O diálogo e a cooperação como recursos pedagógicos: uma revisão da prática na Escola Simão Angelo, em Penaforte/CE
Raniere de Carvalho Almeida
Mestre em Desenvolvimento Regional Sustentável (UFCA), professor e coordenador na Escola Simão Angelo
Jeniffe Tayane Fernandes Matias
Licenciada em Física (IF Sertão/PE), professora na Escola Simão Angelo
Este estudo, de caráter perceptivo e observacional, tem como pressuposto apresentar uma prática recorrente entre os estudantes e demais sujeitos que compõem a Escola Simão Angelo, no município de Penaforte/CE. Aborda o diálogo e a cooperação como estratégias pedagógicas que contribuem para a melhoria do clima escolar e, consequentemente, do processo ensino-aprendizagem, a partir de uma revisão bibliográfica associada à pesquisa de opinião para um maior embasamento teórico.
A relevância da pesquisa dar-se-á pelo fato do diálogo e da cooperação serem capazes de aproximar os alunos dos professores de modo que todos consigam compreender o papel e as limitações de cada um, fortalecendo o processo educativo. Justifica-se pela necessidade de desenvolver recursos pedagógicos que tornem o processo educativo mais atrativo e produtivo para todos os sujeitos que compõem a escola. O diálogo e a cooperação podem direcionar discentes e docentes ao mundo do conhecimento?
Muitos são os alunos e professores com dificuldade de relacionamento. Ao invés de buscarem uma aproximação, distanciam-se, cada vez mais, uns dos outros, o que tem interferido claramente nos processos pedagógicos. O trabalho educacional acaba não atingindo o seu principal objetivo: preparar os sujeitos para a vida com competência, responsabilidade e habilidade. Afinal, ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar possibilidades para a sua construção (Freire, 2001).
Portanto, esta pesquisa tem como objetivo destacar o diálogo e a cooperação como recursos pedagógicos. Estes podem fortalecer o processo de ensino-aprendizagem, rompendo com a indisciplina, o desinteresse, o abandono, a evasão escolar e com outros problemas escolares que distanciam os discentes de um futuro promissor.
Referencial teórico
Um dos grandes desafios da educação escolar na atualidade é direcionar o aluno ao caminho da aprendizagem e consequentemente ao sucesso, a partir da construção de um projeto de vida alicerçado no conhecimento, nas experiências e em sua prática. Os desafios são gigantes, a exemplo das questões comportamentais, diretamente influenciadas por uma série de fatores externos que a escola não é capaz de resolver sozinha.
O ato de educar é primordial e realizado em conjunto, não exclusivo da escola. Também, portanto, um dever da família e da sociedade (Brasil, 1988). A principal incumbência da escola é difundir e construir conhecimentos. Nesse sentido, o diálogo e a cooperação podem ser empregados pelos professores e familiares dos alunos, visando uma maior aproximação. Como recursos pedagógicos, contribuem com o processo de ensino-aprendizagem, por agregarem novos valores.
Para Freire (2001) e Gadotti (1989), o amor, a humildade, a fé, a confiança e a esperança são requisitos essenciais ao fazer pedagógico, pois tornam os sujeitos humanizados e mais confiantes. Todos têm em comum o diálogo como recurso de mediação, equilíbrio entre o saber e a sua aplicação no meio. Esses teóricos enxergam a escola como um espaço de construção e transformação social, capaz de moldar o sujeito, respeitando sua condição e suas convicções.
O conhecimento empírico ou a experiência de vida dos alunos e dos professores deve ser considerado pela escola, sendo socializado entre os seus sujeitos, não sendo visto como algo insignificante, mas como um recurso de aprendizagem, que possibilite o fortalecimento dos vínculos socioafetivos e educacionais. Para Piaget (1979), práticas interdisciplinares tendem a aprofundar a cooperação, favorecendo os intercâmbios e enriquecimentos mútuos.
Na contemporaneidade, escolares jovens e até mesmo adultos estão cada vez mais distantes uns dos outros. Falta companheirismo, gratidão e outros elementos inerentes ao ser humano. O diálogo e a cooperação tornam-se essenciais para a ocorrência de mudanças significativas na vida dos sujeitos. Como afirma Freire (2009) sobre o diálogo para a prática libertadora: "Nutre-se do amor, da humildade, da esperança, da fé, da confiança. Por isso, só o diálogo comunica. E quando os dois polos do diálogo se ligam assim, com amor, com esperança, com fé no outro, se fazem críticos na busca de algo. Instala-se, então, uma relação de simpatia entre ambos. Só aí há comunicação" (Freire, 2009, p. 115).
Dialogar sobre a experiência de vida dos discentes e seus valores é o primeiro passo para a construção de um projeto de ensino pautado no prazer de ser, viver e fazer. Os discentes devem ser acolhidos e respeitados em suas particularidades pela escola e seu corpo docente, que passarão a cumprir um papel mais que formativo: humanitário. A compreensão da realidade é o primeiro passo para a construção do conhecimento. O educando é sujeito de transformação em um processo dialógico (Bueno, 2002).
A escola do século XXI não é vista como retórica presa ao tradicionalismo, mas como um espaço de construção e difusão do conhecimento, que tende a fortalecer seus membros e toda a sociedade, já que busca formar sujeitos crítico-reflexivos, autônomos e participativos, capazes de enfrentar os desafios presentes na humanidade. Para Augusto et al. (2004), essa integração, articulação e trabalho conjunto contribuem para o fortalecimento da sociedade.
Os alunos, como seres sociáveis, querem ser ouvidos e valorizados em sua essência. A escola pode ser um ambiente propositivo, onde busquem externalizar seus anseios e sentimentos, sendo reconhecidos como sujeitos. Há casos quando o único espaço que dispõem para expor sua situação e buscar apoio e refúgio é o espaço de fala.
Segundo Tuan (1980), apesar de todos os indivíduos estarem inseridos em um mesmo “lugar”, a exemplo da escola, cada um tem a sua percepção e a sua cultura. A variedade sociocultural, existente no meio escolar, agrega maior valor e significação ao indivíduo, requerendo uma maior atenção a ele por parte do seu conjunto. É um fator precípuo que pode ampliar o diálogo e a cooperação entre todos os agentes.
O diálogo permanente entre discentes e docentes tem se apresentado como um caminho viável, para que o ato educativo se torne significativo e alcance seu objetivo: preparar o sujeito para construir a sua existência. A relação dialógica entre educador e educando traduz a comunhão educativa e a libertação existencial (Gadotti, 1989).
De acordo com Freire (1980), só a educação é capaz de libertar os sujeitos, tornando-os autônomos, capazes de desbravar a vida por meio do conhecimento. A escola possui um papel fundante nesse sentido, a saber, aproximar alunos, professores e toda a comunidade escolar, de modo a fortalecer o processo de ensino-aprendizagem, que se consolida havendo comunicação e colaboração permanente.
O diálogo e a cooperação configuram-se como artifícios aplicáveis no ato educativo. Apesar de aparentemente simples, são capazes de fortalecer a práxis pedagógica dentro e fora da sala de aula. Para Palmer (2012, p. 16), “o crescimento de qualquer ofício depende de uma prática compartilhada e de um diálogo honesto entre as pessoas que o praticam”.
O fazer pedagógico pautado na interdisciplinaridade demonstra ser um caminho viável para aproximar discentes de docentes, cultivando um clima harmonioso e colaborativo, fortalecendo a aprendizagem e desempenho frente à sociedade. A conversão de diferentes áreas do conhecimento proporciona uma visão global, tornando os sujeitos aptos a articular, religar, contextualizar e a situarem-se no mundo (Morin, 2002).
Quando um aluno se aproxima do professor, ele se sente mais acolhido e motivado, inclusive para dialogar, sendo capaz de revelar suas dificuldades ou de buscar apoio. A sua confiança e autoestima se elevam. Os docentes devem buscar a aproximação com os discentes, especialmente, com aqueles que de alguma forma apresentam dificuldades comportamentais e/ou de aprendizagem, pois eles passam a desempenhar o papel de educadores, mediadores de esperanças (Alves, 1989).
O diálogo proporciona a aproximação entre alunos e professores, despertando o sentimento de pertencimento, aumentando a capacidade de agir, com presteza e ética, reconhecidamente capaz de enfrentar os desafios impostos pela vida. Segundo Freire (1980, p. 42), “o diálogo impõe-se como o caminho pelo qual os homens encontram seu significado enquanto homens; o diálogo é, pois, uma necessidade existencial”.
Com a cooperação e o diálogo constantes entre discentes e docentes, o processo de ensino-aprendizagem torna-se mais instigante, prazeroso e, ao mesmo tempo, inclusivo, por abranger a todos. O conhecimento compartilhado passa a ser mais significativo entre os discentes, que geralmente compactuam diferentes ideias. Conforme Bueno (2002), a palavra figura como um instrumento criador e transformador da realidade.
Procedimentos metodológicos
Esta pesquisa é de natureza básica e caráter exploratório-descritivo, adotando, como procedimento metodológico, a revisão bibliográfica associada à pesquisa de opinião e ao diálogo empírico, tendo como público dezoito gremistas e dois membros do núcleo gestor da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Simão Angelo, em Penaforte/CE (Figura 1). Todos foram instruídos quanto ao seu objetivo e aos aspectos éticos, preservando-se a sua identidade e integridade.
Figura 1: Fachada da Escola Simão Angelo
Foram empregados, como instrumentos de coleta: o roteiro, a ligação telefônica e a enquete, contendo cinco questões objetivas aplicadas virtualmente, por meio do Google Forms, entre os dias 16 e 30 de setembro de 2021, obtendo dados primários sobre a temática pesquisada. O seu referencial teórico contempla conceitos formulados nas duas últimas décadas, excetuando-se os clássicos da literatura, selecionados em livros, artigos, resumos, dissertações e outras fontes com o intuito de construir uma discussão teórica alicerçada em autores consagrados.
Os dados secundários foram obtidos nas bases de pesquisa virtuais, tais como, o Google Scholar, o SciELO e o ResearchGate, sendo priorizadas as produções científicas de domínio público. Para isso foram adotados os seguintes descritores: educação, diálogo, cooperação, ensino-aprendizagem, escola pública e protagonismo. Para a sua seleção foram utilizados diferentes critérios de inclusão e exclusão como o seu alinhamento à temática pesquisada. De 28 trabalhos localizados, foram selecionados 15.
Apresentação e discussão dos resultados
Os alunos da Escola Simão Angelo participantes desta pesquisa apresentaram dados relevantes, contribuindo para seus resultados e discussão. Foi abordada a contribuição do diálogo e da cooperação na melhoria do ensino-aprendizagem. A maioria (94,4%) afirmou que esses dois recursos contribuem com o processo, enquanto o restante (5,6%) manteve-se na dúvida. Isso demonstra que dialogar e cooperar podem promover melhorias na educação.
Segundo Freire (2001), a relação entre educador e educando requer o diálogo, estabelecendo-se uma comunhão educativa entre ambos, objetivando sua libertação pautada no conhecimento, algo fundamental para a existência. Isso demonstra, na teoria e na prática, a necessidade de estabelecer um diálogo permanente entre os sujeitos que compõem a escola, fortalecendo o processo de ensino-aprendizagem e a construção de saberes pautados na práxis.
Para Orlick (1989), a cooperação é uma força unificadora capaz de agrupar uma variedade de indivíduos com interesses separados em uma unidade coletiva. Isso demonstra a necessidade de as escolas adotarem em seu fazer pedagógico uma postura crítico-participativa, de modo a despertar nos educandos o protagonismo, característica necessária ao enfrentamento da vida em sociedade.
Buscou-se avaliar o diálogo e a cooperação no dia a dia da Escola Simão Angelo, sob a ótica do alunado. 50% dos respondentes avaliaram como bom, seguido de 27,8%, que avaliaram como regular e 22,2%, como excelente, demonstrando que a maioria (72,2%) os caracteriza como importantes na rotina da instituição, evidenciando um trabalho conjunto. Segundo Gadotti (1989), o educador deve adotar o diálogo em sua prática colocando-se em uma posição humilde, até ingênua, a fim de alcançar o educando.
Uma ação educativa relacionada ao diálogo é a escuta ativa e processual dos alunos. O diretor escolar da instituição analisada tem realizado cotidianamente momentos de escuta, quando cada discente pode expor, de forma livre e sigilosa, os seus desejos, as suas dificuldades e anseios, buscando melhorar os resultados de aprendizagem, a partir da valorização das experiências dos alunos, considerando o contexto situacional no qual estão inseridos.
Nesse sentido, o Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Educação (Seduc), inclui os alunos no mundo digital, a partir de uma política de conectividade. Para isso, concedeu aos alunos da Escola Simão Angelo, e às demais instituições da rede estadual, tablets (Figura 2), com chips debanda larga que possibilitam o seu acesso remoto à internet de forma universal e gratuita, ampliando sua comunicação e facilitando a construção do conhecimento.
Figura 2: Tablet educacional entregue aos alunos
Desde o início de 2020, quando começou a pandemia do coronavírus (covid-19), foi introduzida a ideia de ouvi-los pela rede social WhatsApp, por mensagens de áudio e texto, mantendo-se total discrição. O gestor permanece com o celular online durante seu expediente diário, possibilitando que os alunos possam manter um diálogo com o foco na melhoria do processo de ensino-aprendizagem.
Os discentes têm livre acesso aos membros da gestão escolar, inclusive ao diretor, estabelecendo uma comunicação construtiva de “mão dupla”. São ouvidos, respeitando-se a hierarquia da instituição. Suas falas são consideradas entre o grupo gestor, buscando-se a mudança de paradigmas, resolução de problemas, enfim, a construção de uma escola plural e equânime. Todos têm assegurado o espaço de fala, valorizando o protagonismo.
Diariamente são atendidos uma média de 8 alunos de diferentes séries, turmas e turnos, os quais buscam o apoio da escola em relação à construção do seu projeto de vida, que perpassa aspectos socioemocionais. Esses aspectos, segundo o diretor, aprovam a iniciativa cultivada há mais de dois anos, com vistas à construção de uma escola aberta, democrática e participativa, onde todos os seus sujeitos são ouvidos e respeitados.
De acordo com Jorge (1981), inspirado na teoria freiriana, o diálogo caminha ao lado da fé, legitimando a transparência do ato educativo, caracterizando-o como uma atitude séria em defesa das convicções pessoais do sujeito. Esses preceitos referenciais devem convergir para uma práxis pedagógica pautada no respeito mútuo e na seriedade, uma congruência perfeita a proporcionar a formação crítica de discentes e docentes. Freire (1980) destaca que: "O diálogo é o encontro entre os homens, mediatizados pelo mundo, para designá-lo. Se, ao dizer suas palavras, ao chamar ao mundo, os homens o transformam, o diálogo impõe-se como o caminho pelo qual os homens encontram seu significado enquanto homens; o diálogo é, pois, uma necessidade existencial" (Freire, 1980, p. 42).
No ambiente escolar, a cooperação possibilita, tanto para os alunos como para os professores, um novo olhar sobre o ato de ensinar e aprender, rompendo com o aspecto competitivo e partindo para um plano colaborativo, onde todos são protagonistas. Para Orlick (1989), a ideia de que a competição seja necessária ao bom desempenho acadêmico do aluno não passa de um mito. Os resultados escolares entre competição e cooperação são semelhantes, porém, cooperar é mais coerente com o desenvolvimento escolar.
Os alunos da Escola Simão Angelo foram questionados sobre a contribuição do diálogo e da cooperação na melhoria do clima escolar e das competências socioemocionais. A maioria (88,9%) disse que esses dois aspectos contribuem com o meio educacional, melhorando o clima da escola, assim como o socioemocional dos discentes. 5,55% disseram o contrário, enquanto os demais (5,55%) confirmaram que ambos, talvez, melhorem o processo.
Freire (2001) ratifica que o dialogismo, como virtude humana, estabelece um clima de cumplicidade entre educador e educando, fazendo com que ambos cresçam na construção do conhecimento juntos. É preciso, desse modo, ter esperança no fazer pedagógico e acreditar na possibilidade de transformação da realidade, por meio da educação. Uma proposta de ensino mais humanizada tende a contribuir com uma nova concepção de ser humano e de mundo.
Conforme Soler (2008), a aprendizagem cooperativa baseia-se em uma pedagogia centrada no aluno, capaz de promover melhores resultados escolares e de incentivar a construção de bons relacionamentos. Consiste na experimentação, na vivência e na cooperação. Entre os valores cultivados, destacam-se relacionamentos sociais e inter-raciais, a elevação da autoestima e o autoconhecimento, além do gosto e da participação do aluno nas aulas, melhorando suas atitudes.
O cultivo do diálogo e da cooperação entre os colegas, professores e funcionários da Escola Simão Angelo foi evidenciado. A maioria (77,8%) apontou que busca cultivá-los em sua rotina, estabelecendo uma sintonia entre todos que a constituem, enquanto 16,7% mantiveram-se na dúvida quanto à promoção ou não deles. O restante dos pesquisados (5,5%) não cultivam o diálogo e a cooperação, algo que pode ser revisto.
Segundo Bueno (2002), a dialogicidade auxilia alunos e professores a compreender a realidade e a construir conhecimentos alicerçados na sua experiência de vida, tornando-os sujeitos de transformação, capazes de modificar suas ações e de refletir diariamente. Sua teoria referencia Freire, em cuja base está o pensamento humano como possibilidade de alicerçar uma visão de mundo libertadora, com sujeitos capazes de pensar e comunicar (Freire, 2001).
Soler (2008) aborda a cooperação como um ato sociointerativo em que os objetivos são comuns, as ações compartilhadas e os benefícios distribuídos a todos. É outro aspecto cabível no processo de ensino-aprendizagem, por contemplar alunos, professores e demais indivíduos que integram a escola, colaborando para um fazer pedagógico qualificado, tendo a participação de diferentes mãos e mentes, almejando valores simétricos.
Sobre a avaliação de desempenho dos alunos da Escola Simão Angelo nas avaliações internas e externas, com base no diálogo e da cooperação, 55,6% disseram que é positiva, seguido de 22,2% (excelente), confirmando um desempenho satisfatório, já que a maioria (77,8%) se concentra nesses níveis. O restante (16,7%) indicou que seu desempenho é regular, seguido 5,5% (péssimo).
De acordo com Garcia e Matos Jr. (2008), o desenvolvimento de habilidades como a reflexão requer dos sujeitos, a exemplo dos escolares, respostas para diferentes questões, sendo necessária a opinião, a avaliação, a análise e a síntese, aspectos que favorecem a aprendizagem e o respeito às opiniões, considerando-se hipóteses distintas. O estímulo à resolução de problemas desenvolve o pensamento crítico para a análise e para a compreensão conceitual.
O incentivo à comunicação dialógica no meio escolar torna os discentes habilidosos para a fala, a escuta, a repetição e o contato visual. Isso contribui para uma melhor resolução de situações-problema com os quais, discentes e docentes, se deparam durante o fazer pedagógico. Um exemplo é o emprego do diálogo e da leitura na resolução de questões presentes, por exemplo, nas avaliações internas e externas (Garcia e Matos Jr., 2008).
Considerações finais
Conclui-se que o diálogo e a cooperação são aspectos sociopedagógicos úteis ao processo de ensino-aprendizagem, por contribuírem com a formação integral dos escolares. Esses recursos fazem parte da rotina de trabalho da Escola Simão Angelo, configurando-se como vivências adotadas pela maioria dos seus estudantes.
Enxerga-se o diálogo e a cooperação como caminhos para a aproximação dos discentes no mundo do conhecimento, agregando valores essenciais à vida, tornando-os cidadãos críticos e participativos no meio em que vivem/convivem socialmente. Isso os torna sujeitos de direito, capazes de criticar a realidade da qual fazem parte.
A adoção do diálogo e da cooperação como recursos pedagógicos é o caminho para a melhoria do ato educativo, por dar voz aos estudantes como protagonistas. Uma maior aproximação entre os sujeitos torna o fazer pedagógico mais instigante, prazeroso e com resultados de aprendizagem, de fato, significativos.
Referências
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PALMER, P. J. A coragem de ensinar: explorando a paisagem interior da vida de um professor. São Paulo: Boa Prosa, 2012.
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Publicado em 17 de janeiro de 2023
Como citar este artigo (ABNT)
ALMEIDA, Raniere de Carvalho; MATIAS, Jeniffe Tayane Fernandes. O diálogo e a cooperação como recursos pedagógicos: uma revisão da prática na Escola Simão Angelo em Penaforte/CE. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 2, 17 de janeiro de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/1/o-dialogo-e-a-cooperacao-como-recursos-pedagogicos-uma-revisao-da-pratica-na-escola-simao-angelo-em-penafortece
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