Promovendo a alfabetização científica e tecnológica nos anos iniciais de uma escola pública de Roraima

Emanuella Silveira Vasconcelos

Doutoranda em Educação em Ciências e Matemática (PUC-RS), professora do Colégio de Aplicação da UFRR

Regis Alexandre Lahm

Doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, professor da PUC-RS

Hellen Cris de Almeida Rodrigues

Doutoranda em Educação (UERR), professora do Colégio de Aplicação da UFRR

Aléxia Roche de Oliveira Paula

Especialista em Educação Especial e Inclusão, professora na rede municipal de Iperó/SP

Miqueias Ambrósio dos Santos

Doutorando em Educação em Ciências e Matemática (PUC-RS), professor na Secretaria Municipal de Educação de Boa Vista/RR

Desde cedo é necessário propiciar aos estudantes o entendimento público da Ciência. Esse entendimento possibilita que esses sujeitos sejam capazes de receber informações sobre temas relacionados à ciência e à tecnologia, assim como sobre os modos como esses empreendimentos se relacionam em sociedade com o meio ambiente. Acredita-se que, com tais conhecimentos, o ser humano seja capaz de discutir informações, refletir sobre os impactos que esses aspectos podem representar e levar à sociedade e ao meio ambiente um posicionamento crítico frente a diversos temas.

Assim compreende-se que, desde os primeiros anos do processo de escolarização, o ensino de Ciências deve ser proposto de maneira interdisciplinar. Essa abordagem possibilita às Ciências Naturais explorar os conhecimentos, as teorias, as proposições e as metodologias, transformando o espaço do currículo escolar em um espaço de compreensão de como o mundo funciona tendo claras as suas potencialidades e as suas necessidades, sendo capaz de materializar propostas de solução de problemas atuais visando à continuidade do planeta como abrigo e provedor de todas as formas vivas e seus sistemas, incluindo o homem como um de seus integrantes.

A alfabetização científica e tecnológica (ACT) possibilita contribuições ao desenvolvimento da compreensão do mundo, das relações do homem com a natureza e da consciência de que fazemos parte desse conjunto dinâmico chamado natureza e que, portanto, é nossa responsabilidade desenvolver ações que visem uma boa relação entre homem e o meio (Fourez, 1995). Para que isso ocorra, faz-se necessário que desde cedo tenhamos conhecimento da linguagem científica e consigamos nos apropriar dela a fim de promover o melhor uso da ciência e da tecnologia.

O presente trabalho corrobora a concepção de um ensino de Ciências Naturais que possibilite aos educandos o desejo de investigação ativa, além do despertar da curiosidade através de um ensino problematizador e vinculado ao seu cotidiano como cidadão do mundo globalizado, ao mesmo tempo que dialoga com a possibilidade lúdica de construir conhecimento, pois assim o estudante poderá elaborar suas próprias conclusões a respeito das problemáticas que o cercam (Vasconcelos, 2017).

A proposta deste relato visa evidenciar as possibilidades do uso de recursos tecnológicos nas aulas de Ciências Naturais com estudantes do 2° ano do Ensino Fundamental em uma escola pública de Roraima. Assim, a proposta é apresentada inicialmente com uma conceituação teórica sobre os conceitos de ACT usados dentro do contexto pesquisado, para em sequência explicitar a metodologia adotada e as discussões sobre os dados coletados. Em conclusão, apresentam-se considerações frente à abrangência e às limitações encontradas no estudo.

Alfabetização científica e tecnológica (ACT): conceitos e apropriações

É indiscutível que vivemos em uma era cada vez mais tecnológica, o que requer que algumas formas de ensinar e aprender baseadas apenas na transmissão de conhecimento sejam repensadas pelos educadores. Para Moran (2001), o uso das tecnologias está presente em todos os segmentos importantes das sociedades do mundo atual. Seria então minimamente estranho admitir que a escola não propicie momentos de aprendizagem que privilegiem o uso desses recursos por parte dos estudantes.

De acordo com Belloni e Gomes (2008, p. 718), “a criança se apropria naturalmente das tecnologias de informação e comunicação para quem a televisão e o computador fazem parte do meio ambiente, de seu universo de socialização, do mesmo modo ‘natural’ que o peixinho do aquário”. Nesse sentido, a utilização pedagógica das tecnologias permite que as crianças se desenvolvam com autonomia de aprendizagem, uma vez que possuem a capacidade de usufruir das mídias com naturalidade.

É preciso, por outro lado, compreender que a produção e a expansão das tecnologias na sociedade trouxeram novas demandas ao processo educativo. Tem sido cada dia mais urgente que a escola consiga possibilitar compreensões básicas de funcionamento e utilização das principais tecnologias de informação e comunicação utilizadas socialmente na atualidade, visando um sujeito bem formado.

Para Belloni e Gomes (2008, p. 719), no que se refere à educação, o professor precisa conhecer melhor seus alunos, pois “a escola já não compreende a criança, que fala e escreve outra língua, que sabe coisas que a professora não entende muito bem e que os pais, muitas vezes, ignoram por completo”.

Nesse contexto, surge a necessidade de o professor oferecer o acesso a vivências escolares com intuito de possibilitar a promoção de aspectos relacionados à alfabetização científica e tecnológica dos estudantes. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), atual referência que norteia as práticas pedagógicas na Educação Básica, incentiva o uso de tecnologias no contexto escolar, a fim de contribuir para o ensino e romper com modelos centrados na transmissão do conhecimento por parte do professor que são pouco atrativos para os estudantes.

Ademais, o ensino de Ciências, em especial nos anos iniciais, representa a inserção dos sujeitos na linguagem da ciência e suas tecnologias. Desse modo, compreende-se que é por meio desse ensino, intimamente ligado ao favorecimento da ACT, que é possível possibilitar aos estudantes a compreensão de termos científicos, técnicas e conceitos mais elementares.

Considera-se, portanto, que o trabalho do professor precisa possibilitar aos estudantes a decodificação da linguagem científica e a apropriação de elementos dessa linguagem, passando a utilizá-la como subsídio para a análise e resolução de situações-problema que se apresentam no dia a dia. Para tanto, é necessário que o professor esteja atento às problemáticas que abrangem a área e leve para a sala de aula, por meio de um ensino organizado passo a passo, as implicações científicas e tecnológicas concernentes às pesquisas.

Para compreender o significado e a abrangência do termo alfabetização científica e tecnológica (ACT), faz-se necessário analisar literaturas da área de Ensino de Ciências e posteriormente identificar quais conceitos apresentados dialogam com os intuitos deste relato de experiência. Para tanto, optamos por buscar nas revisões de estudo da área dados sobre o termo, uma vez que tais trabalhos apresentam comparativos de ideias que podem tornar este relato mais coeso quanto ao seu objetivo.

Na literatura relacionada ao Ensino de Ciências, há autores e documentos que usam o termo “letramento científico”, como é o caso de Santos e Mortimer (2001), Mamede e Zimmermann (2007) e da Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2017), assim como há pesquisadores que adotam a expressão “alfabetização científica”, como é o caso de Chassot (2000), Lorenzetti e Delizoicov (2001), Brandi e Gurgel (2002) e Auler e Delizoicov (2001). Em todas essas literaturas, ambos os termos se referem ao domínio de habilidades e competências para a compreensão das ciências e a materialização de benefícios práticos para a sociedade e o meio em que vivemos.

Para Sasseron e Carvalho (2008, p. 2), os autores que usam o termo “letramento científico” têm buscado inspiração na Linguística. Segundo as autoras, as inspirações do uso do termo letramento corroboram o pensamento de Magda Soares, que o compreende como “resultado da ação de ensinar ou aprender a ler e escrever: estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita” (Sasseron; Carvalho, 2008, p. 2), ao mesmo tempo que dialoga com Kleiman (2008), que entende que o letramento é um “conjunto de práticas sociais que usam a escrita enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos para objetivos específicos”.

Quanto ao termo “alfabetização científica”, encontramos um diálogo com a fala de Paulo Freire (1980, p. 111), que o define como “mais que o simples domínio psicológico e mecânico de técnicas de escrever e de ler. É o domínio dessas técnicas em termos conscientes. (…) Implica uma autoformação de que possa resultar uma postura interferente do homem sobre seu contexto”. Ao mesmo tempo, Chassot (2003) o define como o sujeito alfabetizado cientificamente, que sabe ler a linguagem em que está escrita a natureza. Assim, um sujeito que é incapaz da leitura dessa linguagem, e, portanto, da leitura do universo não seria alfabetizado cientificamente.

Neste relato adota-se o termo alfabetização científica na perspectiva de Chassot (2000). Ele entende a ciência como uma linguagem e compreende a ACT como uma linha da Didática das Ciências, possibilitando aos diferentes sujeitos ler a linguagem em que está escrita a natureza. Optou-se, assim, pelo termo alfabetização científica e tecnológica (ACT) como expressão mais usual na literatura, pois contempla, por uma visão ampliada, os pressupostos do seu uso social e sua relação direta com o recurso tecnológico utilizado na experiência didática aqui relatada.

A realidade aumentada e seu uso no contexto educativo

Os processos de ensinar e aprender sofrem constantes mudanças ao longo dos anos e em diferentes culturas. Se antes o cenário da sala de aula com um professor se detinha no conhecimento e no ensino a partir do livro didático, visto como o mais propício para o desenvolvimento dos educandos, atualmente essa perspectiva está distante do que se almeja. Busca-se, cada vez mais, substituir o ensino descontextualizado e monótono por um ensino cujo protagonista seja o estudante.

A realidade aumentada (RA) surge nesse contexto educativo, buscando quebrar paradigmas pautados no ensino comumente denominado de tradicional. Por tratar-se de uma tecnologia que mescla ambientes reais e virtuais em tempo real (Kirner; Siscouto, 2007), sendo capaz de oferecer qualidade de imagem e som dentro de uma ou várias experiências imersivas, observa-se um crescente potencial de sua utilização vinculada a propostas de ensino.

As definições de realidade aumentada são várias segundo os autores. Para Milgran (1994), trata-se da mistura de mundos em algum ponto da realidade/virtualidade contínua. Por sua vez, Azuma et al. (2001) compreendem que se trata de um sistema capaz de propiciar mais elementos ao mundo real com objetos virtuais gerados por computador, projetando assim uma coexistência deles em um mesmo espaço e tempo. Ademais, o autor considera que, por meio da RA, é possível propiciar experiências que envolvam todos os sentidos: audição, tato e cheiro, tornando a interação muito mais vivida.

Observa-se, por meio de suas definições, a característica principal da interação entre o homem e a máquina (ambiente), pois proporciona a justaposição de elementos reais e virtuais. Essa proposta é uma particularização da realidade misturada (RM), que se diferencia da RA, pois apenas proporciona a junção da realidade e da virtualidade em um mesmo cenário (Azuma et al., 2001).

Tendo em vista que a realidade aumentada atualmente necessita do sistema gráfico (marcadores), do sistema de rastreio (aplicativo) e do dispositivo de rastreio (celular), considera-se que em sala de aula torna-se, portanto, recurso pedagógico acessível e de baixo custo. Atualmente, a maioria dos celulares disponíveis no mercado dispõe da capacidade de atuar satisfatoriamente como dispositivos de rastreio e como sistema de rastreio, por meio de apps gratuitos. Ademais, encontramos sites e softwares capazes de entregar ao usuário sistemas gráficos prontos para utilização sem que para isso seja necessário saber programar.

Acredita-se que propostas educativas envolvendo a RA têm potencial de contribuir significativamente na apropriação do conhecimento das Ciências Naturais dentro da escola. Ao mesmo tempo, considera-se que os recursos necessários para a sua efetivação são possíveis dentro do contexto educativo público brasileiro. Assim, o presente relato traz adiante as etapas da proposta e suas bases teóricas.

Metodologia

A proposta adotou a concepção de um Ensino de Ciências problematizador e vinculado ao cotidiano dos educandos como cidadãos do mundo globalizado que sejam ativos em suas tomadas de decisões, podendo assim construir suas próprias conclusões a respeito da problemática que os cerca. Caracterizou-se, portanto, como uma proposta de ensino por investigação (Deboer, 2006), com 25 estudantes do 2° ano do Ensino Fundamental de uma escola pública de Boa Vista/RR.

Tratou-se de uma pesquisa qualitativa de caráter participativo na concepção adotada por Brandão (1984), que enfatiza a observação do meio social no qual se procura plena participação da comunidade na análise de sua própria realidade, com o objetivo de promover a participação social para a melhoria da realidade dos participantes da observação.

A metodologia adotada durante o trabalho prima pela exploração dos conceitos científicos relacionados ao tema corpo humano com o uso da sequência didática elaborada a partir da RA, presente em dois aplicativos de celular. A sequência didática foi elaborada com base nos pressupostos da Teoria das Ações Mentais, de Galperin (1989), pois visou contribuir para o desenvolvimento da autonomia do aluno no processo educativo e o surgimento de uma atitude científica, proporcionando que ele perceba o prazer de observar, de experimentar e de construir seu aprendizado, além de possibilitar a percepção de que está estudando o que o cerca: a realidade.

Como instrumentos para a coleta de dados foram utilizados registros em diário de bordo, promoção de rodas de conversa na concepção de Allen (2002), gravações em áudio e suas respectivas transcrições, para que fossem captadas as modificações no pensar e no agir dos discentes durante o processo de pesquisa, bem como a análise das atividades propostas na sequência didática com o uso da RA.

Como materialização dos conhecimentos produzidos ao longo da pesquisa, alunos, professores e pesquisadora organizaram uma exposição das atividades produzidas com a RA, a fim de contribuir para a divulgação dos conhecimentos científicos, posteriormente expandido para a participação na XXVI Feira Estadual de Ciência e Tecnologia do Estado de Roraima (Fecirr).

Resultados e discussão

A proposta compreendeu doze encontros de 50 minutos cada, ocorridos dentro da organização do cronograma de disciplinas ofertadas pela escola. Inicialmente, buscou-se realizar uma roda de conversa para identificar as concepções dos estudantes acerca do tema corpo humano e da tecnologia da realidade aumentada. As respostas dos alunos foram registradas por escrito por eles mesmos e, posteriormente, partilhadas com a família no momento de apresentação da proposta de pesquisa.

Observou-se que todos os estudantes conseguiam identificar e nomear as partes externas do corpo; poucos citaram partes ou órgãos internos. Embora os planos anuais elaborados dentro da escola apontem para a abordagem do tema, percebeu-se que os alunos demonstraram conhecimento superficial do tema.

Ainda na primeira roda de conversa, os estudantes foram questionados acerca da compreensão do termo tecnologia. Houve discussão a respeito e os alunos fizeram registros em desenho sobre as suas compreensões. Como atividade para casa, os alunos pesquisaram imagens que retratavam o uso da tecnologia em nosso dia a dia. As respostas à atividade evidenciaram que a compreensão dos estudantes sobre o tema estava relacionada à exemplificação e não à conceituação do termo. Muitos trouxeram imagens de telefones, televisão, carros e drones; apenas um estudante trouxe uma imagem representando um jogo virtual. Essa percepção foi registrada para que, durante a proposta, fossem exploradas possibilidades de ampliação do conceito de tecnologia pelos estudantes.

Na terceira e quarta aulas, os alunos foram questionados acerca do termo realidade aumentada. Discutiu-se o que eles conheciam sobre essa tecnologia. Os estudantes relataram o uso de jogos, em especial o Go Pro. Posteriormente, eles responderam a um questionário que buscava compreender o conhecimento acerca de tecnologia RA e a possibilidade de uso de celular para melhorar a aprendizagem. Grande parte dos pesquisados expressou que não conhecia a RA e que achava difícil o uso do celular para melhorar o estudo.

Após reunião com os responsáveis, a fim de explicar a proposta didática e a necessidade de os estudantes levarem o celular para a escola, iniciou-se uma sequência didática com o uso dos apps de RA. A apresentação e a exploração do tema corpo humano, estudado no 2° bimestre, se deram por meio de uma camisa com RA e o uso do app Virtuali Tee. O uso da camisa com a RA propiciou aos estudantes conhecer melhor os órgãos, sistemas e o funcionamento do corpo humano, tornando mais divertido o estudo da temática e possibilitando a melhor compreensão de conceitos, principalmente por parte dos estudantes com deficiências, que estiveram ativos durante todo o processo de desenvolvimento da proposta.

A utilização do primeiro app possibilitou a percepção do engajamento e da interação nas aulas. Os estudantes demonstraram muito entusiasmo na realização das atividades propostas a partir do recurso, reforçando a fala de Azuma et al. (2001), que afirmam que o seu uso melhora o mundo real e envolve todos os sentidos. A repercussão das atividades realizadas alcançou as famílias das crianças envolvidas, que demonstraram interesse e curiosidade em baixar o app em seus dispositivos para auxiliar seus filhos nas atividades em casa.

O último app usado foi o Sophus, que, por meio da RA, apresenta os sistemas e os órgãos do corpo humano. Ao mesmo tempo, no app há textos com conceitos acessíveis relacionados ao tema. Observa-se que, para o uso do aplicativo, precisa-se de um marcador. Os estudantes levaram para casa um trabalho que deveria ser realizado junto com sua família usando o app Sophus.

Os dados colhidos durante as atividades em sala e aquela enviada para casa fortaleceram a percepção de que, embora a compreensão dos conceitos relativos ao corpo humano sejam complexas por parte dos estudantes dos anos iniciais, a RA diferencia-se da proposta contida nas imagens do livro didático, pois provoca mais realismo na visualização/manipulação dos órgãos apresentados, além de colocar os estudantes como verdadeiros protagonistas do processo de aprendizagem.

O uso do app Sophus foi feito durante seis aulas. Cada uma delas buscou realizar atividades voltadas à compreensão e à análise dos sistemas do corpo humano. Constatou-se que houve modificação no vocabulário dos estudantes referente às nomenclaturas utilizadas para determinar regiões e órgãos, assim como ampliação da compreensão de que o corpo humano compreende um conjunto de sistemas interligados que possibilitam a manutenção de sua existência.

O término da proposta compreendeu a sistematização das aprendizagens por meio de atividades escritas e a organização da exposição dentro da escola. Esse processo foi auxiliado pelos professores da turma e possibilitou a escolha da proposta de pesquisa para participar durante uma manhã da XXVI Feira Estadual de Ciências de Roraima (Fecirr).

Considerações finais

Vivemos em uma era cada vez mais tecnológica, que requer que modelos baseados apenas na transmissão do conhecimento sejam superados. Portanto, corrobora Moran (2001) sobre a necessidade de a escola propiciar momentos de aprendizagem que privilegiam o uso destes recursos.

Este relato de experiência buscou caracterizar o uso da realidade aumentada dentro do contexto educacional de estudantes de uma escola pública roraimense e suas possíveis contribuições para a aprendizagem relativa ao tema corpo humano. Os dados obtidos sugerem que a realidade aumentada pode ser vista como um recurso tecnológico rico em características que auxiliam o processo de ensino-aprendizagem, capaz de propiciar maior interação entre os estudantes e o objeto do conhecimento. Observou-se ainda que a proposta também possibilitou a aproximação dos estudantes de termos científicos, inserindo-os na linguagem própria da Ciência (Chassot, 2000).

O presente estudo reafirma a necessidade de investimento em práticas educativas diferenciadas, a fim de despertar o protagonismo no processo de aprendizagem por parte dos estudantes. Ao mesmo tempo, compreende-se que há limitações decorrentes da natureza, do tipo e dos objetivos propostos, que precisam ser explorados por meio de outras pesquisas sobre o uso da RA no contexto educativo.

Referências

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Publicado em 10 de janeiro de 2023

Como citar este artigo (ABNT)

VASCONCELOS, Emanuella Silveira; LAHM, Regis Alexandre; RODRIGUES, Hellen Cris de Almeida; PAULA, Aléxia Roche de Oliveira; SANTOS, Miqueias Ambrósio dos. Promovendo a alfabetização científica e tecnológica nos anos iniciais de uma escola pública de Roraima. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 1, 10 de janeiro de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/22/47/promovendo-a-alfabetizacao-cientifica-e-tecnologica-nos-anos-iniciais-de-uma-escola-publica-de-roraima

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