer valer o que foi aprendido nos bancos da Faculdade, tanto com as teorias como com as vivências cotidianas entre colegas e pares.

Segundo Romanowski (2008), a concretização da ação docente realiza-se no cotidiano da sua sala de aula. Ou seja, a partir da práxis pedagógica, do planejamento e do grupo de estudos, a prática educacional é inserida na tessitura social e configurada na interação entre os sujeitos para a concretização da intencionalidade educacional como uma intervenção social, contextualizada historicamente e efetivada processualmente.

Os desafios são muitos e a complexidade da profissão de professor está intrinsecamente envolvida no espaço público da palavra e da ação. Nesse contexto, é possível identificar profissionais eficientes em suas ações. Porém, ineficientes quando parte para a questão do ensino, visto que se ensina bem o conteúdo, mas por vezes contribui pouco para a formação do aluno. Para Luck (2011, p. 76), “o processo educacional só se transforma e só se torna competente na medida em que seus participantes obtiverem consciência de que são corresponsáveis pelo desenvolvimento e resultados de uma aprendizagem crítico reflexiva”.

Os conhecimentos e crenças gerais acerca do ensino dos alunos, da escola e dos professores cresceu e as matérias se ampliaram. A forma como o docente aprendeu uma determinada disciplina ou área curricular afeta a forma dele ensiná-la. Existem múltiplas evidências que nos mostram certos “modelos” que os professores em formação têm sobre a disciplina que estudam. Perguntas, tais como, “O que são?” “Para que vão servir a Matemática, a Linguagem, a Educação Física?”, devem ser encaradas “a partir do que o aluno já sabe?”. Para Onofre (2000), "assumir o conteúdo que se ensina e se estuda como argumentos da investigação podem encontrar diferenças no comportamento observável de professores em função do domínio que possuem do conteúdo que se ensinam”.

Isso é especialmente válido à medida que avançamos pelos níveis educacionais: menor na Educação Infantil e maior no Ensino Médio e universitário. Quando o docente não possui conhecimentos adequados da estrutura da disciplina a ser ministrada, pode expor erroneamente o conteúdo aos seus alunos.

O conhecimento que os professores possuem, além do conteúdo a ensinar, também pode influenciar no momento da ministração. Dessa forma, para ser um profissional da era da complexidade é necessário estar preparado para os desafios do cotidiano. O conhecimento é importante na medida em que determina o que os professores vão ensinar e a partir de quais perspectivas o farão. Desse modo, há sempre um significado importante no que se aprende. Então, façamos aquelas perguntinhas: “O que devo ensinar?” “Como devo ensinar?” “E a quem vou ensinar?”

Na História, o marco de análise cultural, política e ideológica que se escolhe pode determinar o que se ensina e como se ensina. Em História, por exemplo, poderiam se incluir as diferentes perspectivas de interpretação de um mesmo fenômeno. De acordo com Nikitiuk (2007, p. 61),

o uso abusivo das aulas expositivas na disciplina de História é um fato que merece reflexão. O exagero no uso do método contribuirá, certamente, para uma visão de mundo de baixo senso crítico, uma vez que o aluno assume, na sala de aula, a condição de objeto a ser moldado. Como o aluno não é estimulado a buscar e construir conhecimentos, o resultado será, possivelmente, a sedimentação de rotinas marcadas pela passividade intelectual.

Em consequência, muitos professores principiantes se veem forçados a ensinar expressões e fatos dos quais se lembram dos seus anos escolares. Um baixo nível de conhecimentos pobremente organizados influi no ensino de várias formas. Quando os professores principiantes planejam, geralmente se fundamentam em livros didáticos como ponto de partida para o ensino. Assim, ensinar se equipara a recordar informação. Esse conhecimento aparente invalida os alunos, limitando sua compreensão dos conceitos, levando-os a representações errôneas da disciplina.

Os professores aprendentes, aqueles que estão iniciando sua carreira no magistério, restringem as atividades dos alunos a aspectos estritamente procedimentais. Os professores aprendizes muitas vezes não compreendem os comentários e as perguntas que os alunos fazem em relação a outros temas que não estejam ligados à sua área. Quando os professores têm um conhecimento conceitual aprofundado da sua própria matéria e uma visão geral das demais, conseguem estabelecer mais conexões e relações com outros assuntos e podem desenvolver melhor as conexões possíveis entre os saberes.

Bullough (1998) faz uma abordagem sobre essa realidade e afirma que a sala de aula é o santuário dos professores. Ou seja, a sala de aula é o artefato central da cultura do ensino, onde o professor se refugia. Quando se observam propostas que enfocam claramente a necessidade de que os professores colaborem, trabalhem coletivamente, isso significa dizer que o docente precisa sair da solidão de sua sala e da monotonia de seu cotidiano para que exista uma aprendizagem significativa e não uma mera reprodução mecânica de conteúdo. Uma característica identificada por Lortie (1975, p. 5) foi o individualismo. O autor comenta que

a forma celular da organização escolar e a ecologia de distribuição do espaço e do tempo colocam as interações entre os professores à margem de seu trabalho diário. O individualismo caracteriza sua socialização; os professores não partilham uma potente cultura técnica. As maiores recompensas psíquicas dos professores são obtidas no isolamento de seus companheiros, e toma-se muito cuidado de não franquear as barreiras das salas de aula.

A concretização da ação docente realiza-se no cotidiano da sala de aula, ou seja, na prática. Essa prática está inserida na organização social e é configurada na interação entre os sujeitos. A concretização da intencionalidade educacional contextualiza-se historicamente e efetiva-se no processo social. Assim, a complexidade da profissão de professor é expressa por Oliveira (1993), da seguinte maneira: inscrita no espaço público da palavra e da ação. O docente atento e dedicado ao exercício permanente da observação e da crítica da ação e da avaliação, ética e política, singular e compartilhada, favorece que as gerações transcendam a este respeito, desafiando-se e reconstruindo-se. Para Severino (2001, p. 141), “a característica essencial do trabalho do professor é promover a educabilidade, ou seja, favorecer que os sujeitos, eles próprios, tornem-se construtores e transformadores de sua individualidade, e da sociedade”.

A sala de aula é um espaço de diversidade, pois acolhe um universo heterogêneo e em constante movimento. Cada ser humano é singular e possui sua própria identidade originada de seu grupo social, constituída por valores, crenças, hábitos, saberes, padrões de condutas, trajetórias peculiares e possibilidades cognitivas diversas em relação à aprendizagem, podendo expressar maior interesse e entusiasmo por determinada área do conhecimento ou ainda demonstrar dificuldades ao dialogar com a complexidade da pessoa do professor, provocando inquietações constantes na ação docente.

Compreender a identidade profissional do docente no cenário atual é uma questão que está diretamente ligada à interpretação social da sua profissão. Desse modo, considera-se que o movimento social deva estar intrinsecamente relacionado com os projetos educacionais, pois a escola não é um espaço aleatório, mas um cenário no qual a objetividade se faz presente. Isso implica em dizer que a instituição tem uma função específica dentro da sociedade em que se encontra inserida.

Assim sendo, cabe aos educadores superarem a prática pedagógica assentada na transmissão de informações, contribuindo para a melhoria da qualidade da Educação Básica, em especial, da Educação Infantil.  Como afirma Morin (2001, 47), “à educação trata-se de transformar as informações em conhecimento e de transformar o conhecimento em sapiência”. Para compreender esses fenômenos, Morin (1995) frisa ainda a observação dos aspectos humanos que, de certa forma, escapam ao controle absoluto da racionalidade técnica, política e profissional, aspectos como aqueles relacionados à identidade, aos projetos pessoais, às representações, à vida emocional e à consciência corporal. 

O lema “educação para todos” exige a garantia do acesso à educação a todas as crianças e jovens. A escola é um espaço democrático e aperfeiçoado conforme os níveis de escolarização da população. Partindo desse pressuposto, a educação brasileira precisa avançar em termos de políticas públicas.

Segundo Morin (1999), a educação para o futuro está alicerçada no entendimento do conhecimento permanente, contextualizado, multidimensional, interdependente, interativo e globalizado, portanto, não acontece de modo fragmentado ou particular. Necessariamente, quanto aos aspectos da condição humana (física, histórica, biológica, psicológica, cultural e social), a identidade terrena e a compreensão mútua constituem os indicativos para a educação do futuro. Contudo, é preciso oferecer a oportunidade de uma educação para as incertezas, cuja meta seja a formação do cidadão ético. Esses indicativos se constituem como os novos desafios para os docentes, superando o ensino pautado na mediação de conteúdos disciplinares.

Assim sendo, o educador do futuro necessita conhecer seu aluno, como ele pensa, como age diante dos grandes desafios e a realidade onde vive. Além disso, o professor precisa conhecer a si próprio, suas limitações e habilidades, para que estando estimulado ao aprendizado, estimule também o seu aluno, resgatando suas potencialidades em um ambiente colaborativo. A própria prática do educador é fonte de reflexão e de construção do conhecimento. Docente e discente, juntos, poderão construir novos conhecimentos e se tornarem pessoas mais críticas e reflexivas.

Considerações finais

Neste artigo discutiram-se as características da profissão do educador que garantem a ele uma identidade. O desafio, portanto, é transformar a profissão docente em uma profissão do conhecimento.

Há uma espécie de responsabilização do docente sobre os fracassos do alunado, como se tanto as condições de acesso, quanto as próprias condições nas quais se desenvolvem as atividades profissionais, tivessem no educador suas fontes. Perante os grandes avanços na tecnologia no mundo atual, a educação exige melhoria na qualidade do ensino e bons professores, comprometidos com a difícil tarefa de ensinar. Observa-se que a identidade profissional docente se constitui, portanto, como uma interação entre a pessoa que exerce a função de educador e as suas experiências individuais. Desse modo, entendemos que a profissão docente é capaz de aproveitar as oportunidades da sociedade para conseguir o respeito aos direitos fundamentais de todo indivíduo: o direito de aprender. Na educação, os processos podem ser lineares, implantados de forma simples, com a condição de que saibamos “explicar” bem aos docentes em que consistem esses processos.

Metodologias inovadoras aplicadas à educação, em especial aquelas usadas pelo professor da Educação Básica, são formas de melhorar a aprendizagem dos alunos. Aprender sobre o contexto histórico da educação, sobre a legislação atual no que se refere à formação de professores em uma perspectiva humana e as exigências contemporâneas de formação inicial, continuada e à distância, são meios essenciais que podem ajudar o docente na sua profissionalização e capacitação contínuas.

Referências

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GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. 8ª ed. São Paulo: Ática, 2006.

LORTIE, Dan C. School teacher. A sociological study. Chicago; London: The University of Chicago Press,1975.

LUCK, Heloísa. A gestão participativa na escola. 10ª ed. Petrópolis: Vozes, 2011.

MORIN, Edgar. Educar na era planetária: o pensamento complexo como método de aprendizagem pelo erro e incerteza humana. São Paulo: Cortez, 2003.

______. Introdução ao pensamento complexo. Lisboa: Instituto Piaget, 1995.

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NIKITIUK, Sonia M. Leite. Repensando o ensino de História. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2007.

OLIVEIRA, M. R. S. Didática: ruptura, compromisso e pesquisa. Campinas: Papirus, 1993.

ROMANOWSKI, Joana Pulin. Formação e profissionalização docente. Curitiba: Ibpex, 2003, 2007 (3ª ed.).

ROUSSEAU, Jean Jacques.Emílio: ou da Educação. Trad. Sérgio Milliet. 3ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.

SEVERINO, A. J. Educação, sujeito e história. São Paulo: Olho d’Água, 2001.

WITTMANN, Carlos Lauro. Práticas em gestão escolar. Curitiba: Facinter, 2006.

Publicado em 21 de junho de 2022

Como citar este artigo (ABNT)

SOUZA, José Clécio Silva de; SANTOS, Décio Oliveira dos. A construção da identidade docente na escola. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 22, nº 23, 21 de junho de 2022. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/22/23/a-construcao-da-identidade-docente-na-escola

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