Uma gestão democrática e dinâmica com planejamento continuado

Jefferson Castro de Moura

Mestrando em Ciências da Educação (World Ecumenical University), servidor público municipal

Sabemos que uma gestão democrática e transparente, dentro de um ambiente escolar, transforma a convivência das pessoas. O tema escolhido tem favorecido o esclarecimento sobre a proposta de uma gestão democrática e transparente, dando a capacidade de compreensão e de entendimento às pessoas da comunidade sobre o que é gerir uma instituição.

Um bom gestor escolar sempre possibilita um aprendizado de luta e participação nas decisões, observando as respostas junto à comunidade. Assim, há o entendimento em participar e em assumir responsabilidades frente à escola, tendo em vista que o trabalho com humildade e uma gestão transparente, traz benefícios à repartição (pública ou privada) dentro do contexto social.  

A gestão democrática desenvolve pontos positivos, quando dinâmica e planejada por formações continuadas, executando políticas públicas dentro da escola. Também o planejamento e a organização pedagógica, com o apoio de todos, permitem atingir os objetivos da gestão.

Entendendo as adversidades próprias da gestão, podemos entender que a função do gestor não é só burocrática e administrativa, mas social, pois precisa relacionar-se com a equipe docente e os responsáveis com comprometimento, entusiasmo e harmonia, conhecendo a realidade da escola.   

Havendo essa necessidade do trabalho em equipe, podemos salientar que algumas pessoas mostram uma postura de liderança frente aos impedimentos e os problemas encontrados. Esses estão mais preparados para assumirem posições gestoras na sociedade, buscando soluções às indagações que possam encontrar, tendo em vista que são indivíduos propensos a fazer um trabalho relevante na instituição, mostrando ações e princípios em suas diversas formas de trabalho.  Desse modo, o gestor colabora para realizar a sua função, focando no objetivo educacional maior: assegurar uma educação de qualidade aos estudantes.

A gestão, portanto, propicia novas ações e novos projetos que visam mostrar formas diferentes de ensinar, inovando as propostas pedagógicas e administrativas e compreendendo suas competências para identificar situações de conflito, auxiliando na tomada de decisões.

Prática da qualidade refere-se, pois, à competência inovadora e humanizadora de um sujeito histórico formalmente preparado. Manejar e produzir conhecimento são a força inovadora primordial, que decide mais que outros fatores, cidadania e competitividade. Resumimos esse desafio na competência construtiva e participativa. Educação é o suporte essencial, porque no lado formal, instrumentaliza a pessoa com a habilidade crucial de manejar a arma mais potente de combate que é o conhecimento e, no lado político, alimenta-se a cidadania (Demo, 1995, p. 47).

Nesse contexto, para detectar dificuldades escolares, mudanças precisam acontecer a fim de aperfeiçoar as políticas de aprendizagem e de ensino. Verificamos que, a cada dia, aprimoramos os nossos conhecimentos sobre situações que precisam de ajustes, a partir de capacitações e formações necessárias. Com isso é fundamental que estejamos abertos à mudança para alcançar os objetivos, mostrando claramente o quanto podemos melhorar. 

A finalidade em realizar uma gestão democrática é abrir-se à oportunidade da discussão e dos questionamentos sobre assuntos que apontam para ideias construídas no coletivo e para atividades que tem por objetivo a obtenção de resultados importantes ao ensino.

Assim, podemos afirmar que a gestão democrática nasce dessa construção de conhecimento coletivo, a partir da qual o gestor possibilita um ambiente harmonioso e a transparência em suas atitudes, auxiliando na práxis pedagógica e procurando solucionar, junto com os demais atores participantes da escola, as questões que venham a surgir nesse ambiente.

Todos reconhecem que para obtermos resultados positivos na escola, a gestão deve ter condições de estimular os funcionários e a comunidade, envolvendo-os como potência de trabalho.

Fundamentação teórica: gestão democrática

A gestão democrática desenvolve pontos positivos dentro da proposta de uma gestão planejada e conjunta, com formação continuada para executar as políticas públicas dentro da escola, com planejamento e organização pedagógica, principalmente, com o apoio do pedagógico, eixo indispensável para se atingir os objetivos da gestão.

Assim, uma gestão democrática e transparente, dentro de um ambiente escolar, transforma a convivência das pessoas que passam a atuar de forma crítica sobre o seu entorno, possibilitando maior participação da comunidade e ganhos na área da aprendizagem.

A gestão democrática exige a compreensão em profundidade dos problemas postos pela prática pedagógica. Ela visa romper com a separação entre concepção e execução, entre o pensar e o fazer, entre a teoria e a prática. Busca resgatar o controle do processo e do produto do trabalho pelos educadores (Veiga, 1997, p. 18).

Considerando que uma gestão democrática tem como ponto inicial a valorização do pensamento e das convicções de todos os participantes da escola, visando uma educação de qualidade, como previsto no Art. 206, inciso VI da Constituição Federal Brasileira, entendemos que a “gestão democrática do ensino público, na forma da lei” é uma forma de participar de tudo que está relacionado à escola, pois o papel efetivo do gestor liga a administração ao planejamento pedagógico.

O gestor escolar tem de se conscientizar de que ele, sozinho, não pode administrar todos os problemas da escola. O caminho é a descentralização, isto é, o compartilhamento de responsabilidades com alunos, pais, professores e funcionários. O que se chama de gestão democrática onde todos os atores envolvidos no processo participam das decisões. Uma vez tomada, tratam-se as decisões coletivas; é preciso pô-las em práticas. Para isso, a escola deve estar bem coordenada e administrada.

Não queremos dizer com isso que o sucesso da escola reside unicamente na pessoa do gestor ou em uma estrutura administrativa autocrática na qual ele centraliza todas as decisões. Ao contrário, trata-se de entender o papel do gestor como líder cooperativo, o de alguém que consegue aglutinar as aspirações, os desejos, as expectativas da comunidade escolar e articular a adesão e a participação de todos os segmentos da escola na gestão em um projeto comum. “O diretor não pode ater-se apenas às questões administrativas. Como dirigente, cabe-lhe ter uma visão de conjunto e uma atuação que apreenda a escola em seus aspectos pedagógicos, administrativos, financeiros e culturais” (Libâneo, 2005, p. 332).

A gestão democrática enfrenta obstáculos, conflitos e dificuldades do cotidiano, por isso a necessidade de se formar gestores preparados para descentralizar o poder, incentivando a participação da coletividade nos objetivos que ela deseja alcançar. Essa é a inovação da gestão democrática. Para tanto, é fundamental a roda de conversa. Ela desenvolve o diálogo entre os pares e possibilita a inclusão dos funcionários, suas ideias e inovações.   

Diálogo e desenvolvimento escolar

É necessário que a equipe tenha a compreensão da importância de todos os elementos escolares como sujeitos políticos e sociais. Como ponto de partida, precisa-se de uma gestão que priorize a democracia.

Assim, percebemos que a gestão democrática vai mais adiante de um processo educativo, destacando a contribuição de todos, produzindo um ambiente educacional onde as pessoas vejam significado no que estão fazendo e se reconheçam como parte dele. O desafio da gestão democrática é fazer com que todos que estão no ambiente escolar respondam às propostas da escola e se sintam pertencentes a ela. Isso fortalece um trabalho mais participativo e equitativo.        

Essa qualidade gestora se inicia com a participação de toda comunidade escolar: familiares, pais dos alunos, professores, associações etc. Mas como a participação de cada um deve ser voluntária, há de se ter estímulos. No projeto político pedagógico, construído a várias mãos, a escola define seus objetivos e metas, assim como a sua organização e forma de gestão.

Nesse contexto, a participação de todos na deliberação de sugestões e proposições para um melhor funcionamento da escola, leva a unidade a um fazer transparente e a uma comunicação clara e objetiva.  

O diálogo não é uma situação na qual podemos fazer tudo o que queremos. Isto é, ele tem limites e contradições que condicionam o que podemos fazer... Para alcançar os objetivos de transformação, o diálogo implica em responsabilidade, direcionamento, determinação, disciplina, objetivos (Freire; Shor, 1987, p. 127).

A cultura do diálogo faz com que tudo se inove, visando desenvolver a interação e a comunicação cujo objetivo é abrir caminhos para alcançar os resultados esperados.

Assim, por meio das rodas de conversa, possibilita-se a troca de experiências e de conhecimentos, promovendo a interação continuada, que beneficia de modo natural a troca e a partilha dentro e fora da escola.

Considerações finais

A pesquisa defende uma gestão realizada por meio de processo democrático, procurando uma educação qualificada e com a participação de todos os agentes do ambiente escolar.

Com isso, a estrutura organizacional das escolas tem como princípio o trabalho coletivo dos envolvidos, agindo em prol de uma educação mais qualificada, mais participativa e continuada. O gestor é essencial nesse processo democrático, como mediador das ações realizadas pela escola.

Dessa forma a escola não pode funcionar de forma isolada, mas estimular que toda a comunidade escolar participe como corpo da escola, sendo o gestor o representante dela. O gestor precisa ter tanto o conhecimento administrativo como pedagógico.

Referências

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GRACINHO, Regina Vinhaes. Gestão democrática nos sistemas e na escola. Brasília: Universidade de Brasília, 2007.

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VYGOTSKY, L. S.Uma perspectiva histórico-cultural da Educação. Petrópolis: Vozes, 1987.

Publicado em 13 de junho de 2023

Como citar este artigo (ABNT)

MOURA, Jefferson Castro de. Uma gestão democrática e dinâmica com planejamento continuado. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 22, 13 de junho de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/22/uma-gestao-democratica-e-dinamica-com-planejamento-continuado

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