O ensino de Microbiologia na Educação Básica: um relato de experiência na interface escola-universidade

Rhian Vilar da Silva Vieira

Mestre em Biologia Animal e doutorando em Genética e Biologia Molecular (UFRGS)

O ensino de Microbiologia é desafiador para professores de Ciências, pois a necessidade de abstração e a dificuldade de empregar recursos didáticos pode dificultar as metodologias de ensino da disciplina (Vasconcelos et al., 2006; Nóbrega; Bossolani, 2010), especialmente na Educação Básica (Cassanti et al., 2008; Barbosa; Barbosa, 2010; Moresco et al., 2017; Torres et al., 2020). Essa dificuldade de abordagem, como observam Bianchi et al. (2018), pode ser uma das grandes responsáveis pela presença e perpetuação de equívocos sobre essa temática (Ovigli, 2010; Pisa, 2015).

Historicamente, o estudo da Microbiologia esteve restrito ao ambiente universitário (Oda; Delizoicov, 2011; Pereira et al., 2014; Bianchi et al., 2018), ocasionando certo distanciamento do Ensino Básico de Ciências (Cassanti et al., 2008; Ovigli, 2010; Pessoa et al., 2012), que se agravou diante da ausência de uma abordagem holística (Ovigli, 2010; Filomeno et al., 2022).

Além disso, o senso comum leva a generalizações acerca dos microrganismos, com tendência a associações negativas e reducionistas (Jacobucci; Jacobucci, 2009; Filomeno et al., 2022), que podem excluir discussões importantes acerca da interação entre os microrganismos e os outros seres vivos (Cunha et al., 2012; Pessoa et al., 2012), mas também acerca dos processos ecológicos, evolutivos, genéticos e, em última instância, de saúde pública que envolvem esses organismos (Cunha et al., 2012; Pessoa et al., 2012; Bianchi et al., 2018; Oliveira; Morbeck, 2019; Filomeno et al., 2022).

Como observado por Barbosa e Barbosa (2010), é necessário que o ensino de Microbiologia permita o acesso a um ambiente novo e muitas vezes inexplorado pelos alunos devido ao tamanho diminuto e à necessidade de abstração (Ovigli, 2010). No entanto, o ensino de forma tradicional em Ciências e Biologia, baseado na conceituação, tendo como fonte principal os livros didáticos, gera uma relação de transmissão-recepção que enfatiza a memorização (Farias; Bandeira, 2009; Oliveira; Morbeck, 2019). Esse método excessivamente teórico e dotado de pouca aplicação experimental, somado à abordagem resumida, descontextualizada e desatualizada, pode fazer com que a assimilação dos conteúdos se torne deficitária (Ovigli, 2010; Oliveira; Morbeck, 2019; Silva et al., 2021; Filomeno et al., 2022; Silva; Piero, 2022).

Dessa forma, as atividades práticas experimentais são fundamentais para ensino de microbiologia, pois propiciam a visualização, a compreensão e a interpretação dos conteúdos (Cassanti, 2008; Moresco et al., 2017; Rosa et al., 2021; Filomeno et al., 2022). Além disso, essas atividades podem despertar o interesse por meio da curiosidade direta (observações), mas também pela possibilidade de geração de hipóteses e julgamentos críticos de grande valia à formação do discente da Educação Básica e do futuro acadêmico no Ensino Superior (Soares; Baiotto, 2015; Santos et al., 2020), especialmente quando o aluno se torna agente do aprendizado, participando ativamente da construção do conhecimento, tendo como objeto final a capacidade de explicar fenômenos naturais por experimentação (Chassot, 2016).

Embora seja uma alternativa válida, em geral os materiais (microscópios, lupas, vidrarias, reagentes etc.) para procedimentos laboratoriais na área microbiológica e biotecnológica elevaram-se de preço, se tornando inacessíveis ou indisponíveis nas escolas (Barbosa; Barbosa, 2010; Pessoa et al., 2012; Barberán et al., 2016; Neto; Santana, 2018).

Sendo assim, a estratégia é usar atividades didáticas facilmente replicáveis e de baixo custo (Barbosa; Barbosa, 2010; Cruz et al., 2019) ou que sejam integradas às instituições de ensino parceiras (Bianchi et al., 2018; Filomeno et al., 2022). A universidade, como executora da tríade ensino-pesquisa-extensão, pode ser grande aliada na construção do saber científico (Bianchi et al., 2018; Silva; Pieiri, 2022). Pensando nisso, o presente estudo relata uma experiência docente realizada por alunos da pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no âmbito do ensino de Ciências, com a temática "Microrganismos no dia a dia, higiene e saúde na escola”, que atendeu a turmas do projeto Trajetórias Criativas da UFRGS.

Metodologia

As intervenções pedagógicas foram aplicadas como atividade da disciplina Divulgação da Ciência na Sociedade, ofertada pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFRGS, sob a orientação de um docente da disciplina de Microbiologia e Patologia da própria universidade. Na Escola Estadual de Ensino Fundamental João B. M. Goulart, situada no bairro Jardim Porto Alegre, município de Alvorada/RS, foram realizados dois encontros de outubro a novembro de 2018, desenvolvidos nas turmas de Ensino Fundamental do projeto Trajetórias Criativas, na UFRGS, com idades entre 13 e 17 anos, totalizando aproximadamente 40 alunos.

Nesse projeto, constam alunos que estão em defasagem etária em relação à seriação. O objetivo do projeto é que eles tenham a oportunidade de frequentar séries com uma proposta pedagógica diferenciada, buscando a retomada dos estudos, cursando duas séries em um período letivo, incentivando a autoria, a criação, a autonomia e o protagonismo (UFRGS, 2022). Esse projeto recebe verba própria para propiciar aos jovens saídas de estudo, a fim de uma experiência pedagógica mais diversa e rica.

Buscamos seguir os parâmetros estabelecidos por Barbosa e Barbosa (2010) para a realização de aulas práticas de Microbiologia, abordando aspectos teóricos que contemplam: atualidade, ética, responsabilidade socioambiental, criatividade, pesquisa, criticidade, autonomia e baixo custo.

Primeira atividade: palestra e introdução ao tema

A primeira atividade desenvolvida com os discentes foi a apreensão dos conhecimentos prévios que eles possuíam acerca da temática Microbiologia (Figura 1), tendo como base complementar as metodologias de Farias e Bandeira (2009) e Barbosa e Oliveira (2015). A primeira abordagem consiste no uso de analogias (Farias; Bandeira, 2009) e a segunda, na utilização da linguagem audiovisual, a qual envolve a Microbiologia e suas aplicações. Com base nessa metodologia foi estruturada e conduzida uma palestra para a introdução do tema, desmistificando os microrganismos e despertando a atenção dos alunos acerca das boas práticas de higiene e prevenção de doenças.

Fornecemos uma introdução a respeito do que são as unidades básicas dos seres vivos, discutindo acerca das células e, posteriormente, aprofundando temas como reprodução e identificação de microrganismos. No decorrer da apresentação, mostramos imagens de ambientes da escola e indagamos sobre a presença (ou não) de microrganismos nesses locais. Abrimos espaço durante a palestra para identificar a percepção dos alunos, promovendo espaço aberto para perguntas e dúvidas.

Figura 1: Palestra introdutória, na Escola João B. M. Goulart, em Alvorada/RS

Durante a apresentação, os discentes puderam observar imagens de bactérias no microscópio óptico e no eletrônico de varredura (Figura 2).

Figura 2: Apresentação de imagens - microscópio óptico

Segunda atividade: microscópio caseiro

            A proposta do experimento é observar microrganismos em uma gota de água que servirá como lente de aumento na ponta de uma seringa na qual incidirá um feixe de luz monocromático, provindo de um laser em anteparo (Figura 3). Microrganismos expostos a dimensões da ordem do comprimento de onda da luz podem ser observados. A água para o experimento foi coletada previamente em um esgoto que passa pelo interior da escola.

Para a montagem experimental do microscópio caseiro, utilizamos o artigo de Planinsic (2001), que cita os seguintes materiais:

  • 1 laser monocromático (verde com comprimento de onda de 530mm ou vermelho com comprimento de onda de 650mm);
  • 1 seringa com água poluída;
  • suporte para apoiar a seringa (usamos dois béqueres).

Figura 3: Microscópio caseiro projetando imagem da gota contaminada

Perguntamos aos alunos se eles sabiam a finalidade do microscópio, sua importância no avanço da Ciência e do conhecimento, identificação e tratamento de doenças, discutimos um pouco o contexto histórico, desde o primeiro microscópio ao mais avançado tecnologicamente, discutimos brevemente também a existência de outros tipos de microscópios (eletrônico de varredura e de transmissão) por meio de fotos.

Terceira atividade

Após essas etapas, os alunos participaram ativamente do trabalho. Ao explicar no que consistia o material e como utilizá-lo, voluntários da turma se dispuseram a realizaram coletas de material (solado de tênis, mucosa no interior do aparelho bucal, dinheiro, celular e a maçaneta do banheiro) para uma posterior cultura de bactérias (Figuras 4 e 5). Para isso foram utilizados swabs doados pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Figura 4: Aluna fazendo coleta na mucosa do aparelho bucal de um colega de turma

Figura 5: Aluna e palestrante fazendo a coleta de material na maçaneta do banheiro

Segundo encontro: visita técnica à universidade

Os alunos foram levados a uma visita técnica nos laboratórios da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Após a chegada da turma à universidade, foi dividida em pequenos grupos, recebendo impressa toda a programação da visita, com indicações ao longo de distintos laboratórios e áreas da faculdade (Figura 6).

            Figura 6: Chegada dos alunos para visitação à Faculdade de Odontologia/UFRGS

Os discentes, em especial, puderam conhecer os pesquisadores e os ambientes de pesquisa, com demonstrações em tempo real da atividade de alunos de iniciação científica e pós-graduação no manejo de equipamentos, mas também no compartilhamento de experiências (Figura 7). Além disso, foi dado espaço para o questionamento acerca dos mitos e das verdades sobre o mundo da pesquisa e dos microrganismos.

Figura 7: Alunos conversam com aluno da pós-graduação sobre pesquisas realizadas

Nesses locais, os alunos foram instigados a refletir sobre as vestimentas usadas, sobre a maneira como atendiam os pacientes, sobre o processo e o porquê da necessidade de esterilizar materiais (Figuras 7 e 8). Na visita à Central de Esterilização (Figuras 8 e 9), observaram o processo de embalagem dos instrumentos e conseguiram fazer a relação entre a necessidade de esterilização para se evitar a contaminação dos pacientes.

Figura 8: Alunos observam aparelhos de cirurgião dentista e sua vestimenta no atendimento

Figura 9: Discentes escutam explicação sobre processo de esterilização de materiais

No Laboratório de Migração Celular foram discutidas as possibilidades de cultivo de células e todos os cuidados necessários para mantê-las vivas e como elas podem ser utilizadas nas pesquisas (Figuras 10 e 11). Além disso, os discentes puderam observar as estufas utilizadas para a cultura de bactérias e as culturas feitas a partir da coleta realizada na escola sob microscópio óptico (Figura 11).

Figura 10: Preparação das placas de petri com material coletado na escola

Figura 11: Alunos observando culturas de bactérias realizadas na escola

Discussão final

Ao fim das atividades, reforçaram-se os conteúdos de Microbiologia abordados durante o primeiro encontro e os alunos foram convidados a expor suas experiências na visita técnica (Figura 12). Nesse momento, eles refletiram sobre a presença de microrganismos em locais frequentados por eles no dia a dia, seus benefícios e malefícios, compilando as respostas e discutindo-as em uma conversa livre entre eles e os regentes.

Figura 12: Discente em discussão final com alunos da pós-graduação em Odontologia

Resultados e discussão

No presente estudo, os alunos não tiveram acesso a um laboratório na escola. Como abordado por Silva e Pieri (2022), esse é um dos principais fatores que impedem a descoberta do mundo microscópico em escolas públicas brasileiras. O alto custo de manutenção e a aquisição dos materiais necessários também inviabilizam a execução experimental em laboratórios (Barbosa; Barbosa, 2010).

Para isso, a parceria com instituições de ensino superior públicas e privadas pode ser benéfica no fornecimento complementar do suprimento necessário para a experimentação (Bianchi et al., 2018), além de propiciar o contato dos alunos de Educação Básica com os ambientes universitários, criando o ambiente favorável para que a meta estabelecida na tríade ensino, pesquisa e extensão seja atingida (Malheiro, 2016).

A apreensão inicial do conhecimento prévio dos discentes sobre o tema, como recomendado por Brum e Silva (2015), se mostrou fundamental para a abordagem do conteúdo no tocante a identificação dos mitos e das suposições do senso comum, assim como de concepções errôneas ou distorcidas, servindo de estágio preparatório para visita à universidade, mas principalmente para favorecer a conexão entre os conteúdos e a relação com o cotidiano (Vilas Bôas et al., 2015). Para isso, o uso de analogias foi fundamental, aproximando o conteúdo dos discentes, como evidenciado na Central de Esterilização, onde conseguiram relacionar a necessidade de esterilização para evitar a contaminação, tendo como exemplo os materiais odontológicos, numa associação da esterilização realizada pelas manicures e os tatuadores que fazem uso de materiais descartáveis, promovendo a contextualização e a aproximação do aluno com a Odontologia por meio do seu próprio cotidiano (Kimura et al., 2013). Em especial, a linguagem audiovisual despertou maior interesse pelas figuras de bactérias expostas e os vídeos durante a palestra, gerando curiosidade nos alunos para a identificação dos diferentes organismos e de onde foram coletados.

O uso do microscópio caseiro demandou fácil montagem; apesar de as imagens geradas serem de resolução relativamente baixa, sua facilidade de montagem e objetividade em demonstrar a presença de bactérias tornou mais fácil a discussão do tema. Além disso, durante a montagem do experimento foi possível observar a expectativa dos discentes para a observação dos resultados. Destacamos que os estudantes já tinham conhecimento que a água do esgoto é poluída, mas não de quão prejudicial ela pode ser por seus microrganismos em relação às diferentes doenças, como viroses e diarreia, à população.

Durante a visita técnica, observamos as reações dos alunos com esse novo universo. Todos olhavam atentos aos detalhes e se mostravam participativos, centrados e intrigados, como relatado por um discente: “Eu nunca estive em uma faculdade. É muito grande, tem muita coisa interessante aqui”, “É um mundo novo pra mim. É a primeira vez que eu vejo esses animais pequenos, não sabia que eram assim, nunca imaginei”, “Por isso devemos lavar bem frutas e verduras antes de consumir” e “Lavar as mãos antes do lanche é fundamental”.

Dessa forma, os discentes chegaram à consciência da presença de bactérias em distintos substratos, relacionando o fato à importância de uma higienização adequada (Barbosa; Barbosa, 2010). Durante a visita aos laboratórios, foi ilustrado como foi realizada a cultura das células, mas o mais importante foi a curiosidade despertada na conversa com as alunas de iniciação científica sobre todas as atividades que podem ser realizadas dentro da universidade.

Por fim, os discentes puderam observar as placas de cultura de bactérias feitas a partir da coleta na escola e se surpreenderam com a quantidade de bactérias desenvolvidas na coleta, por exemplo, de um aparelho celular. Isso gerou discussões como: “aonde vamos com o celular?”, “devemos higienizar o celular com álcool”, “é sempre bom ter álcool em gel por perto”, “por isso não devemos colocar os dedos nos olhos e na boca”.

A visualização também despertou para a necessidade de melhorias na higiene no ambiente escolar, já que muitos começaram a se questionar sobre o dia a dia, como a falta de sabonete nos banheiros da escola, de álcool gel na cantina e nos ambientes comuns da escola.

Com a metodologia empregada, a exposição inicial, a coleta com participação ativa dos alunos e o roteiro dirigido para a montagem das atividades práticas junto à observação final, tornou-se possível atingir os padrões Conceituais, Procedimentais e Atitudinais que constam nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), já que os discentes conseguiram entrar em contato pela primeira vez com os materiais e instrumentos laboratoriais, despertando sua curiosidade sobre os microrganismos (Cassanti et al., 2007), mas também sobre como é gerado o conhecimento científico. A atualidade do tema e a diversidade das atividades propostas com interação ativa dos estudantes foram fatores consideráveis de coerência com os PCN.

Outra característica fundamental da proposta é o baixo custo das atividades experimentais de coleta e análise do microscópio caseiro, com sua replicabilidade relativamente simples, fundamental para a experimentação em Microbiologia (Barbosa; Barbosa, 2010).

As aulas experimentais em parceria com instituições de Educação Superior, como verificado neste estudo, podem ser uma alternativa salutar para complementar os estudos teóricos em sala de aula, despertando o interesse, a criatividade, o trabalho em equipe e a investigação científica, mas também na superação de problemáticas, como a ausência de laboratórios e materiais específicos (Lunetta, 2007; Dillion, 2008; Pessoa et al., 2012; Filomeno et al., 2022). A visita ao espaço universitário se mostrou fundamental para discutir as abstrações conceituais da Microbiologia: o que são bactérias, como são formadas as colônias, como as bactérias crescem e se multiplicam e quais práticas de saúde devem ser desenvolvidas (Boff et al., 2014; Barbosa; Oliveira, 2015).

A partir da temática baseada na relação do dia a dia da escola com os microrganismos foi possível propiciar as bases metodológicas científicas para que estudantes da Educação Básica se apropriem do tema e construam seus conhecimentos, materializando as abstrações e fortalecendo o seu aprendizado (Pessoa et al., 2012), ao passo em que foram realizados experimentos científicos sobre os quais antes os estudantes não tinham conhecimento ou nunca haviam experienciado ao longo de sua formação básica.

A discussão final com os estudantes em primeira mão opôs duas perspectivas acerca do fazer ciência. A inicial remeteu à “leitura de livros”, “procura sobre algum tema” ou “realização de alguma tarefa que o professor pedia” para a compreensão da Ciência como agente ativo na construção do conhecimento, realizando a reflexão de que a Ciência deve “tentar descobrir um conhecimento próprio”, “gerar uma nova ideia”, “descobrir coisas, e explicar como essas coisas funcionam”, “o objetivo é resolver problemas”, “aplicar o conhecimento para o bem da população”.

Essa mudança nas respostas nos levou a uma possível mudança de conceito e a uma aproximação do aluno do “fazer Ciência” como algo plausível e possível dentro da sua realidade, identificando melhor as etapas de um processo investigativo, a sua significância como pesquisa e o espaço em que acontece. Assim, as aulas expositivas podem estar vinculadas a experimentos simples e lúdicos, com materiais acessíveis e simples (Freitas et al., 2018), especialmente quando consideramos a defasagem escolar dos alunos, pois elas têm um enorme potencial de conduzir a percepções e descobertas complexas, por demonstrar ao aluno a importância do conteúdo que está sendo trabalhado (Cassani et al., 2007).

Conclusão

As ações realizadas com a turma se mostraram satisfatórias, visto que o tema proposto fomentou discussões e gerou dúvidas posteriormente convertidas em engajamento durante as atividades desempenhadas. Os alunos tiveram a oportunidade de observar a Microbiologia não apenas como mais um conteúdo a ser decorado, mas como uma Ciência que pode ser acessada como recurso para a compreensão do dia a dia.

A imersão dos alunos no ambiente universitário forneceu ferramentas necessárias para a construção de um pensamento crítico acerca da importância da Ciência no avanço da sociedade como um todo.

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Publicado em 06 de junho de 2023

Como citar este artigo (ABNT)

VIEIRA, Rhian Vilar da Silva. O ensino de Microbiologia na Educação Básica: um relato de experiência na interface escola-universidade. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 21, 6 de junho de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/20/o-ensino-de-microbiologia-na-educacao-basica-um-relato-de-experiencia-na-interface-escola-universidade

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