Formação cidadã mediada pela leitura: perspectivas de professores e estudantes no contexto do Ensino Fundamental

Reurilânia Alves dos Santos

Licencianda em Ciências Naturais e Matemática (UFCA)

Eunice Andrade de Oliveira Menezes

Professora adjunta da Universidade Federal do Cariri

Francione Charapa Alves

Professora adjunta da Universidade Federal do Cariri

A leitura é uma prática social indispensável na formação humana, pois por meio dela ampliam-se as potencialidades de reflexão e de pesquisa que, por sua vez, corroboram na produção do conhecimento. Assim sendo, essa prática é conditio sine qua non para o exercício da cidadania.

O ato de ler requer um processo de interação entre o sujeito cognoscente e a leitura, uma vez que durante essa prática podem ocorrer transformações expressivas na vida das pessoas, pois a leitura é como uma chave para a inserção no mundo (Freire, 1989).

Logo, o verdadeiro sentido da leitura se configura na vida social, ou seja, em sua função das diversas relações que corroboram para que “o ser humano, integrando-se a seu contexto, por nele intervir, o transforma em mundo” (Freire, 2012, p. 31). Portanto, o papel da leitura é contribuir na produção de sentidos e significados sobre educação, a vida e a sociedade.

No contexto da Educação Básica, o fomento à leitura, em uma perspectiva dialógica e emancipadora, faz-se urgente, requerendo uma atenção cada vez maior das políticas públicas. Uma ação concreta nessa direção seria equipar cada escola com uma biblioteca, patrimônio cuja estrutura e organização significam poder e valor concedidos ao saber e à experiência presentes na escrita e na leitura (Gimeno, 2008).

Diante disso, este estudo, decorrente do texto monográfico de Santos (2021), teve como objetivo investigar como a leitura pode contribuir para a formação cidadã de estudantes do Ensino Fundamental de três escolas públicas da região do Cariri, no Ceará. A relevância da discussão ora empreendida se sustenta na medida em que problematiza a leitura como uma atividade cuja função social não se reduz ao processo de escolarização. Outro destaque do estudo é o foco na perspectiva de estudantes e docentes, fato que deu a oportunidade de uma interação produtiva acerca da leitura como instrumento sociocultural e pedagógico.

O texto segue essa linha de organização: na primeira seção debate-se a necessidade de superação do cariz técnico da leitura, com âncora na obra freireana (Freire, 1989; 1997; 2011; 2012; 2015), mas também em outros aportes (Freire; Faundez, 1985; Kleiman, 2004; 2021; Gimeno, 2008; Freire; Shor, 2011), dentre outros. Prossegue-se com o percurso metodológico, seção na qual detalham-se o instrumento e os procedimentos utilizados no estudo. Na última seção, trazem-se os dados e a discussão dos resultados, primeiramente na perspectiva das professoras e, em seguida (em uma subseção específica), sob a ótica dos(das) estudantes. Como arremate ao texto, expõem-se reflexões sobre a necessidade de se repensar as práticas de leitura no âmbito escolar, além do ensejo de novos estudos que se debruçam sobre possibilidades reconstrutivas da prática leitora com crianças e adolescentes.

Por uma leitura que supere a racionalidade técnica

O ato de ler possibilita ao educando acesso a uma diversidade de conhecimentos sobre as pessoas e o mundo à sua volta, visto que por meio da leitura esse aprendiz passa a encontrar sentido nos conhecimentos que produz. Isso se viabiliza principalmente quando os professores levam em consideração os aspectos contextuais e singulares da vida dos(das) estudantes.

Lamentavelmente, no âmbito escolar a leitura tem se reduzido ao processo de escolarização, resultando naquilo que Freire e Shor (2011, p. 225) denunciam como “um mundo fechado, isolado do mundo onde vivemos experiências sobre as quais não lemos”.

Conforme Freire (2012), a leitura é a porta para novos conhecimentos fluírem, de forma que esses saberes mobilizem a inserção no mundo, no qual crianças, mulheres e homens devem superar a condição de mero suporte.

Estar no mundo meramente como suporte é manter a crença fatalista e determinista de que as coisas são assim mesmo, porque sempre foram. É viver em um “mundo inapelavelmente imóvel, em que nada pode ocorrer fora do já estabelecido” (Freire, 2012, p. 31). Por outro lado, a inserção no mundo é “um estado maior que a emersão e resulta da conscientização da situação. É a própria consciência histórica” (Freire, 2015, p. 141). Ser imerso no mundo exige, pois, o comprometimento com a mudança.

Mas para que o ato de ler seja reconhecido como uma prática social é preciso, antes, que as escolas invistam na formação de leitores. Nesse caso, a atuação do professor se faz indispensável. Contudo, essa tarefa não cabe apenas às professoras e aos professores, pois, para que elas e eles tenham condições objetivas de alcançar êxito em sua prática, precisam de suporte da família e do Poder Público, assim como defende Gimeno (2008, p. 90), pois “se o saber ler, como o poder fazê-lo, estão implicados na base do direito à educação, e na criação da cidadania [...] compete aos poderes públicos velar e facilitar o fomento da cultura apoiada na leitura”.

Além da ausência de cobertura para as questões apontadas por Gimeno (2008), a preponderância da racionalidade técnica e o enfoque demasiado no ensino ratificam o (mal)trato com a leitura no ambiente escolar, geralmente voltada a textos e atividades que não encontram eco na vida concreta dos(das) estudantes.

Assim, para superar essas lacunas, é preciso criar estratégias escolares que reflitam a leitura como um conjunto de práticas sociais nas quais a escrita assume um papel relevante no processo de interpretação e compreensão dos textos orais e escritos que circulam na vida social (Kleiman, 2021). Sem essas condições, será cada vez mais difícil os (as) estudantes se apaixonarem pela prática leitora, desenvolverem a criticidade e fortalecerem sua cidadania, uma vez que “ler de modo consciente e analítico implica o exercício cotidiano da cidadania, responsabilidade sociocultural primordial da escola” (Leahy-Dios, 2010, p. 1).

Por isso, mesmo a instituição escolar precisa se libertar da perspectiva estritamente técnica com que tem conduzido seu projeto educativo, concorrendo para o ensino bancário e para modelar um ser “memorizador, [...] temeroso de arriscar-se… não percebe, quando realmente existe, nenhuma relação entre o que leu e o que vem ocorrendo no país, na sua cidade, no seu bairro” (Freire, 2011, p. 29).

Por outro lado, quando professores e estudantes compartilham conhecimentos e seus pontos de vista, encontram-se dialeticamente imbricados na leitura de mundo (Freire, 2014). Assim, rompe-se com a predominância da racionalidade técnica e cria-se uma abordagem intersubjetiva que enriquece a aprendizagem, além de fortalecer o diálogo e os vínculos afetivos entre os sujeitos do processo educativo.

Metodologia

Este estudo constitui-se como um recorte de uma pesquisa monográfica, atendendo à Resolução nº 510/16 do Conselho Nacional de Saúde, que determina diretrizes éticas específicas para pesquisas com seres humanos, o estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), da Universidade Federal do Cariri (UFCA), recebendo o parecer consubstanciado para sua realização, construída com um grupo de professoras e de estudantes em três escolas públicas do Ensino Fundamental, no município de Milagres, no Cariri, Ceará, tendo como objetivo investigar as contribuições da leitura na formação cidadã de estudantes do Ensino Fundamental.

A abordagem caracteriza-se como qualitativa e, segundo Silva e Menezes (2005), apresenta uma ligação entre a realidade do mundo e as interpretações dos sujeitos sobre o objeto investigado, não sendo possível que esses fenômenos sejam interpretados através de números.

Com suporte nessa abordagem, o presente estudo é do tipo exploratório, que segundo Gil (1987), tem uma aproximação maior com o problema, com o objetivo de explorá-lo mais, para conhecê-lo e torná-lo mais evidente, a fim de esclarecê-lo, ou formular hipóteses sobre ele. Desse modo, a pesquisa exploratória visa um aprofundamento nos conhecimentos e no contexto inserido em determinado problema ou fato investigado. Nesse sentido, “este é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas” (Gil, 2004, p. 44).

Os critérios de inclusão das professoras foram os seguintes: atuar na rede pública de ensino do município de Milagres, lecionar nas séries finais do Ensino Fundamental e aderir espontaneamente à participação na pesquisa.  Quanto aos(às) estudantes, todos foram incluídos de acordo com os seguintes critérios: estudar na rede pública do município referido, cursar uma das séries finais do Ensino Fundamental e aderir espontaneamente à pesquisa.

No que concerne ao instrumento de coleta de dados, utilizou-se o questionário do tipo semiestruturado, enviado por meio do Google Forms, no mês de julho de 2020, respondido pelos(as) estudantes e por duas professoras no mesmo mês. As outras docentes o fizeram no mês de agosto.

Assim, com o objetivo de entender as contribuições da leitura no processo de formação cidadã, empreendeu-se uma análise temática (Bardin, 2016), sendo esta técnica eleita pela sua praticidade e eficácia quando se tratam de discursos diretos, ou seja, aqueles que trazem significações manifestas em um ou vários temas ou itens de significação.

Realizaram-se as três etapas comuns a toda análise de conteúdo: a pré-análise, a exploração do material, o tratamento e a interpretação dos resultados. Inicialmente, na pré-análise, fez-se o que Bardin (2016) chama de leitura flutuante, isto é, o contato preliminar com os dados, tendo em vista melhor compreender as ideias contidas nas mensagens e evidenciar as primeiras impressões sobre elas.

Em seguida, procedeu-se à exploração do material, elencando-se as unidades de contexto, que, segundo Bardin (2016), são fragmentos de mensagem, previamente definidos, e que dizem respeito às possibilidades interpretativas dos dados.

Do todo contextual (parágrafos definidos como unidades de contexto), organizaram-se as unidades de registro que, por sua vez, consistem em recortes de palavras-chave ou frases relevantes e que fazem mais sentido se submetidas aos objetivos da investigação.

Na fase final da interpretação dos dados, fez-se, como diz Bardin (2016, p. 132), a “confrontação sistemática com o material e o tipo de inferências alcançadas” e interpretaram-se os dados, olhando para o objetivo do estudo.

A importância da leitura na formação cidadã: a perspectiva das professoras

Com âncora na análise temática, nesta seção se apresenta a discussão dos dados relativos às professoras. Antes disso, traz-se a caracterização básica das profissionais, conferida no Quadro 1.

Quadro 1: Caracterização das professoras

Codinome
(criado pelas próprias professoras, por solicitação das pesquisadoras, considerando-se seu anonimato)

Formação inicial

Formação continuada

Tempo de docência

Disciplina que leciona

Série na qual leciona

DFP

Letras

Pós-graduação lato sensu concluída

Entre 10 e 15 anos

Português

8º ano

MEC

Letras

Pós-graduação lato sensu concluída

Entre 10 e 15 anos

Português

9º ano

CISO

Ciências Biológicas

Pós-graduação lato sensu concluída

Entre 20 e 30 anos

Matemática

8º ano

Edite

Pedagogia

Ensino Superior completo

Entre 20 e 30 anos

Geografia

6º ano

Nalva

Letras

Pós-graduação lato sensu concluída

Entre 15 e 20 anos

Português

9º ano

Como se pode ver, as professoras têm bastante experiência na Educação Básica. Elas demonstram estar atentas à necessidade da formação continuada, uma vez que a maioria (quatro) cursou uma pós-graduação. Pode-se conferir também a diversidade da formação inicial das professoras. E isso se mostra relevante no estudo ora discutido, pois dialogar com docentes de áreas distintas do conhecimento, acerca da prática leitora, aponta para uma perspectiva interdisciplinar sobre a leitura.

Fez-se uma pergunta objetiva e três subjetivas às professoras. Quanto à pergunta objetiva, indagou-se como as docentesavaliam o desempenho dos(as) estudantes em relação à leitura. As opções foram: muito bom, razoável, fracoeoutros.

No que diz respeito às questões subjetivas, perguntou-se:

  1. quais os maiores desafios de se trabalhar a leitura no espaço escolar;
  2. se essa prática contribui para o processo de formação cidadã dos (das) estudantes; e
  3. se no ensino remoto é possível explorar a formação cidadã, por meio da leitura.

Duas professoras consideram que o desempenho dos(as) estudantes em relação à leitura é fraco e três acreditam que é razoável. Não fica claro, contudo, o que essas profissionais consideraram como elementos basilares para a avaliação. Nesse sentido, Cintra (2011, p. 200) adverte que, na lógica escolar,

prevaleceu e prevalece ainda uma formação gramatical que focaliza regras descontextualizadas do processo de comunicação, talvez por ser mais fácil trabalhar com regras, já que elas permitem o certo e o errado. A leitura, pelo contrário, oferece situações inesperadas, nas quais o professor tem de ouvir o estudante e, eventualmente, até mesmo descobrir, ele mesmo, novas possibilidades emanadas da leitura de um texto, graças à intervenção de um aluno.

Nesse sentido, Kleiman (2004) chama a atenção para um equívoco dos professores quanto à prática leitora realizada em sala de aula, uma vez que esses profissionais, muito embora não intencionalmente, acabam por afastar os(as) estudantes da leitura, distanciando-os do prazer de conviver com essa atividade.

Em se tratando dos desafios de se trabalhar a leitura na escola, a docente cognominada DFP ressaltou a carência dos recursos didáticos, que são limitados para o uso dos (as) estudantes, principalmente no espaço da escola:

Um dos maiores desafios são materiais concretos (seja impresso, o próprio livro paradidático, ou os recursos audiovisuais). O ideal seria se tivéssemos o acesso a esses materiais suficientes para cada aluno, tratando-se do livro literário ou material impresso, ou então tivéssemos acesso aos recursos audiovisuais (pois quando há esse recurso na escola é limitado por só haver um notebook, datashow, por exemplo).

Edite e Nalva acenaram, respectivamente, como desafios para a exploração da leitura a “falta de disponibilidade e hábito de ler, por parte dos alunos” e afalta de estímulo para leitura [...], no cotidiano familiar, a falta de formações específicas e incentivos para o professor, fatores que geram a ausência de hábito de leitura, sendo, portanto, esse nosso maior desafio”.

Concernente às compreensões de Edite e Nalva, importa problematizar a acepção hábito, usada por ambas, em associação à prática leitora, uma vez que a leitura é uma prática social que reflete uma atividade interior em quem a pratica (Gimeno, 2008), “não é um hábito, uma ação que repetimos irrefletida e automaticamente é uma prática social refletida, sentida, fruída, que precisa ser internalizada e fazer sentido” (Barbosa; Rovai, 2012, p. 51)

Porém, infelizmente o sistema escolar tem reduzido a leitura a um veículo de transmissão de conteúdos, geralmente vazios de sentido para os (as) estudantes. Afasta-se, então, a possibilidade da leitura da palavramundo (Freire, 1989), pois a instituição escolar impõe uma ordem particular e disciplinar à leitura que desconsidera as motivações das crianças e dos(das) adolescentes.

Nalva enfoca, ainda, um tema de grande pertinência, uma vez que critica os parcos investimentos na formação docente, assim como a falta de incentivos que motivem os(as) professores ao trabalho mais expressivo com a leitura. Sobre isso, Freire (2011) esclarece que a formação docente vai muito além da repetição mecânica do gesto, pois envolve a afetividade, o valor dos sentimentos, das emoções, do desejo. E nisso inclui-se a paixão pela leitura.

No tocante à afirmação da MEC, quando diz que “Muitos dos alunos apenas decodificam letras”, ela tensiona uma questão amplamente discutida por Freire (1989, p. 9), que situa a “compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita”. Essa professora ainda acena outra problemática, ou seja, o pouco investimento das políticas públicas na infraestrutura das instituições escolares, pois ela se ressente da “falta de uma biblioteca nas escolas”. Frente a isso, a inexistência desse patrimônio, devidamente equipado no âmbito escolar, furta dos sujeitos educativos a potência da leitura e sua presença hierárquica nas práticas sociais e na vida das pessoas (Gimeno, 2008).

A professora de codinome CISO destaca como principal desafio para a formação leitora

a falta de leitura por parte dos estudantes. Sabe-se que essa carência recai sobre outros tipos de problemas como a não assimilação da norma linguística, que impede o entendimento dos textos; o desinteresse pela matéria escrita dificulta a continuidade do processo de leitura e da aquisição do saber. A dificuldade na expressão oral impossibilita também a expressão do lido e verbalização das próprias necessidades que comprometem atuação do aluno dentro e fora da escola.

Pelo que se vê, a docente discute implicações contraproducentes da falta de leitura pelos estudantes, o que chega a causar desinteresse pela produção escrita. Porém, se for considerado o que Kleiman (2021) trata, é possível problematizar melhor a fala de CISO:

Más que tratar de transformar la institución, parece necesario sugerir prácticas y actividades que de hecho apunten al desarrollo de la literacidad del estudiante, entendida como el conjunto de prácticas sociales en las cuales la escritura tiene un papel relevante para el proceso de interpretación y comprensión de los textos orales os escritos circulantes en la vida social.  El elemento clave es la escritura para la vida social.

Ou seja, a transformação da lógica curricular das escolas passa primeiramente pela reinvenção de atividades que melhor desenvolvam a alfabetização dos estudantes, o que concorre para um conjunto de práticas sociais nas quais a escrita cumpre um papel relevante, junto à leitura.

Em outra pergunta, questionou-se às professoras se a prática da leitura contribui para o processo de formação cidadã dos (das) estudantes, sendo essa uma indagação essencial para melhor responder ao objetivo do estudo.

As respostas das professoras DFP e MEC foram, respectivamente, “Sim, pois o aluno se torna um ser crítico, pensante, e construtor de suas próprias ideias e de seus próprios ideais” e “Sim. A leitura é fundamental para a construção do ser, enquanto cidadão, pois, proporciona um vasto conhecimento sobre vários assuntos”.

Como se constata, ambas as professoras assentam na ideia de que a leitura contribui para a formação cidadã, pois acreditam que essa prática implica em criticidade, tornando o estudante um sujeito questionador e capaz de se posicionar nas relações sociais.

Da mesma forma, a professora Edite acredita que “A leitura tem a capacidade de influenciar nossa maneira de agir, de pensar e até mesmo de falar. Diante de tudo isso, sabe-se que o mundo da leitura pode transformar, enriquecer culturalmente e socialmente o ser humano”.

Por sua vez, a professora Nalva considera que a prática leitora “abre um leque de processos cognitivos; após a leitura de um simples texto, o leitor jamais será o mesmo. A leitura é transformação!”. Essa ideia remete às elaborações de Freire e Faundez (1985, p. 69), ao afirmarem que “o envolvimento da população em projetos de ação sobre a realidade [...] implica, inicialmente, o aprendizado da leitura e da escrita de palavras".

Assim como Edite, a docente CISO considera que “a leitura é imprescindível, pois através dela podemos transformar, valorizar e enriquecer o ser humano, tanto culturalmente quanto socialmente”. Isso aponta para a compreensão, por essa docente, das múltiplas dimensões da leitura e seus impactos na formação plena do ser. As proposições de Edite, Nalva e CISO comportam, pois, significações aproximadas ao papel transformador da leitura na formação humana. Mais uma vez as ideias freirianas embasam a discussão, pois o viés da mudança, via leitura, mostra a exploração das questões sociais como problematização, não como inexorabilidade (Freire; Shor, 2011).

Na última pergunta, indagou-se às professoras se houve/há oportunidade de trabalhar a formação cidadã, por meio da leitura, na modalidade do ensino remoto.

A professora MEC afirmou que, “diante de um mundo altamente tecnológico, percebe-se a grande chance de unir o útil ao agradável, já que os jovens se identificam com o novo modelo de ensino”. Vê-se que essa docente acredita que as tecnologias digitais podem ajudar os estudantes a se interessar pelos conhecimentos, por já se sentirem familiarizados com tais tecnologias. Porém, mesmo compreendendo que as tecnologias digitais provocaram mudanças sociais que rompem com fronteiras entre o espaço físico e virtual, há de se considerar a desigualdade no acesso a elas.

Nesse sentido, Barbante e Oliveira (2021) apontam para a necessidade de se criar “condições de inclusão digital para a efetiva implementação desta modalidade de ensino a distância [...]. Deve-se ter em atenção [os estudantes] que vivem em meios (lares) mais desfavorecidos, isto é, sem acesso a equipamentos TIC” (Barbante; Oliveira, 2021, p. 181).

Foi possível constatar essa preocupação em CISO, pois essa docente estabelece relação entre a prática leitora no ensino remoto e “A importância do acesso à internet e aos computadores para escolas, professoras e estudantes”.

 Assim, ao mesmo tempo que a pandemia da covid-19 demanda a urgência de adequação da sociedade às tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) (Cani et al., 2020), o mesmo fenômeno requer medidas assertivas do Poder Público para mitigar os graves danos que a pandemia ocasionou na vida de professores(as), estudantes e seus familiares.

Por outro lado, as professoras Edite e Nalva acreditam que, mesmo no ensino remoto, há oportunidade de se explorar as potencialidades formativas da leitura. Edite entende que as tecnologias digitais são uma “oportunidade de interagir com diferentes meios de informação, além dos recursos tecnológicos que tiveram a oportunidade de explorar”. Por seu turno, Nalva afirma que “as oportunidades são inúmeras, visto que o ambiente virtual é muito rico de possibilidades. As infinidades de textos, cards, infográficos, videoaulas, lives, todos eles são itinerários de formação cidadã”.

Porém importa trazer à tona o que Miarka e Maltempi (2020) destacam acerca da necessidade de os professores serem devidamente formados para que possam contribuir melhor no processo de ensino remoto, uma vez que os desdobramentos econômicos, políticos, sociais e educacionais da pandemia da covid-19 precisam ser considerados. Igualmente para a professora DFP, o ensino remoto é um contexto propício para trabalhar a formação cidadã por meio da leitura, haja vista que,

com essa pandemia, que está sendo para todos nós um desafio, [...] podemos oportunizar o uso de outros mecanismos, que eram mais difíceis de serem usados em sala de aula, mas que já estavam sendo inseridos lentamente na vida escolar dos nossos alunos, o uso dos recursos multimodais, a utilização também dos gêneros textuais, que se assimilam a esses recursos. A exemplo, temos a reportagem, que trata de leituras sobre a situação atual onde os educandos podem [...] colocar em prática a sua cidadania, em opiniões e atos.

Inevitavelmente as manifestações dessa professora remetem às proposições de Pedro Demo, em entrevista a Menezes (2018), pesquisador que destaca as possibilidades de autocrítica que podem ser fomentadas por intermédio de textos abertos, os chamados textos multimodais. Para exemplificá-los, esse autor cita a Wikipédia e suas possibilidades interativas de produção do conhecimento, pois “lá todos podem ser autores, todos podem editar, é um ambiente bonito em que se pode participar. Eles não lhe perguntam se você tem PhD, se você produz dentro dos padrões de cientificidade que colocam” (Menezes, 2018, p. 624).

Logo, por meio da análise temática, chegou-se às significações que mais se relacionam aos objetivos deste estudo, advindas das experiências profissionais das cinco docentes, que estão sintetizadas no Quadro 2.

Quadro 2: Temas emergentes da análise

Codinome/
Abreviatura

Desafios da leitura no ensino remoto

Relação entre leitura e formação cidadã

Formação cidadã no ensino remoto

DFP

Carência de recursos didáticos

Pensamento crítico

Vários mecanismos são possíveis, desde que os estudantes possam se expressar e colocar em prática a sua cidadania.

Edite

Desmotivação dos estudantes para a leitura

Transformação, enriquecimento cultural e social

As TDIC oportunizam interações com diferentes meios de informação.

Nalva

Falta de incentivo da família

Leitura é transformação

O ambiente virtual é rico em possibilidades que favorecem a formação cidadã.

CISO

Pouca prática leitora

Favorece mudanças na formação do ser

Requer o acesso à internet e aos computadores.

MEC

Leitura reduzida à decodificação de sinais

Proporciona a produção do conhecimento

Os jovens se identificam com o novo modelo de ensino.

Vê-se que as professoras elencam como contribuições da leitura para a formação cidadã dos(das) estudantes o desenvolvimento do pensamento crítico, o enriquecimento cultural e social, a capacidade transformadora da formação humana e a produção do conhecimento. Esses posicionamentos encontram ressonância em Freire (1997, p. 20) quanto ao real papel dos(das) professores(as) no ensino da leitura: 

Ensinar a ler é engajar-se numa experiência criativa em torno da compreensão. Da compreensão e da comunicação. E a experiência da compreensão será tão mais profunda quanto sejamos nela capazes de associar, jamais dicotomizar, os conceitos emergentes na experiência escolar aos que resultam do mundo da cotidianidade.

Cabe ainda destacar que, não obstante o reconhecimento de quase todas as professoras, acerca das possibilidades de se explorar a leitura, mesmo de forma remota, a docente CISO alerta para uma condição básica para tal: a indispensabilidade do acesso à internet. Isso remete a uma nota técnica do Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA), fundação pública brasileira, associada ao Ministério da Economia, que oferece suporte técnico e institucional às ações governamentais, em âmbito nacional. O IPEA desenvolve pesquisas e estudos que podem contribuir para as políticas públicas e os programas de desenvolvimento do País (Nascimento et al., 2020). Ela alerta para a precariedade de condições de acesso à internet, durante a pandemia da covid-19. Essa pesquisa revelou que cerca de seis milhões de estudantes brasileiros, da pré-escola à pós-graduação, não dispunham, à época, desse acesso. Portanto, cabe ao Poder Público proporcionar condições sociais justas, garantindo a todos o exercício da cidadania.

Uma janela para a vida: reflexões dos estudantes sobre leitura e cidadania

O intento de problematizar a leitura como uma atividade que fomenta o exercício da cidadania envolveu, para além do ponto de vista das professoras, a perspectiva dos estudantes, pois, investigar esse fenômeno também pelo prisma estudantil contribui para reduzir a abordagem adultocêntrica nas pesquisas. Assim, contou-se com a colaboração de onze estudantes, cujo perfil foi organizado no Quadro 3.

Quadro 3: Caracterização dos(das) estudantes

Codinome

Idade

Sexo

Série que cursa

Melinda

11

Feminino

7ª série

Duda

12

Feminino

7ª série

Lara

12

Feminino

7ª série

Mel

13

Feminino

8ª série

Carol

14

Feminino

8ª série

Fane

14

Feminino

9ª série

Pedrinho

13

Masculino

9ª série

Jade

14

Feminino

9ª série

Sol

14

Feminino

9ª série

Bento

15

Masculino

8ª série

Martins

15

Masculino

9ª série

De acordo com o quadro, vemos um grupo de estudantes predominantemente do sexo feminino, na faixa etária entre 11 e 15 anos. A única série do Ensino Fundamental no segmento que se investigou que não teve representação foi a 6ª série.

Fizeram-se três perguntas aos(às) estudantes, com temas próximos aos que foram tratados com as professoras. Deu-se início ao questionário com uma pergunta objetiva, que indagou como os(as) estudantes percebem a exploração da leitura pelas professoras durante o ensino remoto. Essa indagação foi acompanhada de quatro opções, além da alternativa “outros”, conforme se pode ver no Gráfico 1.

Gráfico 1: A leitura no ensino remoto

Fonte: Pesquisa via Google Forms (2020).

Os percentuais expressos no gráfico exibem as duas opções que foram assinaladas pelos(as) estudantes, ou seja, 45,5% (cinco) afirmaram que as leituras indicadas pelas professoras durante o ensino remoto se limitam aos conteúdos tipicamente escolares e 54,5% (seis) consideram que o estímulo à leitura ultrapassa os conteúdos que são próprios da realidade escolar.

Nesse sentido, retoma-se a necessidade de que os(as) estudantes possam usufruir de “mais oportunidades de fomento de práticas de leitura em contexto escolar e extraescolar que lhes possibilitem crescer enquanto leitores de mundo” (Melão, 2019, p. 66-67).

Em seguida, foram formuladas duas perguntas subjetivas, que indagavam como os (as) estudantes definem o que é leitura e se consideram que essa atividade contribui para sua formação cidadã.

Nas respostas a essas perguntas destacaram-se as unidades de registro, que correspondem aos segmentos de conteúdo a serem considerados como unidade de base (Bardin, 2016). Após a segmentação e comparação das unidades de registro, formulou-se um quadro de referência que resume o entendimento dos(as) estudantes sobre o que é leitura, bem como a relação entre esta e a formação cidadã.

Quadro 4: Leitura e formação cidadã

Codinome

Concepção de leitura

Leitura e formação cidadã

Bento

Leitura é um ato de aprender aquilo que está escrito.

Para aprender a escrever precisamos primeiro aprender a ler, e a leitura abre muitas janelas na vida.

Mel

Leitura é um ato de aprender o conteúdo escrito; seja em um texto, em um livro.

Através da leitura as pessoas podem descobrir cada vez mais sobre o seu mundo.

Pedrinho

É o ato de decifrar e compreender a mensagem escrita em letras.

Por meio dela, se entende melhor a língua que falamos.

Jade

É um ato que a gente tende a compreender um determinado conteúdo ou texto.

Além de ler, você fica mais informado.

Melinda

É uma forma de aprendizado.

Se você tem uma boa leitura, é muito mais fácil para conseguir o que desejamos.

Fane

Leitura é algo que você tem que se dedicar se quiser aprender pois, temos [...] que ler e entender o significado da maioria das palavras.

Em minha opinião, [...] sem a leitura não chegaremos a lugar nenhum.

Sol

Leitura é uma coisa boa que você tem que aprender muito. Caso queira um emprego e não sabe ler, aí fica complicado.

Sim, ajuda muito, [...] tipo a arrumar um emprego.

Duda

É uma forma que tem o objetivo de aprender mais e é uma das principais formas que iremos estudar.

É com ela que aprendemos várias palavras e o significado de todas elas; não só aprender palavras, mas como ler o vencimento de um produto, se faz bem para você.

Lara

Pramim é quando você ler.

Através dela temos o conhecimento

Carol

Leitura é você estar entendendo o que o autor quis dizer.

A leitura pode ajudar no crescimento do caráter.

Martins

Ato de aprender o que está escrito no texto.

As pessoas aprendem muito com a leitura.

Como é possível perceber, apenas uma estudante não esclarece o que distingue por leitura. Os(as) demais trazem concepções acerca dessa prática que, pela frequência, remeteram aos seguintes temas: compreensão, entendimento e aprendizagem.

Depreende-se, portanto, que os(as) estudantes conseguem captar a leitura como ferramenta interpretativa dos fenômenos, das ocorrências e das situações ligadas ao senso comum ou atinentes aos diversos conhecimentos que circulam socialmente. Diante disso, volta-se a Freire (1997, p. 30) e seu realce na perspectiva crítica que deve contornar o processo de apropriação da leitura:

O leitor será tão mais produtor da compreensão do texto quanto se faça realmente apreensor da compreensão do autor. Ele produz a inteligência do texto na medida em que ela se torna conhecimento que o leitor criou e não conhecimento que lhe foi justaposto pela leitura do livro.

Tangível ao potencial da leitura para a formação da cidadania, todos(as) os(as) estudantes aceitaram essa possibilidade. As unidades de registro, após codificadas, levaram a dois temas: leitura como acesso a possibilidades e leitura como fomento ao conhecimento.

É possível ver então que, ao refletirem sobre o questionamento acerca da relação leitura e cidadania, esses (as) jovens fizeram correlações que entrelaçam o texto ao contexto de mundo (Freire, 1989), uma vez que entendem a leitura como ferramenta comunicativa (conhecimento da língua que se fala), caminho para conquistas (obter-se o que deseja), função social (verificar o vencimento de um produto), e, ainda, a preocupação com o mundo do trabalho, que já ocupa a mente de uma das estudantes (conseguir um emprego).

Em modo conclusivo

A investigação pôs em evidência a perspectiva de docentes e discentes do Ensino Fundamental em torno da leitura e de suas contribuições no processo de formação cidadã destes sujeitos.

O empreendimento heurístico sobre tal fenômeno revelou que todos(as) os(as) participantes da pesquisa conferem o devido valor à leitura, reconhecendo tal prática como basilar para o exercício da cidadania, o que envolve tanto direitos quanto deveres sociais.

As vozes das professoras e dos(as) estudantes, de forma tácita, apontaram para a necessidade de se repensar as práticas de leitura no âmbito escolar, sobrepujando o cariz escolarizado, que é marca histórica do (mal)trato com as práticas de escrita e leitura nesse espaço.

Não obstante a grave crise sanitária que marcou e ainda marca o processo de ensino-aprendizagem, todas as professoras consideraram que, mesmo no ensino remoto, é possível cuidar da formação leitora, fomentando a cidadania. Os(as) estudantes, por sua vez, sinalizaram, em sua maioria (6 dos 11) que essas profissionais têm se mobilizado para isso.

Contudo, o destaque de uma professora ecoa, trazendo o imperativo de que as políticas públicas invistam nos devidos aparatos tecnológicos e, principalmente, no acesso à internet para estudantes e professores, além de viabilizar formação docente adequada para uma real mudança qualitativa na formação leitora dos(das) estudantes.

Por fim, pelo entendimento de que o fenômeno que foi investigado merece novos investimentos e ampliação de temas que ficaram em aberto, sugerem-se novas pesquisas que se debruçam sobre as possibilidades reconstrutivas da prática leitora, sobretudo, no contexto escolar, no pós-pandemia.

Referências

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Publicado em 06 de setembro de 2022

Como citar este artigo (ABNT)

SANTOS, Reurilânia Alves dos; MENEZES, Eunice Andrade de Oliveira; ALVES, Francione Charapa. Formação cidadã mediada pela leitura: perspectivas de professores e estudantes no contexto do Ensino Fundamental. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 22, nº 33, 6 de setembro de 2022. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/22/33/formacao-cidada-mediada-pela-leitura-perspectivas-de-professores-e-estudantes-no-contexto-do-ensino-fundamental

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