A metodologia ativa na contemporaneidade: perspectivas da prática docente dos professores da rede municipal de Manaus/AM

Fabiane Kethney do Nascimento Farias

Professora da rede municipal de Manaus/AM, mestra em Ciências da Educação (Unisal)

Giovanna Freire de Oliveira

Professora do mestrado em Ciências da Educação da Unisal

Atualmente se fala muito na prática docente com a inserção das metodologias ativas, desde os anos iniciais do Ensino Fundamental até à construção do desenvolvendo de habilidades e competências voltadas para a autonomia da aprendizagem, questões de grande importância para o crescimento da comunidade educacional que, ano após ano, trabalha com alunos de modo global, deparando-se com situações nas quais precisa assumir o papel da família e educar para a vida, além de desempenhar o desenvolvimento curricular exitoso.

Diante do desafio de aulas não presenciais decorrente da pandemia da covid-19, que assolou o mundo em 2020, houve necessidade de se fazer adequações nas práticas pedagógicas cotidianas. Dentre as mudanças pelas quais a educação do país passou, aulas online e pela TV tiveram um destaque e foram inseridas no trabalho diário do sistema educacional do Estado do Amazonas.

Em meio a uma pandemia, a equipe educacional das escolas apostou na oportunidade desafiadora de se apropriarem, mesmo que sem intenção, de metodologias ativas, expandindo os planos de aula e entrando na casa de cada aluno com uma aprendizagem autônoma, prática e urgente. Naquele momento, o sistema de ensino se preparava para colocar o aluno como responsável pelo seu estudo, reafirmando a importância de formar cidadãos críticos e autônomos para a sociedade.

História e conceito da metodologia ativa

Influenciada por um cristianismo que dita que aprender é finalmente encontrar Deus em nós, graças ao domínio da linguagem, a Educação medieval desenvolveu-se com maestria. No século XVI, a representação do universo foi perturbada: era o Renascimento. Pensa-se, então, no universo como infinito e o lugar do homem é redefinido junto a sua educação.

O mesmo movimento se dá nas artes, na arquitetura e na pintura, pois o conhecimento baseia sua verdade na experiência ou na demonstração, não mais no argumento de autoridade. Essa é a era dos projetos humanistas utópicos: com Thomas More e sua ilha Utopia (1516), em que a Educação é gentil, persuasiva, aberta às artes e ciências, mas também ao lazer; com o Gargantua, de Rabelais (1534), bulímico de saber. Com, por fim, Campanella e a Cidade do Sol (1602), que enfatiza que a educação não deve impedir o desejo de aprender de todos. Os projetos educacionais, portanto, são eminentemente modernos. Assim, métodos ativos e a alternância de atividade intelectual e física são promovidos (Costa, 2020).

Para reduzir as contradições metodológicas, os imaginários de Comenius, Rousseau ou Illitch (Uma sociedade sem escola) contribuíram para propor outros modelos educacionais qualificados como utópicos. Para Erasmus, podemos resumir seu pensamento parafraseando Simone de Beauvoir: "Ninguém nasce homem, torna-se homem". A educação define completamente a essência da espécie humana, unindo forças com Montaigne na denúncia da violência e da brutalidade como um princípio às crianças, pois defendem o uso do preceptor. O desenvolvimento do corpo parece-lhes tão importante quanto o da mente e da alma. O preceptor, portanto, deve zelar constantemente pela qualidade da relação necessária com seu aluno para uma educação eficiente. Para Erasmus "a correção da expressão torna a correção do pensamento" (Bacich; Moran, 2018), visando o desenvolvimento de seres capazes de julgamento. Ele defende um ensino de retórica e, com Montaigne, denuncia a escolástica medieval baseada no terror e na exigência de civilidade.

Comenius (1592-1670) foi diretor de escola e filósofo educacional. A escola é "sua oficina de humanidade", cujo projeto é "unir e levar felicidade a todos". Sua escola era seu campo de estudo, seu laboratório de pesquisa teórica. O seu pensamento sobre a finalidade da educação está ligado à metafísica e à religião marcada por um forte otimismo que encontramos no seu método sistemático e universal, exercitando os sentidos depois a memória, o intelecto e, finalmente, o julgamento. Dá um grande espaço à autonomia do aluno, recomendando ajuda mútua entre alunos e desenvolvendo uma formação aos professores centrada no conhecimento do desenvolvimento cognitivo da criança e na correspondência correta entre o seu modo de apreensão do mundo e a ordem dos saberes a serem ensinados: uma questão que ainda é relevante. Como um pioneiro, queria uma escola aberta a todos (meninos, meninas, pobres, ricos, superdotados ou débeis mentes, porque era necessária para a humanização de todos). Ele, assim, lançou as bases teóricas para um ensino universal e metódico (Silva; Bieging; Busarello, 2017).

De todas as obras educacionais escritas durante o Iluminismo (século 18), Emílio de J. J. Rousseau (1762) exercerá uma grande influência para o futuro da educação. Continua a ser uma referência essencial para a metodologia moderna como livro não dogmático, mas que procura desenvolver boas ideias no leitor, incentivando-o a adaptar os princípios propostos ali de acordo com o seu ambiente e as suas circunstâncias. A educação, em Emílio, visa formar um homem livre, agente de uma sociedade melhor (Costa, 2020). Rousseau assume todas as contradições de seu projeto ao desenvolver a noção de antecipação. Seu método é prever e organizar situações educacionais de acordo com o nosso objetivo. Além disso, a obra sugere amor e respeito pelas crianças, promovendo um melhor conhecimento a respeito do desenvolvimento infantil. Propõe-se a fazer do aprendiz o centro da metodologia, a recorrer à experiência concreta, a desenvolver a curiosidade de aprender e o desejo de autoformação (de aprender por si), assim como ter em conta a sensibilidade e o trabalho manual com exercícios físicos.

Dois educadores experimentaram a grande ideia de Emílio: Pestalozzi (1746-1827) e Fröbel (1782-1852), o discípulo do primeiro. Pestalozzi fundou quatro escolas na Suíça. Entre 1805 e 1825, seu Instituto Yverdon tornou-se o laboratório educacional da Europa. Seu método visava educar a cabeça, o coração e as mãos. A aprendizagem passa pelos sentidos e está ancorada nas experiências das crianças em cada fase de seu desenvolvimento. Desse modo, as crianças devem participar ativamente das atividades de aprendizagem, desenvolvendo sua autonomia e os professores devem ter essencialmente uma formação muito séria e completa.

A partir de 1880, todos os textos oficiais preconizam uma "nova metodologia", em oposição ao ensino baseado na memória e em exercícios regulados de aprendizado mecânico estéril, preconizando o desenvolvimento da observação e da reflexão, com o objetivo de uma cultura geral ao invés de um conhecimento especial. Assim, ocorreu a reforma de 1902, com a estruturação do Ensino Médio que durou cerca de 70 anos.

O início do século 20 foi marcado por um novo e forte interesse pela Psicologia para o desenvolvimento da criança. Claparède, médico e biólogo suíço, em 1912, fundou o J. J. Rousseau Institute, um instituto de Ciências Educacionais, proporcionando "educação funcional" centrada nos interesses da criança em todas as suas fases.

John Dewey (1859-1952), fundador e diretor da University of Chicago Laboratory School, teve grande influência no movimento dessa "nova educação". Ele vincula sua teoria educacional à democratização das sociedades, observando a escola como modelo de vida comunitária, formando cidadãos responsáveis e esclarecidos. A metodologia utilizada era baseada no interesse do aluno e nas suas atividades, permitindo-lhe uma reconstrução contínua da experiência no seio da vida comunitária.

Jean Piaget (1896-1980), biólogo e psicólogo suíço, e Henri Wallon (1879-1962), doutor em medicina, filósofo marxista e psicólogo infantil, junto com o físico Langevin, trabalharam num projeto de reforma educacional. Para Piaget, os métodos de ensino podem auxiliar no desenvolvimento da criança, ajustando-se às suas capacidades de assimilação, específicas a cada estágio das estruturas cognitivas. Desse modo, uma verdadeira revolução educacional ocorre nos primeiros dois terços do século XX, um verdadeiro movimento de ideias e experimentos muito diversos sob os nomes diferentes: nova educação, nova escola e escola ativa. Nelas, encontramos a mesma realidade: a afirmação da integralidade do ser humano por meio da inteligência, da afetividade e da atividade. A fragmentação, a separação, o verbalismo da escola tradicional são postos em questão pela nova escola, onde alunos aprendem sobre a vida social, profissional e cívica. A metodologia mobiliza a atividade da criança centrada em seus interesses em contraposição ao ensino onde a criança fica sentada, receptiva como um "vaso a ser preenchido".

A história, portanto, traz personalidades que defenderam práticas educacionais originais, como o suíço A. Ferrière (1870-1960), coordenador e teórico da Escola Ativa, que promove a "vitalidade espiritual" e organiza a autonomia dos alunos. Assim como Maria Montessori (1870-1952), muito influenciada pelo trabalho dos educadores e médicos, Itard e Séguin, cujos estudos indicavam que as ideias surgem das sensações, por meio das quais as crianças armazenam experiências e vocabulário. Outro importante pensador foi O. Decroly (1871-1932), que defende a "educação pela vida para a vida". Ele quer que a escola se ajuste à realidade psicológica das crianças e a atenda em suas necessidades, promovendo a metodologia dos centros de interesse com uma tripla abordagem: "observação-expressão-associação". A ênfase dada está na globalização necessária para qualquer aquisição. Já R. Cousinet (1881-1973), pioneiro francês da Nova Educação, prefere aprender a ensinar. Ele escreve: "A educação é obra da criança". Ele experimenta o método de trabalho livre em grupos e vai teorizar sobre isso.

Portanto, para que o aluno possa ser intelectualmente ativo, o seu ambiente de trabalho deve proporcionar um espaço de liberdade, tanto na investigação como na organização. Com os métodos ativos, o aprendiz se torna mais autônomo, com trabalhos feitos em grupo e exercícios calibrados para sistematizar a aprendizagem. As aquisições "acadêmicas" são feitas por meio de abordagens, cujas origens, objetivos e critérios de avaliação são claramente apresentados para que a criança entenda o seu significado.

Estratégias de metodologias ativas no contexto educativo de tempo integral de Manaus

Dois princípios importantes e relacionados que são as estratégias de ensino e as atividades de aprendizagem, são usados quando se discutem as metodologias ativas. De acordo com Lemes (2020), as estratégias de ensino se referem ao conjunto de estruturas, sistemas, métodos, técnicas, procedimentos e processos utilizados pelos professores durante as aulas, a fim de auxiliar na aprendizagem dos alunos. Por outro lado, as atividades de aprendizagem se referem às tarefas instrucionais ou às atividades orientadas pelos professores. Os alunos as realizam durante as aulas, individualmente ou em grupo, com ou sem a utilização de equipamentos tecnológicos. Para esses dois princípios, não implica necessariamente uma instrução passiva ou ativa. Por exemplo, o professor pode escolher uma estratégia de ensino passiva baseada na aula expositiva discursiva ou tradicional, onde os alunos serão apenas ouvintes.

Por outro lado, o professor pode escolher uma estratégia de ensino ativa baseada na resolução de problemas. Nesse ponto, os alunos terão que encontrar as informações para resolver um determinado problema. Assim, as estratégias ativas de ensino compreendem um conjunto de práticas pedagógicas contendo uma variedade de atividades com um elemento em comum: engajar os alunos a fazer as coisas e a pensar sobre o que estão fazendo.

Metodologia ativa é o termo técnico para um conjunto de práticas pedagógicas que abordam o processo de aprendizagem dos alunos sob uma perspectiva diferente daquela das metodologias clássicas. A metodologia ativa pode ser definida como um processo de aquisição de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes, por meio de qualquer estratégia educacional que envolva os alunos no processo, levando-os a atividades e debates, ao invés de apenas colocá-los na posição de ouvir passivamente as informações fornecidas pelo professor.

Para Schmiit (2019), essas estratégias são usadas idealmente para completar aulas discursivas e ajudar os alunos a pensar de forma crítica e criativa, falando com colegas ou com toda a classe, expressando ideias por meio da escrita, explorando atitudes e valores pessoais, fornecendo e recebendo feedback ou refletindo sobre o seu processo de ensino-aprendizagem. Esse conceito inclui todas as práticas que ajudam os alunos a reter informações, cumprindo pequenos exercícios escritos relacionados com o conteúdo da aula ou realizando exercícios de grupo complexos, aplicados a situações da vida real e/ou a novos problemas. Portanto, conforme Miranda (2016), a metodologia ativa engloba um amplo e variado conjunto de técnicas ou métodos que comumente exigem que os alunos realizem atividades proativas significativas, estando cientes e responsáveis pelo que realizam.

Embora alguns professores considerem atividades tradicionais como tarefas ou trabalhos de casa, como metodologia ativa, na verdade, apenas as atividades realizadas em sala de aula ou em ambientes escolares, como visitas a bibliotecas ou pesquisas de computador e práticas de laboratório de ciências são procedimentos de metodologia ativa. Os elementos-chave para a estratégia de metodologia ativa são a participação e o envolvimento direto dos alunos nos processos de aprendizagem. Para efeito de comparação, essa estratégia instrucional costuma ser confrontada com métodos de ensino baseados em aulas discursivas tradicionais, nas quais os alunos recebem passivamente informações de um instrutor.

Quando o professor decide usar uma estratégia de metodologia ativa, ela deve ser frequentemente usada para ajudar os alunos a desenvolverem uma melhor compreensão do assunto, habilidades e atitudes (competências para promover a aprendizagem profunda). Rodrigues (2019) ajuíza que apenas uma pequena parte da atividade deve ser usada para transmitir informações (para promover o aprendizado superficial). Alguns estudos mostraram que a chave para uma aprendizagem significativa e bem-sucedida parece ser a combinação dos aspectos positivos das três abordagens.

A atividade dos alunos pode se manifestar por meio de estratégias de aprendizagem individuais ou cooperativas. As estratégias de aprendizagem individual enfatizam as qualidades construtivistas no processamento do conhecimento. O objetivo final desse processo é desenvolver e aplicar conhecimentos para resolver problemas, bem como gerar novos conhecimentos por meio de processos cognitivos. A qualidade da aprendizagem individual está relacionada à capacidade dos alunos em guiar o seu próprio processo de aprendizagem, conduzindo suas investigações. A metacognição é um elemento chave para essa aprendizagem individual.

A aprendizagem cooperativa, por sua vez, pode ser definida como uma estratégia de ensino para o trabalho em equipe, estruturada em grupos compostos por três ou mais participantes, visando objetivos em comum. Os alunos trabalham juntos para alcançar um propósito específico e isso vai contra o mito do gênio e do desempenho individual de alunos isolados.

Ao contrário do simples trabalho em equipe, segundo Prado (2019), quando não há garantia de que todos serão participativos, a aprendizagem cooperativa é baseada em condições de aprendizagem altamente estruturadas, definidas de tal forma que um aluno não pode aproveitar os esforços de um colega. Entre as tarefas propostas aos alunos, encontram-se exercícios realizados em etapas, projetos de pesquisa, apresentações e simulações. Um dos modelos de aprendizagem cooperativa mais reconhecidos e clássicos foi descrito por Johnson, Johnson e Smith (1998, p. 1-27). Seu modelo incorpora cinco suposições consideradas críticas para a cooperação real: interdependência positiva, responsabilidade individual, interação promotora, habilidades sociais e processamento de grupo. Embora existam outros modelos de aprendizagem cooperativa, o elemento-chave, comum a todos eles, é a ênfase no incentivo à cooperação em vez da competição.

A aprendizagem cooperativa é um dos elementos-chave da aprendizagem baseada em problemas (PBL, em inglês) devido às suas características. O conceito de aprendizagem baseada em problemas é uma forma de processo de aprendizagem cooperativa. É muito popular em várias escolas médicas e em diferentes países, sendo usado há mais de 50 anos. No entanto, também pode ser aplicado a qualquer outra área científica ou curso escolar. O processo consiste em um método instrucional realizado em pequenos grupos de 8 a 10 alunos quando são introduzidos problemas relevantes logo no início da instrução (Glufke, 2019). O método também é usado para fornecer um contexto, motivando à aprendizagem por meio de uma sequência de etapas distintas.

Esse método foi desenvolvido a partir de descobertas científicas sobre o funcionamento da memória humana e outras funções cognitivas. Considera que a recuperação da memória e do conhecimento é mais forte quando associada a contextos. A PBL está sempre ativa e, na maioria das vezes, é colaborativa ou cooperativa. O processo exige uma estrutura física e organizacional que permita aos alunos o acesso permanente a livros, periódicos, internet e outras fontes, além de uma formação adequada aos professores. A PBL demanda menos tempo preparando, estudando e atualizando palestras, mas exige que os professores desenvolvam diferentes habilidades, inclusive a boa oratória. Para Glufke (2019), o educador deve ser protagonista do grupo e ser capacitado para seguir a metodologia de forma adequada. Entretanto, deve manter os alunos focados na aprendizagem a fim de não cometerem erros, devolvendo o foco ao professor. Essa estratégia diz respeito ao aprendizado da informação, mas também busca a aquisição de outras habilidades importantes como a aprendizagem autodirigida, o pensamento e raciocínio crítico, a busca e o uso de recursos educacionais, comunicação, trabalho em equipe e liderança.

Promover a metodologia ativa não é uma tarefa fácil de ser alcançada, e os professores desempenham um papel fundamental no seu processo de implementação. A aplicação de metodologias ativas não se limita apenas a ‘experimentar’ uma atividade pedagógica diferenciada com os alunos ou a promover debates nas aulas. Na verdade, significa que o uso efetivo dessas técnicas requer uma nova postura filosófica, tanto do professor quanto do aluno. Tal postura é essencialmente diferente daquela observada nas aulas tradicionais, que esperam apenas que o professor ensine e os alunos aprendam.

Muitas vezes, logo após a implementação das novas estratégias de ensino, é possível reconhecer e superar as aulas tradicionais baseadas na transferência de conhecimento. Conforme Prado (2019), uma das melhores formas de alcançar essas mudanças está na prática de metodologias ativas. Portanto, uma boa metodologia ativa deve ser construtivista, colaborativa, interdisciplinar, contextualizada, reflexiva (sempre envolvendo ética e valores), crítica, investigativa, motivadora, desafiadora e humanista.

Estratégias de metodologia ativa têm sido cada vez mais utilizadas em ambientes escolares, à medida que os professores aprendem seus benefícios. Estudos têm mostrado que a metodologia ativa melhora a compreensão e a retenção de informações, sendo eficaz para o desenvolvimento de habilidades cognitivas de ordem superior, como a capacidade de resolução de problemas e o pensamento crítico. A definição de sucesso na educação não deve se restringir exclusivamente a avaliações de desempenho e índices de aprovação - que, de certa forma, medem a qualidade do aprendizado em nossa comunidade, mas incluir também o significado de uma experiência muito mais ampla, duradoura e prazerosa, que é retratada pela real satisfação do professor e de seu aluno.

Considerações finais

Consideramos que os métodos ativos favorecem os professores em suas práticas pedagógicas. As razões para esse apelo se dão, em primeiro lugar, pela dificuldade em implementar métodos ativos e, em segundo lugar, pela relação com o conhecimento e a didática de cima para baixo. As primeiras observações que pude fazer foram capazes de confirmar esses sentimentos. Os métodos ativos parecem comuns à maioria dos professores, visando permitir que os alunos tenham sucesso dentro e fora da escola, mas supomos, ainda, que seu uso não impede um sentimento desfavorável aos alunos.

A utilização desses métodos torna-se, aqui, um meio entre outros de ensinar, sem objetivos ligados ao sucesso. No entanto, isso me permite questionar sobre o lugar central do aluno no ensino. Portanto, também podemos notar que as percepções dos professores sobre os métodos ativos são variadas e, por isso, não podemos dizer que essas práticas são diferentes, pois dependerão sempre da relação do professor e dos alunos com o conhecimento.

Parece que uma abordagem sobre metodologias ativas é interessante quando pensamos na sobrevivência da escola. A implementação de situações de treinamento em que o aluno está no centro da atividade permite que os alunos se envolvam em uma relação positiva com o aprendizado e valorizem o espaço onde esse aprendizado se constrói. Esse estímulo permanente permite tornar o aluno ator de sua aprendizagem, pois ele toma consciência da importância da escola e de se colocar em uma postura ativa diante dela e da comunidade. A articulação da aprendizagem com elementos concretos da vida dos alunos, permite abrir a escola ao seu meio: os conteúdos abordados ganham significado, tornando-se sensíveis para todos os alunos.

A escola não é a única entidade que permite que os jovens se tornem independentes, mas toda a socialização e formação individual que intervém nessa aquisição. No entanto, o foco no empoderamento dos alunos promove sobremaneira o surgimento da capacidade de se conduzir. Eles, portanto, desempenham um papel importante no sucesso acadêmico dos alunos, mas também no sucesso fora da escola. Focar na formação, por meio de uma abordagem voltada ao empoderamento, significa formar os alunos para participarem integralmente da sociedade, como profissionais e cidadãos, correspondendo às suas aspirações.

Referências

BACICH, L.; MORAN, J. M. (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática (Recurso eletrônico). Porto Alegre: Penso, 2018.

COSTA, Gercimar Martins Cabral (org.). Metodologias ativas: métodos e práticas para o século XXI. Quirinópolis: IGM, 2020.

GLUFKE, Carlos Eduardo Cossettin. Metodologias ativas no ensino de História: sala de aula invertida aplicada ao Ensino Médio na Escola Marista de Santa Maria/RS. 2019. 126f. Dissertação (Mestrado em Ensino de História) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2019.

JOHNSON, Roger; JOHNSON, David; SMITH, Karl. Cooperative Learning. s/d. Disponível em: http://personal.cege.umn.edu/~smith/docs/CL%20College-604.doc. Acesso em: 22 jan. 2021.

LEMES, Rúbia Mara. Elaboração de materiais curriculares por meio dos multiletramentos e da metodologia ativa: perspectivas na escola pública. 2020. 140f. Dissertação (Mestrado em Letras) - Universidade Estadual Paulista, Assis, 2020.

MIRANDA, Lyana Virgínia Thédiga de. Saberes de ação, interação e comunicação: metodologia ativa e resolução colaborativa de problemas com crianças na escola. 2016. 261f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2016.

PRADO, Gustavo Ferreira. Metodologias ativas no ensino de Ciências: um estudo das relações sociais e psicológicas que influenciam a aprendizagem. Bauru: Unesp, 2019.

RODRIGUES, Elizabeth Pereira. Sala de aula invertida integrada à aprendizagem por pares: metodologias ativas comparadas à classe tradicional no ensino de História. Tese (Doutorado em Educação: Psicologia da Educação) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2019.

SCHMIIT, Janaína de Arruda Carilo. Metodologias ativas como recursos didáticos não digitais utilizados na prática docente em Educação Profissional e Tecnológica. Dissertação (Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2019.

SILVA, A. R. L.; BIEGING, P.; BUSARELLO, R. I. (org.). Metodologia ativa na educação. São Paulo: Pimenta Cultural, 2017.

Publicado em 18 de julho de 2023

Como citar este artigo (ABNT)

FARIAS, Fabiane Kethney do Nascimento; OLIVEIRA, Giovanna Freire de. A metodologia ativa na contemporaneidade: perspectivas da prática docente dos professores da rede municipal de Manaus/AM. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 27, 18 de julho de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/27/a-metodologia-ativa-na-contemporaneidade-perspectivas-da-pratica-docente-dos-professores-da-rede-municipal-de-manausam

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