Telecurso 2000 e Se Liga no Enem: uma análise comparativa de vídeos educativos em Biologia
Rhian Vilar da Silva Vieira
Mestre em Biologia Animal e doutorando em Genética e Biologia Molecular (UFRGS)
Os desafios impostos pela pandemia da covid-19 afetaram diretamente as atividades presenciais em todos os âmbitos da sociedade, o que inclui o processo educativo e os modelos metodológicos de ensino adotados (Silva et al., 2020; Santos et al., 2022; Tomás et al., 2022; Vieira, 2023). Sendo assim, plataformas EaD e aulas gravadas foram utilizadas como método de ensino à distância. No entanto, os desafios postos diante dessas metodologias têm sido cada vez mais discutidos, partindo da caracterização dos modelos de ensino e de seus comportamentos frente a novos meios técnicos, assim como, em medida de seu impacto e relevância social, das capacidades de acessibilidade e dos níveis de compreensão que proporcionam aos diversos atores envolvidos (Silva et al., 2020; Santos et al., 2022; Tomás et al., 2022).
O processo de ensino-aprendizagem cada vez mais tem se apropriado das ferramentas de tecnologias de comunicação e informação (TIC), em especial dos recursos audiovisuais, considerando a portabilidade, a multiplicidade de linguagens e o impacto dos meios de comunicação no cotidiano (Magarão et al., 2012). Dessa forma, torna-se estratégico que esse recurso didático seja utilizado como forma de apoio ao professor, atraindo a atenção dos alunos e fornecendo uma alternativa às aulas expositivas tradicionais, quando o professor detém o conhecimento e apenas repassa aos alunos as informações por meio da fala (Matos; Silva, 2013).
Segundo Moran (1994), o conhecimento visual tem potencial para auxiliar a compreensão do que não se representa de forma física ou é difícil de executar, simulando a presença de algo distante. Levando em consideração que a Biologia é uma disciplina que demanda a abstração é necessário empregar recursos didáticos que auxiliem na superação de uma transmissão monótona, passiva e conteudista, mas que seja integrativa de currículos e habilidades formativas voltadas à realidade dos alunos.
Ao trabalhar conjuntamente na difusão de informações, as TIC cumprem uma função educacional, além de serem atrativas e despertarem a atenção do público, aliando o entretenimento ao conhecimento de forma fluída e objetiva, considerando a rapidez de uma sociedade cada vez mais informatizada e unida à revolução tecnológica. Tem-se, desse modo, como exemplos audiovisuais, a televisão, o cinema e o vídeo. Este último, em especial, é altamente interativo, permitindo a abstração com a exemplificação, ao passo que aproxima o conteúdo dos alunos, inserindo-os no cotidiano por abarcar uma multiplicidade de linguagens vivenciadas não só por eles, mas também por seus professores, pais e comunidade em geral.
O vídeo, muito além de um transmissor de imagens (Almeida et al., 2009), é um recurso que sensibiliza, mobiliza e constrói percepções críticas por meio de uma linguagem mais acessível (Arroio; Giordan, 2006). Também permite acessar dimensões microscópicas e abstratas que permeiam a Biologia e são distantes da realidade dos alunos. Além disso, a praticidade e a possibilidade de rever, pausar, pesquisar e adaptar o conteúdo ao ritmo do aluno, sem prejuízo à sua aprendizagem, é fator importante a se considerar.
No entanto, isso não significa que o seu uso indiscriminado e exagerado, em substituição ao professor (com as problematizações que ele provoca), não possa vir a ter efeito negativo sobre a aprendizagem (Moran, 1995), distorcendo os objetivos da aula (Gomes, 2013). Sendo assim é necessário que sejam realizadas explicações prévias e/ou posteriores que associem os vídeos ao contexto proposto nas aulas (Magarão et al., 2012; Matos; Silva, 2013).
Em geral, a incorporação do vídeo como ferramenta de aprendizagem nas escolas ainda é relativamente recente (Almeida et al., 2009), não sendo um recurso pedagógico rotineiro por dificuldades relativas à incorporação no planejamento pedagógico curricular, assim como a própria dificuldade técnica e estrutural que se enfrenta junto à não disponibilização de equipamentos e espaços adequados (Vicentini; Domingues, 2008). Como observa Belloni (2001), os vídeos devem possuir duas dimensões fundamentais: as ferramentas pedagógicas ricas e de fácil compreensão, entendidas como aquelas que permitem a expansão do ensino e o objeto de estudo complexo e multifacetado, dotado de potencial aglutinador e mobilizador.
O projeto Telecurso 2000 é um método educacional que visa a contextualização multidisciplinar de temas que fornecem embasamento para uma formação dedicada ao mundo do trabalho, intermediada por valências, como a educação a distância no uso de os multimeios, tais como, TV, vídeo, material impresso, monitoria, prática de oficina (Micheloto, 2006). A sua idealização reside na cocriação mediada pela parceria entre a Federação das Indústrias do Estado De São Paulo (Fiesp), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/SP), a Fundação Roberto Marinho (FRM) e o Serviço Social da Indústria (SESI/SP).
Os seus segmentos podem ser compreendidos em dois eixos principais: o ensino contextualizado de um currículo relevante para o mundo do trabalho e a constituição e desenvolvimento de um conjunto de habilidades básicas mediante um pensamento crítico, interativo e aproximado das mais diversas realidades brasileiras.
Segundo Micheloto (2006), a ideia central do Telecurso 2000 pode ser compreendida no fato de que seus conteúdos são escolhidos, construídos e pensados para serem repassados a partir de uma abordagem contextualizada. Trata-se de uma ponte entre um conteúdo programático e o cotidiano dos discentes, na qual elencamos as principais habilidades a serem desenvolvidas:
- Capacidade de organizar o pensamento,
- Estimular a leitura e interpretação dos resultados, a fim de construir uma conclusão embasada no aprendizado construído ao longo da aula,
- Capacidade de interagir o conhecimento com atitudes éticas e baseadas em princípios da cidadania e do bem-estar, e
- Conhecimento analítico, de forma que o futuro trabalhador estimule princípios de lógica e resolução de problemas, estimulando a autonomia, organização e gestão do processo de trabalho.
Uma das ferramentas utilizadas pelo Governo do Estado da Paraíba é o Se Liga no Enem, que consiste em uma plataforma que proporciona um espaço para revisões, práticas laboratoriais, oficinas, atividades culturais e trocas de experiências para os alunos se preparem para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Com início em 2018, já ocorreram 17 edições, em sete gerências regionais envolvendo cinco mil alunos (Paraíba, 2020). Apenas em 2019, o Se Liga no Enem se tornou um programa com cerca de 1.050 aulas para ensino a distância (EAD), com polos de acompanhamento nas catorze gerências regionais. No contexto da pandemia da covid-19, o Governo do Estado propõe o Se Liga no Enem, totalmente online, articulado com as formações remotas desenvolvidas pela SEECT/PB no âmbito do Regime Especial de Ensino, por meio da oferta do curso de preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio no uso de plataformas digitais.
Ainda é oferecido um curso de revisão dos conteúdos, das habilidades e das competências exigidas para o Enem 2020 aos estudantes que estão cursando a 3ª série do Ensino Médio e egressos da Rede Estadual de Ensino. As aulas ocorrem em ambiente virtual, por meio da plataforma Google Classroom. Além disso, recursos como videoaulas, textos em PDF, atividades, simulados on-line, podcasts, acompanhamento das propostas de redação e estudo orientado de acordo com as áreas do conhecimento disponíveis na matriz do Enem, serão ofertados.
Isso posto, o objetivo principal deste trabalho foi assistir e analisar criticamente aulas gravadas do Telecurso 2000 e do Se Liga no Enem, tendo como base suas estruturas, abordagens e contextualizações, levando em consideração as recomendações preconizadas pela BNCC em termos de habilidades e competências.
A opção de realizar este trabalho, além de levar em consideração o contexto atípico da pandemia, associa-se a um mergulho na experiência de compreender como ocorre a construção de um espaço de aprendizagem em contexto remoto com aulas assíncronas. O intuito é focar nas metodologias e nas contextualizações, observando se elas favorecem a construção do processo educativo quando mediadas pela sustentação pedagógica e pela técnica de seus conteúdos. Em última esfera, esta proposta inclui perceber quais possíveis sentidos podem ser atribuídos e despertados nos discentes.
Observando e analisando as aulas com aplicação da Ficha de Indicadores para Avaliação de Aulas
Previamente foram selecionadas 30 aulas gravadas em vídeo e disponibilizadas gratuitamente na internet (Anexo 1), divididas em dez aulas do Telecurso Ensino Fundamental (Ciências), dez aulas do Telecurso Ensino Médio e dez aulas do Se Liga no Enem, abordando temáticas do Ensino Fundamental e Médio.
Para realizar a observação e a análise ordenada, adaptamos a Ficha de Indicadores para Avaliação de Aulas (FIAA), desenvolvida por Smania-Marques (2017). O objetivo da FIAA (Anexo 2) é traçar orientações de como avaliar o tipo de comunicação e as interações proporcionadas durante a regência de um docente. Nesse caso, utilizamos a sua base indutora e propositora para analisar os conteúdos nos materiais videográficos, produzidos pelo Telecurso 2000 e pelo Se Liga no Enem.
Para isso, adaptamos a Ficha de Indicadores para Avaliação de Aulas (FIAA) de Smania (2017) que, como a própria autora menciona, permite um mapeamento preciso do desempenho e da ação docente (nesse caso dos contextos propiciados nas aulas analisadas) no decorrer da aula, pelas ações codificadas em passos que são enumerados progressivamente desde o início, passando pelo decorrer do seu desenvolvimento.
Análise de dados
Neste trabalho utilizou-se a pesquisa direta e o método descritivo para desenvolver um estudo do tipo descritivo/comparativo, considerando o que foi observado, utilizando a FIAA e observações qualitativas (Aires, 2011; Smania-Marques, 2017). Segundo Oliveira (1997), esse método permite realizar uma síntese, colocando a pesquisa qualitativa como descritora da complexidade de uma determinada hipótese ou problema, classificando processos dinâmicos e permitindo a interpretação das particularidades dos comportamentos e das atitudes dos indivíduos. A FIAA desenvolvida por Smania-Marques (2017), tem o objetivo de gerar observações a partir da indução gerada pela regência, por meio de seus diferentes procedimentos e estratégias no desenvolvimento de competências, construindo um perfil de desempenho da práxis docente, aplicada à aula e ao conteúdo ministrado, considerando-se as interações, as provocações e as contextualizações propiciadas aos discentes.
No entanto, a ficha foi modificada para a análise de videoaulas. Uma dessas alterações faz menção à inclusão mais objetiva para analisar o desenvolvimento das competências da BNCC. Além disso, a FIAA permite que sejam estabelecidos indicadores do progresso e andamento da aula até a sua conclusão, considerando a coerência das temáticas tratadas e a coesão com a metodologia aplicada, nos eixos fundamentais como indicadores: o desenvolvimento e a progressão lógica da aula e as metodologias gerais na condução da aula.
A FIAA é estruturada para análise esquematizada:
- A fase inicial da aula é analisada por meio do método indutor que é aplicado, como através de perguntas ou da contextualização que propicia a reflexão de problemas específicos,
- A segunda fase consiste no desenvolvimento da aula, como são realizadas as abstrações aliadas aos conceitos, sejam elas propiciadas por meio de analogias, vídeos, imagens, tabelas ou gráficos, e
- Condução ao término na aula, ou seja, o percurso metodológico que permite relacionar todos os conteúdos apresentados de forma que sejam contemplados de forma interconexa, levando em consideração as motivações e os objetivos do regente, assim como os discursos construídos por ele e pelos alunos, tendo como base a aula ministrada.
Resultados
Foram analisadas 30 aulas, 10 aulas do Telecurso Ensino Fundamental (Ciências), 10 aulas do Telecurso Ensino Médio e 10 aulas do Se Liga no Enem, focadas na disciplina de Biologia (Anexo 2), totalizando 397,1 minutos (Tabela 1).
Tabela 1: Somatório de minutos dedicados a cada sequência de dez aulas analisadas
Telecurso Ciências |
Telecurso Biologia |
Se Liga no Enem |
Média |
137,9 minutos |
127,1 minutos |
132,1 minutos |
13,2 minutos |
No primeiro quesito da FIAA, no qual é analisado o início da aula (Figura 1), é possível observar uma distinção clara no tópico “Contextualização/conta uma história/exemplifica uma situação”. Destaca-se, em especial, no Telecurso Ciência (TC), um nível elevado de exemplificações embasadas na relação assunto-cotidiano. Havendo queda média, quando comparado ao Telecurso Biologia (TB), mas muito proeminente quando comparado ao Se Liga no Enem (SE). Outro destaque está relacionado ao nível de problematizações que segue com destaque para o TC, em comparação a utilização nula desse tipo de abordagem no SE, o que segue ocorrendo no quesito “Tempo destinado à reflexão sobre o problema apresentado”.
Figura 1: Análise do início da aula
TC = Telecurso Ciências. TB = Telecurso Biologia. SE = Se liga no Enem.
Quanto à análise da apresentação de conteúdo (Figura 2), os temas de “Exemplos do cotidiano ou científicos”, “Uso de vídeo e imagem para ilustrar o conteúdo” e “Texto para leitura do aluno” mostraram proximidade entre TC, TB e SE, correspondendo a um recurso geral utilizado no contexto das aulas. Entretanto, a contextualização abordada pelo TC é mais ampla e de linguagem simplificada, quando comparada ao SE que apresenta, também, menor uso de imagens ao longo de seus vídeos.
Figura 2: Análise da apresentação de conteúdo
A finalização das aulas (os tópicos), “não conclui a aula sem desfecho”, “sondagem” e “faz um resumo da aula”, apresentaram convergências quando observamos TC e TB no aspecto de construção de um caminho lógico que conduz a um final reflexivo. Contudo, há uma divergência profunda quando comparados com a SE que, em geral, apresenta o assunto e encerra a discussão quando o objetivo de temas a serem abordados na aula são cumpridos (Figura 3).
Figura 3: Análise da conclusão da aula
A análise da figura do docente nas aulas gravadas demonstrou que os professores têm motivação durante a discussão dos conteúdos, utilizando uma fala pausada, clara e objetiva dentro das regras da gramática. No entanto, vícios de linguagem são mais proeminentes em SE, em especial: “né”, “exatamente”, “e assim”, “então”, “enfim” (Tabela 5). Como observado anteriormente, a conclusão da aula em SE não segue uma sequência lógica, mas conteudista. Dessa forma, pode haver desconexão entre o começo, o meio e o fim das aulas, o que é refletido na FIAA (Figuras 2, 3 e 4).
Figura 4: Análise sobre o professor
As competências desenvolvidas com base na BNCC são relativamente atingidas com propriedade, embora demonstrem uma oscilação elevada mediante o assunto abordado, em especial entre aqueles que demandam abstração, tais como Genética e Evolução. Em relação a esses temas, podem ser altamente problemáticos (Figura 5). Em especial, a “Utilização de diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas das ciências da natureza de forma crítica, significativa, reflexiva e ética” apresenta uma deficiência proeminente.
Figura 5: Análise do desenvolvimento de competências
As perguntas indutoras foram enfaticamente um dos principais recursos apresentados nas aulas de TC e TB (Quadro 1), contrariamente às aulas do SE, que seguem uma organização que não privilegia as situações problemas, se dedicando mais à exposição dos conteúdos e à revisão. A situação-problema deve ser aberta e, como fio condutor, não deve simplesmente dirigir as possibilidades de resposta, mas ser resolvida a partir do levantamento de hipóteses, para testes que as confirmem ou as refute, e assim sua ausência pode comprometer a eficiência da aula, aumentando o seu grau de dificuldade.
Quadro 1: Exemplos que são contextualizados por meio de situações problemas verificados no Telecurso Ciências e Biologia
Aula |
Telecurso Ciências - Situação-problema |
1 |
Quais as razões para se estudar ciências? É possível aprender ciências em uma lanchonete? |
2 |
Qual a origem, onde tudo começou? Qual o processo que leva os alimentos a estragarem? Você já teve infecção alimentar? |
3 |
Como é o fundo do mar? O que você acredita que existe no fundo do mar? |
4 |
Você já viu como é tratada a água que chega na sua casa? Como funciona uma estação de tratamento? O que é e como acontece o parasitismo e a cooperação? |
5 |
O que ocorre se combinarmos os metais com elementos não metais? O que é e quais fenômenos estão envolvidos no processo de soldagem? |
6 |
Por que os cabos de panela são feitos de plástico ou de madeira e não de outros materiais mais resistentes? Como funcionam as geladeiras? O que é isolamento térmico? |
7 |
Como são eliminadas as substâncias do corpo humano? Como se se formam os pelos e as unhas? |
8 |
Como se produz a energia elétrica? Como funciona uma usina? Como a energia elétrica chega em nossa casa? |
9 |
Quais as principais diferenças entre o Cerrado e Caatinga? Como funciona a ciclagem de energia? |
10 |
Quais as partes compõem um vegetal? Como é feita a classificação sistemática dos vegetais? |
Telecurso Biologia - Situações-problema |
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1 |
Como as vacinas funcionam? Como afetam o organismo humano? Por que precisamos tomar vacina? |
2 |
Por que as novas gerações estão com menos dentes que as gerações anteriores? Quais os processos evolutivos responsáveis por isso? O que é evolução? |
3 |
Por que não somos iguais aos nossos pais? O que são mutações? |
4 |
O que é um ecossistema? O que é bioma do mangue? Como ele pode sustentar as espécies? |
5 |
Como a poluição afeta a vida do mar? Quais as implicações para a vida e saúde humana? |
6 |
Como produzimos insulina? O que são RNA? Quais os tipos de RNA? |
7 |
Como os seres vivos estão classificados? Como é organizada a nomenclatura dos seres vivos? |
8 |
Por que as plantas precisam de luz? Como acontece a fotossíntese? |
9 |
Quem são os decompositores? Como atuam? Quais os seus papéis na ciclagem de nutrientes? |
10 |
Até quando uma população pode crescer? Há um limite de crescimento? |
Discussão
O Telecurso 2000 é um projeto de educação a distância direcionado à formação para o mundo do trabalho, ou seja, seu objetivo é atingir os operários brasileiros, elevando seu nível educacional, pois estão afetados pela precarização e pela alta demanda de jornadas de serviço que impossibilitam o foco exclusivo no estudo regular.
Ao analisar as aulas do TC e TB, observamos que os vídeos reproduzem para além do conteúdo de forma clara e simplificada, colocando as dúvidas comuns a diversos círculos sociais, não há apenas a reprodução de situações cotidianas, mas também a “produção” de formas de ser e estar no mundo, permitidas quando há a compreensão dos fenômenos que ocorrem no entorno.
A aprendizagem de distintas formas de ser e estar no mundo, ou de interpretá-lo, tem um enorme potencial em captar a atenção dos discentes, em especial pela linguagem simples e descontraída, quando mediada por conversas em lugares comuns às vivências da maioria da população brasileira, como lanchonetes e bares. Trata-se de um aprendizado contínuo e mais próximo do que o discente pode imaginar.
Esse padrão é distinto do observado no Se Liga no Enem, já que nesse formato, o professor previamente segue uma sequência conteudista de cumprir uma sequência de temas planejados, em tom de revisão, sem relacioná-los com o cotidiano dos alunos. Aparentemente, a metodologia do Se Liga no Enem, ao se dedicar com afinco às temáticas do Enem, demanda que o discente possua conhecimento prévio sobre os assuntos abordados, podendo tornar-se complexo para os alunos que têm defasagens em determinadas disciplinas, ocasionando a desistência dos estudos.
Portanto, a sua ótica é "bancária", demonstrando uma relação top-down, ou seja, o professor deposita o conhecimento no aluno como se ele fosse um banco receptivo, mesmo que desconheça a que profundidade o conhecimento dele está fixado. Na educação libertadora ou problematizadora, o estímulo à participação do discente é ativa e fundamental, em especial para constituir as abstrações que promovem o questionamento a respeito da realidade.
Na prática, o professor promove diálogo, promove as situações-problema (que desencadeiam debates e aproximam o mundo teórico do dia a dia dos alunos). Aqui, essa metodologia se aproxima do Telecurso 2000. Embora façamos clara ressalva ao método, ele não exclui a influência neoliberal pujante do modelo educativo do telecurso. É inegável o fato de que épocas distintas conversam de forma diferente, quando comparamos o Telecurso 2000 com o Se Liga no Enem. O primeiro, na virada do século, inspirado no balanço entre educação democrática e modelo neoliberal, emerge no seio do desenvolvimento de uma educação neoprodutivista, inspirada na ascensão da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996. Assim, não despreza a socialização do saber sistematizado, por saber do “custo” ao processo educativo e ao próprio mercado, do atraso social e econômico que coexiste junto aos problemas educacionais. Já o Se Liga no Enem, em sua contemporaneidade, lida diretamente com a rapidez da informação, procurando objetividade temática e resumo dos assuntos. Momento em que o tempo é cada vez mais um recurso a ser explorado com parcimônia. Outra questão importante a se considerar é o público. O Se Liga no Enem conversa com alunos concluintes e egressos da rede de ensino do Estado da Paraíba. Dessa forma, inicia suas aulas de forma direta, baseando-se em conhecimentos já fundamentados. Dessa forma, a amplitude do público atingido torna-se mais reduzida, quando comparada à amplitude do público do telecurso.
O telecurso demonstra possuir proximidade com algo fundamental da BNCC, o desenvolvimento, pois preocupa-se com o percurso do indivíduo até o desenvolvimento de suas habilidades, não simplesmente anseia pela habilidade já constituída para funcionar como caminho metodológico e de regência, assim como identificamos no Se Liga no Enem. É necessário dizer que o Se Liga no Enem atende a um público, possuindo méritos por focar no exame fundamental de nível médio para superior, incentivando a autonomia dos discentes (embora possa conter elementos excludentes, devido ao desnível entre as camadas sociais que compõe as séries do Ensino Médio, refletindo no nível superior). Há um problema estrutural amplo que o Se Liga no Enem tenta atenuar, mas não o resolve, nem conseguiria resolvê-lo.
O grande ponto em que o Se Liga no Enem parece errar é não privilegiar a contextualização, já que a prova do Enem é inspirada e baseada na interpretação de textos, inclusive em suas questões técnicas, constituindo suas questões por meio de situações-problema. Assim, repetir um conteúdo e revisá-lo pode não ser o suficiente ao aluno, pois o caminho rápido e direto que leve à solução pode simplesmente inexistir. O professor, por isso, tem caráter fundamental no processo de conduzir o aluno a compreender em como usar a ferramenta do conhecimento prático, diante de um problema. O Telecurso propicia isso, inclusive quando realiza as revisões no final das suas aulas, mostrando as aplicabilidades.
É necessário mostrar o caminho e não apenas esperar que o aluno caminhe sozinho. Quando o professor não recepciona os conhecimentos alternativos, cotidianos e tradicionais, ele baseia sua aula em uma percepção única, distanciando-se do discente e tornando a sua aula cada vez mais pragmática. Isso é percebido no Se Liga no Enem. A Ficha de Avaliação de Aulas (FIAA) privilegia uma sequência lógica, focando em sua regência (início, apresentação de conteúdos e conclusão), mas também em seu avanço no conteúdo de forma correlacionada. Quando analisamos as narrativas, o telecurso o inicia por meio de problematizações ou com uma pergunta indutora. “Por que tomamos certas vacinas?”, “Por que sai uma fumaça da garrafa quando a abrimos em um bar?”, “Como trocar um botijão de gás?”, dentre outras questões. Há, assim, um roteiro de história que nos transporta até à conclusão e isso se reflete na avaliação da FIAA, pensando não só no fim, mas no percurso.
Ao focar na métrica conceitual, com definições sequenciadas de exemplos, o Se Liga no Enem pode tornar sua linguagem difícil e seus exemplos infrutíferos. Por outro lado, o telecurso gera perguntas (até mais de dez em apenas um minuto de vídeo), buscando a participação do público. O discente se vê no entrevistado, se vê naquela situação e a analogia é sentida e experienciada em conjunto, como vimos na seção "Vamos pensar um pouco". A dramaturgia do telecurso também é elaborada em lances de câmera e textos bem planejados. O Se Liga no Enem ainda carece de aperfeiçoamentos estruturais, pois observamos a presença de problemas básicos, tais como, no som que pode ser percebido pelos espectadores.
Com a pandemia, as aulas remotas assíncronas, a distância, são a tendência do momento para dar continuidade ao ano letivo em meio às restrições impostas pela pandemia da covid-19, correspondendo a uma ferramenta fundamental e a uma sequência de atividades. As aulas gravadas, como forma de aprendizado, propiciam benefícios: se inserir nesse contexto tecnológico e ter mais flexibilidade de escolher onde assistir as aulas, quando e como estudar. Esse formato permite o desenvolvimento de determinadas habilidades que podem se tornar um diferencial no mercado de trabalho, como a autonomia e a autogestão. Definindo seu planejamento de interações com as plataformas e com os vídeos, os conteúdos ficam à disposição do aluno para que acesse quantas vezes desejar e faça as revisões quando for necessário.
O ponto negativo das aulas gravadas é a falta de interação. Embora o aluno possa assistir a lição gravada quantas vezes quiser, o professor não está lá para fornecer feedback ou responder as dúvidas imediatas. Ou seja, o papel do método empregado é de fato impactante no aprendizado, na fixação e na continuidade do processo de aprendizagem. Sendo assim, o Se Liga no Enem tem muito a ganhar adotando a sensibilização prévia ao conteúdo, utilizando e ofertando o máximo de suas plataformas interativas. Distanciando do ensino-palestra, torna-se cansativo, desmotivador, pouco capaz de identificar grandes qualidades e deficiências de cada educando. É necessário interagir e saber se quem está do outro lado da tela tem as mesmas dúvidas. É possível. O grau de dificuldade do Se Liga no Enem poderia ser trabalhado em fases progressivas e não apenas em formato de revisão, quando o aluno as concluir terá espaço para desenvolver-se progressivamente, aprofundando sequencialmente o conteúdo. A plataforma tem potencial e certamente com ajustes propiciará a atenuação de problemáticas educacionais. No entanto, também é necessário subsidiar materiais extras e outros recursos de apoio, tornando as videoaulas mais uma dentre as ferramentas utilizadas e não a principal.
Considerações finais
O estágio realizado propiciou o estímulo ao processo de análise e de observação metodológica. O foco foi desenvolver a capacidade de enxergar como os procedimentos influenciam no andamento e na construção de uma aula, das necessidades de pensá-los como um caminho de começo, meio e fim, não apenas pela ótica da regente, mas pelas hipóteses do discente, como seria recepcionada e se atingiria os objetivos propostos, desenvolvendo habilidades e competências.
Diante do contexto pandêmico, pudemos extrair discussões acerca da BNCC e seus impactos no Ensino Fundamental e Médio, abarcando mudanças extremamente atuais, como a implantação do Novo Ensino Médio. Ao discutir o que são competências e habilidades, compreendemos que elas são objetos de estudo contínuo para uma maior compreensão e utilização concreta, como percursos que fundamentam a constituição do saber.
Por fim, as metodologias de ensino demonstraram serem fundamentais no progresso da regência, como exemplificado no preenchimento da FIAA. Assim, analisamos cada passo e construímos o sentido lógico por meio da ótica de quem criou aquela aula, ou seja, percebemos quão fundamental é preencher os espaços, aperfeiçoar os detalhes e os desvios inerentes às problemáticas do ensino brasileiro, por meio da aproximação e da contextualização, não ignorando as diferenças e as desigualdades, mas descobrindo-se no outro. Com esse outro, aprender sem subestimar, sofrer e auxiliar, mas sobretudo, lutar e combater.
Referências
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BELLONI, M. L. O que é mídia-educação. Campinas: Autores Associados, 2001.
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Anexo 1: Lista de aulas gravadas analisadas
Telecurso 2000 - Ciências |
Telecurso Biologia |
Se Liga no Enem |
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1 |
Aula 1 - Por dentro da Ciência https://www.youtube.com/watch?v=Pb8WMtCokIg&list=PL3qONjKuaO2Qp6Fj-lewFhCr6z6hUNDJh&index=1 |
Aula 03 - Dia de vacinação https://www.youtube.com/watch?v=baOVy0xGeb8&list=PL3qONjKuaO2QJ0yIYQMd4jUybuyH8Vqva&index=3 |
Semana 11 - Juliana - Especiação https://www.youtube.com/watch?v=rv3xqqUPeiQ&list=PL18fQaCJyjpkDC2jkT3U71QySWT_5Gy_J&index=3 |
2 |
Aula 2 - A origem da vida https://www.youtube.com/watch?v=2kS-1Kz7qPs&list=PL3qONjKuaO2Qp6Fj-lewFhCr6z6hUNDJh&index=8 |
Aula 50 - A evolução das espécies https://www.youtube.com/watch?v=9tQnRUHO7PE&list=PL3qONjKuaO2QJ0yIYQMd4jUybuyH8Vqva&index=50 |
Semana 5 - Juliana - Sucessão ecológica https://www.youtube.com/watch?v=oX-hMQ_85YU&list=PL18fQaCJyjplgizMpPJyMNFR23dRPK981&index=3 |
3 |
Aula 3 - O mar https://www.youtube.com/watch?v=4cWHLHm9pJ4&list=PL3qONjKuaO2Qp6Fj-lewFhCr6z6hUNDJh&index=21 |
Aula 33 - Perpetuando a espécie https://www.youtube.com/watch?v=YAgiUTxO5g8&list=PL3qONjKuaO2QJ0yIYQMd4jUybuyH8Vqva&index=33 |
Semana 8 - Juliana - Mutações e recombinação https://www.youtube.com/watch?v=zHPtNb7KRkY&list=PL18fQaCJyjpkAYqyXtUPWd1lx6cI-7dJi&index=7 |
4 |
Aula 4 - Parcerias animais https://www.youtube.com/watch?v=wzz1KeZjKSI&list=PL3qONjKuaO2Qp6Fj-lewFhCr6z6hUNDJh&index=25 |
Aula 41 - O manguezal https://www.youtube.com/watch?v=UXjwQxz8nIE&list=PL3qONjKuaO2QJ0yIYQMd4jUybuyH8Vqva&index=41 |
Semana 3 - Juliana - Poluição do ar https://www.youtube.com/watch?v=IkdKm0OEYtc&list=PL18fQaCJyjpmM3KORAsU147nwmlmpB0rB&index=10 |
5 |
Aula 5 - Elementos químicos https://www.youtube.com/watch?v=hEt468hgCmo&list=PL3qONjKuaO2Qp6Fj-lewFhCr6z6hUNDJh&index=13 |
Aula 42 - O mar está morrendo https://www.youtube.com/watch?v=79G90S6w_yY&list=PL3qONjKuaO2QJ0yIYQMd4jUybuyH8Vqva&index=42 |
Semana 7 - Juliana - Biotecnologia e Engenharia Genética https://www.youtube.com/watch?v=z5Jtb4KwVQc&list=PL18fQaCJyjpmOHKk6ZpaVsfnnNsHSOyt6&index=2 |
6 |
Aula 6 - A Química na cozinha https://www.youtube.com/watch?v=r58NthPJFms&list=PL3qONjKuaO2Qp6Fj-lewFhCr6z6hUNDJh&index=48 |
Aula 48 - Como produzimos insulina? https://www.youtube.com/watch?v=DE0FgG-d8Vg&list=PL3qONjKuaO2QJ0yIYQMd4jUybuyH8Vqva&index=48 |
Semana 2 - Juliana - Ciclos biogeoquímicos https://www.youtube.com/watch?v=OOwrMZ10vfc&list=PL18fQaCJyjpni_FI9_ut-0miqg-fLLLvL |
7 |
Aula 7 - Trânsito de substâncias no corpo https://www.youtube.com/watch?v=Quqdht_HeZw&list=PL3qONjKuaO2Qp6Fj-lewFhCr6z6hUNDJh&index=61 |
Aula 23 - Classificando os seres vivos https://www.youtube.com/watch?v=qzxRCAMB-gk&list=PL3qONjKuaO2QJ0yIYQMd4jUybuyH8Vqva&index=23 |
Semana 1 - Juliana - Poluição do ar e das águas https://www.youtube.com/watch?v=lT2iXS49wSk&list=PL18fQaCJyjpnZaW91ovO6lfPkjgVbOduD&index=8 |
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Aula 8 - Produção de energia elétrica https://www.youtube.com/watch?v=4Yu3OJ_UBJc&list=PL3qONjKuaO2Qp6Fj-lewFhCr6z6hUNDJh&index=43 |
28 - Por que as plantas precisam da luz? https://www.youtube.com/watch?v=hFyWAKv1MHw&list=PL3qONjKuaO2QJ0yIYQMd4jUybuyH8Vqva&index=28 |
Semana 4 - Juliana - Doenças de veiculação hídrica https://www.youtube.com/watch?v=qq5sGPh3cME&list=PL18fQaCJyjplIhSoEJG8kzeYRCPtfSPKf&index=11 |
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Aula 9 - Cerrado e caatinga https://www.youtube.com/watch?v=UP4yUW8R3EY&list=PL3qONjKuaO2Qp6Fj-lewFhCr6z6hUNDJh&index=39 |
38 - Os ajudantes invisíveis https://www.youtube.com/watch?v=Owimw1KIiB8&list=PL3qONjKuaO2QJ0yIYQMd4jUybuyH8Vqva&index=38 |
Semana 13 - Juliana - Mutações gênicas e cromossômicas https://www.youtube.com/watch?v=3qycGQDMbSM&list=PL18fQaCJyjpkfaVn8qEVEr4SfZooTd04g&index=8 |
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Aula 10 - As plantas https://www.youtube.com/watch?v=FZl37sV_lk0&list=PL3qONjKuaO2Qp6Fj-lewFhCr6z6hUNDJh&index=31 |
39 - Até quando uma população pode crescer? https://www.youtube.com/watch?v=LMkN-Z903zI&list=PL3qONjKuaO2QJ0yIYQMd4jUybuyH8Vqva&index=39 |
Semana 8 - Juliana - Teorias evolucionistas https://www.youtube.com/watch?v=zaCw0CdFtHs&list=PL18fQaCJyjpn_HtfYeFNjx7e0EddwBTOw&index=1 |
Anexo 2 - FIAA adaptada de Smania-Marques (2017)
Publicado em 04 de julho de 2023
Como citar este artigo (ABNT)
VIEIRA, Rhian Vilar da Silva. Telecurso 2000 e Se Liga no Enem: uma análise comparativa de vídeos educativos em Biologia. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 25, 4 de julho de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/25/telecurso-2000-e-se-liga-no-enem-uma-analise-comparativa-de-videos-educativos-em-biologia
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