Educação e conectividade: utilização de tecnologias nas práticas de ensino em uma escola pública
Lucas Portela Moraes
Licenciado em Matemática (Uninter), especialista em Informática na Educação (IFMA)
O uso de tecnologias digitais na educação tem sido ponto principal de iniciativas mais amplas para promover o desenvolvimento educacional e os ideais emergentes da educação do século XXI. Isso se deve ao fato de que a tecnologia fornece acesso instantâneo à informação, constituindo-se como uma ferramenta indispensável ao processo de ensino-aprendizagem, criando experiências significativas aos estudantes de todas as idades.
Nessa perspectiva, com plataformas digitais educacionais, os professores podem alcançar melhores níveis de produtividade, implementar ferramentas digitais úteis, para expandir as oportunidades de acesso, aumentando o suporte e o envolvimento dos estudantes. As plataformas também permitem que os professores melhorem seus métodos de ensino e personalizem o aprendizado de suas turmas.
Embora tenha havido grande progresso na incorporação da tecnologia educacional nas últimas décadas, a sua incorporação tem sido um processo mais lento. Antes da pandemia, muitos professores já manifestavam a necessidade de maior e melhor formação no uso de ferramentas digitais, plataformas educacionais e muito mais. No entanto, dado o impacto imprevisto da pandemia nos sistemas educacionais e o fechamento das escolas, essas demandas tornaram-se ainda mais urgentes.
Em vista disso, há uma grande responsabilidade em todas as esferas educacionais quanto à utilização das tecnologias em salas de aula, melhorando a conectividade com a internet e garantindo o acesso de todos da comunidade escolar, além de implementar programas de formação para o manuseio de ferramentas computacionais para professores na efetivação de suas práticas pedagógicas. Embora eles geralmente reconheçam os benefícios das tecnologias educacionais, ainda há desafios significativos a serem enfrentados pelos educadores.
Mesmo em meio às adversidades, a integração da tecnologia com educação serve como um meio para que os professores aprimorem seu aprendizado e criem oportunidades para se conectarem com os alunos, incentivando-os a se conectarem com informações por novas maneiras. Com orientação, apoio, objetivos claramente definidos e instruções atentas sobre como usar a tecnologia de forma eficaz e responsável, os alunos são equipados com essas novas habilidades, melhorando o seu desempenho escolar.
Devido ao grande reconhecimento das tecnologias educacionais aplicadas às práticas pedagógicas, a análise sob a ótica de professores quanto às metodologias, estratégias e recursos tecnológicos atrai estudos acadêmicos. Isso não apenas agrega valor à crescente literatura sobre a prática docente na esfera de tecnologias educacionais, mas também traz à tona lacunas práticas de conhecimento e reflexões para formar a base de pesquisas adicionais na área.
Diante da relevância do tema, o trabalho descreve os principais desafios e as possiblidades de práticas docentes quanto ao uso das tecnologias em sala de aula, mapeando a literatura sobre o assunto e propondo bases de dados reconhecidas como importantes para a comunidade científica.
O presente trabalho tem como objetivo geral identificar os principais desafios do uso das tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC) na prática docente, em uma escola da rede pública municipal de São Mateus do Maranhão/MA sob os seguintes objetivos específicos:
- analisar a situação do professor quanto a sua prática docente diante das tecnologias digitais,
- discutir a importância da conectividade para o uso de tecnologias digitais nas práticas docentes no contexto escolar e
- propor alternativas de intervenções para o uso de tecnologias digitais na sala de aula.
A pesquisa estrutura-se em cinco partes. Na primeira, há a descrição do percurso metodológico para a realização da pesquisa. Na segunda, inicia-se o referencial teórico com a relação entre tecnologias educacionais, aprendizagem e inovação. Na terceira, a temática é enfatizada sobre o professor e suas práticas pedagógicas por meio das tecnologias digitais e, na quarta etapa, observamos a importância da conectividade como uma das garantias para a aprendizagem e o direito à educação. Por fim, os resultados, as discussões e as conclusões do estudo realizado e sua relevância para a comunidade científica são apresentados.
Metodologia
A pesquisa desenvolvida neste trabalho foi realizada por meio de um estudo de caso, com o propósito de identificar os principais desafios apresentados pela utilização de tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC) nas práticas pedagógicas. O método foi escolhido por tratar-se de uma relevante ferramenta para a construção do conhecimento científico, criando uma visão significativa no estudo de formatos tecnológicos para as práticas de ensino. Para Gil (2002, p. 140), estudos de caso têm como premissa “proporcionar certa vivência da realidade, tendo por base a discussão, a análise e a busca de solução de um determinado problema extraído da vida real”.
Sob essa ótica, este trabalho traz um estudo descritivo de caráter transversal, qualitativo e observacional. O caráter do estudo é evidenciado na citação de Bogdan e Biklen (1994, p. 47). Para os autores, a pesquisa qualitativa apresenta cinco características que descrevem esse tipo de estudo: “ambiente natural, dados descritivos, preocupação com o processo, preocupação com o significado e processo de análise indutivo”. Tais características foram evidenciadas na produção do trabalho, a fim de que os objetivos sejam atingidos. Como planejamento metodológico, a pesquisa foi realizada por fases, na seguinte ordem: levantamento de estudos bibliográficos, pesquisa de campo e análise do material coletado.
O estudo, realizado em uma escola do Maranhão, num município localizado na mesorregião do centro maranhense, contemplou a escola que participa do Programa Educação Conectada, cenário ideal para alcançar os objetivos propostos neste trabalho. Para a coleta dos dados, utilizamos a aplicação do questionário do Programa Educação Conectada, em formato impresso, do qual participaram dois professores do Ensino Fundamental, das séries finais, e o diretor responsável pela escola, conforme sugerido pela organização do Programa. A coleta de dados ocorreu no 2º trimestre de 2022.
Quanto à descrição dos procedimentos adotados, realizamos pesquisas sobre o uso de tecnologias educacionais no âmbito das práticas docentes, quando sugeriu-se que fosse feito um levantamento sobre os principais trabalhos que sobre a temática utilizando-se a internet como ferramenta. Em seguida, as informações foram selecionadas para a aplicação, englobando a importância da conectividade e de ações que promovam o uso de TDIC relacionadas ao ambiente escolar.
Após o levantamento bibliográfico e a escolha da estrutura do questionário, o pesquisador solicitou a autorização legal da coordenação e da direção escolar. Os dados obtidos foram analisados e delimitados em pontos de observação específicos, contemplando as quatro dimensões estruturais do questionário utilizado: visão, formação, recursos educacionais digitais e infraestrutura.
Os dados coletados foram analisados, a fim de fornecer um real diagnóstico quanto ao uso das tecnologias na escola. Além disso, houve discussões e relatos de experiências, a partir dos quais sugeriram projetos de inserção de tecnologias para a melhoria das práticas de ensino. Para prever este percurso metodológico, registramos as respostas encontradas e comparadas com as recomendações do Programa Educação Conectada, de forma a realizar mudanças significativas no contexto escolar da instituição em estudo.
Tecnologias educacionais: aprendizagem e inovação
Para Assis e Silva (2018), a função da tecnologia é promover uma aprendizagem mais dinâmica, personalizada e social, abrindo caminho para a “sabedoria digital”. Os autores destacam que o uso da tecnologia no contexto educacional garante, no processo de ensino-aprendizagem, vias de acesso para esse saber. Para os autores, a “sabedoria digital” é um conceito duplo, pois “refere-se à sabedoria decorrente do uso da tecnologia digital para acessar um poder cognitivo além da capacidade inata do ser humano e à sabedoria no uso da tecnologia para melhorar suas capacidades” (Assis; Silva, 2018, p. 2).
Borges (2018, p. 32) corrobora os achados anteriores quanto à função da tecnologia no contexto escolar:
É preciso considerar ainda que as tecnologias digitais de informação são recursos que propiciam a dinamização de ensino e a produção de novos conhecimentos científicos e culturais. Como estamos inseridos numa sociedade cada vez mais informatizada, as percepções e os conhecimentos são consequentemente ampliados para além das condições socioculturais do ambiente em que estamos inseridos.
A autora amplia a visão sobre a informatização e a produção do conhecimento científico, pois à medida que a sociedade avança para cenários mais tecnológicos fica evidente que o ensino deve proporcionar dinamismo e percepções por meio de novas formas de aprendizado.
Quanto à relação de tecnologias digitais e a educação, entre os desafios mais importantes que o processo educacional enfrenta, estão: a capacidade de explorar novos métodos de aprendizagem e educação pautados em uma base, currículo e método educacional, organizados de acordo com teorias de aprendizagem, e ser capaz de projetar um ambiente de aprendizagem criativo, adequado, contribuindo para facilitar e melhorar as práticas pedagógicas (Simão; Rocha, 2021).
Sob essa ótica, surgiram diversos tipos de pesquisas e estudos que demandaram a necessidade de utilização efetiva das inovações tecnológicas no processo educacional, por suas inúmeras vantagens e fatores positivos. As vantagens das inovações tecnológicas não se limitam apenas aos professores, mas melhoram as habilidades de resolução de problemas dos alunos, ajudando-os a melhorar o raciocínio lógico e a criatividade.
O professor e as tecnologias educacionais
A integração das tecnologias digitais em sala de aula pode servir como um meio para os professores apoiarem e aprimorarem o aprendizado, criando oportunidades para se conectarem com os alunos(as) e os incentivarem a se conectar com informações novas e empolgantes (Lima et al., 2013).
Nesse sentido, para Modelski, Giraffa e Casartelli (2019, p. 9), as práticas de ensino devem ser efetivas para criar “espaços estrategicamente pensados para que o corpo docente experimente, teste, discuta e troque experiências a respeito de possibilidades didáticas”, ou seja, o ambiente deve garantir o auxílio necessário aos professores nas práticas e usos das tecnologias digitais.
Conectividade para a aprendizagem e direito à educação
O acesso à internet desempenha papel fundamental no campo da educação. Nessa perspectiva, a educação passou por profundas transformações ao longo dos anos, assumindo novas dimensões influenciadas pelas aplicações tecnológicas. Com isso, a internet é uma fonte de informação inestimável para os alunos (as) e uma ferramenta para melhorar o processo de aprendizagem.
A acessibilidade às plataformas e aos dispositivos digitais, assim como o acesso à internet,deixou evidente que a cultura virtual se faz cada vez mais presente no cotidiano de todos (Scavino; Candau, 2020).
Mesmo antes do início da pandemia, o uso da internet já era um recurso para a realização de atividades escolares de alunos e professores. Como o período pandêmico de 2020 levou ao encerramento presencial das escolas, a internet passou a ocupar papel central no contexto pedagógico e escolar. Com aulas e avaliações online, a educação e a interação discente mudaram as salas de aula, conduzindo todos à tela do computador e ao smartphone.
De acordo com a pesquisa realizada pela Unicef (2020), no começo da pandemia no Brasil, 4,8 milhões de crianças e adolescentes de 9 a 17 anos, viviam em domicílios sem acesso à internet. A pesquisa mostra que, no país, 11% da população dessa faixa etária não era sua usuária, ou seja, não acessaram a rede nem de casa, nem de outros lugares nos três meses que antecederam a entrevista. A exclusão foi maior entre crianças e adolescentes das áreas rurais (25%), das regiões Norte e Nordeste (21%) e entre os domicílios das classes D e E (20%).
Segundo os dados supracitados, a exclusão digital vem crescendo há anos. Todavia, a pandemia acelerou esse crescimento. Diante desse cenário, o aprendizado remoto ganhou destaque em 2020, mas discentes inseridos em zonas de vulnerabilidades sociais tiveram grandes perdas relacionadas ao direito à educação. Além disso, o seu acolhimento foi adicionado à exclusão digital na educação.
Outro estudo, o Censo da Educação Básica, elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep, 2020), mostrou que grande parte das escolas no Brasil declararam não ter acesso à internet, visto que, mesmo entre escolas conectadas, a internet segue com uso exclusivo para o administrativo, não sendo disponibilizada às salas de aula, prejudicando a aprendizagem (Inep, 2020).
Não há dúvida de que a internet tem imenso potencial para melhorar a qualidade da educação, um dos pilares para o seu desenvolvimento. Embora seja importante lembrar que ela não é, obviamente, a resposta para todos os desafios colocados pela educação, por outro olhar, de acordo com Simão e Rocha (2021, p. 214), os professores precisam “buscar acompanhar as inovações, as mudanças e ainda as formações que surgem com objetivos de aprimoramento às mudanças educacionais”.
Programa Educação Conectada
Por meio do Decreto nº 9.204, de 23 de novembro de 2017, disciplinado pelo Projeto de Lei nº 9.165, de 27 de novembro de 2017, o Governo Federal brasileiro, após longas discussões sobre inovação e tecnologia na educação, implementou o programa de inovação denominado Programa Educação Conectada, que conta com a participação do Ministério da Educação (MEC), Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e parceiros. Um dos objetivos do Programa é apoiar a universalização do acesso à internet de alta velocidade e fomentar o uso pedagógico de tecnologias digitais na Educação Básica (Brasil, 2017).
Nesse viés, a conectividade no ambiente escolar tem se mostrado uma temática de grande relevância por meio da criação de políticas públicas que fomentam e auxiliam as escolas na preparação para receber a conexão de internet. Dessa forma, pode-se garantir aos professores a possibilidade de estarem não só conectados, mas de conhecerem novos conteúdos educacionais, proporcionando aos alunos o contato com as novas tecnologias.
De acordo com Silva e Casagrande (2020, p. 115), “a tecnologia possibilita compartilhamento de ideias e experiências escolares. O primeiro passo é universalizar o acesso à internet nas escolas, possibilitando a inclusão digital no ambiente escolar”. Nesse contexto, o Programa Educação Conectada foi estruturado em quatro dimensões: visão, formação, recursos educacionais digitais e infraestrutura, que se complementam e devem estar em equilíbrio, para que o uso de tecnologias digitais tenha efeito positivo na educação e possibilite a redução das desigualdades sociais.
Por meio do desenvolvimento tecnológico, o Programa Educação Conectada apresenta-se como um modelo promissor para a conectividade na educação, em que a tecnologia se manifesta como um meio transformador nas práticas pedagógicas (Silva; Casagrande, 2020).
Resultados e discussão
Os resultados fornecidos pelos participantes foram divididos de acordo com as dimensões do questionário (visão, formação, recursos educacionais digitais e infraestrutura). Cada seção, a seguir, apresenta as respostas dos participantes embasadas nos principais achados dos autores referenciados. Os professores foram identificados como Professor A, Professor B e Gestão Escolar - GE.
Quanto à visão, a primeira pergunta foi direcionada aos professores, sobre o que pensam do uso de tecnologias na educação. Foi orientado aos participantes que não haveria resposta certa ou errada. Para os Professores A e B, o uso de tecnologias contribui para o aprendizado dos alunos (as). Para a GE, aproximadamente metade dos professores da escola acredita que o uso de recursos tecnológicos favorece o aprendizado.
No trabalho realizado por Portugal et al. (2011) e no discurso das três professoras sobre tecnologias educativas e a prática docente, constatou-se a importância que atribuem ao uso das tecnologias em sala de aula. Essa visão corrobora as respostas da visão anterior, pois acreditar é o primeiro passo para a construção de metodologias que favoreçam o ensino-aprendizagem dos alunos.
Outra visão de relevância questionada foi sobre o projeto político-pedagógico (PPP) da escola e se ele possuía direcionamentos para o uso das tecnologias. Todos os participantes responderam que o PPP menciona brevemente o uso de tecnologia para fins pedagógicos, mas para os participantes o documento precisa ser reformulado, a fim de familiarizar as mídias digitais ao âmbito escolar.
Libâneo (2017) salienta que o uso das tecnologias digitais maximiza a forma de ensinar e aprender, qualificando os processos educativos. Por conseguinte, rompe com o existente e avança para a reorganização das práticas voltadas à pesquisa, para a inovação e a colaboração, marcos decisivos na construção do PPP.
Um dos resultados obtidos revelou a estrutura de apoio aos professores para a integração de recursos tecnológicos às práticas pedagógicas. Para os Professores A e B, o apoio dos próprios colegas foi fundamental, pois puderam compartilhar entre si práticas e dicas. De acordo com eles, a escola não tem um funcionário com perfil técnico-pedagógico que cumpra especificamente essa função. Assim, para os professores, é necessário amparo profissional, viabilizando melhores práticas de ensino em sala de aula.
As visões obtidas dos participantes serviram como direção para as próximas seções, pois observou-se a necessidade de maiores questionamentos sobre o uso de tecnologias em sala de aula. Os professores salientaram que, além de ter um funcionário com perfil técnico, é preciso fomentar formações específicas sobre ferramentas e recursos tecnológicos, garantindo uma futura independência de apenas um funcionário com conhecimentos sobre a área.
No âmbito das formações, os participantes foram questionados a respeito de qual seria a proporção dos professores da escola que realizavam formações sobre o uso pedagógico de recursos tecnológicos e se, nos últimos dois anos, o tema predominante das formações dos professores seria as tecnologias na educação. De acordo com eles, poucos realizaram formações, fato confirmado pelo GE. Entre os temas predominantes, segundo o GE, foram realizadas formações específicas sobre softwares no ensino de determinadas disciplinas. Essas formações ganharam força devido ao período pandêmico, quando a escola teve que transmitir conteúdos por meio de plataformas digitais.
Borges (2018) ressalta que os professores devem participar ativamente com essas novas formas de educação resultantes de mudanças estruturais nas formas de ensinar e aprender. Isso configura um desafio a ser assumido diante das mudanças tecnológicas promovidas nas diversas esferas da sociedade, inclusive na educacional. Pensando nos processos de ensino-aprendizagem, os professores responderam sobre em quais atividades a maioria dos professores da escola utiliza regularmente os recursos tecnológicos. Foi dito que eles utilizam para preparar aulas, em suas casas ou na sala dos professores (pesquisa de conteúdos na internet, materiais ou questões para provas). O GE acrescentou que alguns professores utilizam com os alunos(as) plataformas de exercícios, softwares de leitura e aplicativos de exercícios de escrita.
Percebe-se que a finalidade do uso dos recursos tecnológicos apresenta um caminho complexo e contínuo. Dessa forma, refletimos e cooperamos sobre as diversas possibilidades de uso delas. Para os professores, as questões metodológicas mantêm-se, ainda, como um desafio em aberto. No que tange aos recursos educacionais digitais, o Professor A respondeu que além de buscadores na internet, os professores procuram conteúdos em repositórios, como portais de secretarias de Educação, Portal do Professor e Escola Digital, dentre outros. Para o GE e o Professor B, grande parte dos professores obtém recursos por meio de buscadores como Google, Yahoo, Bing. Nessa etapa da pesquisa, foi destacada pelos participantes a importância de acesso à internet para a busca de materiais e conteúdos em sala de aula, além do uso da internet na captação de ideias para projetos escolares e ferramentas de busca.
Quanto ao uso de ferramentas digitais de apoio à gestão escolar, os participantes responderam que a escola utiliza, além das ferramentas ofertadas pela Secretaria de Educação, outros recursos digitais para a gestão no formato gratuito, ou seja, aqueles que se encontram já disponíveis na internet ou disponibilizados por parceiros. Quanto ao apoio da Secretaria Municipal de Educação de São Mateus, os participantes mostraram-se satisfeitos quanto à implementação do Sistema de Gestão Escolar, cujo objetivo central é promover a digitalização do sistema escolar municipal, visando flexibilizar e agilizar os trabalhos administrativos e pedagógicos no ambiente escolar.
A infraestrutura foi a que apresentou mais limitações devido à escassez de recursos e materiais para o uso de tecnologias em sala de aula, todos os participantes responderam que os alunos não têm acesso a computadores para o uso pedagógico na escola. Para os professores, há muito o que ser feito em relação à inclusão digital dos estudantes e quanto ao acesso de conteúdos por meio de computadores. Por outro lado, os alunos utilizam seus próprios equipamentos (celulares, tablets ou notebooks) nas práticas pedagógicas da escola, o que representa um dado significativo, pois permite o uso de aplicativos para a resolução de atividades ministradas em sala.
Quanto à infraestrutura de materiais, segundo o GE, a escola possui poucos equipamentos. Os participantes reconheceram que a aquisição de materiais é de caráter emergencial, a fim de promover melhores práticas em sala de aula, assistindo alunos e professores.
De acordo com os professores, na realidade escolar, se uma turma inteira da escola se conectar à rede ao mesmo tempo, independentemente do conteúdo acessado, a internet deixa de funcionar. Esse é um problema que coloca em evidência a estrutura de rede da escola, visto que ela apresenta um quantitativo médio de 900 alunos, além de funcionários e gestão escolar. Desse modo, para uma boa adequação da rede no sistema escolar, a conexão à internet deve ser projetada para que atenda a todos.
Considerações finais
Os resultados obtidos revelaram, de forma pontual, as principais limitações da escola quanto ao uso de tecnologias no contexto educacional. Além disso, apresentaram, também, informações dos avanços nas práticas de ensino dos professores entrevistados. A gestão escolar mostrou-se participativa e preocupada com a situação da escola, observando que apenas o acesso à internet não é o suficiente para resolver as problemáticas relacionadas às novas tecnologias. Há, portanto, a necessidade do engajamento de toda a gestão escolar e do corpo docente.
Os resultados propostos podem ser usados como bases para a concepção de outras estratégias de ensino relacionadas às práticas pedagógicas, assim como para estudos específicos de ferramentas inovadoras em sala de aula. Portanto, sugeriu-se, aos professores participantes e à gestão escolar, uma análise periódica de conexão de internet, com a realização de oficinas para a formação de professores e de projetos temáticos voltados à educação digital para os alunos.
Apesar das dificuldades apresentadas pelo contexto da educação no âmbito nacional e municipal, quanto à inclusão digital e ao número limitado de formações específicas na área de tecnologias educacionais para professores, o artigo alcançou seus objetivos, apresentando os principais desafios manifestados pelos professores e pela gestão escolar.
Além disso, este estudo traz benefícios tanto para os educadores da área da educação como aos professores de outras áreas que utilizam tecnologias digitais e visam promover resultados de aprendizagem, pois podem adotar as práticas correspondentes aqui propostas.
Referências
ASSIS, P. S. DE; SILVA, F. M. F. M. DA. Educação e tecnologias móveis: um caminho para a sabedoria digital. CIET:EnPED, São Carlos, 18 de maio de 2018. Disponível em: https://cietenped.ufscar.br/submissao/index.php/2018/article/view/694/225. Acesso em: 6 nov. 2022.
BOGDAN, R. C.; BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto, 1994.
BORGES, P. F. B. Novas tecnologias e formação profissional docente. Educação & Tecnologia, v. 23, n° 1, 1º de fevereiro de 2018. Disponível em: https://www.periodicos.cefetmg.br/index.php/revista-et/article/view/761. Acesso em: 6 nov. 2022.
BRASIL. Decreto nº 9.204, de 23 de novembro de 2017. Institui o Programa de Inovação Educação Conectada e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9204.htm. Acesso em: 10 maio 2022.
BRASIL. Ministério da Educação. Programa Educação Conectada. [2017]. Disponível em: https://revistas.unifoa.edu.br/cadernos/article/view/3332/pdf. Acesso em: 12 jun. 2022.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Censo da Educação Básica. 2020. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/ areas-de-atuacao/pesquisasestatisticas-e-indicadores/ censo-escolar. Acesso em: 9 jun. 2022.
LABTIME. Educação Conectada - Aplicação de questionário para diagnóstico. Educação Conectada, [20--]. Disponível em: http://www.labtime.ufg.br/modulos/educacao-conectada/download/atividade_pratica_bl2.pdf. Acesso em: 13 jun. 2022.
LIBÂNEO, J. C. Educação Escolar: políticas, estruturas e organização. São Paulo: Cortez, 2017.
LIMA, F. R. et al.Concepção do professor sobre as tecnologias da educação e a sua contribuição para a construção de competências na gestão da sala de aula. ENCONTRO DE PESQUISADORES DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, 11., 2013, São Paulo. Anais eletrônicos... São Paulo: Pontifícia Universidade Católica, 2013. Disponível em: https://www4.pucsp.br/webcurriculo/edicoes_anteriores/encontro-pesquisadores/2013/downloads/anais_encontro_2013/oral/francisco_renato_lima.pdf. Acesso em: 06 fev. 2020.
MODELSKI, D.; GIRAFFA, L. M. M.; CASARTELLI, A. de O. Tecnologias digitais, formação docente e práticas pedagógicas. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 45, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/qGwHqPyjqbw5JxvSCnkVrNC/abstract/?lang=pt. Acesso em: 9 jun. 2022.
PORTUGAL, E. et al. Tecnologias educativas e a prática docente. COLÓQUIO INTERNACIONAL EDUCAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE, 5., 2011, São Cristóvão. Anais eletrônicos... São Cristóvão: Educon, 2011. Disponível em: https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/10374/14/83.pdf. Acesso em: 13 jun. 2022.
SCAVINO, S. B.; CANDAU, V. M. Desigualdade, conectividade e direito à educação em tempos de pandemia. Revista Interdisciplinar de Direitos Humanos, Bauru, v. 8, n° 2, p. 121-132, 2020. Disponível em: https://www2.faac.unesp.br/ridh3/index.php/ridh/article/view/20. Acesso em: 9 jun. 2022.
SILVA, R. E. da; CASAGRANDE, M. A. Programa Educação Conectada: o uso de tecnologia para o cumprimento das metas de Educação Básica no Plano Nacional de Educação. Cadernos UniFOA, Volta Redonda, v. 15, n° 43, 2020. Doi: 10.47385/cadunifoa. v. 15, n° 43.3332. Disponível em: https://revistas.unifoa.edu.br/cadernos/article/view/3332. Acesso em: 19 jun. 2022.
SIMÃO, J. F. R.; ROCHA, D. Tecnologias digitais no trabalho pedagógico do professor da Educação Básica: uma leitura. Humanidades & Inovação, v. 8, n° 38, p. 209-219, 16 jul. 2021. Disponível em: https://revista.unitins.br/index.php/humanidadeseinovacao/article/view/4742. Acesso em: 6 fev., 2022.
UNICEF. UNICEF alerta: garantir acesso livre à internet para famílias e crianças vulneráveis é essencial na resposta à covid-19. Brasília: Unicef, 2020. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/unicef-alerta-essencial-garantir-acesso-livre-a-internet-para-familias-e-criancas-vulneraveis. Acesso em: 20 jul. 2020.
Publicado em 11 de julho de 2023
Como citar este artigo (ABNT)
MORAES, Lucas Portela. Educação e conectividade: utilização de tecnologias nas práticas de ensino em uma escola pública. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 26, 11 de julho de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/26/educacao-e-conectividade-utilizacao-de-tecnologias-nas-praticas-de-ensino-em-uma-escola-publica
Novidades por e-mail
Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing
Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário
Deixe seu comentárioEste artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.