Análise laboratorial do teor de álcool na gasolina vendida em postos de abastecimento de Picuí/PB

Laís Chrystina da Silva Firmino

Graduada em Farmácia (Uninassau); especialista em Docência para a Educação Profissional e Tecnológica (IFES), professora da área técnica (ECIT Professor Lordão)

Iêda Raniérica Dantas Ferreira

Técnica em Análises Clínicas (ECIT Professor Lordão)

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) é o órgão regulador, contratante e fiscalizador das atividades econômicas que integram a indústria de petróleo, gás natural e biocombustíveis no país, de acordo com a Lei n° 9.478, de 6 de agosto de 1997 (Brasil, 2021). Devido à grande ocorrência de adulterações em combustíveis, a ANP tem tomado cada vez mais medidas para coibir esse ato ilícito.

A gasolina pode ser classificada em Gasolina A, que não pode ser comercializada ao consumidor; e em gasolina C, que recebe adição de álcool anidro e é comercializada em postos de combustíveis (Prudente, 2010). De acordo com a Lei n° 13.033, de 24 de setembro de 2014, o Poder Executivo pode elevar o percentual de álcool anidro na gasolina até o limite de 27,5%, desde que constatada sua viabilidade técnica, ou reduzi-lo a 18% (Brasil, 2014).

A adulteração da gasolina se caracteriza pela adição de solventes, como o tolueno ou álcool anidro, em volume maior que o estabelecido pela ANP.

Carlos Brasil Gouveia (2012) relata em seu estudo que a adulteração de combustíveis resulta em efeitos negativos ao meio ambiente, gera perda nas receitas governamentais devido à sonegação fiscal e reduz o bem-estar do consumidor.

Nos veículos, a adulteração normalmente apresenta como primeiros sinais o aumento do consumo e a diminuição da potência, seguidos de corrosão e desgaste dos equipamentos e motores (Prudente, 2010).

Como fora citado, a determinação do teor de álcool em amostras de combustíveis comercializados se faz muito importante tanto para proteção do meio ambiente quanto para os veículos; isso dá relevância ao objetivo deste trabalho, que é avaliar a qualidade da gasolina dos postos de combustíveis que chega aos consumidores do município de Picuí/PB.

Materiais e métodos

Este trabalho teve parceria do laboratório de química da ECIT Professor Lordão. As amostras de gasolina a serem analisadas foram coletadas em quatro postos de Picuí/PB em junho de 2021, em galões regulamentados pelo Inmetro, identificadas e armazenadas em ambiente seco, limpo e ao abrigo do sol, até a conclusão de todas das análises (Figura 1).

Figura 1: Galões utilizados para a coleta das amostras de gasolina, de acordo com normas emitidas pelo Inmetro

Materiais 

Os materiais utilizados foram: proveta de 250ml com boca esmerilhada, béquer de 250ml, bastão de vidro, pinça metálica, agitador magnético, barra magnética revestida com teflon (peixinho), água destilada e as mostras de gasolina a serem analisadas (Figuras 2 e 3).

Figuras 2 e 3: Materiais utilizados para análise do teor de álcool na gasolina

Procedimento experimental

Inicialmente foram adicionados, em um béquer de 250ml, 50ml de gasolina com a identificação dos postos nos quais foram coletados – A, B, C e D (Figura 4). Em seguida, foram adicionados 50ml de água destilada (Figura 5).

Figuras 4 e 5: Adição da amostra de gasolina e adição de água destilada

Posteriormente, cada amostra foi levada ao agitador magnético com o peixinho durante cinco minutos (Figura 6); após esse procedimento, colocou-se na proveta para observar a separação das fases: álcool + água e gasolina (Figura 7). Com o novo valor de volume, pode-se calcular o percentual do álcool através da fórmula: PA = [(A – 50) x 2] = 1. Esse procedimento foi realizado para as amostras de cada um dos quatro postos da cidade.

Figura 6: Experimento no agitador

Figura 7: Experimento na proveta

Resultados e discussões

Para avaliar o teor de álcool na gasolina, o presente artigo baseou-se nas normas ABNT NBR 13992. Após cinco minutos da análise laboratorial, verificou-se aumento na fase aquosa devido à dissolução do álcool da gasolina na água destilada que fora adicionada. A Tabela 1 apresenta a medida do teor de álcool nas gasolinas analisadas.

Tabela 1: Resultados da medição do teor de álcool na gasolina

Postos

Volume inicial da gasolina (em ml)

Volume final da água (em ml)

Teor (%)

Posto A

50

60

21

Posto B

50

62

25

Posto C

50

60

21

Posto D

50

60

21

Gráfico 1: Teor de álcool na gasolina dos postos A, B, C e D

No Gráfico 1 é apresentado o teor de álcool na gasolina dos postos analisados; é possível perceber que o posto B é o posto com maior índice.

Gráfico 2: Preço por litro da gasolina dos postos A, B, C e D de Picuí/PB

A média de valores por litro de gasolina dos quatro postos coletados foi de R$ 6,11. Observa-se que o preço do posto com maior teor (posto B) foi de R$ 5,49, o menor custo. Os postos com menor teor (postos A, C e D) possuem maiores custos por litro de gasolina, sendo o posto A = R$ 6,61; o posto C = R$ 6,15 e o posto D = R$ 6,19. Assim, identifica-se que o posto A é o que apresentou maior custo.

De acordo com a Lei n° 13.033, de 24 de setembro de 2014, todos os postos analisados estão dentro dos limites estabelecidos com relação ao teor de álcool presente na gasolina (18% a 27%), não caracterizando casos de adulteração. Assim sendo, verifica-se que o combustível ofertado por todos os postos de gasolina da cidade de Picuí está em condições apropriadas para uso dos consumidores.

Considerações finais

Os resultados das análises mostraram que não houve adulteração nos postos de Picuí/PB. Todos os postos seguiram a legislação, dado que os resultados da análise estão entre 21 a 25% de teor de álcool presente na gasolina, dentro dos padrões estabelecidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, que padroniza que o Poder Executivo poderá elevar o referido percentual até o limite de 27,5%, desde que constatada sua viabilidade técnica, ou reduzi-lo a 18%. De posse dessas informações, concluímos que os postos de combustíveis da cidade de Picuí encontram-se em conformidade com a legislação, fornecendo um combustível de qualidade para a população.

Essa é uma experiência de realização razoavelmente simples nas escolas – especialmente nas escolas técnicas –, mas exige que sejam adotadas medidas de proteção e prevenção dos riscos individuais e coletivos. É uma prática interdisciplinar que contextualiza especialmente aspectos de Química e Matemática, permitindo também que seja feita discussão sobre critérios de respeito à legislação sobre os produtos de petróleo, que afetam toda a população.

Referências

BRASIL. Lei nº 13.033, de 24 de setembro de 2014. Dispõe sobre a adição obrigatória de biodiesel ao óleo diesel comercializado com o consumidor final; altera as Leis nº 9. 478, de 6 de agosto de 1997, e nº 8.723, de 28 de outubro de 1993; revoga dispositivos da Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005; e dá outras providências. Diário Oficial da União, 25 de setembro de 2014.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Glossário: bandeira branca. Brasília: 1997. Disponível em: https://www.gov.br/anp/pt-br/acesso-a-informacao/glossario. Acesso em: 15 jun. 2021.

GOUVEIA, Carlos Brasil. Determinantes da adulteração dos combustíveis. 2012. 49f. Dissertação (Mestrado Profissional em Economia do Setor Público) – Programa de Pós-Graduação em Economia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2012.

PRUDENTE, Carlos Henrique. Estudo da qualidade da gasolina em postos de abastecimento da cidade de Cândido Mota. Trabalho de Conclusão de Curso, Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis, Assis, 2010.

Publicado em 15 de fevereiro de 2022

Como citar este artigo (ABNT)

FIRMINO, Laís Chrystina da Silva; FERREIRA, Iêda Raniérica Dantas. Análise laboratorial do teor de álcool na gasolina vendida em postos de abastecimento de Picuí/PB. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 22, nº 6, 15 de fevereiro de 2022. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/22/6/analise-laboratorial-do-teor-de-alcool-na-gasolina-vendida-em-postos-de-abastecimento-de-picuipb

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