História dos cuidados da saúde no ensino a partir da Educação Científica Baseada em Investigação
Joana Ferronato Fagundes
Licencianda em Ciências Biológicas, bolsista do Programa de Educação Tutorial PETCiências (UFFS - Câmpus Cerro Largo/RS)
Victória Santos da Silva
Licencianda em Ciências Biológicas, bolsista do Programa de Educação Tutorial PETCiências (UFFS - Câmpus Cerro Largo/RS)
Eliane Gonçalves dos Santos
Doutora em Educação, professora da Licenciatura em Ciências Biológicas e do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências (UFFS - Câmpus Cerro Largo/RS)
A busca pela prevenção de doenças e pela melhor qualidade de vida revelou-se importante nos cuidados com a saúde, os quais evoluíram juntamente com o processo de hominização e aculturação do ser humano. A maneira como esses cuidados eram aplicados distinguiam muito da cultura e dos conhecimentos de cada indivíduo. De acordo com Almeida, Escola e Rodrigues (2019), um dos primeiros cuidados desenvolvidos pelo homem existe até hoje, chamado de “cuidados espontâneos ou instintivos”, exemplificado quando uma mãe protege seu filho.
A medida que o ser humano desenvolveu métodos para melhorar a qualidade de vida e prevenir enfermidades, também descobriu que poderia usar a natureza para seu benefício, como ao utilizar as ervas na cicatrização de feridas, para o alívio de dores e na cura de doenças (Freitas; Coelho, 2014; Firmo et al., 2011). Além disso, a criação de instrumentos simples desenvolvidos pelo homem, como o termômetro, foi um grande salto para a evolução dos cuidados com a saúde e de métodos científicos.
Nesse sentido, compreendemos que é importante que os estudantes conheçam a história da Saúde e do conceito para avançar na compreensão do assunto dentro de uma perspectiva de prevenção e promoção (Santos, 2018). Scliar (2007), no artigo “História do conceito de Saúde”, faz um breve panorama da evolução e do entendimento de saúde ao longo dos anos pelas diferentes culturas e como algumas dessas compreensões ainda estão presentes na contemporaneidade. Assim, abordar em sala de aula aspectos da História da Saúde e dos Cuidados poderá oportunizar aos estudantes a compreensão da saúde como algo que “reflete a conjuntura social, econômica, política e cultural” (Scliar, 2007, p. 2), isto é, os cuidados e o conceito de saúde ao longo da história da humanidade não foram representados para todos da mesma maneira, visto que é preciso observar a época, o lugar, os valores individuais e os conhecimentos científicos de cada indivíduo (Scliar, 2007). O entendimento da evolução do conceito pelos estudantes também favorece discussões de natureza epistemológica, as quais podem contribuir para uma visão crítica do sujeito sobre o assunto em questão.
Nesse sentido, cabe sinalizar que, na primeira metade do século XX, no Brasil, conforme Collares e Moysés (1985), “a saúde adentra o ambiente escolar brasileiro de modo a regulamentar e reger algumas ações dentro da escola”. A partir de duas vertentes: a “saúde escolar” – voltada para o controle sanitário nas escolas – ou “higiene escolar” é associada a princípios higienistas da época. Dessa forma, esta última perspectiva, segundo Monteiro e Bizzo (2015, p. 413), contribuiu para uma visão em que “o principal atrativo da escola é o acesso à alimentação e não ao conhecimento”, pois o ambiente escolar seria o lugar em que o alcance e a efetividade de ações relacionadas ao potencial de influência nos indivíduos é mais bem desenvolvido. Partindo desse viés, torna-se importante perceber como a temática saúde é abordada nos documentos oficiais que regem o ensino brasileiro.
A segunda vertente é relacionada aos programas que visam articular saúde e educação com ações que tenham caráter mais processual e contínuo. Então, o Programa Saúde na Escola (PSE), vinculado aos Ministérios da Educação e da Saúde, tem como objetivo desenvolver ações de prevenção, promoção e atenção à saúde com a “atuação de profissionais de Saúde junto aos alunos”, como afirmam Monteiro e Bizzo (2015, p. 413). Com isso, a questão da saúde adentra o ambiente escolar com essas certas prioridades em uma visão hegemônica.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1971 é caracterizada, conforme Monteiro e Bizzo (2015, p. 415), pela “importância dada às dimensões individual e coletiva da saúde e aos diversos determinantes do processo saúde-doença”. Logo, com o início dos anos 1990 e a promulgação da Constituição Federal de 1988, a Câmara de Educação Básica (CEB) do Conselho Nacional de Educação apresentou o Art. 3º como um dos componentes da Base Comum Nacional (BCN): “A Base Comum Nacional e sua parte diversificada deverão integrar-se em torno do paradigma curricular, que vise a estabelecer a relação entre a educação fundamental” (Brasil, 1998, p. 1). Com isso, para o Ensino de Ciências Naturais,
os Parâmetros Curriculares Nacionais propõem conhecimentos em função de sua importância social, de seu significado para os alunos e de sua relevância científico-tecnológica, organizando-os nos eixos temáticos “Vida e Ambiente”, “Ser Humano e Saúde”, “Tecnologia e Sociedade” e “Terra e Universo” (Brasil, 1998, p. 62).
A proposta visa o desenvolvimento de uma aprendizagem crítica e a favor da comunicação em meio social. Da mesma forma, em relação à saúde, no Ensino Fundamental, é abordada como um tema transversal (Brasil, 1998, p. 66):
A explicitação da Saúde como tema do currículo eleva a escola ao papel de formadora de protagonistas — e não pacientes — capaz de valorizar a saúde, discernir e participar de decisões relativas à saúde individual e coletiva. Portanto, a formação do aluno para o exercício da cidadania compreende a motivação e a capacitação para o autocuidado, assim como a compreensão da saúde como direito e responsabilidade pessoal e social.
Logo, as condições de vida são consideradas em um contexto físico, social e cultural. Então, no Ensino Médio, em decorrência da interdisciplinaridade proposta, o conhecimento em Biologia é integrado à área de Ciências da Natureza e Matemática, em relação às competências “contextualização sociocultural”, incluindo “julgar ações de intervenção, identificando aquelas que visam à preservação e à implementação da saúde individual, coletiva e do ambiente” (Brasil, 1998, p. 21), como uma habilidade a ser desenvolvida em ambiente escolar.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em sua competência geral relacionada à saúde, adentrando o Ensino Fundamental, é necessário “conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-estar, compreendendo-se na diversidade humana, fazendo-se respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza e às suas tecnologias” (Brasil, 2018, p. 324). Dessa forma, destaca que os estudantes devem ter o conhecimento de ações necessárias para a manutenção da saúde individual e coletiva, principalmente em relação às políticas públicas.
Nesse contexto, o Ensino Médio permite a ampliação da sistematização do conhecimento proposto no Ensino Fundamental, apresentando a saúde na competência a respeito da contextualização social, histórica e cultural da ciência e da tecnologia (Brasil, 2018, p. 549):
A contextualização dos conhecimentos da área supera a simples exemplificação de conceitos com fatos ou situações cotidianas. Sendo assim, a aprendizagem deve valorizar a aplicação dos conhecimentos na vida individual, nos projetos de vida, no mundo do trabalho, favorecendo o protagonismo dos estudantes no enfrentamento de questões sobre consumo, energia, segurança, ambiente, saúde, entre outras.
Nesse viés, o desenvolvimento de metodologias que incluam a saúde no Ensino de Ciências corresponde a uma proposta, conforme destacado por Santos, Pansera-de-Araújo e Carvalho (2019, p. 79), em que “poderemos proporcionar um entendimento ampliado de saúde que permita aos alunos compreenderem a saúde de forma sistêmica”.
Logo, trabalhar em sala de aula com aspectos da História da Saúde e do Cuidado em Saúde torna-se um caminho para uma melhor compreensão pelos estudantes do assunto, oportunizando e favorecendo a reflexão crítica frente às questões atuais de saúde. Nesse sentido, entende-se, conforme Almeida et al. (2020), a necessidade da inserção de narrativas históricas que favoreçam reflexões de natureza epistemológica, contribuindo para uma visão crítica a respeito do desenvolvimento da História da Ciência (HC), pois ela envolve duas influências: a internalista, abordando fatos, teorias e conceitos, e a externalista, que diz respeito aos aspectos sociais, políticos e econômicos, os quais, quando desconsiderados como contextos em que a Ciência foi exposta, contribui para visões reducionistas e compreensões distorcidas acerca da atividade científica.
Como expressam Kato et al. (2011), a informação é apresentada de forma fragmentada e isolada do contexto social, proporcionando ao estudante um contato com o conteúdo pronto e organizado. Para romper com o entendimento linear e descontextualizado, é importante, conforme Chassot (2003), propiciar o entendimento ou a leitura da linguagem científica, sendo necessário que o professor explique essa natureza do conteúdo, pois seu objetivo é aproximá-lo da realidade do estudante, facilitando o processo de aprendizagem e entendimento da evolução do conceito de saúde ao longo dos anos.
Portanto, em uma visão construtivista, Vygotsky (2000) destaca a importância da integração entre as formas de conceitos: cotidiana e científica, em que ambas se influenciam e, por isso, há necessidade de desenvolver atividades com relevância ao contexto histórico-social no processo de ensino dos estudantes, pois, como citam Scheid et al. (2009, p. 25),
muitas escolas de Educação Básica desenvolvem conteúdos abstratos e, muitas vezes, de difícil compreensão, sofrendo influências da abordagem tradicional do processo educativo, na qual prevalecem a transmissão-recepção de informações, a dissociação entre conteúdo e realidade e a memorização desse conteúdo.
Dessa forma, considerando esses pontos em relação ao contexto escolar, Hidalgo e Junior (2016, p. 24) destacam que
o indivíduo deve estar apto a discutir e utilizar-se dos conhecimentos científicos para a tomada de decisões de sua vida cotidiana, bem como para uma maior atuação nas decisões políticas que lhe afetam direta ou indiretamente; parece-nos necessária a utilização de uma ferramenta que possibilite aos estudantes mais do que memorizar fórmulas, leis e teorias, mas sim uma alfabetização científica que lhes possibilite construir um pensamento crítico-reflexivo.
Partindo desse entendimento e tendo a escola como espaço propício para abordar as questões de saúde, compreendemos com Hidalgo e Junior (2016, p. 26) que “o ensino de Ciências deve comprometer-se em proporcionar ao estudante capacidades de interpretar e discutir os aspectos relevantes à sua formação por meio de um ensino contextualizado e integrado”. Logo, evidencia-se a relevância de o professor atuar em uma perspectiva sociocultural, proporcionando um significado real ao conhecimento do estudante sobre saúde, com base na problematização e na reconstrução de seus entendimentos, favorecendo intervenções no seu cotidiano.
Em vista disso, a metodologia apresentada por Scheid (2016) destaca aspectos para que os professores priorizem atividades considerando a participação do estudante como ponto principal do processo de aprendizagem, contrastando com o ensino tradicional, em que apenas o profissional da Educação constrói o conhecimento.
Este trabalho tem como objetivo inspirar o protagonismo do estudante, inserindo-o na sociedade. Para tanto, investimos na metodologia, denominada Educação Científica Baseada em Investigação (IBSE – Inquiry Based Science Education). De acordo com Scheid (2016, p. 97),
a metodologia do IBSE consiste em envolver os estudantes integrando a teoria e a prática e, desse modo, construir o conhecimento a partir da resolução de problemas. Fundamentada na metodologia construtivista de Rodger Bybee (2009), que apresenta cinco etapas ou 5 Es – Engage (Envolvimento), Explore (Exploração), Explain (Explicação), Elaborate (Ampliação) e Evaluate (Avaliação) – para o desenvolvimento de projetos na Comunidade Europeia, mais especificamente no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, em Lisboa/Portugal, foram acrescentadas mais duas fases – 2 Es-, a saber: Exchange (Partilha) e Empowerment (Ativismo).
Portanto, uma atividade que contemple a História da Saúde e dos Cuidados da Saúde e sua relação com o currículo proposto é de extrema importância para que o estudante tenha o conhecimento tanto de seu papel transformador quanto da função social da escola em manter presentes os fatos históricos no cotidiano escolar, para que dessa forma os estudantes compreendam o papel da Ciência e do conhecimento histórico na produção e desenvolvimento da História da Saúde.
Assim, ao inserir narrativas históricas, o professor poderá despertar o interesse e a curiosidade dos estudantes para as questões da produção desse conhecimento, conforme Almeida et al. (2020); além de auxiliar na compreensão das abordagens e conceitos, favorecem a desconstrução das incompreensões (internalistas e externalistas), assim como os reducionismos conceituais em sala de aula (Hidalgo; Junior, 2016, p. 22).
Assim, buscamos com este texto apresentar uma proposta didática inspirada na metodologia da IBSE. A atividade tem como objetivo possibilitar que os estudantes compreendam como aconteceu a evolução ou a História dos Cuidados de Saúde. A proposta foi elaborada para a disciplina de Ciências do 7º ano (Ensino Fundamental), conforme a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) - unidade temática: Vida e Evolução, com objeto do conhecimento: História dos Cuidados da Saúde – habilidade EF07CI11, que dispõe “analisar historicamente o uso da tecnologia, incluindo a digital, nas diferentes dimensões da vida humana, considerando indicadores ambientais e de qualidade de vida” (Brasil, 2019). A seguir são apresentados os encaminhamentos da atividade conforme a IBSE. Para a realização da proposta são necessários os seguintes materiais: textos informativos (textos de divulgação científica, artigos científicos, livros ou capítulos que tratam do assunto), folha de caderno ou A4 (para construção da tirinha), lápis de cor, caneta colorida, papel pardo ou folha A3 ou apresentação em datashow (para a construção da apresentação), sendo opcionais recortes de revistas ou jornais.
Encaminhamento metodológico
O desenvolvimento das aulas está orientado a contemplar os passos destacados na metodologia do IBSE:
- Engage (Envolvimento): a ideia é estimular o interesse dos estudantes pela temática de estudo: História dos Cuidados de Saúde. Dessa forma, é importante trabalhar com textos que abordam a evolução nos cuidados dos seres humanos, como: onde surgiu, quais os métodos utilizados, relevância (recomendamos a leitura do texto “História da Ciência e Ensino: construindo interfaces. A evolução dos cuidados de saúde: dos cuidados arcaicos aos cuidados altamente científicos”, de Almeida, Escola e Rodrigues, da espiritualidade no contexto da evolução. Além da leitura e o compartilhamento de ideias trazidas pelo texto, é relevante instigar os estudantes à reflexão sobre questões de interpretação, principalmente por meio da construção de textos com base em artigos científicos. Assim, o professor adapta a linguagem da informação contida e possibilita o conhecimento e o acesso a eles.
- Explore (Exploração): objetiva-se o envolvimento dos estudantes com as atividades; dessa maneira, após a leitura do texto e a realização de pesquisas na internet sobre o assunto, ao trabalhar com o Ensino Fundamental orienta-se o estudo e a construção de tirinhas sobre o tema; cada estudante poderá escolher a época que melhor considerar para representar. Quando trabalhado com o Ensino Médio, sugere-se que seja proposto que o estudante entreviste pessoas mais velhas sobre o conteúdo e faça uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto.
- Explain (Explicação): precisará ser proporcionado aos discentes espaço e tempo para o diálogo entre os colegas e o/a professor/a. Os estudantes deverão ser organizados em grupos por época escolhida (Antiga, Idade Média ou Moderna) e sobre ela serão instigados a apresentar/compartilhar com os colegas suas criações e ideias de perguntas. Ao final, a ideia será produzir compreensões a respeito das principais evoluções da saúde e dos cuidados em saúde entre os períodos.
- Exchange (Partilha): os estudantes deverão ser estimulados a compartilhar suas aprendizagens com a comunidade escolar, utilizando para isso as redes sociais que a alcance, disponibilizando as imagens das tirinhas construídas, explicações sobre o período desenvolvido e as apresentações de cada entrevista. Essas perspectivas têm grande relação com a sexta fase da metodologia IBSE, o Empowerment (Ativismo), a qual, por meio da exposição, objetiva sensibilizar e alcançar os demais envolvidos para as questões-alvo da investigação.
- Extend (Ampliar): a atenção deverá ser direcionada para a compreensão. Dessa forma, o professor inicia o diálogo com os estudantes a respeito das influências externalista e internalista na História da Ciência, com base nos conhecimentos científicos discutidos por ele, desenvolvendo a compreensão e o reconhecimento das percepções distorcidas de conceitos relacionados a ela no cotidiano do estudante.
- Baseado nas produções dos estudantes, é possível trabalhar com a sétima fase da IBSE, que é a Evaluate (Avaliação): nela, “os alunos têm a oportunidade para refletir sobre o seu desempenho, dificuldades e resultados ao longo de todo o processo” (Scheid, 2016, p. 102).
Discussão
A proposição de trazer para a sala de aula a História da Saúde e do Cuidado em Saúde decorre da importância de os estudantes compreenderem como esse conceito foi sendo modificado durante os tempos e principalmente como a compreensão ampliada do assunto pode favorecer a promoção da saúde e de melhores condições de vida dos sujeitos em sociedade (Santos, 2018). Logo, o ensino de Ciências necessita apresentar, a partir da atuação da prática pedagógica do professor, uma metodologia que promova o desenvolvimento da compreensão dos conhecimentos científicos e de saúde mediante um processo interdisciplinar em que a aprendizagem necessita estar “favorecendo o protagonismo dos estudantes” (Brasil, 2018, p. 549).
Para tanto, alguns aspectos devem ser explorados: a contextualização de conhecimentos, a argumentação dos estudantes, o compartilhamento de ideias entre pares e o uso de tecnologias que potencializam os processos de ensinar, aprender e compartilhar conhecimentos. Dessa maneira, a metodologia IBSE (Scheid, 2016) é um meio de ensino que visa à investigação e à interação entre o estudante e o conteúdo, distinguindo-se do ensino tradicional. Assim, percebemos a importância de trabalhar o conteúdo de forma dinâmica, participativa e interativa.
Dessa forma, como propõe Scheid (2016), o processo de avaliação é um momento de suma importância no IBSE, pois o processo de aprendizagem de cada estudante é diferente. Além disso, é importante que o aprendiz reflita durante todo o desenvolvimento da atividade, podendo desenvolver seu pensamento crítico, reflexivo e questionador. Logo, esses aspectos caracterizam a construção de um ambiente que contribui para o protagonismo do sujeito.
Conclusão
A metodologia da Educação Científica Baseada em Investigação (IBSE) apresenta potencial para oportunizar o envolvimento e o protagonismo dos estudantes em sala de aula, ao oportunizar que eles se mobilizem em prol da busca do conhecimento – neste caso, da História da Saúde e do conceito de saúde. É importante que os discentes compreendam como o conceito se modificou ao longo dos tempos e que essa mudança tem relação direta com o contexto social e político de cada época. Ao utilizar a IBSE para conhecer e discutir a História da Saúde e do Cuidado de Saúde, o professor estará possibilitando aos estudantes que eles tenham um entendimento de saúde para além da ausência de doenças. A proposição dessa metodologia é proporcionar aos estudantes um ensino contextualizado e com foco em questões sociais e próximas da sua realidade.
Trabalhar com as questões de saúde e da natureza do conhecimento científico nunca foi tão importante no ensino, em face dos inúmeros discursos negacionistas sobre a Ciência. Compreendendo a importância da escola na formação científica, cultural e cidadã dos sujeitos, torna-se necessário investir em práticas pedagógicas que envolvam e estimulem o protagonismo e o senso crítico dos estudantes.
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Publicado em 25 de janeiro de 2022
Como citar este artigo (ABNT)
FAGUNDES, Joana Ferronato; SILVA, Victória Santos da; SANTOS, Eliane Gonçalves dos. História dos cuidados da saúde no ensino a partir da Educação Científica Baseada em Investigação. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 22, nº 3, 25 de janeiro de 2022. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/22/3/historia-dos-cuidados-da-saude-no-ensino-a-partir-da-educacao-cientifica-baseada-em-investigacao
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